A GÍRIA: DO REGISTRO COLOQUIAL AO REGISTRO FORMAL

 

Mª Auxiliadora Bezerra (UFPB - Campina Grande)

Ana Christina Souto Maior (UFPB – Bolsista PET-Letras)

Antonio Claudio da Silva Barros (UFPB – Bolsista PET-Letras)

1. Introdução

O léxico é o componente da língua que mais facilmente retrata as mudanças e variações lingüísticas, visto que, por ter como função nomear e designar fatos, processos, objetos, pessoas, etc., reflete necessariamente as transformações sociais, daí ser uma classe de palavras aberta (está sempre incorporando novos itens lexicais). Sendo uma classe aberta, o léxico comporta unidades de todos os registros lingüísticos, inclusive a gíria, objeto de análise deste artigo.

Em trabalhos anteriores, analisou-se a gíria sob o ponto de vista de sua formação (Souto Maior e Barros, 1999a) e do preconceito lingüístico e social (idem, 1999b) e viu-se que, apesar de recorrente em diversos grupos sociais e nos meios de comunicação, há preconceito contra essa variedade lingüística, que não é a padrão e a cujo significado o acesso pode não ser fácil.

Para o presente estudo, cujo objetivo é verificar a presença de gíria na imprensa escrita, descaracterizando-se como gíria de grupo, esse tipo de vocabulário é abordado numa perspectiva gramatical, lingüística e didática, para, em seguida, poder-se comparar essa abordagem com as recomendações a respeito de seu uso, dadas pelos manuais de redação de cada um dos jornais analisados. Os dados para análise advêm dos jornais de circulação nacional O Globo e a Folha de São Paulo, em suas edições eletrônicas, de janeiro a junho de 2000. Foram considerados seus editoriais e as matérias relativas a política e economia, que são escritas em um registro lingüístico formal. Procurou-se saber se as gírias estão presentes nesses textos e, em caso afirmativo, se são escritas com sinais gráficos (aspas, itálico, negrito... ), demonstrando pertencer a outro registro ou se estão incorporadas ao registro formal, sem nenhum destaque gráfico.

O embasamento teórico dessa análise vem, principalmente, de Preti (1984, 1996, 1997, 1998, 1999); de Bagno (1999), considerando o preconceito lingüístico; e de Tarallo (1986), referindo-se à variação lingüística e sociedade. Além dessas fontes, os dois jornais selecionados possuem manuais de redação e estilo, nos quais constam recomendações a serem seguidas por seus jornalistas, dentre elas o não uso de gíria nos textos.

 

2. A gíria e seus estudos

 

A gíria, considerada como um conjunto de unidades lingüísticas (itens lexicais simples ou complexos, frases, interjeições...) que caracterizam um determinado grupo social, nem sempre mereceu um estudo específico, visto que faz parte, predominantemente, da modalidade oral da língua e num registro informal. Como, por tradição, valorizou-se sempre o estudo da língua escrita padrão, não havia lugar para esse tipo de vocabulário. Isso é o que se pode ver, consultando gramáticas da língua portuguesa de épocas diversas.

 

2.1. A gíria na perspectiva gramatical

 

De forma breve, faz-se uma consulta a algumas gramáticas tradicionais de português, para observar-se o tratamento que é dado à gíria, vocábulo com empregos e valores afetivos diversos, que contribui para o enriquecimento da língua portuguesa.

Foram consultadas oito gramáticas, das décadas de 70, 80 e 90 (ver bibliografia), das quais apenas três mencionam a gíria, dois com um caráter prescritivo e um, descritivo: 1) Cegalla, em sua Novíssima Gramática da Língua Portuguesa (1985:535), se refere a sete modalidades da língua portuguesa, dentre elas, a popular, em que a gíria está incluída. Na definição de língua popular, esse autor afirma: “é a fala espontânea e fluente do povo. Mostra-se quase sempre rebelde à disciplina gramatical e está eivada de plebeísmos, isto é, de palavras vulgares e expressões da gíria. É tanto mais incorreta quanto mais incultas as camadas sociais que a falam”; 2) Rocha Lima, em sua Gramática Normativa da Língua Portuguesa (1972:05), ao falar da língua-comum (“instrumento de comunicação geral, aceito por todos os componentes de uma coletividade para assegurar a compreensão da fala.” p.04) e suas diferenciações, se refere a aspectos que influenciam a língua – o regional e o grupal – este, subdividido em três modalidades – o calão, a gíria e a língua profissional. Ao definir gíria, este gramático, preconceituosamente, fala em “língua especial (...) de um grupo socialmente organizado” com uma “educação idiomática deficiente”; 3)Bechara, na edição revista e ampliada da sua Moderna Gramática Portuguesa, (1999:351), cita a gíria apenas como mais uma forma de renovação lexical, através de um empréstimo feito por uma comunidade lingüística a outra comunidade lingüística dentro da mesma língua histórica.

