SÃO TIAGO CAP. 4:4-6 UMA VIAGEM MACRO-LINGÜÍSTICA DOS ORIGINAIS AOS AKWE-XERENTE
Jayme Célio Furtado dos Santos (UERJ)
Ficção de um indivíduo [algum Sr. Teste às avessas] que abolisse nele as barreiras, as classes, as excluísses, não por sincretismo, mas por simples remoção desse velho espectro: a contradição lógica; que misturasse todas as linguagens, ainda que fossem consideradas incompatíveis; que suportasse, mudo, todas as acusações de ilogismo, de infidelidade; que permanecesse impassível diante da ironia socrática (levar o outro ao supremo opróbrio: contradizer-se) e o terror legal (quantas provas penais baseadas numa psicologia da unidade!). Este homem seria a abjeção de nossa sociedade: os tribunais, a escola, o asilo, a conversação, convertê-lo-iam em um estrangeiro: quem suporta sem nenhuma vergonha a contradição? Ora este contra-heroi existe: e o leitor de texto, no momento que se entrega a seu prazer. Então o velho mito bíblico se inverte, a confusão das línguas não e mais uma punição, o sujeito chega a fruição pela coabitação das linguagens, que trabalham lado a lado: o texto de prazer e Babel feliz
No decorrer dos nossos estudos junto aos xerente, temos tido a oportunidade de constatar as profundas implicações que caracterizam o fenômeno lingüistico da tradução, sejam em seus aspectos de caráter histórico, socio-politicos, filosófico..., sejam numa dimensão de aplicabilidade a partir dos modelos teóricos, lingüisticos e descritivos. Tal constatação esta presente nos estudos modernos de tradução, observando-se nos mesmos marcos abstratos e metodologia próprios. Ainda que de forma muita sintética, parece-nos conveniente a priori apontar algumas dessas correntes de investigação, o que passaremos a fazer.
Segundo Rosa Rabadan Alvarez em sua obra intitulada Equivalência y traduccion, Leon 1961 o marco que se torna como indicativo do nascimento dos estudos de tradução moderna data de l958, ano em que Vinay & Darbelnet publicam a Stylistique comparee du francais et de l’anglais. A partir de então, e durante quase 20 anos, todo intento de sistematizar os fenômenos de tradução se fazia dentro do marco da lingüística aplicada. A analise seguia os métodos escalonados de abaixo-acima (bottom-to-top) próprios da lingüística e utilizava como unidades de analise categorias lingüísticas como a palavra e a oração. Os procedimentos a seguir variavam, obviamente, segundo o modelo lingüístico adotado: estruturalismo clássico no caso de Vinay & Darbelnet (l958); GGT em Vazquez-Ayora (l977), ou a rank-scale grammar na obra de Catford (l965).
Nos meados dos anos 70 dá-se através do missionário evangélico E. Nida uma pequena revolução no campo com o advento da lingüística do texto e com os achados resultantes de se aplicarem princípios antropológicos a tradução bíblica (Nida & Taber, l969).
No começo dos anos 80 assistimos ao nascimento de um novo modo de ver a tradução: E o momento em que se estendem a bom numero de grupos de investigação os postulados básicos de J.S. Holmes (l988). A tradução se contempla, pela primeira vez, como uma disciplina independente, e como todo campo de estudo autônomo consta de três ramos interdependentes: o teórico, o descritivo e o aplicado. Objetivando minimizar confusões terminologias no que concerne a nova disciplina, começa a se fixar a expressão Translation Studies para designar a forma mais neutra possível nos diferentes enfoques de investigação.
Estendendo-se ate os dias atuais, pode-se distinguir três pontos de vista básicos na hora de abordar o estudo do fenômeno da tradução: A tradução vista como resultado, como função e como processo.
