O MODAL PODER EM TRÊS SINCRONIAS DO PORTUGUÊS[1]
Lucia M. A. Ferreira – UNIRIO
1- Introdução
Estudos desenvolvidos nos últimos dez anos acerca do desenvolvimento dos verbos modais sugerem que os processos de desenvolvimento dos diversos sentidos dos verbos obedecem a trajetórias universais de desenvolvimento semântico segundo as quais os sentidos mais abstratos desenvolveram-se a partir dos sentidos mais concretos, que os teriam antecedido no tempo (cf. Traugott, 1989; Sweetser, 1990; Bybee, Perkins & Pagliuca, 1994; Rigoni, 1994).
Para encontrar evidências favoráveis ou contrárias às hipóteses acima descritas, todas fortemente embasadas no princípio de unidirecionalidade concreto > abstrato na mudança semântica, foram examinadas ocorrências dos verbos poder e posse em amostras de língua de períodos evolutivos diferentes da língua portuguesa e no latim: (a) o português contemporâneo falado na cidade do Rio de Janeiro; (b) o português do século XVI, representado na fala dos personagens de autos de Gil Vicente e Antônio Ribeiro Chiado; (c) o latim arcaico, do século II a.C., retratado na fala de alguns personagens de Plauto.
2- Os “sentidos” de poder
A análise evidenciou que os sentidos normalmente atribuídos ao verbo – capacidade, permissão, possibilidade – são determinados por fatores contextuais e pragmáticos. Desta forma, as categorias de sentido foram consideradas classes de mensagens contextualizadas na interação de poder e posse com elementos do contexto lingüístico e extra-lingüístico e, para melhor descrever as ocorrências, muitas vezes de sentido indeterminado, foram postuladas categorias ambivalentes de sentidos que se situam ao longo de continua semânticos.
Foram considerados dois continua semânticos: o de inerência e o de restrição[2]. No continuum de inerência encontram-se os casos em que a possibilidade de ocorrência da ação é determinada, de um lado do continuum, por propriedades inerentes ao sujeito e, do outro, por condições externas ao mesmo. No meio do continuum encontram-se os casos em que a realização da ação ou situação codificada pelo verbo que co-ocorre com poder e posse parece depender tanto de fatores inerentes ao sujeito quanto de fatores externos, como é o caso dos exemplos (1) e (2) a seguir, ambos do português contemporâneo:
(1) e: o rapaz... é:: não conseguiu resistir bem à cirurgia... não foi bem feita... e ele ficou:... paralítico... é::... ele hoje não pode mais nadar... não tem condições mais de praticar... os esportes que ele praticava DG40[3]
(2)...eu acho a minha escola muito legal... porque nela... tem inspetoras...professoras legais... tem... diretoras... cantina... que a gente pode comprar muita coisa lá... [...] na cantina... compra coisas... compra refrigerante... hambúrguer... biscoito... come... DG278
Exemplos como (1) foram considerados contextualizações da capacidade do sujeito para realizar a ação; exemplos como (2) foram consideradas contextualizações da possibilidade de raiz, melhor definida por suas características negativas, ou seja, não é determinada por propriedades inerentes ao sujeito. No meio do continuum estão ocorrências em que tanto fatores inerentes ao sujeito quanto externos intervêm na realização da situação codificada no predicado e foram consideradas ocorrências ambivalentes na análise.
Os exemplos (3) e (4) a seguir são evidências da contextualização da capacidade na amostra do teatro do século XVI e no texto do Amphitrvo de Plauto:
(3) Noivo: Eu estou sob vosso poder,
vós de mim podeis fazer Auto das Regateiras 1030[4]
como fôr vossa vontade.
(4) Ivppiter: Pergin autem? Nonne ego possum, furcifer, te perdere?
Alcvmena: Noli amabo, Amphitrvo, irasci Sosiae causa mea.
Amphitrvo 539[5]
Júpiter: Ainda continuas a insistir! Por ventura eu não posso te destruir, miserável? Alcmena: Por favor, Anfitrião, não te irrites com Sósia por minha causa.
As ocorrências (5), do português contemporâneo, (6) do português do século XVI e (7), do latim arcaico, ilustram o outro extremo do continuum de inerência, ou seja, os casos em que o sujeito indeterminado contribui para a contextualização de uma (im)possibilidade mais genérica, independente de qualquer atributo do sujeito:
(5)...eu acho a minha escola muito legal... porque nela... tem inspetoras...professoras legais... tem... diretoras... cantina... que a gente pode comprar muita coisa lá... [...] na cantina... compra coisas... compra refrigerante... hambúrguer... biscoito... come... DG278
(6) Anjo: Pois não se pode escusar Barca do Purgatório 66[6]
a passada dêste rio,
nem a morte s’estorvar,
que é outro braço de mar
sem remédio nem desvio.
