ESTRATÉGIAS ENUNCIATIVAS E EFEITOS DE SENTIDOS
Maria
das Graças L.M. do Amaral
(Departamento de Lingüística da IDEALE –
Assessoria em comunicação)
1. Texto e escritura
De acordo com a perspectiva adotada para este estudo, o texto é visto como uma seqüência de representações que resultam de um conjunto de operações realizadas por um (suposto) sujeito enunciador que, numa situação de enunciação (que inclui os interlocutores e um momento), busca constituir um sentido.
Enquanto texto é visto como resultado de uma seqüência de operações, escritura engloba a noção de texto e de operações em curso. Ela é produto e, ao mesmo tempo, processo, como observa Patrick Dahlet (1991): “a escritura é um texto a produzir, que não se limita ao escrito”.
2. Sentido, significação e valores referenciais
Antoine Culioli (1973:300-317) propõe a distinção entre sentido (relação entre objetos lingüísticos que se referem a objetos extra-lingüísticos) e significação (relação complexa entre enunciados, uma situação de enunciação, um sentido e valores referenciais).
O fato de Antoine Culioli não separar radicalmente sentido e referência permite a integração da semântica na operação de referenciação (processo complexo pelo qual o sujeito constrói e (re)constrói a significação lingüística, na relação representação-referente).
Ao analisar um enunciado, o lingüista exerce o que Antoine Culioli (1990:18) chama de “atividade linguageira”, ele o modula, co-enuncia e faz abstrações que vão constituir um sentido.
Por isso, quando buscamos co-localizar os traços do sujeito enunciador, numa situação de enunciação, as operações (enunciativas e predicativas) não devem ser negligenciadas.
3. Enunciação, co-enunciação e operações de linguagem
Na teoria de Émile Benveniste (1974:80, 252-259), a enunciação é considerada a partir dos conceitos de subjetividade e de apropriação. “Por um ato individual, o sujeito designa-se EU e põe a língua em funcionamento”. Ao ver, nessa possibilidade que o sujeito tem de se colocar como “EU”, uma autonomia do discurso, Benveniste parece descartar, de certa forma, a questão da referenciação. Apesar disso, ele foi o precursor dos estudos sobre esse tema na lingüística, inspirou e ainda inspira muitas pesquisas.
Na teoria de enunciação de Antoine Culioli (1973:86-89), as noções de interlocução, de significação e de ambigüidade são fundamentais para o modelo. A enunciação é definida como um conjunto de co-localizações (repérage) de enunciados que, por sua vez, exibe a ação simultânea de dois sujeitos, um primitivo e outro designado pelo discurso, cujo objetivo é o de transmitir sentidos.
A significação, também entendida como enunciação por Antoine Culioli (1973:86-89), desemboca numa dupla contradição: um enunciado exibe na superfície os traços de “um agenciamento bem mais simples do que aquele que corresponde às operações que o produziram”.
No entanto, como cada enunciação é um fenômeno único, é preciso considerar um campo adjunto ao da enunciação que, em referência à teoria freudiana, Antoine Culioli define como co-enunciação: “o lugar do jogo, dos ajustamentos desejados ou não, obtidos ou não (palavras acidentais, lapsos, jogos de palavras, mal-entendidos e ambigüidades)”.
A introdução da noção de operações, no campo da Lingüística, deu uma nova dimensão à noção de enunciação.
Antoine Culioli propõe um sistema de representação metalingüística (SRY) para organizar o que ele chama de “pacote de relações” presente no enunciado.
E (nunciação) <===è E(nunciado) S <===è S(jeitp do enunciado) C <==è T(empo do enunciado)
A partir das duas teorias da enunciação existentes, a de E.Benveniste (1966, 1974) e a de Antoine Culioli (1973, 1990), podemos dizer, bem genericamente, que a enunciação implica, essencialmente, a existência de um ALGUÉM (EU,VOCÊ), situado em ALGUM LUGAR (AQUI), que fala ALGO (ISTO, AQUILO), numa situação de enunciação (que inclui um AGORA e INTERLOCUTORES), com a intenção de significar.
Por desembocar na questão da constituição do sujeito, o tema da enunciação é, ainda, abordado em outras disciplinas, dentro e fora do campo da lingüística, como a Psicanálise, a Estilística, a Análise Literária e a Análise do Discurso..