Sem duvida, o enfoque mais influente nos últimos anos e o que estuda a tradução como resultado, como produto de um processo de transferência, e em especial o modelo que se conhece como Teoria Polissistêmica. (Even-Zohar, universidade de Tel Aviv. l979). Pretendia unicamente converter-se em um modelo semiótica integrador que permitisse organizar a literatura de Israel. Baseia-se no conceito de polisistema dos formalistas russos e da escola de Praga, todavia ampliado adaptado às necessidades de seus estudos. Deste ponto de vista, a literatura se estende como um sistema completo e de caráter dinâmico, que está constituído de numerosos subsistemas. Em suas considerações entram em jogo não só a produção textual, senão também sua recepção no contexto histórico e o status dos textos dentro do sistema literário nativo, assim como seu contato com outras literaturas.
Modelos Socioculturais – dentre os vários modelos que abordam o estudo da tradução como função, destacaríamos o proposto pôr M. Snell-Hornby (l988), conhecido como Enfoque Integrado. Esta autora defende a idéia da tradução como comunicação intercultural, e toma como objeto básico de estudo o texto-em-situacão. Parece indicar que a natureza da tradução e um espectro de graus transitórios, dinâmicos, onde não existem conceitos absolutos e sim um campo de margens difusas onde se situam todos os casos da tradução em relação com os cossistemas semióticos circundantes.
J. Holz-Manttãri (l984). Esta especialista escandinava concebe a tradução como comunicação intercultural cujo resultado final vem determinado pôr critérios de recepção e pela função da mensagem na cultura de chegada. Rechaça a idéia de “texto”, considera-lo simplesmente um meio, um veiculo transmissor, em favor do conceito de mensagem, já que entende que a informação contextual – e, portanto, a função – estão representadas na mensagem e no texto. Um enfoque, portanto, essencialmente pragmático.
The Manipulation School (Hermans, l985) – O objetivo prioritário já não e a descrição do produto da tradução, indo muito mais longe: Intenta-se averiguar a função do texto traduzido na cultura de chegada.
Sociocritique de la traduction (A. Brisset, l990) – Sendo igual ao modelo polissistemico desenvolvido em Israel, a sociocritica mostra uma estreita dependência do contexto cultural em que aparece e que, logicamente, se reflete nos dados que compõem seu corpus descritivo. O contexto receptor que analisa e Quebec, onde os valores ideológicos e nacionalistas estão presentes em todo tipo de manifestação cultural. A afirmação e legitimizacão do discurso de independência de Quebec e a busca da língua “natal”, que identifique o grupo como nação diferente se convertem no fim ultimo da tradução.
Como reação aos modelos socioculturais que centram a sua atenção nos aspectos pragmáticos e macroestruturais (postulando assim aproximações não prescritivas), surgem os Modelos Psicolingüísticos, reivindicando a possibilidade de examinar o processo de transferência de modo simultâneo a sua produção. O objetivo destes modelos e a descrição da traducão-processo. O objeto empírico do estuda da “caixa preta” que contem os processos mentais do tradutor durante a transferencia. E evidente a dificuldade de se ter acesso a estas operações mentais... Daí a aplicação de métodos típicos da psicologia cognitiva.
Somando-se a estas três grandes tendências, destacaríamos ainda os Modelos Textuais de origem alemã e o Modelo Hermenêutico que tem estreitas conexões com a filosofia.
Modelos Textuais – Em linhas gerais, se trata de enfoques analíticos que defendem que o texto e o fator principal do projeto de tradução. Fora este principio geral, as aproximações variam em extremo, e não e possível caracteriza-las em conjunto. Destacam-se entre os diversos grupos a escola DE LEIPZIG (A. Neubert – l985) e a escola de UBERSETZUNGSWISSENSCHAFT (W. Wilss – l982).
