NOTÍCIAS
SOBRE OS CÓDICES DE GREGÓRIO DE MATOS
GUARDADOS NA BIBLIOTECA NACIONAL
E NA COLEÇÃO CELSO CUNHA
José Pereira da Silva (UERJ)
São numerosos os códices da obra atribuída a Gregório
de Matos, sendo que estamos trabalhando, inicialmente com os códices
descritos por James Amado, quando fez a edição da Obra Poética
do famoso poeta baiano e dois que nos foram doados pelo Prof. Adriano Alcides
Espínola, em fotocópias reproduzidas em Portugal.
Dos quatro tomos do códice pertencente à Coleção
Prof. Celso Ferreira da Cunha, estamos concluindo a preparação
dos três primeiros, visto que o quarto está desaparecido.
Dos dezoito códices da Biblioteca Nacional, doze já
estão digitados, um está impresso pela DIGRAF/UERJ, dois
estão em fase de digitação e apenas três ainda
não foram trabalhados por nós.
Existem também cinco volumes na Biblioteca do Itamarati, dos
quais não trataremos aqui.
Apesar de estar distante a conclusão desse trabalho, conseguimos
dar-lhe um grande empurrão em apenas um ano de atividade e sem qualquer
tipo de ajuda ou apoio, além da permissão de acesso ao material.
Na edição diplomática desses códices, além
da sua transcrição rigorosa, acrescentaremos algumas notas
explicativas para os casos em que isto se tornar necessário e/ou
conveniente.
O CÓDICE DA COLEÇÃO CELSO CUNHA
O Códice da Coleção Celso Cunha, atualmente localizado
na Faculdade de Letras da UFRJ, pertenceu ao Professor Celso Ferreira da
Cunha, presenteado pelo bibliófilo espanhol Eugenio Asensio, em
1962. Por isto também, já foi denominado CÓDICE ASENSIO-CUNHA.
Valioso, especialmente pela riqueza de informações contidas
nas legendas-título e à margem dos versos, seus poemas foram
agrupados por assuntos e está em excepcional estado de conservação.
Servindo de base para a edição da Obra Poética de
Gregório de Matos pelo escritor baiano, James Amado, foi por ele
denominado CÓDICE MANUEL PEREIRA RABELO, porque parece ter sido
organizado e copiado pelo autor da biografia que o inicia, o Licenciado
Manuel Pereira Rabelo.
Consultando 17 códices, James Amado só encontrou
32 poemas fora do códice da Coleção Celso Cunha, entre
os 716 publicados na sua 3ª edição, tornando-o tão
importante que deverá ser eleito como texto de base para uma futura
edição crítica.
Eis a relação dos 32 textos, pela ordem alfabética
dos primeiros versos:
1. A nossa Sé da Bahia
2. Agora, que entre cantores
3. Ah, Senhor! Quanto me pesa
4. Ai, meu bem, ai, meu esposo
5. Ai, que bem se deixa ver
6. Ai, quem soubera querer-vos
7. Ai, quem tal bem merecera
8. Ai, Senhor, quem alcançara
9. Até aqui blasonou meu alvedrio
10. Bem disse eu logo que éreis venturosa
11. Brás um Pastor namorado
12. Brilha em seu auge a mais luzida estrela
13. Com razão divina neve
14. Desse cristal, que desce transparente
15. Dizem os experimentados
16. Emblema do amor mais puro
17. Escutai vossos efeitos
18. Exercite os mais subidos
19. Levantai minha humildade
20. Mas se sois lince divino
21. Nise, vossa formosura
22. Ó divina onipotência
23. Ó poder sempre infinito
24. Ora quereis, doce Esposo
25. Porém justamente espera
26. Porque quem em pão encerra
27. Que importa que meus cuidados
28. Que muito, que vivo alento
29. Sol, que estando abreviado
30. Susana: o que me quereis
31. Um Reino de tal valor
32. Uni meu sujeito indigno
OS CÓDICES DA BIBLIOTECA NACIONAL
Dos códices da Biblioteca Nacional, é bom lembrar que:
? Dois foram adquiridos em reprodução mecânica
trazida de Portugal pelo Prof. Adriano Alcides Espínola, da Universidade
Federal do Ceará, que participa do projeto que está executando
a edição diplomática desses códices.
São os volumes 3 e 4 da série constituída pelos denominados
“Códices do Imperador”;
? Um é constituído de microfilmes do códice da
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, cujo original está em
Washington e do qual existe uma fotocópia na Academia Brasileira
de Letras. É o denominado “Códice 711” por causa do
ano em que foi datado.
? Os outros dois ainda não digitados estão em estado
precaríssimo de conservação, o que prejudica o seu
manuseio por digitadores, até que a equipe da própria Biblioteca
Nacional providencie a sua restauração.
Por isto, podemos concluir que já estamos terminando a fase
de digitação dos códices atribuídos a Gregório
de Matos guardados na Seção de Manuscritos da Biblioteca
Nacional e na Coleção Prof. Celso Ferreira da Cunha.
