DESENVOLVIMENTO E AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM NOS EDUCANDOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MENTAL

Flavia da Silva Pires (UERJ)
Jaqueline da Silva Brito (UERJ)

0. INTRODUÇÃO

É possível estabelecer limitações para aprendizagem de um indiví-duo com deficiência mental?  Este estudo tem por finalidade apresentar o desenvolvimento e a aquisição da linguagem nos educandos portadores de deficiência mental.
O presente trabalho também tem por finalidade ressaltar a importân-cia de se ajudar as pessoas mentalmente retardadas a desenvolver suas apti-dões na linguagem oral e escrita
A realidade destes educandos portadores de deficiência mental é muito diferente da maioria dos educandos considerados normais e, portanto eles, merecem uma educação especial por parte dos professores e demais profissionais em educação.
Procuraremos identificar os aspectos lingüísticos, como se dá a inte-gração do aluno deficiente no sistema regular de ensino, e como o processo ensino-aprendizagem atende às necessidades educativas especiais destes educandos.

1. Uma Análise sobre a História do Deficiente Mental.

Em um breve histórico, podemos  notar  que  a  Deficiência Mental passou por  vários  estágios  de  definição  e,  principalmente,  de  aceitação.  A Deficiência  Mental  tem  ao  longo  do  tempo  sido  vista  das  mais  di-ferentes formas,  pois  o  deficiente  mental  foi  considerado  como  tendo  “encarnado  o espírito do  mal”, sendo  com freqüência queimado em fo-gueira.

Período
da História Filosofia Predominante sobre os direitos da Pessoa Excepcional
Antigüidade A pessoa excepcional era considerada como degenera-ção da raça humana - a mesma devia ser abandonada ou eliminada pelo incômodo que representava aos seus familiares e à Sociedade.
Idade Média Com o predomínio da Igreja e sua filosofia, começava a ser vista como pessoa que merecia caridade e todas as explicações relacionadas ao problema da excepcio-nalidade da pessoa estavam ligadas à crenças de pa-gamento de pecados.
Idade
Moderna Nesta época há uma valorização do ser humano:  pre-dominam as filosofias humanísticas - iniciam-se as primeiras observações, estudos e experiências relacio-nadas à pessoa excepcional e toda sua problemática vista sob o enfoque patológico.
Idade
Contem-porânea Há preocupações com a educação das pessoas excep-cionais, porém devem ficar em instituições especiali-zadas segregadas.
Última metade do século XX - há preocupação com a educação das pessoas excepcionais e estas não devem ser segregadas devem ser consideradas suas limita-ções, procurando adaptá-las à Sociedade, garantindo o direito de ser diferente.
* Revista integração nº 3, ano 2, julho/agosto de 1989

2.  Conceito

A Associação Americana de Deficiência Mental (AADM) constituiu  um conceito abrangente e elucidativo afirmando que:  “A deficiência  men-tal é um estado patológico que abrange todos os graus de defeitos mentais ou que leva a um desenvolvimento  mental inadequado e, assim, o indivíduo  portador do mesmo não pode competir na vida pessoal, social ou profissio-nal com os “normais”, sendo  também incapazes de cuidarem de si mesmo e de seus interesses.  Como registra Telford, a deficiência mental teria assim o mesmo sentido que o retardamento  mental, o qual diz respeito ao funcio-namento abaixo da média do comportamento intelectual da pessoa e que começa a ser constatado no período de desenvolvimento da criança, estando também associado estritamente a dificuldades na área do comportamento adaptativo.  Deve-se ressaltar que um baixo Quociente Intelectual (QI) não indica isoladamente ser a pessoa deficiente mental. Ainda a AADM incida três condições que obrigatoriamente deverão coexistir para que se possa rotular uma pessoa de deficiente mental:
? Funcionamento intelectual subnormal;
? Origem deste disfuncionamento durante o período de desen-volvimento;
? Deterioração do comportamento adaptativo.
Sua classificação quanto às possibilidades lingüísticas