(7) Amphitrvo: Tun me, uerbero, audés erum ludificari?
Tune id dicere audes, quod nemo umquam homo antehac
Vidit nec potest fieri, tempore uno
Homo idem duobus locis ut simul sit?
Amphitrvo 567
Anfitrião: Como ousas, miserável,, caçoar de mim, o teu senhor? Tu ousas dizer o que ninguém jamais viu e nem pode acontecer, que o mesmo homem esteja em dois lugares num só tempo.
A análise das ocorrências situadas no continuum de inerência sugere que, quando a fonte de capacitação para a realização da ação ou situação codificada pelo verbo que co-ocorre com poder ou posse é não-específica, não localizada, ou simplesmente desconhecida, ou não-identificada, o sentido codificado é o de possibilidade de raiz.
Ocorrências como as exemplificadas de (1) a (7) são geralmente consideradas de raiz por pelo menos duas razões: em primeiro lugar, referem-se a circunstâncias relacionadas ao universo sócio-físico e, em segundo, são, do ponto de vista da diacronia e do princípio da unidirecionalidade na mudança semântica, consideradas fundantes, na medida em que os sentidos e usos mais abstratos dos modais são considerados derivados dos sentidos relacionados o universo sócio-físico, mais concretos.
O outro continuum considerado na descrição das ocorrências de poder é o continuum de restrição, que inclui os caos de permissão. A identificação do sentido contextual de permissão está fortemente relacionada à presença de uma entidade a que Lyons (1977:843) denomina fonte deôntica, ou seja, uma pessoa, ou instituição, que cria a modalidade. Fontes deônticas fortes como leis, regulamentos e interlocutor em posição de poder em interações assimétricas favorecem a interpretação das ocorrências como contextualização da permissão, enquanto fontes deônticas mais fracas determinam sentidos contextuais mais próximos da possibilidade. Os exemplos (8) e (9) da amostra do português contemporâneo são ilustrativos.
(8)...Heitor Lima é uma escola assim é muito rígida né você tem que entrar totalmente uniformizado se faltar alguma peça desse uniforme você não pode entrar né... DG124
(9) (Jo, Mar e Ana examinam cosméticos vendidos por Sil)
(Sil) Pode tirar desse saco.
(Jo) Do saco.
(Mar) Pode ver?
(Sil)Você viu o kit novo? BDI- Peul 16[7]
(Ana) Pode passar aqui? (examinando um batom)
(Sil) Pode.
(Ana) Bonito mesmo BDI-Peul 24-5
Observe-se que em (9), um diálogo entre universitárias, a fonte deôntica é fraca e as ocorrências parecem indeterminadas entre a possibilidade de raiz e a permissão.
Na amostra do português do teatro vicentino, a ocorrência (10) é a que mais se aproxima de uma contextualização da permissão (relatada).
(10) Inês: [...] Tôdas folgam, e eu não;
tôdas vêm e tôdas vão
onde querem, senão eu.
[...] São eu coruja ou corujo,
ou são algum caramujo
que não sai senão à porta?
E quando me dão algum dia
licença, como a bugia,
que possa estar à janela, Auto de Inês Pereira 36
é já mais que a Madanela
quando achou a aleluía.
Alguns fatores contribuem para que a ocorrência acima seja interpretada como contextualização da permissão: o contexto situacional – a filha reclama das restrições impostas pela mãe dominadora (fonte deôntica forte) – e a ocorrência de poder em uma oração introduzida por que, com valor final, ligada à construção dar licença, de valor deôntico.
2.1- O uso de poder e posse em atos de fala
No que se refere à ocorrência de poder e posse em atos de fala, as três amostras apresentam exemplos em que é possível observar que os falantes se utilizam dos modais e de outras categorias lingüísticas para atenuar a força ilocutória do ato de fala:
(11) (Cla) Então se a gente pudesse se o senhor pudesse nos auxiliar com uma autorização ou indicar uma sala onde tivesse mais gente. BDI-Peul 89
(pesquisadora pedindo autorização para usar uma sala para gravar)
(12) Velha: E dar-vos-ei ˜ua escrava
que trabalha como zeina: (égua)
amassa e esfrega e lava.
Pero: E essa não se pode ver? Auto das Regateiras 787
Velha: Sim, Jesu, logo ness’hora.
Cadela, saí ca fora!
(Pero Vaz pedindo para ver a escrava, parte do dote de Beatriz)
(13) Mercvrivs: Possum scire, quo profectus, cuius sis, aut quid ueneris?)
Sosia: Huc eo, eri sum seruus. Amphitrvo 346
Mercúrio: Posso saber onde vais, a quem pertences ou por que vieste?
Sósia: Vou para lá. Sou servo de meu amo.