Esperamos que os códices existentes no Rio de Janeiro poderão
estar todos digitados até o final do ano de 1998 e a sua publicação
vai depender quase que exclusivamente de recursos para financiar a sua
reprodução gráfica ou eletrônica, visto que
a sua revisão não é tão extremamente demorada
e que não se pretende encher de notas uma edição cuja
pretensão é apresentar o texto com a sua máxima autenticidade
possível aos pesquisadores.
1) Códice 005-09-009610-7 da Coleção Prof. Celso
Ferreira da Cunha, denominado “Códice Manuel Pereira Rabelo” ou
“Códice Asensio-Cunha”
MATTOS da Bahia. 1º Tomo, de 401 páginas., fora o índice.
Que contem a vida do Dor. Gregorio de Mattos Guerra, Poezias Sacras, e
Obsequiosas a Principes, Prelados, Personagens, e outras de distinçaõ,
com a mescla de algumas satyras aos mesmos. Os títulos dados a cada
parte da obra são escritos em letras vermelhas. O final de cada
parte é marcado com uma ilustração. Há dois
índices ao final: um pela ordem que os textos aparecem e outro em
ordem alfabética. Está bem conservado. A capa é de
couro. O miolo é de papel. Esse códice está digitado
em Word pelo Prof. Dr. Emmanuel Macedo Tavares, com revisão do Prof.
Dr. José Pereira da Silva e do Prof. Nataniel dos Santos Gomes.
MATTOS da Bahia. 2º Tomo, de 414 páginas, fora o índice. “Que contem varias poezias â clerigo, Frades, e Freyras e algumas obras discretas, e tristes.” Os títulos dados a cada parte da obra são escritos em letras vermelhas. O final de cada parte é marcado com uma ilustração. Há dois índices ao final: um pela ordem que os textos aparecem e outro em ordem alfabética. Está bem conservado. A capa é de couro. O miolo é de papel. Digitado em Word pelo Prof. Dr. José Pereira da Silva, com revisão do Prof. Dr. Emmanuel Macedo Tavares e do Prof. Nataniel dos Santos Gomes.
MATTOS da Bahia. 3º Tomo, de 530 páginas fora o índice. “Que contem poezias judiciais, correções de picaros, e desenvolturas do Poeta”. Os títulos dados a cada parte da obra são escritos em letras vermelhas. O final de cada parte é marcado com uma ilustração. Há dois índices ao final: um pela ordem que os textos aparecem e outro em ordem alfabética. Está bem conservado. A capa é de couro. O miolo é de papel. Digitado em Word pelo Prof. Dr. José Pereira da Silva, com revisão do Prof. Dr. Emmanuel Macedo Tavares e do Prof. Nataniel dos Santos Gomes.
O 4º Tomo. “Poezias amorosas, respeytando as qualidades e prosseguindo com as Damas de menos conta, e incertas com alguns assuntos soltos, e deshonestos” está desaparecido desde que a coleção foi transferida da biblioteca particular do Prof. Celso Cunha para a Coleção Prof. Celso Ferreira da Cunha, anexa à Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A partir da p. 470 segue-se uma parte com o título: “Máximas e sentenças da vida beata, urbana, e política com outras da galantaria, que pertencem aos dous amores Cupido, e Antheros extrahidas de varias poezias do Doutor Gregorio de Mattos”. 30 p. Tem também um índice de títulos e índice alfabético dos primeiros versos. Felizmente, o Prof. Francisco José de Jesus Toppa possui uma reprodução desse códice, que fez em 1995 para conseguir “a elaboração de um inventário sistemático dos diversos tipos de fontes testemunhais da poesia atribuída a Gregório” em sua tese de doutoramento em Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Além disso, James Amado relaciona os textos nele existentes no “Índice dos primeiros versos com relação dos códices em que aparecem”, a partir da 2ª edição de Gregório de Matos: Obra poética.
5) Códice 50,2,1 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Carvalho”
MATTOS, Gregório de. “Vida e Morte de Gregório de Mattos
Guerra”. S.d. Original. Manuscrito. Em português. 27 X 19,5 cm. Tem
4 folhas em branco + 374 páginas de texto + 7 folhas em branco.
Obra escrita por Antônio da Rocha Pitta, volume 2. O autor descreve
a “Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Na contracapa está,
a lápis: “S.l. antigo Cod. DCCCLXXIII/25—67 mod.” No selo da Biblioteca
está indicada uma localização anterior: “I-3-1-nº
44”. Na primeira folha está, a lápis: “Cf. 15.674 do C.E.H.B”
e no verso dessa mesma folha, a tinta: “A nota a lápis é
de Vale Cabral; o copista do códice foi M. Fra. Lages. (2ª
metade do século XIX)”. A obra pertenceu ao imperador D. Pedro II.
Apresenta uma nota a lápis de Vale Cabral: e o copista da obra foi
M. Fª Lagos, na segunda metade do século XIX. Nota traz o seguinte
na quarta folha: “Foi-me emprestado pelo Dr. J.A.A. de Carvalho; Mas hoje
é da Bibl. Nac. O 2º volume entreguei a Exma. Snra. D. Joanna
Thereza de Carvalho, a quem então pertencia”. Mais abaixo ainda
está escrito, noutra letra: “118 does”. Capa em papelão.