4. Heterogeneidade enunciativa, e ambigüidade operatória
Através do conceito baktianiano de dialogismo e da noção lacaniana (Freud) de sujeito do inconsciente, Jacqueline Authier-Revuz (1991:143-145) retoma a idéia de uma irrupção das formas que mostram bem a língua como espaço de equívoco, no discurso, onde um UM e um Não-UM se entrepõem, negociam e se desdobram. A heterogeneidade enunciativa é, portanto, caracterizada como uma forma de negociação do sujeito com o seu dizer.
Essa negociação pode se representar de duas formas. A heterogeneidade constitutiva remete à presença do Outro, diluída no discurso, não como objeto, mas como presença integrada pelas palavras do outro, condição mesmo do discurso, e o sujeito desaparece para dar espaço a um discurso-outro. Ao passo que heterogeneidade mostrada marca o discurso com certas formas que criam o mecanismo de distância entre o sujeito e aquilo que ele diz. É uma negação que ocorre sob forma de denegação. As aspas, os parênteses, o itálico, são algumas das formas de heterogeneidade mostrada (marcada).
A articulação das noções de subjetividade, heterogeneidade enunciativa e co-enunciação com a noção de efeitos de sentidos, em relação às estratégias enunciativas postas em funcionamento no discurso, nos permite falar de ambigüidade operatória.
Entendemos ambigüidade enquanto diferença entre um semantismo produzido e um semantismo reconstruído, tal qual define Antoine Culioli e Catherine Fuchs (1982:135-137), ou seja, “um fenômeno que pode estar ligado a uma diferença de sentidos (gramatical/lexical), às categorias enunciativas ou ainda aos fenômenos referenciais (ambigüidade do re/dicto ou de transparência/opacidade)”.
Tomando como pressupostos teóricos a problemática enunciativa atual, centrada na questão da heterogeneidade enunciativa e das modalidades de (re)constituição de um sujeito, nas relações intersubjetivas, no discurso, representada nos trabalhos de Jacqueline Authier-Revuz, Emile Benveniste, Antoine Culioli, Catherine Fuchs, Patrick Dahlet, dentre outros, podemos (re)definir a noção de enunciação da seguinte maneira:
A enunciação implica, antes de mais nada, a existência de um percurso marcado de operações, nas quais um sujeito enunciador, numa situação de enunciação, de ajustamentos (possíveis ou não) e de negociações (prováveis, desejadas, ambíguas, possíveis, proibidas ou tensas), busca, no discurso, significar e constituir sentidos.
Verificar os traços de um (suposto) sujeito do dizer e as estratégias que este utiliza, quando tem a intenção de significar, é projetar-se também nessa rede de enunciações em cadeia, constituindo-se como co-enunciador e participante ativo do processo de significação.
O corpus desta comunicação foi constituído a partir de um grupo de enunciados, designados como “Pérolas jornalísticas”, coletados de artigos de jornal por Edson Athayde, e publicadas na edição de 30 de maio de 1999 do Diário de Notícias. Esse texto foi também distribuído por e-mail, a co-enunciadores diversos.
É sabido que, do ponto de vista da retórica, a notícia é sempre vista como um tipo de texto que não privilegia os conceitos que expressam subjetividade. Como observa Nilson Lage (1993:40, 23): “A notícia restringe-se, em geral, ao anúncio e cobertura de fatos que não ultrapassam o interesse do grupo de leitores a que se destina a publicação (…). Por detrás das notícias corre uma trama infinita de relações dialéticas e percursos subjetivos que elas, por definição, não abarcam.” Os percursos subjetivos são negligenciados em função da importância concedida ao referencial.
Em termos de funcionamento discursivo, será que é possível co-localizar em “Pérolas jornalísticas” alguma estratégia enunciativa?
Acreditamos que do ponto de vista da enunciação, a atividade discursiva é sempre “interpretativa”, mesmo que, aparentemente, em sua materialidade lingüístico-discursiva, ela se represente como “informativa”, “de entretenimento” ou “impessoal”. Isso porque, enquanto produto da atividade discursiva de um enunciador que (re)interpreta e (re)diz, a notícia se constitui numa materialidade lingüístico-discursiva repleta de nuances que dinamizam a relação So.<=è So.
A notícia jornalística transita entre a noção de texto e escritura. E, nessa perspectiva, texto, escritura e notícia pressupõem a existência de um enunciador numa situação de enunciação, para que o sentido possa se constituído.
