PORTUGUÊS: LÍNGUA ESTRANGEIRA
Maria Imerentina Rodrigues Ferreira
O português transplantado para a América, talvez por estar em contato com outros ritmos, outras línguas de africanos, indígenas, imigrantes adquire um ritmo mais lento, mais vocálico, de uma outra prosódia, de uma outra sintaxe e vocabulário, como é natural até mesmo dentro do Brasil, mas as diferenças entre Brasil e Portugal chegam, às vezes, a uma inversão de sentido. Assim, só para citar alguns exemplos, além dos já conhecidos comboio por trem; rebuçados por balas; temos mais recentemente um fino para chope, quando um garçom não entende o que este último significa; uma moça sempre significou antes em Portugal uma pessoa de condição social inferior, já uma rapariga seria uma garota de boa família, para nós, uma moça de fato; os confeitos de bacalhau seriam os nossos bolinhos de bacalhau (deles, aliás) e uma pastelaria seria para nós uma confeitaria, onde podemos encontrar tortas e doces, sem falar em palavras da informática, traduzidas para o português como mouse e rato.
Contudo, é na concordância nominal e sobretudo verbal, que vemos nos afastarmos mais de Portugal com a tendência na concordância nominal a não marcarmos o plural com o -s em várias regiões do Brasil, quem sabe por influência dos imigrantes de língua italiana, que não têm o -s como marca de plural, ou, simplesmente, por uma evolução normal da língua em um sistema que elimina o redundante na sua economia a marca fonética do plural, eliminando foneticamente o /s/, a exemplo do que ocorre em francês, também com suas raízes no latim (que apresentava um plural mais próximo do que se manteve no italiano) ou a tendência a usar na concordância verbal a 1a. pessoa do singular, em oposição à 3a. pessoa do singular, quem sabe por influência de alguma língua africana como o quimbundo ou até pelo fato dos verbos no tupi-guarani terminarem sempre pela mesma forma do radical, inclusive, colocando nos prefixos a noção dos tempos verbais, que em português pós-fixamos
O fato é que, ao ensinarmos esta língua, falada, para os estrangeiros que aqui vêm estudar, em particular, os da América Latina, Caribe e África, por conta do programa de apoio aos países em desenvolvimento mantido pelo Brasil, a questão que nos deixa mais embaraçados diria respeito à concordância verbal, ao emprego dos pronomes, das formas de tratamento, do imperativo e outros tempos verbais nos registros formal e informal.
Isto nos faz perceber o quanto é mal descrito o português do Brasil em nossas gramáticas escolares, ainda que haja algum avanço nos métodos destinados ao estrangeiro. Coloca-se aí uma oportunidade de percebermos as diferenças entre o português do Brasil, falado pelos maiores usuários no mundo da língua portuguesa, neste vasto território a que gostaríamos de denominar América Brasileira, e o português de Portugal, falado pelo povo que mais contribuiu para a nossa formação cultural
Desta forma, os pronomes da língua portuguesa são os elementos gramaticais que talvez ofereçam o maior número de dificuldades tanto para os falantes de português como L1, no Brasil, bem como para aqueles que venham a aprender o português como L2.
São classificados como pronomes, os pronomes pessoais do caso reto ou subjetivo (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas) e oblíquos ou objetivo - átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, se, lhes, os, as) e tônicos (mim, ti, si, ele, eles, nós, vós, comigo, contigo, conosco, convosco) - ; demonstrativos (este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, além de o, a, os, as); possessivos (meus(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(a), vosso(a), dele (a)(s); indefinidos (tudo, todo(a), algum(uns) (umas), alguém, algo, certo (a)(s), muito(a)(s), nenhum(a)(s), ninguém, etc); interrogativos (qual, quais, quantas, que, quem); relativos (que, quem, qual, quais, quanto (a)(s), cujo (a)(s) e de tratamento (você, o senhor(a)(s), Vossa Excelência, Sua Excelência, Vossa Alteza, etc),como todos sabem.