Miolo de papel. Conservação satisfatória. Antiga localização:
50,57. Digitado em Word por Rita de Cássia Pereira da Silva.
6) Códice 50,2,1A da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Capitão-Mor”
MATTOS, Gregório de. Poemas de Gregório de Mattos. S.d.
Inclui marca d’água. Original. Manuscrito. 363 p. numeradas com
textos + 13 numeradas sem texto + 9 páginas de índice não
numeradas. Em português. 20 X 15. Os títulos dos poemas estão
em vermelho. Constam também vinhetas. No final do livro, possui
índice da obra. Na contracapa tem escrito: “DoCappitam Môr
Jozê Rodrigues Lima” e, a lápis, a seguir: “Prat. 19”. No
selo da Biblioteca está a antiga localização: “I-12,26”.
Capa em couro, partida e desprendida do miolo, em cuja lombada está
escrito em ouro: “Obras do Dout Matos Tomo 5”. Miolo em papel. Na folha
de rosto está escrito apenas, em vermelho: “Doutor Gregorio de Mattos
Guerra”. Conservação ruim, com algumas perfurações
de cupim. Antiga localização: 50,7ª. Digitado em Word
por Rita de Cássia Pereira da Silva.
7) Códice 50,2,2 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
do Conde 1”
MATTOS, Gregório de. Poesias. Século XIX. Cópia.
Capa de couro, com o seguinte título, em ouro: “Gregor de Matos
T. I”. 438 p. numeradas de textos + 7 páginas não numeradas
de índice. Traz uma fita vermelha de 5 mm, como marcador, presa
na parte superior da lombada. 22 X 15 cm. Tomo I, Obra oferecida por Vasco
da Castro Porto, maio de 1891. Catálogo da Exposição
de Pergaminhos iluminados e Documentos Preciosos, “nº 166”, conforme
está indicado na primeira folha. Na segunda folha, em tinta preta:
“Offerecido por o meu Amº Vasco de Castro – Porto – Maio de 1891.”
No Verso da segunda folha, ao lado do carimbo da Biblioteca Nacional: “323.139/1961
c.” Na primeira página de textos está o carimbo de seu antigo
proprietário “Adolpho Soares Cardozo – Porto”. Miolo de papel. Muitas
folhas estão manchadas, mas todas bem legíveis. As poesias
não estão ordenadas por tipo. Conservação satisfatória.
Antiga localização: 50,58. Digitado em Word por Rita de Cássia
Pereira da Silva.
8) Códice 50,2, 2A da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
do Conde 2”
MATTOS, Gregório de. Poesias. Século XIX. Cópia.
Manuscrito. Em português. 22 X 15 cm. Tomo II. Obra oferecida por
Vasco de Castro, da cidade de Porto, em maio de 1881, assim como o tomo
I, que é o códice 50,2,2 acima descrito. São 422 poesias
em 416 páginas numeradas. O volume não tem folha de rosto.
Possui índice no final da obra em seis páginas não
numeradas. Catálogo de Exposição de Pergaminhos iluminados
e documentos Preciosos, “nº 116”, como está indicado, a lápis,
na primeira folha. Na terceira folha, a tinta, depois do carimbo da Biblioteca,
está: “323.140 /1961”. Conforme carimbo ao pé da primeira
página de textos, pertenceu a “Adolpho Soares Cardozo”. Capa de
couro, com título em ouro na lombada: “Gregor de Matos T. II”. Miolo
de Papel. A tinta utilizada a partir da folha 166 é diferente da
que se usou nas páginas anteriores, provocando manchas no papel.
Conservação satisfatória. Antiga localização:
50,58 ª. Digitado em Word por Rita de Cássia Pereira da Silva.
9) Códice 50,2,3 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Afrânio Peixoto 1”
MATTOS, Gregório de. Vida do grande poeta americano Gregório
de Mattos Guerra. 1691. Inclui marca d’água. Original. Capa em material
sintético. Na lombada, em ouro: “obras de Gregor de Mattos”. Na
primeira contracapa está registrado: “Afranio Peixoto” e, abaixo,
“Codice I”. Manuscrito do século XVII, em letra bonita, mas de difícil
leitura. 183 f., sendo: 3 folhas em branco + 354 páginas numeradas
de textos + 9 páginas não numeradas de índice + 1
folha de proteção. A segunda das quatro folhas iniciais foi
arrancada. Em português. 20,5 X 15 cm. A obra supostamente apresenta-se
autografada e datada na segunda folha: “A. P.[...] 9 Abril 1822”. Na mesma
folha, ainda se encontra, a lápis: “E.12.alm.”, Trata-se do 1º
volume da obra. Faz parte de um conjunto de 2 tomos: sendo que este 1º
pertenceu a Afrânio Peixoto e foi oferecido à BN em 1833,
como se registrou em tinta azul, na terceira folha: “Á Biblioteca
Nacional oferece afranio peixoto / 20 de dezembro de 1933, 3º centenario
do Nascimento do Poeta”. O 2º volume (descrito como 50,2,3A) vem do
fundo antigo. Por coincidência vieram para a BN, embora por diferentes
vias. Catálogo de Exposição de Pergaminhos Iluminados
e Documentos Preciosos, nº 117, conforme registro a lápis na
primeira folha. Miolo em pergaminho. Conservação satisfatória.