Do ponto de vista dos dicionários de língua, não é outra a postura dos especialistas.O Dicionário de Filologia e Gramática de Mattoso Câmara Jr. (s/d:197) conceitua gíria como sendo um vocábulo parasita de um grupo com preocupação de distinguir-se da grande comunidade falante. Este estudioso inclui a linguagem profissional dentro da gíria mas, como aquela é usada por uma classe “culta”, ela não tem “qualquer intenção de chiste ou petulância”, que caracteriza a gíria de classes populares.

O dicionário Michaellis (1998:1034) trata a gíria como uma linguagem especial de um grupo pertencente a uma classe ou a uma profissão, ou como uma linguagem de grupos marginalizados. O dicionário Aurélio (1999:989) complementa a definição acima com a expressão “linguagem de malfeitores, malandros etc”, usada para não ser entendidos pelas outras pessoas e fala ainda em “calão” e “geringonça”, que segundo o próprio Aurélio é “coisa malfeita e de duração ou estrutura precária (op. cit.:984).

Como se pode ver, alguns gramáticos não chegam sequer a mencionar o que seja gíria, onde encontrá-la ou usá-la e aqueles que a mencionam, tratam-na de forma preconceituosa, devendo ser eliminada.

 

2.2. A gíria na perspectiva lingüística

 

O papel da língua é fundamental nas relações humanas. Essa importância é acentuada, se se considera que qualquer sociedade depende da língua para divulgar suas informações – através dos meios de comunicação de massa –, para construir um sistema literário e cultural, para desenvolver tecnologias, enfim, para perpetuar-se.

Ao associar-se língua e sociedade, pode-se recorrer à área de estudos denominada Sociolingüística, que trata da relação entre as variações da estrutura social e as variações da estrutura lingüística, para observar-se como a gíria é abordada: é o termo genérico usado para designar o fenômeno sociolingüístico no qual grupos sociais formam um vocábulo próprio que posteriormente pode vazar dos limites desse conglomerado de pessoas. Muito comumente ela é confundida com o jargão, porém aquela abrange este, que é o vocabulário técnico de uma profissão, da mesma forma a gíria abrange o calão, que é a expressão lingüística grosseira ou obscena.

O Dicionário de Lingüística de Dubois et alii (1973:308) a define como um “dialeto social reduzido ao léxico, de caráter parasita”. É vista como um vocabulário marginal, mas também de grupos sociais aceitos ou até mesmo da sociedade em geral.

Com a introdução dos estudos lingüísticos no Brasil, a gíria passou a ser analisada, aqui, a partir da década de 70, em uma perspectiva descritiva e não normativamente como faziam os poucos gramáticos que se dispunham a tratá-la. Quem mais se destaca, nesse estudo, é o professor Dino Preti, que, com sua equipe de estudo, contribuiu sobremaneira para quebrar a aura pejorativa que cercava o vocabulário gírio, até há poucos anos.

Os estudos sociolingüísticos detectam que a maior aceitação da gíria e a “permissão” concedida a todos os falantes a fazerem uso dela, provêm do dinamismo por que passa a sociedade moderna, da velocidade das mudanças e do abandono das tradições. Esses três conceitos são definidores das características da gíria: dinamismo, mudança, renovação (Preti, 1999).

A gíria, como era relacionada a classes pouco cultas e a grupos marginalizados, sempre foi cercada por preconceito lingüístico, decorrente de um problema mais amplo, o preconceito social (Bagno, 1999), advindo do pouco prestígio social que gozam os supostos falantes de gíria (marginais, travestis, toxicômanos, pessoas iletradas, entre outros). É verdade que o vocábulo gírio surge dentro de um grupo social restrito antes de vulgarizar-se na linguagem falada por toda a comunidade, mas esta comunidade cada vez mais fala gíria, em todos os seus níveis sociais, etários, econômicos e culturais.

Para Preti (1984), o vocabulário gírio está dividido em duas grandes categorias: a gíria de grupo e a comum. A primeira categoria é específica de grupos determinados e na maioria dos casos só é acessível aos iniciados naquele grupo. Já a gíria comum faz parte da linguagem usada por todas as comunidades lingüísticas. Ela surge como um signo de grupo (Preti, 1984), mas ao incorporar-se à linguagem corrente perde seu caráter restrito e torna-se uma gíria comum, utilizada por todos os falantes da língua popular social. O próximo passo neste processo é a migração do registro informal para o formal, como o usado pelos meios de comunicação.