Dentre os pronomes que oferecem maior dificuldade estão, em primeiro lugar, os que se referem à 2ª pessoa; e, portanto, os de tratamento, que marcam a intimidade entre os interlocutores, a hierarquia ou as relações de poder, simétricas ou assimétricas, para usar a expressão de Brow e Gilman, que fazem um estudo sociológico dos pronomes de tratamento em diversas línguas, que podemos adaptar para o português.
Ao longo da história podemos observar, até a Revolução Industrial, que nas classes inferiores havia um tratamento simétrico, correspondente a tu em português e nas classes superiores um tratamento simétrico, correspondente a vós, o que vamos encontrar confirmado em Said Ali, sendo interessante observar que até o século XIX a mulher tratava o marido de senhor em Portugal, em vez de tu ou você (que evoluiu de Vossa mercê).
Para entendermos o verdadeiro grau de formalismo de tu e você face a senhor(a), é preciso que compreendamos que tu é um tratamento muito íntimo, que você obedece a um grau de formalismo intermediário, mais formal, que tu e menos formal que o(a), senhor(a); e por isso, a grande confusão, pois tratamos de tu e você uma pessoa muito íntima, mas também é possível tratarmos de você alguém com quem não tenhamos tanta intimidade, sendo um hábito no Brasil, por exemplo, professores e alunos na Universidade se tratarem de você, enquanto que em Portugal, mais formais, os alunos tratam o professor de “Senhor Professor” ou “Senhor Professor Doutor”, da mesma forma que o paciente trata o seu médico de “Senhor Doutor” e no Brasil apenas de “Doutor” ou mesmo de você entre pessoas de alta escolaridade.
Quanto a expressões como Vossa Excelência, tratamento dado somente a presidentes, ministros, etc; Vossa Alteza, a príncipes; Vossa Magnificência, a reitores; vemos também as diferenças entre Brasil e Portugal, visto que Vossa Excelência, em Portugal, pode ser equivalente a “senhor” no Brasil, da mesma maneira que o próprio vós em Portugal, onde podemos ouvir ainda expressões como “A menina passou bem? em vez de “Como vai você?” ou “O senhor vai bem?” em vez de “Como vai o senhor?”, o que não deixa de ser um modo mais cerimonioso de tratamento, mais distanciado que no Brasil, em uma pergunta mais indireta, deslocando o seu foco.
O pronome vós, encontrado em traduções de peças, em que aparecem reis e rainhas para tratar personagens clássicos, ou de certa forma anteriores a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, marcos de uma mudança social no Ocidente, dá a impressão no Brasil de um formalismo extremo, no entanto, ele não é absolutamente formal em Portugal, quando se refere a mais de uma pessoa, ainda que seu uso como tratamento cerimonioso esteja diminuindo. O uso de vós com o mesmo grau de formalismo de tu, referindo-se a mais de uma pessoa é bastante utilizado em Portugal, embora hoje se use muito você, vocês, enquanto que no Brasil vamos encontrar vós apenas em textos do passado, referindo-se a uma pessoa, indicando tratamento dado à aristocracia e não exista na língua oral, referindo-se a mais de uma pessoa. Assim, se um português diria “vinde comer”, chamando sua família para o almoço, nós diríamos “vamos comer”, “vem comer, gente” ou “vem comer, pessoal” em uma situação completamente informal, e se em Portugal ocorreriam frases como “Vós sabeis como proceder” em vez de “O senhor sabe como proceder” não existe atualmente no português do Brasil esta ocorrência.
No Brasil parece ainda haver uma tendência para usarmos sempre a terceira pessoa, quer estejamos falando com uma segunda pessoa ou de uma terceira pessoa na maior parte do país, em que não se conjuga o tu corretamente com o verbo, e uma frase como
“Tu não fizeste aquilo para mim” (registro informal).
equivaleria a
Tu não fez aquilo pra mim. (registro familiar)
Você fez aquilo para mim. (registro informa ou semi-formal)
O senhor não fez aquilo para mim. (registro formal)
Ou seja, observamos que o pronome fica como marca de grau de formalismo e o verbo sempre na terceira pessoa.