Antiga localização: 50,59. Na Biblioteca Nacional, entretanto,
já teve o número “I-12-1 nº 24”, como está no
selo da primeira contracapa. Digitado em Word por Rita de Cássia
Pereira da Silva.
10) Códice 50,2,6 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Afrânio Peixoto 2”
MATTOS, Gregório de. “Obras Variadas Author o Famoso Satirico
o Doutor Gregório de Mattos Natural da Cidade da Bahia”. Século
XVII. 22,5 X 15 cm. Inclui marca d’água. Original. 819 páginas
numeradas, precedidas de uma folha de guarda e uma folha de rosto não
numeradas, seguidas de uma folha em branco e 24 páginas de índice
+ uma folha de guarda. Capa em couro, com o título em ouro: “Obras
de Gregorio de Matos” na lombada e, na primeira capa, um emblema, também
dourado, com os dizeres “boni libri boni amici – Livraria de M. V. de Franco
Teixeira”. Abaixo do emblema: “Afranio Peixoto” e “Codice II”. Segundo
a nota a lápis da primeira folha, recebe o “nº 113” no Catálogo
de Exposição de Pergaminhos Iluminados e Documentos Preciosos.
Sua localização antiga era “I-12,17” e, posteriormente, “I-12,1
nº 23”, conforme consta no selo na contracapa. Apresenta na primeira
página da obra, uma suposta assinatura do responsável pela
mesma, com data de 1650: “De Franco. Xer de Basto”, que foi rasurada e
está semidestruída pela química da tinta. Foi doada
a BN por Afrânio Peixoto em 20/12/1933, para a comemoração
do Terceiro Centenário do Nascimento de Gregório de Mattos
Guerra, conforme consta no alto da folha de rosto: “Á Biblioteca
Nacional oferece Afranio Peixoto / 20-XII-1833, 3º Centenario do nascimento
do Poeta”. Contém 307 poemas, classificados em sonetos, sylvas,
tercetos, epilegos, methafora, oitavas, decimas, endeixas, redondilhas,
coplas, romances, motes e glozas. A capa está solta e alguns cadernos
estão se desprendendo do restante do volume. Miolo em papel e tem
alguns furos de broca, que trazem grande prejuízos à leitura.
A caligrafia e a ortografia são irregulares. Conservação
satisfatória. Antiga localização: 50,62. Digitado
em Word pelo Prof. Dr. José Pereira da Silva.
11) Códice 50,2,3A da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Nº 59”
MATTOS, Gregório de. Vida do grande poeta americano Gregório
de Mattos Guerra. 1691. Inclui marca d’água. Original. 186 folhas:
364 páginas de texto + 5 páginas de índice = 369 páginas
ou 185 folhas. A numeração das páginas 102 e 103 repete-se:
“102 ? 103” “103 ? 102”, “103 ? 104”. A partir da página 231 (exclusive),
houve lapso na numeração, corrigido em parte: na página
de número 232 está escrito “322”, as cinco seguintes foram
rasuradas para corrigir o erro, até à 237. A numeração
das páginas 267 e 268 se repete na folha seguinte. Da página
319, pula-se para 340; logo 388 páginas - 20 páginas do salto
+ 2 páginas repetidas + 2 repetidas = 364 páginas de texto
+ 5 de índice = 369 páginas ou 185 folhas. Em português.
20 X 15 cm. Capa em material sintético. Na lombada: “Obras de Gregor
de Matos”. Na primeira capa, a caneta azul: “2º tomo”. As duas primeiras
folhas estão soltas, sendo que o texto começa na primeira,
que foi reconstituída, mas está quase inteiramente ilegível.
Na verdade, só a partir da quinta folha se torna possível
uma leitura do texto. Letra do século XVII. Adquirido em 1933. Esteve
no Catálogo de Exposição de Pergaminhos Iluminados
e Documentos Preciosos, nº 113. Capa deteriorada. Miolo em pergaminho.
Conservação péssima. Antiga localização:
50,59A. Assunto: Literatura. Nas folhas soltas e não pertencentes
ao códice, que trazem essas notas sobre a irregularidade da numeração
das páginas, há também a anotação: “50
+ 50 + 50 + Códice Cavaleiros”.
12) Códice 50,2,4 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Camilo Castelo Branco”
MATTOS, Gregório de. “Poezias do Dr. Gregório de Mattos
Guerra”. S.d. Inclui marca d’água. Cópia. Manuscrito. 4 folhas
de proteção recentes + 1 folha em branco + folha de rosto
+ 3 folhas de índice + 322 folhas de texto + 2 folhas de proteção.