Como a língua reflete as transformações sociais de uma comunidade e a parte da língua mais sensível a esse dinamismo é o léxico, o fato de uma grande quantidade de gírias de grupo migrarem para a linguagem comum reflete uma certa flexibilização dos costumes sociais, e uma maior integração entre os interlocutores é cada vez mais usada na comunicação, principalmente se o caráter da interlocução é descontraído.

2.3. A gíria na perspectiva didática

A gíria está presente no cotidiano da vida dos membros de uma sociedade, em seus diversos setores (escola, família, trabalho, lazer, igreja, dentre outros), embora usá-la adequadamente implique o domínio das diversas variedades lingüísticas, de modo que para cada situação use-se um registro pertinente.

Devido à presença da linguagem gíria no dia-a-dia e a uma nova concepção de língua que envolve variações, os livros didáticos de língua portuguesa começam a tratar a gíria, não mais como algo errado, de forma preconceituosa, mas como uma outra maneira de se expressar, adequada a situações especiais.

O gramático Roberto Melo Mesquita (1997:28) divide a linguagem em níveis e inclui a gíria no que ele chama nível relaxado da linguagem, no qual há desvios da linguagem-padrão. Sua abordagem é de cunho prescritivo. Já Isabel Cabral (1995), no seu livro didático Palavra Aberta, trata a gíria de uma perspectiva descritiva.

 

Exemplo 1

Situação: um jovem falando com seu pai ao telefone.

O jovem fala: Ô velho, já faz um tempão que sou dono do meu nariz... Sempre batalhei, arrumei um trampo, dou um duro danado! Me empresta o carango pr’eu sair com a gata hoje?

O pai responde: Só se você conseguir traduzir o que disse para uma linguagem que eu gosto de ouvir de meu filho!

 

Exercício: Reescreva a fala do filho provando para seu pai que sabe utilizar o nível formal da linguagem nas ocasiões em que isto é necessário.

(Cabral, 1995, 8ª série, p.40)

Cabral, recorrendo à contextualização das palavras que aparecem nos textos principais das unidades, aborda as gírias como pertencentes a contextos específicos, mostrando com isso que elas podem ser usadas com sentidos diversos, para tanto, faz uso de alguns exercícios do tipo apresentado abaixo:

 

Exemplo 2

 

O livro apresenta a letra de uma música e destaca os seguintes versos: Leio os roteiros de viagem

enquanto rola o comercial.

A seguir pede-se ao aluno:

a) A palavra que melhor substitui rolar no texto é:

fazer girar passar assistir a

b) No sentido utilizado no texto, rolar é gíria. Escreva uma frase em que rolar seja usado com o sentido de “fazer girar”.

(Cabral, 1995,7ª série, p.55)

 

Embora a autora não explique o que é gíria e nem diga em que contexto usá-la, deixa subentendido que a gíria é uma variação da linguagem e, o mais importante, não a julga negativamente.

Em outro exercício, o mesmo livro apresenta uma crônica em que aparece a expressão “Já eram quase três da matina e pede ao aluno outros exemplos de linguagem coloquial presentes no texto, demonstrando desta forma que a gíria faz parte desse tipo de linguagem.

 

Exemplo 3

 

Já eram quase três da matina [...]

Dê em seu caderno um outro exemplo de linguagem coloquial presente no texto.

(Cabral, 1995,7ª série, p.98)

 

O autor da crônica utilizou muitas palavras próprias da língua coloquial, bem como gírias, dando um tom informal, ao texto. E a autora da livro didático explora-as, sem um enfoque normativo, mas de variações de uso.

2.4. A gíria no jornalismo

Mesmo surgindo no interior de um grupo social, devido à interação entre as pessoas de grupos diversos e ao dinamismo social, a gíria migra para a linguagem comum da sociedade e assim vulgariza-se, tornando-se gíria comum (Preti, 1996), chegando à imprensa escrita. Em outras palavras, depois de ser usada exaustivamente pela população, pela tv, pelo cinema etc., a imprensa escrita, que usaria um registro estritamente formal, incorpora um item nascido coloquialmente, talvez porque os jornalistas não se dão conta de que estejam usando vocábulos populares já totalmente integrados a registros formais da língua.

O Manual de Redação e Estilo de O Globo afirma que, quando a gíria aparece em transcrição de declaração no jornal, ela recebe sempre o negrito como destaque gráfico. Não contém destaque gráfico a gíria encontrada em artigos, exceto quando o texto exigir. O manual diz que “em qualquer outra circunstância não são usados (termos gírios) no GLOBO.”

Apesar dessas recomendações, de caráter normativo como nas gramáticas tradicionais, em O Globo de 12/02/2000, encontra-se o artigo intitulado “Clinton anuncia nova taxação de 10% sobre aço”, em que o advogado Charles Verril declara que

Exemplo 4

As empresas têm sido nocauteadas.