Ou ainda verificamos que o pronome oblíquo te ou lhe combinado com “tu” ou “você” gera um registro informal ou semi-formal, respectivamente.
Eu te disse. Tu não quis ouvir. (registro familiar)
Eu te disse. Você não quis ouvir. (registro informal)
Eu lhe disse. Você não quis ouvir. (registro semi-formal)
Eu lhe disse. O senhor não quis ouvir. (registro formal)
Neste sentido, no caso do imperativo em português costuma-se dizer que não usamos o imperativo corretamente, porque confundimos a 2ª e 3ª pessoa, mas isto não nos parece verdade. Na prática, usamos sempre a 3ª pessoa do indicativo (para situações informais) e a 3ª pessoa do subjuntivo (para situações formais), embora as gramáticas não registrem este fato, ensinando que a 2ª pessoa do imperativo afirmativo vem da 2ª pessoa do presente do indicativo e a 3ª pessoa vem do subjuntivo, e que o imperativo negativo vem todo do presente do subjuntivo.
Mas, tanto isto não é verdade na maior parte do Brasil, que se um português é capaz de dizer “Não faças isto, menino” ou “Não faça isto, meu senhor”, no Brasil diríamos “Não faz isso, menino” (cujo imperativo negativo não corresponde a nenhuma pessoa do subjuntivo, coincidindo com a 3ª pessoa do indicativo) ou “Não faça isso, meu senhor”. Verifica-se na prática que usamos sempre a 3ª pessoa e que o indicativo marca a informalidade e o subjuntivo a formalidade, questão bem complicada para ser explicada para um falante de L2, se os falantes de L1 no Brasil apenas sabem que não falam segundo os manuais de gramática, mas não têm consciência, de fato, como funciona a sua gramática, enquanto sistema lingüístico. Aliás, bem simplificada não fossem as gramáticas escolares para nos confundirem.
Contudo, os problemas que se referem aos pronomes não param por aí, pois no Brasil, além de preferirmos a próclise à ênclise, não utilizamos as formas que fundem em um só vocábulo os pronomes objetos átonos me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, com função de objeto indireto e os pronomes tônicos o, a,, os, as, como função de objeto direto, que vemos aparecer nas gramáticas e são utilizados com freqüência em Portugal, mas não no Brasil, onde se elimina (ou se deixa subentendido) o objeto ou se substitui apenas um dos objetos, deixando o outro explícito. Senão vejamos um exemplo:
Portugal - Eu te dei o livro?
- Não, tu não mo deste.
Brasil - Eu te dei o livro?
- Não, você não me deu (o livro).
Em Portugal, mo reúne neste exemplo o objeto direto e indireto. Já no Brasil, deixamos me para marcar o objeto indireto (a pessoa) e subentendemos ou, às vezes, expressamos o objeto direto (objeto), se quisermos enfatizar.
Neste exemplo, vemos ainda que se tomarmos a língua oral do Rio de Janeiro, vamos misturar o tu e o você. A verdade é que, brasileiros e portugueses usam formas bem diferentes coloquialmente, no que diz respeito aos pronomes de caso reto, o que se vai refletir no emprego dos pronomes com função de objeto direto, e mesmo nos possessivos, em correspondência perfeita em Portugal, mas não no Brasil. A colocação dos pronomes átonos no Brasil, ao contrário de Portugal, em que há coincidência entre a escrita e a fala (formal e informal) não obedece às mesmas regras da língua falada (mesmo por pessoas cultas), na literatura (que retrata a língua falada no Brasil) e na língua escrita em documentos oficiais. Assim, a primeira regra que se apresenta é que não podemos começar frase com pronome oblíquo.
Se em Portugal encontramos:
Dá-me uma resposta. Já é a segunda vez que te peço.(situação informal)
No Brasil diríamos (ou até escreveríamos em um bilhete a um amigo):
Me dá uma resposta. Já é a segunda vez que te peço.
Mas, escreveríamos em uma carta comercial:
Envie-me uma resposta.
Já é a segunda vez que lhe solicito uma resposta.