O Modelo Hermenêutico – O grupo de investigação dirigido pôr M. Gaddis Rose (USA) e responsável pôr este tipo de estudos. O modelo hermenêutico não tem pretensões de exaustividade, seus seguidores o denominam “a dimensão hermenêutica da TRADUÇÃO.” e, portanto, uma contribuição parcial que há de se considerar dentro de um marco epistemologico muito mais amplo do que e utilizado normalmente. Os estudiosos que se inscrevem nesta tendência compartilham a idéia de que A TRADUCAO E, no fim das contas, TRANSMISSAO DE CULTURA. Toda comunicação descansa, em ultima instancia, na troca de significado de um emissor a um receptor. E e precisamente o estudo filosófico do significado o ponto de partida da hermenêutica aplicada a tradução. Os trabalhos de Gadamer, Heidegger e Derrida consideram que o significado e especifico de cada cultura, e, portanto, é impossível reproduzi-lo em sua totalidade em um meio diferente do que o produziu. Sempre há perdas, e dado que a característica fundamental da significação e a Relatividade e a Indeterminação, todo significado transmitido apresenta algum grau de diferença com a emissão original.
A tarefa do tradutor e transportar a uma Segunda língua o que já se tem dito em outra; Se como leitor o que recebe e uma multiplicidade indeterminada, sua tarefa será definir a direção que vai tomar seu significado no TM antes de proceder a transferência. Em poucas palavras, o foco de atenção dos seguidores deste método esta na intenção e capacidade interpretativa do tradutor, que nunca são as mesmas do autor original. Assim, a tradução e, por definição, uma transgressão dos limites semânticos e lingüisticos, e um INTERTEXTO. Enquanto a forma lingüística pertence à cultura de chegada, o conteúdo que se representa lhe e alheio. Mas isso não quer dizer que a tradução seja impossível: Sempre e possível traduzir, porque não existe a igualdade, senão a equivalência na diferença. E este e o limite certo e real que devemos aceitar para a tradução.
Julgando ter cada modelo a sua relevância no sentido de nos ajudar a compreender melhor o fenômeno da tradução, não teríamos todavia, a condição necessária para estabelecer conexão entre os citados modelos e nosso objetivo imediato que e o de tão somente ilustrar o caráter milenar da tradução, a partir do primeiro livro traduzido, sendo inclusive o mesmo considerado o livro que mais tem influenciado pessoas ao longo da historia da humanidade: A BIBLIA.
AS LÍNGUAS DA BÍBLIA
A Bíblia e um livro sagrado? E a Palavra de Deus? Ou apenas contém tal Palavra? Teria a Bíblia sido profanada pelo homem, isto e, teriam dela sido removidos alguns livros que finalmente teriam se perdido para a humanidade? Tais perguntas evidentemente invadem o domínio das interpretações e crenças religiosas individuais sendo absolutamente irrelevantes ao nosso objetivo em questão que e o de considerar a Bíblia em sua natureza externa.
A palavra Bíblia e de origem grega. Crê-se que tal palavra ‘ Bíblia’ foi aplicada a principio aos livros sagrados pôr João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla, entre 398 e 404 AD.
Etimologicamente considerada, a palavra Bíblia quer dizer “os livros”, e quando não for precedida pôr adjetivo, quer dizer que esses livros são tidos como um conjunto de escritos superiores – livros pôr excelência. A mesma idéia se compreende na palavra escritura e escrituras. Estes dois termos ocorrem, em o Novo Testamento, no sentido de livros Sagrados (Mt 21.42 e At 8.32). A palavra Bíblia Não se acha em nenhuma de suas paginas; e de origem puramente eclesiástica.
Originalmente a Bíblia fora escrita em três línguas, a saber: Hebraica, Aramaica e Grega. Esta era a língua do N.T.. Alguns comentaristas dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua Semítica – a Caldaica – a qual era a da sua própria terra (Gn. l2: l-5), quando saiu de Ur, e adotou a língua dos Cananeus, em cujo meio foi morar. A sua descendência – os hebreus - mais tarde, durante o cativeiro em Babilônia, deixou de falar a língua hebraica e adotou a caldaico – aramaica, a qual continuou a ser falada ate os tempos de Jesus. Esta língua cananeia, que Abraão usou, era, provavelmente, a mesma ou alguma forma dela, que foi conhecida mais tarde como hebraica. Parece que a língua hebraica foi chamada “a língua de Canaã” (Isaías l9.l8). Algumas das tabuinhas de Tel-El-Amarna, descobertas em l887 no Egito, assim chamadas pelo nome do lugar em que foram achadas, com data de 400 anos mais ou menos depois de Abraão, são escritas em boa língua Cananeia ou Língua Hebraica.