21 X 15 cm. Na lombada está impresso em ouro: “(Ineditas) Poesias
do Doutor Gregorio de Mattos Guerra”. Letras do século XVII. Traz
um escudo heráldico colado sob o título. Na folha de rosto,
o título está encimado por nota posterior “Inéditas”.
No verso da folha 1, duas notas: “C. Castello M.” e “Foi da Livraria de
Perª e Szª (provavelmente Livraria Pereira e Souza). Catálogo
de Exposição de Pergaminhos Iluminados e Documentos Preciosos,
nº 114. Capa em couro claro. Miolo em papel restaurado recentemente.
Conservação satisfatória. Antiga localização:
50,60.
13) Códice 50,1,11 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
do Imperador 1”
MATTOS, Gregório de. “Vida e Morte do Doutor Gregório
de Mattos Guerra. I Tomo de Obras Sacras e Divinas I e II par. Descreve
o Autor Gregorio de Mattos: A Paixão de Christo Senhor Nosso; Desde
a Instituição do Sacramento da Ceya; Até a Lastimoza
Soledade de Maria Santissima”, século XVII. Original. 111 f. Na
primeira contracapa, encontramos a antiga localização na
Biblioteca Nacional: “I-1-1-Nº 22”. Na segunda folha, além
do “nº 111”, que teve no Catálogo de Exposição
de Pergaminhos Iluminados e Documentos Preciosos, está indicado
também o número “56”, ambos a lápis. Na terceira folha,
ainda a lápis: “A Biografia impressa é o V.1 -- nº 15.674
do C.E.H.B. Coll. Th. Char. Maria. 80 does”. Mais abaixo, depois de um
quadrilátero a lápis, o número “532”. No verso da
mesma terceira folha, a tinta preta: “Video meliora – proboque, deteriora
lepor. 26 de Junho de 1832”. Na folha de rosto, a lápis: “Pertence
a Sua Magestade o Imperador” seguida das iniciais “V.C.” de Vale Cabral.
Abaixo da assinatura, o “nº 1”, que deve indicar a ordem no . Catálogo
de Exposição de Pergaminhos iluminados e documentos Preciosos.
Há duas cores, com profusão de vermelho em títulos,
iniciais e desenhos. Procedido de uma “Vida do Doutor Gregório de
Mattos Guerra, escrita por Manoel Pereira Rabello”. No final, declaração
e assinaturas de sucessivos possuidores do códices, no séc.
XVIII. Um deles, Antonio da Rocha Pita, conforme consta na penúltima
folha. Possui uma vinheta em vermelho. A maior parte das estrofes começa
com capitular em vermelho e algumas em preto. Capa solta. Miolo em papel.
Conservação ruim, apesar de já ter sido restaurado.
A cola da restauração migrou para o papel. Antiga localização:
50,56. Digitado em Word por Rita de Cássia Pereira da Silva, com
revisão de Sylvia Costa Barbosa.
14) Códice 50,2,5 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
do Imperador 2”
MATTOS, Gregório de. “As Obras Poeticas do Doutor Gregório
de Mattos Guerra -- Tomo 2º. Bahia. 1775. Inclui marca d’água.
Cópia. Manuscrito. 456 f. Em português. 20,5 X 14,5 cm. Coleção
Tereza Cristina. Com a nota manuscrita a lápis: “Pertence a S. Mage.
O Imperador V[ale]C[abral]”. Divididas em 4 tomos. Adquirido em fins do
século XIX. A página depois da folha do rosto foi arrancada.
Catálogo de Exposição de Pergaminhos Iluminados e
Documentos Preciosos, nº 118. Capa em couro. Miolo em papel. Guardas:
em papel marmorizado. Conservação satisfatória. Antiga
localização: 50,61. Digitado em Word por Rita de Cássia
Pereira da Silva, com revisão de Sylvia Costa Barbosa.
15) Códice 45 da Torre do Tombo, denominado agora “Códice
do Imperador 3”
Este nome é provisório, para indicar que pertence à
mesma coleção do Códice do Imperador 2. Fotocópia
pertencente ao Prof. Adriano Alcides Espínola, da UFCE, extraída
do Arquivo da Casa de Fronteira, referência 45, na Torre do Tombo.
Está em perfeito estado de conservação e na letra
da mesma pessoa que fez a cópia existente na Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro. Capa em couro. Miolo em papel. Guardas: em papel marmorizado.
Tem 257 f. Digitado em Word por Rita de Cássia Pereira da Silva.
16) Códice 46 da Torre do Tombo, denominado agora “Códice
do Imperador 4”
Este nome é provisório, para indicar que pertence à
mesma coleção do Códice do Imperador 2. Fotocópia
pertencente ao Prof. Adriano Alcides Espínola, da UFCE, extraída
do Arquivo da Casa de Fronteira, referência 46, na Torre do Tombo
(Portugal). Está em perfeito estado de conservação
e na letra da mesma pessoa que fez a cópia existente na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. Capa em couro. Miolo em papel. Guardas: em
papel marmorizado. Tem 785 f. Está sendo digitado em Word por Rita
de Cássia Pereira da Silva.