Uma outra regra que oferece dificuldades é a ênclise ao infinitivo, que nunca fazemos na língua oral e que somos obrigados a fazer na língua escrita ou pelo menos ao verbo auxiliar.
Se dizermos, por exemplo:
Não se preocupe. Vou lhe explicar tudo.
somos obrigados a corrigir para
Não se preocupe. Vou explicar-lhe tudo.
ou
Não se preocupe. Vou-lhe explicar tudo.
colocando-se, ao menos, um hífen, ligando o pronome ao verbo auxiliar.
Porém, nem tudo são diferenças entre Brasil e Portugal, e empregamos muitas regras igualmente.
A negativa atrai o pronome para antes do verbo, bem como advérbios se não houver pausa.
Não se sabe a causa.
Ninguém o viu.
Aqui o esperavam ansiosos.
Mas:
Aqui, esperam-no ansiosos.
As orações subordinadas desenvolvidas atraem o pronome.
A colina, que se vê daqui, está desabitada. (pronome relativo)
É preciso que eu lhe explique. (conjunção integrante)
Estava aqui quando o vi. (conjunção adverbial)
As orações interrogativas e exclamativas pedem próclise.
Quem te disse?
Que o levem daqui!
Com o futuro do presente e do pretérito prefere-se a próclise sempre que queremos expressar um formalismo menor, sobretudo na língua falada e a mesóclise na língua escrita, sempre que queremos expressar um formalismo maior.
Nós lhe enviaremos a carta o mais breve possível.
Nós enviar-lhe-emos a carta o mais breve possível.
Observamos, também, que pelo fato de não usarmos as formas contraídas do objeto direto e indireto, temos uma tendência a usar a forma tônica.
Isto é para entregar a ele.
em vez de
Isto é para lhe entregar.
(ambas corretas)
Mas nem sempre é possível usar as duas formas com valor possessivo (na 1ª e na 2ª pessoas):
É o meu carro. (correto)
* É o carro de mim. (não existe)
Porém (na 3ª pessoa)
É o seu carro. (formal)
É o carro dele. (informal)
A segunda forma, apesar de ser preferida na língua falada para desfazer a ambigüidade, não fica bem na escrita, o que muitas vezes o estrangeiro não percebe.
O estatuto da Associação foi aprovado...
Os artigos dele foram aprovados sem emenda. (possível na fala, mas não na escrita)
O estatuto da Associação foi aprovado...
Os seus artigos foram aprovados...(sempre possível)
Existem ainda “erros” sempre presentes na língua falada dos nativos, ainda que saibam que estão “errados”, que os falantes de L2 deve evitar em um registro mais formal mesmo quando fala.
O uso do pronome reto como objeto direto.
Eu vi ele ontem. (errado)
Eu o vi ontem. (certo)
O uso do pronome reto antes da preposição.
Entre eu e você. (errado)
Entre mim e você. (certo)
O uso de pronome apassivador se, já que o falante de L2 verá os falantes de L1 “errar” inúmeras vezes. É o caso de “vendem-se casas”, como o se pronome apassivador (=casas são vendidas).
O uso do pronome reflexivo, em que vemos muitas vezes frases como “eu vou consigo” em vez de “eu vou com você” ou “com o senhor”, provocado pelo desejo de ocultar o tratamento e quando o falante não percebe que seu uso correto seria, por exemplo, em frases como “ele pensava, então, consigo”, em que a ação recai sobre o próprio sujeito.
Os demais pronomes não apresentam grandes dificuldades.
Os pronomes possessivos têm a mesma forma como pronomes adjetivos ou substantivos, ao contrário do que ocorre em outras línguas como inglês ou francês, ainda que os pronomes seu(s), sua(s) possam referirem-se a dele(s), dela(s).
É a minha caneta
É a minha
É o seu carro.
É o seu. (= É o dele./ É o dela./ É o deles./ É o delas.)