(Mercúrio pede informação a Sósia fingindo não conhecê-lo)
(14) Ivppiter: Nimis iracunda es.
Alcvmena: Potin ut abstineas manum? Amphitrvo 903
Júpiter: Estás muito irritada.
Alcmena: Podes tirar a mão de mim?(Alcmena pede/ordena ao marido que se afaste dela)
Entendo que a interpretação dos exemplos de (11) a (14) como atos de fala seja decorrente de uma implicatura conversacional. Ao escolher a forma de codificação de seus atos de fala, os falantes implicam que estão levando em consideração princípios de polidez e estratégias de proteção à face negativa de seus interlocutores (cf. Brown & Levinson 87).
O uso de poder em atos de fala estaria portanto relacionado ao domínio da interação pessoal entre os parceiros da comunicação e não ao domínio do conteúdo ou ao epistêmico. A análise desses exemplos evidencia que basicamente as mesmas estratégias comunicativas e as mesmas inferências relacionadas ao uso de poder e posse vêm sendo usadas pelos falantes há muitos séculos e são responsáveis pela ambigüidade pragmática de poder e posse.
2.2- A possibilidade epistêmica
Além de aplicados ao domínio sócio-físico, os enunciados com poder aplicam-se também ao domínio epistêmico, mais abstrato, onde a possibilidade tem caráter não-factual, codificando a atitude subjetiva do falante diante do conteúdo da proposicão, conforme ilustrado nas ocorrências (15) e (16) a seguir, do português contemporâneo e do século XVI, respectivamente:
(15) I: nunca...pra falar a verdade...nunca digo que eu sei fazer alguma coisa...eu sempre parto do princípio que alguém sabe fazer melhor do que eu...posso não conhecer mas...alguém algum dia vai aparecer sabendo fazer melhor do que eu... DG127
=É possível [ eu não conhecer ]
(16) Pero: E esta de qu’anos será? (referindo-se à idade da escrava)
[...]
Velha: Não queira Deos que vos menta:
houve-a no tremos da terra;
pode agora ser essa perra Auto das Regateiras 806
môça d’alguns cincoenta,
salvante s’a conta erra.
= Pode ser que ela tenha uns cinqüenta anos/ É possível que tenha ....
Nas duas amostras do português a possibilidade epistêmica é freqüentemente contextualizada pela co-ocorrência de poder e ser. Posse e esse também co-ocorriam no latim arcaico, como indicam os exemplos a seguir, da Asinaria e da Avlvlaria de Plauto:
(17) Demaenetvs: Non esse seruus peior hoc quisquam potest Asinaria 118
Nec magis uersutus nec quo ab caueas aegrius.
Ninguém pode ser um escravo pior do que esse
Nem tão astuto nem tão difícil...
(18)Lyconides: Animo bono es.
Evclio: Quo, obsecro, pacto esse possum? Avlvlaria 733
Lyconides: Anime-se .
Evclio: Diga-me, como posso (ter ânimo)?
Pode-se dizer que o uso de posse nas duas ocorrências do latim arcaico exemplificadas em (17) e (18) aplica-se ao domínio epistêmico, na medida em que o verbo codifica a atitude subjetiva do falante diante da situação. As ocorrências diferem de (15) e (16) porque posse e esse, ocorrendo em construções não-assertivas, parecem exprimir um sentido mais conclusivo e não uma possibilidade, como é o caso de (15) e (16). Ocorrências semelhantes a (17) e (18) são freqüentes no português contemporâneo e também exprimem uma conclusão epistêmica.
3- Implicações teóricas da análise
Nesta breve descrição dos usos de poder e posse no português contemporâneo, no português do século XVI e no latim arcaico, pretendeu-se mostrar que os usos dos dois verbos refletem uma notável estabilidade semântica ao longo de 22 séculos. Esta constatação tem, contudo, implicações teóricas significativas.
As hipóteses correntes acerca do desenvolvimento do sentido modal prevêem trajetórias diacrônicas de abstratização, segundo as quais o sentido de capacidade antecederia o da possibilidade, quando veiculados por um mesmo item lingüístico, como é o caso do verbo poder ou do modal can do inglês. Ainda segundo essas hipóteses, a expressão da possibilidade de raiz antecederia a da possibilidade epistêmica, mais abstrata.
Se tomarmos por base os dados aqui apresentados, podemos afirmar que, em sua maioria, as noções contextualizadas pelo verbo poder no português contemporâneo já estavam disponíveis em posse desde a fase arcaica da língua latina. Isto significa dizer que o possível desenvolvimento do sentido da possibilidade a partir da noção de capacidade nos itens lingüísticos que deram origem a posse não poderá ser atestado a partir de registros lingüísticos.