Os enunciados, coletados e denominados “Pérolas jornalísticas”, são textos produzidos por enunciadores (jornalistas e/ou pessoas entrevistadas), reinterpretados por co-enunciadores (outros jornalistas, revisores, leitores, analistas de textos etc) e ainda sujeitos a outras co-enunciações imprevistas. Essas diferentes vozes que caracterizam a heterogeneidade enunciativa desse grupo de enunciados parecem também intervir nos efeitos de sentidos, ultrapassando os limites estabelecidos por seu enunciador-origem.
O distanciamento do enunciador que, num mesmo movimento, asserta o enunciado relatado como “erros indesculpáveis” (ambigüidade operatória), produz efeitos específicos na materialidade lingüística.
O enunciador não parece buscar apenas resumir, apresentar, transmitir ou expor um fato. Ao relatar/redigir a notícia, ele interpela o interlocutor (previsto ou virtual) e movimenta vários percursos subjetivos.
Trabalharemos, portanto, sobre os elementos e/ou estratégias relativas ao percurso gráfico e discursivo do texto, mais especificamente os traços de operações de um sujeito (suposto) do dizer (So et So) na constituição do sentido que se estabelece no próprio texto. Incluímos os dados perígráficos (ou para-textuais) porque eles nos parecem extremamente pertinentes.
Não se trata aqui, portanto, de situar historicamente os problemas das estratégias enunciativas no discurso, indicando as diversas pesquisas que já foram feitas sobre esse assunto.
Também não se trata de situar os conjuntos de representações divergentes sobre as noções de enunciação, sentido ou notícia.
Nosso objetivo é contribuir para o estudo da lingüística aplicada ao estudo do texto, através da reflexão sobre estratégias enunciativas e efeitos de sentidos presentes nessas “pérolas jornalísticas”, privilegiando um percurso normalmente negligenciado e considerado “trama adjunta”, na linguagem jornalística.
Orientados por um certo número de noções–chave, forjamos o conceito de ambigüidade operatória, através do qual organizamos o conjunto de categorias de enunciados e de operadores formais que possam nos permitir o acesso à materialidade lingüística desses enunciados. É a partir da relação So <===è So (sujeito primitivo-sujeito e sujeito designado) que esse estudo visa verificar o funcionamento de algumas estratégias enunciativas, pelo reconhecimento interpretativo desses enunciados.
Num primeiro momento, identificaremos algumas nuances da situação de enunciação e de co-enunciação, num campo de uma alteração enunciativa, um certo número de marcadores/moduladores de efeitos de sentidos (previstos/imprevistos). E, num segundo momento, refletiremos sobre a (re)utilização das estratégias enunciativas postas em jogo pelos enunciadores e os efeitos de sentidos que se constituem.
O discurso é um espaço dinâmico, onde os efeitos de sentidos resultam de uma transgressão operatória do sistema. Nele podemos encontrar pistas para a interpretação e o reconhecimento de outras ocorrências, mas a autonomia do discurso é relativa, já que partimos de uma materialidade (escrita), resultado de uma atividade linguageira.
Por isso, aos operadores propostos por Antoine Culioli (1973, 1982), acrescentaremos ainda outros. Nossa categorização é provisória e busca apenas viabilizar uma análise mais detalhada dos enunciados em questão.
5. Tentativa de análise
(1-32)
Esse grupo de enunciados constitui uma imagem negativa dos enunciadores, representados pela classe de redatores. Nesse caso, a expressão “Pérolas jornalísticas” antecipa que o que será “mostrado” ganha mais importância do que aquilo foi enunciado como “notícia”. Há, portanto, um julgamento implícito no agrupamento desses enunciados, julgamento este que é explicitado pela ironia.
O jornalista, o co-enunciador, se afasta do ato enunciativo, quando assume o papel de co-enunciador-compilador, mas se marca quando outros enunciadores fazem o reconhecimento interpretativo dos enunciados. Ele reaparece, então, como “crítico”, “alguém que sabe mais do que as pessos que enunciaram”.
As aspas evidenciam a imagem que o compilador faz dos enunciadores-redatores (a de que eles redigem mal) e as representações que ele tem dele mesmo (a de que ele redige melhor).
O jogo refencial construído pelas estratégias enunciativas e pelos elementos perigráficos, que circundam o texto, é acompanhado por um outro jogo paralelo: a referenciação que fabrica um efeito de discurso marcado e desmontado.
A enunciação do enunciador-compilador é ainda modalizada pelo uso do marcador “agora”, seguido de uma interrogação. Mesmo que a voz seja de um outro, a modalização obriga o co-enunciador-leitor a tecer um ponto de vista sobre o que é apresentado.