Os pronomes demonstrativos (este, esta, estes, estas, esse, essa, isso, esses, essas, aquele, aquela, etc.) oferecem alguma dificuldade para os falantes de L1. Por mais que se saiba que este(s), esta(s), isto refere-se ao que está perto do falante e esse(s), isso, ao que está perto do ouvinte e aquele(s), aquela(s), aquilo, ao que está perto de uma terceira pessoa, torna-se difícil na prática. Uma outra regra para seu uso na língua escrita seria usar, por exemplo, esse para o que já foi dito e este para o que se segue, apesar de haver expressões fixas como “por isso”, “isto é”, etc.
Quanto aos pronomes indefinidos (todo(s), toda(s), tudo, cada, qualquer, nenhum(a), ninguém, etc) cabe fazer a distinção entre os pronomes substantivos e adjetivos. São substantivos pronomes como tudo (para coisas) ou ninguém (para pessoas) e são adjetivos pronomes como todo(a)(s), qualquer, nenhum(a) (para pessoas ou coisas) que acompanham um nome e, às vezes, um numeral.
O pronome cada, por exemplo, acompanha um substantivo ou um numeral que flexiona em gênero e número.
Todo(a)(s) e cada são bem marcados pela oposição, no sentido que um acentua a totalidade simultânea e o outro a individualidade, sucessivamente, ainda que seja possível, às vezes, substituir (cada um(a) por todos(as) e cada seguido de substantivo por todo(a)).
Cada um sabe o que quer. (=todos)
Saía uma mulher a cada duas horas.
Cada mulher que saía, era uma esperança que se ia. (=toda)
Porém, em determinadas expressões conhecidas, ainda que o sentido permita a substituição, acaba que esta deixa de ser possível, como em
Todo homem é mortal.
Qualquer também é pronome substantivo e pode estar no lugar de todo ou cada, pode aparecer seguido de um, uma ou substantivo, pode ter como expressão sinônima quem quer que (quando se refere a pessoas).
Os pronomes interrogativos são quem, que, qual, quais, quanto, onde e podem aparecer precedidos de preposições: “Com quem?”, “De quem?”, “Para quem?”, “Com qual?”, “Com quais?”, etc.
Estes mesmos vocábulos podem aparecer como pronomes relativos. São substantivos: que, quem, o qual, os quais e são adjetivos cujo(a)(s), quanto(a)(s), que introduzem orações adjetivas. Onde seria adverbial.
O rapaz, com quem falei ontem, era muito bonito.
O menino, cujo nome ele não se lembra, sempre o cumprimenta.
Em suma, sem dúvida os pronomes são um ponto extremamente importante no ensino de L2, mas para isso é preciso que se dê conta que é preciso descrever melhor o uso da língua portuguesa, no Brasil, em todos os seus registros - tão mal descrita, a nosso ver, nas gramáticas que se prendem ao padrão português, aceitável na língua escrita de documentos oficiais, tanto no Brasil como em Portugal, mas que não descrevem a nossa língua falada.
Nesse sentido, poderíamos concluir que para alcançar este objetivo, é preciso observarmos que a língua portuguesa no Brasil tende a usar apenas a 1ª e a 3ª pessoa (que serve para a 2ª e a 3ª pessoa), quem sabe por influência de alguma língua africana como o quimbundo, marcando o seu formalismo pelos pronomes, além de preferir a próclise à ênclise como já sabemos, que há erros de brasileiros que os falantes de L2 devem evitar e outros erros de falantes de L2 que os brasileiros, ao se adequarem ao registro, não fazem como é o caso de “seu” e “dele” de que falamos.
Por outro lado, ainda que haja uma tendência de aumentar a influência do português do Brasil em Portugal, a partir das novelas brasileiras que arrebataram e arrebatam os espectadores televisivos portugueses, parece-nos estarmos longe de uma unificação em relação aos pronomes de tratamento e a concordância ente eles, e é preciso que o falante de L2 perceba o seu valor no tempo e no espaço ao longo da história da língua portuguesa, ao ler um livro de um século passado, ao escrever uma carta ou falar nas ruas esta língua, ela mesma estrangeira, que veio a formar nossa identidade nacional, no que ousamos chamar de América Brasileira.
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