Por outro lado, se os dados não confirmam a hipótese de anterioridade temporal de um sentido em relação ao outro, a estabilidade e continuidade semântica mostrada na análise de amostras de sincronias tão distantes entre si é forte evidência da relação cognitiva entre as noções expressas pelo verbo, ou seja, de relações estáveis entre dimensões concretas e abstratas de caráter atemporal, existentes na mente dos falantes há pelo menos 22 séculos, e que se atualizam a cada momento, em cada enunciado.
Nessa perspectiva, os fenômenos que envolvem os verbos poder e posse são explicados pelo princípio do uniformitarismo lingüístico, na visão de Labov 94, ou seja, as ocorrências são a manifestação de princípios gerais de mudança e que por isso permanecem constantes na língua, independentemente da dimensão temporal, refletindo assim processos contínuos e estáveis na mente dos falantes. O ponto de vista aqui delineado insere-se, portanto, em uma visão pancrônica dos fenômenos relacionados à estabilidade na língua, conforme Votre & Martelotta (1998) e, no que diz respeito ao fenômeno estudado, a análise sugere que as relações entre os vários usos que os falantes dão ao verbo devem ser vistos como relações estabelecidas por analogia ou por contigüidade, independentemente da dimensão temporal.
4- Considerações finais
Em estudo de orientação pancrônica em que analisa os verbos de cognição do português, Votre (1999) propõe que as funções consideradas mais abstratas, contrariamente à hipótese de que são derivadas das mais concretas no curso do tempo, tornam-se disponíveis nas mentes dos falantes a partir do momento em que as formas são produzidas.
Os exemplos analisados neste trabalho também apontam para a estabilidade semântica de poder e posse e para o enfraquecimento da hipótese de um possível desenvolvimento semântico do verbo no que diz respeito à trajetória capacidade > possibilidade de raiz > possibilidade epistêmica, um desdobramento da trajetória concreto > abstrato na mudança semântica.
Referências bibliográficas
BYBEE, Joan, PERKINS, Revere, PAGLIUCA, William. The evolution of grammar. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.
BROWN, Penelope & LEVINSON, Stephen. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
COATES, Jennifer. The Semantics of the modal auxiliaries. Beckenham: Croom Helm, 1983.
LABOV, William. Principles of Linguistic Change. Oxford: Blackwell, 1994.
LYONS, John. Semantics 2. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.
RIGONI COSTA, M. Cristina. Modalidade e gramaticalização: estratégias discursivas na fala carioca. Rio de Janeiro, UFRJ, 1995. Tese de Doutorado
SWEETSER, Eve. From etymology to pragmatics; metaphorical and cultural aspects of semantic structure. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
TRAUGOTT, Elizabeth Closs. On the rise of epistemic meaning: an example of subjectification in semantic change. Language 65, 1989.
VOTRE, Sebastião J. Cognitive verbs in Portuguese and Latin.– unidirectionality revisited. Santa Barbara: Universidade da California, 1999. (mimeo)
VOTRE, Sebastião J. & MARTELLOTTA, Mário E. Trajetórias.de gramaticalização e discursivização (intro) In: ---, (orgs). Trajetórias de gramaticalização e discursivização. Rio de Janeiro, 1998, p. 24-30. (mimeo)
[1] Este trabalho é decorrente da análise que empreendi em minha tese de doutorado, intitulada A estabilidade semântico-sintática do modal poder: evidências em três sincronias, sob a orientação do prof. Sebastião J. Votre e co-orientada pela profa. Lívia Lindóia Paes Barreto, defendida na UFRJ em abril de 2000.
[2] Adotei os continua propostos por Coates 1983 para a descrição de ocorrências de can.
[3] DG refere-se ao corpus Discurso e Gramática, organizado pelo Grupo de Estudos Discurso & Gramática, sob a orientação dos profs. Sebastião J. Votre e Mariângela Rios de Oliveira. Os números referem-se ao código que a ocorrência recebeu durante a análise.
[4] Este e outros exemplos do mesmo auto encontram-se em BERARDINELLI, Cleonice & MENEGAZ, Ronaldo. Autos de Antônio Ribeiro Chiado – v.I. Introdução, leitura crítica anotada e índices. Rio de Janeiro: Instituo Nacional do Livro, 1968.
[5] Os exemplos do latim arcaico encontram-se em PLAUTE - Tome I Amphitryon–Asinaria–Avlvlaria. Texto estabelecido e traduzido por Alfred Arnout. Paris: Les Belles Lettres, 1959.
[6] Os exemplos dos autos de Gil Vicente encontram-se em BERARDINELLI, Cleonice. Antologia do teatro de Gil Vicente. Introdução e estudo crítico. Rio de Janeiro: Grifo, 1971.
[7] BDI-Peul refere-se Banco de Dados Interacionais do Programa de Estudos sobre o Uso da Língua, organizado pela profa. Cláudia Roncaratti.