17) Códice 50,2,7 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
João Ribeiro”
MATTOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos. S.d.
Original e autógrafo. Manuscrito. Em português. Na contracapa:
“R. nº 10/926” e a nota, a lápis: “237 anos?. O Selo da Biblioteca
nacional traz a indicação antiga: “I-2,1,70”. Não
tem folha de rosto. 20 X 15 cm. O texto possui 512 folhas numeradas. Na
última folha, a lápis: “séc. XVIII. Datas pgs. 459
– 1726. Aricobé - 39”. Índice em duas cores, em 43 páginas
não numeradas no início do volume, sendo o primeiro verso
escrito em vermelho. Tem a seguinte dedicatória no verso da segunda
folha: “A Alberto de Faria Lça. do Amigo do coração
João Ribeiro, 24 de Jun. 1917”. Adquirido em 1926. Catálogo
de Exposição de Pergaminhos Iluminados e Documentos Preciosos,
“nº 115”, indicado a lápis na primeira folha. Autógrafo
de João Ribeiro. Capa em couro, deteriorada, com o título
na lombada, em ouro: “Obras Variadas – Tomo 5”. Miolo em papel. Guardas:
ruins. Conservação péssima. Antiga localização:
50,63. Parcialmente digitado em Word pelo Prof. Nataniel dos Santos Gomes.
18) Códice 50,2,8 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Lino de Matos 1”
MATTOS, Gregório de. Obras do doutor Gregório de Mattos.
Século XIX. Inclui marca d’água. Cópia. 85 f. 24 X
18 cm. Capa em papelão. Na primeira contracapa se vê: “Cofre
60” “Reg. 22.595/1946 c.”, além do selo da Biblioteca, com a indicação
“I-11,2,4”. No centro da folha, a informação: “O original
donde foi extraído esta cópia, guarda-se na Biblioteca Nacional
de Lisboa, seção de manuscritos com a marcação:
L/3/59”. Miolo em folhas soltas de papel, na mesma letra e com as mesmas
características do códice 50,2,9. Conservação
satisfatória. Antiga localização: 50,64. Depois do
índice, que termina na folha 140v., há uma sátira
datada de 1713, que foi extraída do ms. R/3/64 de folhas 54 a 67,
existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, “constituído de 40 estrofes
de 11 versos, que terminam sempre com o mote: ‘Este he o bom governo de
Portugal’. Digitado em Word por Rita de Cássia Pereira da Silva.
19) Códice 50,2,9 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Lino de Matos 2”
MATTOS, Gregório de. “Obras do Doutor Gregório de Mattos
e Guerra”. S.d. Cópia. Manuscrito. 264 f. 24 X 18 cm. Coleção
Moreira da Fonseca. Extraído do manuscrito ME/3/35, existente na
Biblioteca Nacional de Lisboa. Está escrito na primeira contracapa:
“Cofre, 67” “R 22.680/1946 c”. Sua localização antiga na
Biblioteca Nacional era “I-11,2 nº 5”, conforme consta na segunda
contracapa. Capa de papelão precisando de restauração.
Não é encadernado: são folhas soltas, dobradas ao
meio, numeradas e com margens e linhas marcadas com tinta vermelha. O índice
traz também a indicação das páginas da fonte
de que foi extraída a cópia. Miolo em papel. Conservação
razoável. Antiga localização: 50,65. Digitado em Word
por Rita de Cássia Pereira da Silva.
20) Códice 50,3,16 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
de Évora”
MATTOS, Gregório de. Poesias de Gregório de Mattos. Século
XIX. 34 f. Em português. 22 X 16 cm. “Cópia do Livro de Assunção,
feita em Évora, em maio de 1889”. Miolo de papel, em três
cadernos de 5, 6 e 5 folhas provenientes do códice CXIII/1,17 a
fl. 183-232 e 328, uma folha solta que provém do códice CXIII/1.30
d e uma que provém do códice CV/1-9 da Biblioteca de Évora.
Conservação razoável. Antiga localização:
50,66. Impresso pela DIGRAF/UERJ, em 1997.
21) Códice 50,4,1 da Biblioteca Nacional, denominado “Códice
Datilografado”
MATTOS, Gregório de. “Fesceninas”. S.d. Cópia. Datilografado.
251 f. 32 X 20,5 cm. Doado pela Academia Brasileira de Letras, em 15/9/1934.
Capa em material sintético já partido, apenas com a lombada
fixa ao miolo, em papel satisfatoriamente conservado. Na primeira folha
está escrito a caneta: “Doação da Acad. Bras. De Letras,
em 15/9/934. Cf. livro de Doação, ano 1934, nº 524.”