Ao selecionar os dois enunciados que “fecham” a lista, o co-enunciador-compilador “asserta”, “marca” e “amarra” o seu discurso crítico em relação aos outros redatores (co-autores dos enunciados).
(1, 4, 11, 13, 17, 19, 24, 25, 28, 29, 30)
O enunciador é constituído e marcado pela operação de designação e pelas modulações sucessivas.
(3, 13, 18, 20, 27)
Contraposição de palavras ou expressões ambíguas numa mesma situação de enunciação, visa ressaltar um paradoxo expressivo.
(28, 29)
As citações são operações nas quais o enunciador busca, num mesmo movimento, organizar e desorganizar as redes enunciativas.
Os intelocutores, embora dispersos e nem sempre identificados, são caracterizados pelas asserções, modulações, avaliações do co-enunciador redator.
(3, 8, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 26, 27)
O deslocamento de um signo lingüístico significa uma duplicidade ou uma ambigüidade.
(6, 8, 13, 14, 15, 19, 20, 24, 26, 28, 29, 30, 31, 32)
O sentido literal e os efeitos de sentidos não podem ser previstos por um interlocutor que não tenha “competência lingüistico-discursiva” estimada.
(28, 29, 30, 31, 32)
A heterogeneidade parece funcionar como uma estratégia enunciativa, na medida em que, através dela, o sujeito sujeito se constitui como ambigüidade operatória: cabeçalho, enunciado modulado, ponto de interrogação, seqüência de marcadores da co-enunciação, aspas, seqüência de 29 enunciados, asserção bem marcada nos dois últimos enunciados.
As operações implicam enunciativas em ajustamentos entre enunciadores. As mais transparentes são aquelas que determinam o tempo, a pessoa, o aspecto, a quantificação, a tematização.
1) A enunciação marca um ponto de vista sobre o acontecimento
2) O enunciador reformula a enunciação de outros enunciadores
3) A enunciação inclui, pela citação, um outro discurso, no discurso.
Reflexões finais
Nesses enunciados selecionados, as estratégias enunciativas funcionam como elementos-chave para a construção dos efeitos de sentidos, pois elas dinamizam as relações intersubjetivas quando interpelam a materialidade lingüística. O enunciador recorre a várias estratégias: recolhe os enunciados, compila, ordena, dispersa (publica num veículo destinado ao grande público), marcando-se e definindo a sua posição no discurso.
As estratégias enunciativas resultam dessas operações (enunciativas e predicativas) que estabilizam e/ou desestabilizam, indefinidamente, a significação.
Fundadas a partir de mecanismos específicos ligados à produção e ao reconhecimento interpretativo da enunciação, essas estratégias permitiram a exploração de algumas nuances também relativas à ironia, aqui entendida como “ambigüidade operatória”. Com essa compilação, o enunciador buscou criar um efeito de sentido específico, calculado, nas relações intersubjetivas.
A preservação das fontes caracteriza a linguagem jornalística, mas os traços deixados nos enunciados também a (re)constituem, a partir de estratégias de reformulações, deslocamentos, enunciação em cascata, (re)interpretação do acontecimento.
O funcionamento das estratégias enunciativas no discurso cria, portanto, efeitos de sentidos estáveis e instáveis.
Nesses enunciados analisados, os efeitos de sentidos são mais visíveis nas situações de co-enunciação, lugar de ajustamentos, deslizes, jogos. A rede de enunciações em cascata “referencializa” o lugar de onde o enunciador enuncia.
Por tratar-se de um discurso relatado, os efeitos de sentidos variam de acordo com o desdobramento das enunciações. O “sentido primitivo” só poderá ser apreendido pelo interlocutor que tiver a “senha”: a competência necessária para (re)interpretar a ambigüidade, quando for interpelado pela ironia.
Logo, podemos dizer que, no caso dessas “Pérolas jornalísticas”, os efeitos de sentidos são sempre marcados pelas vozes heterogêneas de outros enunciadores que interpelam a fragilidade dos problemas de representações (construídas e à construir).
As notícias relatadas nesses enunciados analisados podem ser frescas, tristes, falsas, boas, más, de primeira mão, de última hora, sensacionais, pavorosas, alarmantes ou engraçadas. Elas podem, ainda, representar um escândalo, uma falácia, um boato, um aviso, uma intriga.
O enunciador-origem não pode ser totalmente identificado, mas pode ser caracterizado pela falta de competência (lingüístico-discursiva) atestada pelo enunciador compilador.