Quanto à classificação dos grupos de deficiência mental, a Associa-ção Americana de Deficiência Mental os divide em:  retardados mentais li-mítrofes; leves (educáveis); moderados (treináveis); graves ou severos e profundos.
Quanto as características de cada grupo, são destacadas as seguintes:
? Os retardados mentais limítrofes:  Pode-se dizer que são alu-nos de aprendizagem lenta, mesmo apresentando tais dificuldades, esse grupo tem capacidade de permanecer na rede escolar comum.
? Os retardados mentais leves (educáveis): apresentam como característica fundamental o aspecto intelectual, onde se apresenta um acentuado retardo, uma baixa atividade motora em comparação com cri-anças normais, apresenta ainda deficiência na memorização de estímulos auditivos e visuais, na capacidade de generalização, na linguagem, na elaboração de conceitos, nas percepções, na imaginação, na criatividade e, ainda os fatores de aprendizagem, pessoais e sociais.Vários autores enfatizam as mesmas características.  Como Gartom comenta essas cri-anças quando abandonadas a si mesmas, sem auxilio especial, ficam perdidas e frustradas na competição enfrentada com as crianças comuns na escola, trabalho e recreação (MAZZOTA, 27:1987).  Outras caracte-rísticas quanto à sua aprendizagem são a lentidão de reação, falta de concentração ou baixa de concentração, falta de iniciativa de planejar, imitação limitada, utilização de conceitos limitados, entre outras.
? Retardados mentais moderados (treináveis): apresentam des-coordenação, lentidão na aprendizagem da fala, dificuldades de aprender a andar e a cuidar de si próprias, decorrentes de danos cerebrais, aberra-ções genéticas como a Síndrome de Down e complicações patológicas.
? Retardados mentais graves ou severos: apresentam proble-mas genéticos e danos oriundos do ambiente, que causam danos neuro-lógicos, perturbações emocionais graves.
? Retardados mentais profundos:  são incapazes de se proteger e de cuidar de si mesmos, os retardados profundos requerem sempre su-pervisão total.
E de acordo com a classificação citada acima, elas podem ser corre-lacionadas a uma classificação educacional:
Profunda-dependente
Severo e moderada - treináveis
Leve - educável
Conforme descreve a classificação, podemos verificar que o defici-ente mental dependente, jamais poderá se beneficiar com qualquer tipo de programa educacional, necessitando de uma assistência custodial por toda vida.
O deficiente mental treinável poderá, apesar de suas limitações, ser capaz de aproveitar os programas de treinamento, tanto na área social quanto profissional.
Em relação ao indivíduo retardado mental, que é classificado como educável, apesar da deficiência de seu nível mental, terá possibilidades de adquirir hábitos e aprendizagem para utilizar em profissões aprendidas que servirá para seu próprio sustento.

3. Causas da Deficiência Mental

Inúmeras são as causas da deficiência mental, causas estas que po-dem ser atribuídas a fatores biológicos, psicológicos ou sociológicos.
Os fatore biológicos podem ser considerados sob três aspectos:
Congênitos: intoxicação
drogas
rubéola
sífilis

A) Pré-Natais
Hereditárias:  Fator RH

B) Peri-Natais
Prematuro
Falta de oxigenação
Instrumentação

C) Pós-Natais
Fatores psicológicos, sociais
Desnutrição
Infecção
Traumatismo craniano
Os fatores psicológicos podem ser atribuídos aos seguintes aspectos:
? carência afetiva precoce
? distúrbios perceptivos
? fatores emocionais
? autismo, neurose, psicoses
? diferenças de padrões adaptativos
As causas dos fatores sociológicos são influenciados pelos seguintes aspectos:
? privação sócio-cultural
? desnutrição
? compreensão grupo sócio-familiar

O retardamento mental não é propriamente uma doença, embora do-enças possam acompanhá-lo ou até mesmo causá-lo.

4.  A Linguagem Escrita:  Operação Com Utilização de Signos

A linguagem escrita (leitura e escrita) pode ser considerada um está-gio bastante avançado no desenvolvimento humano, embora muitos não se dêem conta disto.  Várias etapas ou fases são atingidas ou superadas para que um indivíduo possa fazer uso adequado dos signos gráficos.
Os rabiscos são considerados as primeiras indicações de utilização de gestos nos signos escritos em crianças.
Os gestos também servem de estímulo externo auxiliar para a criança em situações de brinquedos ou jogos.  Nas brincadeiras, as crianças conse-guem “ler” o que está ocorrendo pelas representações de ações ou objetos que aos poucos vão se distanciando de sentido real que possuem para serem substituídas por outras imagináriasO desenho é considerado uma forma preliminar de linguagem escrita.

5. Imitação e Desenvolvimento da Linguagem em Crianças com Deficiência Mental.

Apesar da importância que a linguagem assume na existência huma-na, o como ela é adquirida é uma questão que ainda gera muita controvérsia teórica.
Se pensarmos especialmente nos casos de crianças, que, embora postas a linguagem de seu meio ambiente, não desenvolveram a fala, a ênfa-se em contingências sociais poderá sugerir uma ação bastante diferente do que uma ênfase em estruturas biológicas.  Na prática, terapeutas, professo-res e pais estão usualmente na posição de alterar as variáveis ambientais muito mais facilmente do que as variáveis estruturais, as quais nem sempre são acessíveis à manipulação.  Tal abordagem derivada das teorias de aprendizagem, trata a linguagem, assim como os demais comportamentos, como um comportamento aprendido.  Diversos estudos, dentro dessa posi-ção teórica, têm possibilitado o aparecimento de técnicas específicas que vi-sam favorecer o desenvolvimento de habilidades verbais entre indivíduos que apresentam déficits de linguagem
A maior parte das técnicas para desenvolver a linguagem em crian-ças que nunca falaram, tem enfatizado a imitação como um dos mais pode-rosos instrumentos para o treinamento da linguagem.