Subscrito pela rubrica de Darcy Damasceno. A folha de rosto tem um retângulo
fechado com o caractere $, dentro do qual vem o título, em vermelho:
“Gregorio de Matos. Fesceninas”. Na mesma folha ainda está o número
do registro inserido no carimbo da Biblioteca Nacional. As diversas partes
do códice são iniciadas com uma página com um quadrilátero
idêntico ao da folha de rosto e com o subtítulo inscrito em
vermelho: “SONETOS”, “SILVAS”, “ROMANCES” e “DECIMAS”. Também vêm
em vermelho algumas expressões raras e alguns latinismos. Antiga
localização: 50,55. Digitado em Word por Rita de Cássia
Pereira da Silva.
22) Códice da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos ou Códice
1711
A Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional tem uma
cópia microfilmada desse códice. Além dessa cópia,
que é de má qualidade, o códice 1711 foi presenteado
a Afrânio Peixoto, em fotocópia, pelo norte-americano Alexander
Marchant, em 07 de agosto de 1946. O original está na biblioteca
do Congresso, Washington, Portuguese Collectio. Fotocópias cedidas
a Alexander Marchant, Publications Officier da Embaixada dos Estados Unidos
no Rio de Janeiro. Manuscrito sob o título: “Várias Poesias
compostas pello famozo Auctor, e insigne Poeta do nosso século Gregório
de Mattos e Guerra juntos nesse volume por um curioso, e no fim com hum
Índice de tudo, que nelle se contem. E hum Abecedario de todas as
Obras, por forma e ordem Alfabética. Cidade da Bahia. Anno de 1711”.
A fotocópia presenteada a Afrânio Peixoto está no cofre
da Academia Brasileira de Letras. 407 p. e índice.
JUSTIFICATIVAS PARA UMA EDIÇÃO DIPLOMÁTICA DE CÓDICES
ATRIBUÍDOS A GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA
No caso específico da obra poética atribuída a
Gregório de Matos, é necessário levar em conta que,
além do fato de ser bastante extensa (James Amado editou 716 poemas
e utilizou 25 volumes de 17 códices, todos encontrados no Rio de
Janeiro) e de estar disseminada por numerosas bibliotecas e acervos públicos
e particulares (no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos), o fato de
ser uma obra literária importante e de marcar intensamente uma época
da Literatura Brasileira. Além disso, a publicação
dos numerosos códices dispersos é indispensável para
que se possa dar início a sua edição crítica.
A edição diplomática desses códices proporcionará
os meios necessários para que se possa, efetiva e imediatamente
elaborar a sua edição crítica, tão desejável
e necessária aos estudos literários brasileiros, não
só de Literatura Brasileira, como também da Literatura Comparada
do período comumente denominado de Barroco.
Adaptando a nossa realidade à européia (realidade de
um país que só pôde ter imprensa há menos de
dois séculos), podemos transcrever o que disse Joseph M. Piel, na
“Introdução” ao Livro dos Ofícios: “Em nosso entender,
uma edição de um texto literário quatrocentista não
pode nem deve ser concebida como exercício de paleografia, com reprodução
servil de todos os pormenores gráficos, casuais ou individuais,
de quem redigiu ou copiou o códice” opinião que é
consagrada pelas normas de transcrição de textos organizadas
pelo Conselho Superior de Investigações Científicas
da Espanha.
Por isto, faremos a adaptação dos caracteres que foram
alguma vez utilizados, de modo que só utilizaremos os caracteres
comuns atualmente, esclarecendo todos os pormenores numa resumida “introdução
metodológica” que deverá preceder cada volume editado.
Segundo nos diz Antônio Houaiss,
Na prática, quase todos os autores brasileiros e portugueses
que merecem ser reeditados, merecê-lo-iam sob critérios críticos,
ecdóticos, mormente os de porte para a história cultural
nacional (...) Isto, sem referir, por exemplo, os verdadeiros casos complexos,
como o de Gregório de Matos, cuja futura edição crítica
provavelmente constitui o mais belo problema de ecdótica brasileira
(...).
Quem se aventurar neste empreendimento será auxiliado pelos
trabalhos apologéticos em geral do poeta brasileiro e, que não
são poucos, e pelos trabalhos restritivos, como o de Sílvio
Júlio , por exemplo, cujas restrições, depois de despojadas
do azedume com que são feitas, ajudarão à tarefa da
crítica de atribuição, que é fundamental para
o posterior esforço de estabelecimento do texto
O Prof. Leodegário, mais de uma vez nos alerta para a necessidade
urgente da preparação de uma edição crítica
dessa obra: “É inquestionável que a obra poética de
Gregório de Matos é, senão a mais importante, um marco
da literatura brasileira do século XVII. Sem desconhecer a importância
dos estudos de James Amado, temos uma obrigação natural e
indesculpável de preparar a edição crítica
da obra da sua obra.”
Mais recentemente, em outro trabalho reeditado, escreve:
No século XVII, entretanto, é que o Barroco, como estilo
de época, atingiria o seu clímax em matéria de realização
artística no Brasil, como no resto do mundo. (...) E aqui, precisamente
aqui, na poesia, agiganta-se a figura de Gregório de Matos, até
hoje sem uma edição crítica no sentido rigoroso do
termo, como bem assinalou Antônio Houaiss.