Apesar de ser apresentado como uma compilação de “Pérolas jornalísticas”, o discurso implícito nessa seleção de enunciados é marcado como persuasivo, crítico e autoritário porque, ao reportar enunciados de enunciadores-redatores que não são identificados, o co-enunciador-compilador se marca como detentor de “uma competência lingüística mais adequada”.
Com os dois enunciados finais, o co-enunciador-compilador generaliza e atinge a classe de redatores que escrevem mal. E, apesar de buscar distanciar-se do que diz, o enunciador se marca como um “desses redatores que redigem mal”, no momento que se co-enuncia através de “nós” (inclusivo).
Os marcadores “NÓS” e “Nossos” modalizam e introduzem o discurso do redator-compilador pela asserção, e ele acaba assumindo a culpa pelos erros “indesculpáveis” designados “pérolas jornalísticas”.
O co-enunciador-compilador procura levar o leitor a adotar um posicionamento crítico, diante de uma enunciação que autoriza certos efeitos de sentidos e proíbe outros.
Muitas nuances poderiam ainda ser exploradas nesses enunciados, principalmente aquelas que desembocam nas operações predicativas. Levantamos apenas algumas pistas da dinâmica da relação So <==è.So (sujeito-origem e sujetio designado), tentando responder a algumas das questões levantadas no início desse estudo.
Obs.: Esta comunicação foi inspirada na minha dissertação de Mestrado, realizada na USP, no D.E.A, realizado na Université des Antilles et de la Guyane.
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Corpus:
(32) De: x@uol.com.br*
Para: y@trycomm.com.br
Assunto: Pérolas jornalísticas
Data: Sexta-feira, 2 de junho de 1999 10:15
(30) E agora?
(31) As seguintes frases foram coletadas de artigos de jornal, por Edson Athayde, e publicadas na edição de 30 de Maio de 1999 do Diário de Notícias.
(1) - "Parece que ela foi morta pelo seu assassino"
(2) - "Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça."
(3) - "Os antigos prisioneiros terão a alegria de se reencontrar para lembrar os anos de sofrimento."
(4) - "A polícia e a justiça são as duas mãos de um mesmo braço."
(5) - "O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vítimas."
(6) - "O acidente foi no tristemente célebre Retângulo das Bermudas."
(7) - "Este ano, as festas do 4 de Setembro coincidem exatamente com a data de 4 de Setembro, que é a data exata, pois o 4 de Setembro é um domingo."
(8) -"O tribunal, após breve deliberação, foi condenado a um mês de prisão."
(9) - "Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio, trata-se de um incêndio."
(10) - "O velho reformado, antes de apertar o pescoço da sua mulher até a morte, suicidou-se."
(11) - "No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos."
(12) - "Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva."
(13) -"A conferência sobre a prisão-de-ventre foi seguida de um farto almoço."
(AMARAL, Maria das Graças L. M. do. "Estratégias enunciativas e efeitos de sentidos". III Congresso Nacional de Lingüística e Filologia (RJ), ago/99)
(cont. "Pérolas jornalísticas")
(14) - "O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido."
(15) - "O aumento do desemprego foi de 0% em Novembro."
(16) - "O cabrito-montês ficou morto na estrada durante alguns instantes."
(17) - "A chegada da polícia, o cadáver encontrava-se rigorosamente imóvel."
(18) - "As circunstancias da morte do chefe de iluminação permanecem rigorosamente obscuras."
(19) - "O presidente de honra é um septuagenário de 81 anos."
(20) - "É uma bela obra, de onde parecia exalar toda a fria tristeza da estepe gelada. Foi executada com um calor magistral."
(21) - "Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes."
(22) - "Esta nova terapia traz esperanças a todos aqueles que morrem de cancro a cada ano."
(23) - "Apesar da meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente."
(24) - "Os sete artistas compõem um trio de talento."
(25) - "A policia encontrou no esgoto um tronco que provém, seguramente, de um corpo cortado em pedaços. E tudo indica que este tronco faça parte das pernas encontradas na semana passada."
(26) - "A vitima foi estrangulada a golpes de facão."
(27) - "Um surdo-mudo foi morto por um mal-entendido."
(28) - "Os nossos leitores nos desculparão por este erro indesculpável."
(29) - "Há muitos redatores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens."
* No texto, distribuído (por e-mail), modificamos apenas os endereços eletrônicos e numeramos a seqüência de enunciados.
(AMARAL, Maria das Graças L. M. do. "Estratégias enunciativas e efeitos de sentidos". III Congresso Nacional de Lingüística e Filologia (RJ), ago/99)