As passagens do V.T. que não são escritas em hebraico são as seguintes: Esdras 4:8 a 6:l8 e 7:l2 – 26. Jeremias l0:ll e Daniel 2:4 a 7:28. Estas são escritas no dialeto Caldaico. Este fenômeno se explica pela residência de Daniel e Esdras na Babilônia e as relações com os governadores desses países.
Os livros do N.T. foram escritos originalmente na língua grega, conhecida como helênica, porque os gregos eram chamados Helenos ou o povo de Helas. Depois da grande conquista de Alexandre Magno, rei da Macedonia, filho de Filipe e de Olímpia, a língua grega, numa forma helênica, espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua Vernácula dos Hebreus que residiam nas colônias de Alexandria e outras partes.
MANUSCRITOS E TRADUCÕES BIBLICAS
A Bíblia é a obra mais lida no mundo em traduções. Segundo pesquisas realizadas, em l977 já teria sido traduzida a mais de l.600 línguas. Por que tantas traduções da Bíblia?
– O descobrimento de novos manuscritos, como pôr exemplo os do Mar Morto.
– A evolução das línguas metas (modernas)
– Avanço nas Ciências da Linguagem.
– Avanços nas definições dos termos Bíblicos
Seria dispendioso discorrer sobre manuscritos como o Codex Alfa, o Codex B e o Codex A, alem de manuscritos como o Vaticano, o Sinaitico, o Alexandrino e o de Efraim. Dispendioso porque não se consegue acrescentar algo relevante a discussões como as que se dão em torno das versões Latina, Européia e Africana em poucas palavras, quando tanto se tem pesquisado a respeito de tais manuscritos. O mesmo fato se aplica também a traduções como a Septuaginta, a Versão de Áquila, de Teodotion e de Symmachus de Samaria; Como ser conciso no discorrer sobre a Vulgata de São Jeronimo, o N.T. de Erasmo, a Bíblia de Guilherme Tyndale e a Bíblia de Genebra? Não há duvida de que, devido a sua importância, tais conteúdos mereceriam ser detalhadamente desenvolvidos. Todavia, pôr uma questão de participasse e pela proposta do presente trabalho, não poderíamos faze-lo.
SÃO TIAGO 4:4-6
Uma abordagem crítico-comparativa
Tg. 4:4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo e inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Tg. 4:4 Tô kanõrikwa Waptokwa aipkê psê snã krsazêi kba mnõ Kõdi.Tâkãinni hã rom we Waptokwa dazaizêikõkwai nõrai ne, nõkwai tkrê sãmr we mnõ wa, tô Waptokwa dasikru ne.Bâ tãkãne hãp adu samar waihku kba kõd?
Comentários – Apenas um exemplo:
“...Infiéis...”- No original vários manuscritos dizem aqui “...Adúlteros e adúlteras...” que é uma glosa para aclarar o texto original, que diz, simplesmente, “Adúlteras”. Os escribas se admiravam ante o uso do gênero feminino ao passo que normalmente, quando era feita alguma declaração geral, que incluía homens e mulheres, era usado o masculino; no caso devem ser “adúlteros”. A expressão aparece nos Mss KLP, Aleph (3) e a maioria dos manuscritos minúsculos da tradição bizantina. Porem, isso e a modificação da forma mais difícil para a mais fácil. Os Mss P(74), Aleph (l), AB,33,8l,629(l),l24l,l739, o It(FF), a VG, o Si(P), o Cop (As Bo), o Ara e o Eti exibem a forma mais curta, “adúlteras”. Talvez o feminino tenha sido escolhido porque era costume dos autores do A.T. descreverem a Nação de Israel como a esposa infiel de YAHWEH; e, naturalmente, nesse caso o feminino era usado (ver Sl. 73:27). No N.T. aparece a mesma idéia em Mt. l2:29 e Apc. 21:9.