 

Ao referir-se às altas multas cobradas pelo governo americano das empresas que exportam aço para os Estados Unidos, o advogado valeu-se de uma metáfora, usando “nocauteadas” com o sentido de “golpeadas”. E a palavra “nocauteadas” não aparece em negrito como afirma o Manual de Redação do jornal.

No artigo sobre política publicado no Globo em 16/03/2000, intitulado “Sem CPI, impeachment ganha força”, encontra-se o seguinte trecho:

 

Exemplo 5

 

(...) sinais de racha na bancada governista mostram que é possível a aprovação do impeachment, no lugar de uma CPI.

 

Como essa parte do texto foi escrita pelo autor do artigo, não se tratando portanto de uma declaração, o manual do jornal não exige destaque gráfico para o vocábulo gírio (neste caso, racha). O termo “racha” foi usado metaforicamente para referir-se a “rompimento”.

Neste mesmo artigo encontra-se a transcrição da declaração do vereador José Eduardo Martins Cardozo, do PT de São Paulo, na qual ele diz:

 

Exemplo 6

 

Vereadores governistas começaram a balançar em favor da CPI.

 

Mais uma vez a gíria (balançar) não aparece destacada em uma declaração e mais uma vez ocorreu uma metaforização: “balançar” significando “posicionar-se”.

O Novo Manual da Redação da Folha de S. Paulo, no capítulo intitulado “Texto”, afirma que um bom texto jornalístico “deve evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza dos vocábulos acessíveis à média dos leitores” (1992:47). Mais adiante, ao se referir à gíria, ele ordena que se “evite ao máximo”, sendo mantida apenas em reproduções de declarações, pois, segundo o manual, a gíria banaliza o texto e na maioria das vezes seu significado é restrito a uma parcela de leitores. Estas afirmações nos fazem subentender que, para o Novo Manual da Redação da Folha de S. Paulo, o conceito de gíria é restrito à gíria de grupo, sendo desconhecida ou não levada em consideração a existência da gíria comum. No entanto, não é condenado o uso de termos gírios e nem uma grafia que os marque, o manual apenas não recomenda usá-los.

Em um dos editoriais da Folha de S. Paulo de 14/05/2000, intitulado “Capital para crescer” foi encontrado o seguinte trecho:

 

Exemplo 7

 

Houve bolhas de consumo, surtos de crescimento e apostas numa economia mais aberta(...)

 

O editorial é, supostamente, um texto no qual é usado um dos registros mais formais e uma linguagem das mais sóbrias no jornal. Entretanto, depara-se com a expressão coloquial “bolhas de consumo”, significando “áreas isoladas de consumo”.

Ainda na Folha de S. Paulo, no caderno Folha Invest, de 03/01/2000, foi visto um artigo sobre economia com o seguinte título:

 

Exemplo 8

 

Setor de tele (empresa de telecomunicações) do Brasil é vedete na AL (América Latina).

 

Através de uma metaforização, foi substituída a expressão “se sobressai” por “vedete”.

Na Folha de S. Paulo de 01/02/2000, foi encontrado um artigo sobre política intitulado “FHC decidirá ação contra Brizola, afirma Brindeiro” no qual aparece a expressão “passar fogo” dita pelo presidente do PDT, Leonel Brizola:

 

Exemplo 9

(Leonel Brizola) se disse favorável a “passar fogo” no presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

A expressão está entre aspas, porque é a transcrição literal das palavras usadas pelo deputado, conduta esta recomendada pelo manual da Folha (“passar fogo” significa “atirar com arma de fogo”).

3. Considerações finais

Observa-se que palavras gírias já se apresentam nos textos jornalísticos, e, em muitos casos, sem nenhuma marca gráfica (do tipo aspas, itálico, negrito) que demonstre ser um item lexical de um outro registro lingüístico. Com isto, percebe-se que a gíria de grupo torna-se gíria comum e, por sua força expressiva, termina sendo utilizada na escrita formal, mesmo quando há recomendações para redigir-se os textos, como é o caso dos jornais analisados, que têm um manual de redação e estilo.

O uso da gíria já não causa tanta celeuma em vários setores da sociedade moderna. Os estudos sociolingüísticos e a flexibilização dos costumes permitem que o vocabulário gírio seja enfocado didaticamente, como uma opção a mais de comunicação. O tipo de gíria aceito socialmente é a gíria comum, muito encontrada até na imprensa escrita, como foi mostrado neste artigo.

Raramente a gíria encontrada nesse tipo de imprensa aparece com algum sinal gráfico que sinalize a sua concernência a outro registro lingüístico; podemos até, em certos casos, atribuir isso à não consciência do jornalista ou do revisor de que se trata de uma expressão gíria. Além da diminuição do preconceito e da quebra dos tabus, a gíria é mais um recurso que o redator possui, para aproximar-se do leitor ou obter o efeito semântico desejado.

 

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