No dia 13 de junho de 1998, tomando conhecimento do resultado da avaliação
da FAPERJ à solicitação de auxílio para cobrir
as despesas com a publicação dessa edição diplomática,
escreveu-nos o seguinte: “Faça, em nosso Congresso [ele se
refere ao XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA E LITERATURA], uma
comunicação sobre o seu Projeto (aliás importantíssimo!)
voltado para Gregório de Matos.” E, mais abaixo, em Post Scriptum,
incentivou-nos: “Recorra do Parecer da FAPERJ e apresente o Projeto também
ao CNPq”.
O Prof. Rogério Chociay, da UNESP, lembra muito bem o que já
é consenso, sintetizando as idéias de Antônio Houaiss
como reforço de suas convicções:
Antônio Houaiss, no texto “Tradição e problemática
de Gregório de Matos(...), comenta o complexo trabalho que há
ainda pela frente: a elaboração de uma “edição
crítica”, resultante do estudo rigorosamente filológico de
todos os códices conhecidos(...). A tarefa, todavia, lembra o filólogo,
implicará mobilização de muitos pesquisadores e alguns
anos de trabalho dedicado.
Wilson Martins, em conhecido artigo no “Estadão”, também
é lembrado por Chociay:
Dois trabalhos devem preceder a todos os demais no estudo de Gregório
de Matos: “O primeiro, claro está, é o de saber o que realmente
lhe pertence no conjunto de poemas constantes da dezena ou vintena de apógrafos
tidos como dele; o segundo seria o de estabelecer a cronologia das composições
efetivamente ou seguramente autênticas.”
Antônio Houaiss declara:
Pode-se depreender com toda a segurança que a tradição
de Gregório de Matos – empregada a palavra “tradição”
em sua estrita acepção ecdótica – está longe
de ter sido racionalmente aproveitada pela erudição para
o estabelecimento fiel e fidedigno, tanto quanto possível, do texto
de Gregório de Matos.
Como tarefa para um só indivíduo, a edição
crítica parece cometimento excessivo (...) Pode ser que em breve
possamos contar com setor oficial ou privado que compreenda o alcance disso.
Emanuel Araújo adianta que “Só uma edição
crítica, sob a mais rigorosa técnica da Filologia, orientada
pela ecdótica e (agora) com o auxílio de um simples microcomputador
poderia aproximar-nos, justo pelo exame estilístico, do que seria
da lavra de Gregório de Matos.”
Fábio Freixeiro lembra-nos que “Gregório fica sendo,
até hoje, um grave problema de Literatura Comparada e de Filologia,
à espera de um competente e paciente editor crítico, cuja
tarefa será condição sine qua non de qualquer avaliação
mais sólida de sua obra.”
João Carlos Teixeira Gomes diz que “...a inexistência
dos estudos filológicos, paleográficos ou ecdóticos
dos apógrafos atribuídos a Gregório de Matos constitui
entre nós grave omissão”.
Fernando da Rocha Peres:
... os poemas atribuídos a Gregório de Matos e Guerra,
existentes em dezenas de apógrafos e publicados a partir do século
XIX, carecem de um trabalho altamente especializado para o estabelecimento
ou “reconstituição” do texto original e a subseqüente
identificação daquilo que Antônio Houaiss chamou de
“resíduo irredutível” de sua produção. Essa
etapa é fundamental, em verdade, para a realização
futura de uma edição crítica do seu “corpo” poético.
O próprio James Amado, sem a intenção explícita
de aconselhar uma edição diplomática, indiretamente
o faz, no início de suas “Notas à Margem da Editoração
do Texto – II”, quando enumera alguns dos resultados naturais do cotejo
desses diversos códices, sem indicar o mais importante, que é
a sua futura edição crítica:
Milhares de anotações brotam, naturalmente, de uma pesquisa
tão demorada de material farto e diversificado. No caso de GM, particularmente,
a simples colação do texto de 25 volumes de códices
apógrafos, nos quais a cópia dos versos jamais é idêntica,
provoca muitas centenas de notas. O estudo da poesia, tão numerosa,
acrescenta ao arquivo do pesquisador. A análise da bibliografia,
as incursões pela literatura comparada, o estudo de poetas contemporâneos
do mestre baiano, as anotações críticas etc., fornecem
um material muito farto.
O Prof. Francisco Topa, da Universidade do Porto, em carta do dia 19
de junho de 1998, também nos animou em relação à
importância de nosso trabalho:
Relativamente à importância do trabalho que V. Excia.
vem levando a cabo da edição diplomática de códices
que recolhem a produção poética atribuída a
Gregório de Matos, creio que bastará recordar as palavras
de Antônio Houaiss, numa sua comunicação de 1967: “É
nesse sentido que a Biblioteca Nacional, o serviço de Documentação
do Ministério das Relações Exteriores e centros filológicos
poderiam prestar uma assistência (...) de alto sentido: editorarem
os códices que detêm (...)”.