Portanto, na presente referencia, não há qualquer intuito de salientar as mulheres. A tradução inglesa de Philips diz “...Sois como esposas infiéis...”. Ora, o adultério em foco e o de natureza espiritual. Apesar de não haver razão para supormos que também não houvesse adultérios entre as mulheres, o adultério aqui, em questão, é, todavia, de caráter espiritual.
NIVEL DE CONHECIMENTO DO MUNDO
Registro:
a. Campo – Teológico
b. Modo – Trecho bíblico do livro de S. Tiago, Cap. 4
c. Teor - Dirigido ao povo indígena xerente
Intenção do Autor – S. Tiago escreve para judeus cristãos dispersos com objetivo de orientá-los sobre assuntos da parte prática da vida cristã, sugerindo também contínuo auto-exame dos mesmos.
Intenção do tradutor – A mesma.
Tipo / Função do Texto – Caráter persuasivo, com linguagem apropriada as situações naturais de comunicação entre o grupo.
Leitor – Fundamentalmente índios xerente alfabetizados em sua língua.
Marco da tradução – Livro de S. Tiago. Essa tradução consiste num projeto pessoal do Ministro Batista Pr. Carlos G. Kriegger em traduzir o N.T. para a língua xerente. O citado Missionário vive há 40 anos nas aldeias xerente o que oportunizou ao mesmo um avançado nível de conhecimento da Cosmovisão e língua desse povo indígena. Quer pôr decisão ideológica, quer pela sua idade já avançada, parece-nos que, todavia, não chegaremos a ter matérias de caráter acadêmico produzidas pelo referido missionário.
Outros Aspectos Culturais – Tal tradução comporta em si um objetivo de resgate cultural no grupo, pois incentiva o aprendizado de leitura e escrita entre os xerente.
Nível Supra-Oracional – A tradução. em foco mostra-se coerente em relação ao seu original na medida em que transmite relativamente as mesmas informações. Vide Dimensão Hermenêutica da Tradução.
Nível Oracional – Tal qual o ilustrado na palavra “Infiéis”, proceder-se-ia uma análise lexical, de caráter lingüístico-exegético, onde se observaria inclusive empréstimos, neologismos etc.
CONCLUSÃO
A Teoria da enunciação nos diz que quando um enunciador comunica alguma coisa, tem em vista agir no mundo. Ao exercer seu fazer informativo, produz um sentido com a finalidade de influir sobre os outros. Deseja que o enuncitario creia no que ele lhe diz, faca alguma coisa, mude seu comportamento ou de opinião etc. Ao comunicar, age no sentido de fazer-fazer. Entretanto, mesmo que não pretenda que o destinatário aja, ao faze-lo saber alguma coisa, realiza uma ação, pois torna o outro detentor de um certo saber.
Traduzir e comunicar. Comunicar e agir. Portanto, traduzir e, ao nosso ver, agir num certo sentido. Quando um tradutor reproduz na sua tradução elementos da formação discursiva dominante, de certa forma, contribui para reforçar as estruturas de dominação. Se se vale de outras formações discursivas, ajuda a colocar em xeque as estruturas econômico-sociais de uma maneira reacionária, em que se sonha fazer voltar um mundo que não mais existe, ou de uma maneira progressista, em que se deseja criar um mundo novo. Sem pretender que determinada tradução possa transformar o mundo, pode-se dizer que um texto traduzido pode ser instrumento de libertação ou de opressão, de mudança ou de conservação.