6 Imitação

O conceito de imitação tem sido freqüentemente utilizado para des-crever e explicar a aquisição de comportamentos que são semelhantes aos comportamentos exibidos por outros.
A presença de um modelo e a observação por parte da pessoa, pas-sam a ser, portanto, os elementos básicos para a execução de uma resposta imitativa.
Qualquer comportamento pode ser considerado imitativo se ocorrer após um comportamento demonstrado por alguma outra pessoa, chamada modelo, e se sua topografia for funcionalmente controlada pela topografia do comportamento modelo.  Portanto, um comportamento imitativo ocorre quando um indivíduo se comporta da mesma forma que o modelo.

7. Imitação e Aquisição da Linguagem

A questão sobre o papel da imitação no processo de desenvolvimento da linguagem tem sido objeto de muitos debates entre teóricos que estudam a aquisição da língua. Para alguns estudiosos, a imitação não parece estar envolvida em processo normal de aquisição da língua, uma vez que muitos dos enunciados produzidos pelas crianças pequenas não apresentam equi-valentes na linguagem do adulto.  Por outro lado, para alguns teóricos da aprendizagem, a imitação é aparentemente uma condição necessária para a aquisição da linguagem oral
Consideramos que a imitação age como uma técnica que reduz o tempo necessário para a aquisição de novos comportamentos.  A demons-tração do modelo se torna equivalente a um conjunto de instruções que diri-ge o comportamento do observador.
Mas como desenvolver a linguagem de crianças que não apresentam o repertório imitativo adequado, como é o caso de muitas crianças autistas e crianças com deficiência mental severa ?  Uma alternativa poderia ser mo-delar (reforçar por aproximações sucessivas) cada novo comportamento da criança através de reforçamento referencial até se atingir o comportamento final desejado.  No entanto, o processo de modelagem é freqüentemente lento e poderia ser difícil se todo comportamento verbal tivesse que ser emitido pela criança e então modelado pelos seus efeitos no ambiente.  Como Lovaas (1968) sugeriu, “a fala da criança normal não é adquirida porque o ambiente modelou cada palavra, mas, porque a criança adquire palavras por ouvir a fala, isto é, a criança aprende a falar por imitação”.
Portanto, para uma criança que não apresenta comportamentos imi-tativos, a melhor alternativa para se ensinar a linguagem, ou qualquer outro comportamento, consiste essencialmente no desenvolvimento de um reper-tório imitativo.

8. Desenvolvendo um Repertório Imitativo

O modo como uma criança vem a imitar ou desenvolver imitação também tem sido assunto de conjecturas já por algum tempo.  Já houve quem propusesse imitação como resultado de fatores instintivos ou como determinada por mecanismos neurológicos.  Entretanto, dispomos de evi-dências de vários estudos que indicam que a imitação como outros com-portamentos é aprendida.  Por exemplo, certos pesquisadores desenvolve-ram um repertório imitativo em três crianças retardadas não imitativas.  O treinamento foi levado a efeito com uma combinação de procedimentos en-volvendo modelagem, esvanecimento e ajuda física.  Tornando mais claro, após demonstração, de uma resposta motora simples, por exemplo, levantar as mãos ou bater palmas, o terapeuta ajudava fisicamente a criança a de-sempenhar a resposta desejada e, em seguida, reforçava-a com algum tipo de reforçador previamente selecionado.  Geralmente com crianças defici-entes mentais, são utilizados reforçadores extrínsecos (alimentos) associa-dos com reforçadores sociais.  Depois de algumas repetições deste procedi-mento, o terapeuta começava a esvanecer, ou seja, gradativamente retirava a sua ajuda física para a resposta da criança até que esta imitasse o compor-tamento modelo sem nenhuma assistência.  Com o prosseguimento do trei-namento as crianças passaram a imitar novos comportamentos motores ape-nas com uma demonstração inicial e sem nenhuma ajuda física.  Além dis-so, ocorreu o que tem sido denominado de imitação generalizada, isto é, as crianças passaram a imitar outros comportamentos, ainda que estes nunca tivessem sido reforçados.  Foi observado também que quando o reforça-mento foi tornado não contingente, isto é, dado a criança independente de sua execução, toda a resposta imitativa, incluindo as imitações generaliza-das, declinavam em sua freqüência.  Quando o reforçamento foi novamente tornado contingente, as imitações apropriadas, tanto as imitações reforçadas como as não reforçadas, retornaram a uma alta taxa de freqüência.
Com este tipo de procedimento podemos desenvolver uma habilida-de geral de imitação (Imitação Generalizada) que poderá ser bastante útil para o desenvolvimento dos sons.  Com algumas crianças que apresentam deficiências mais graves, é conveniente desenvolver, de início, um repertó-rio imitativo através de respostas motoras, uma vez que estas são mais visí-veis e possibilitam maior ajuda física do que as respostas vocais.
No entanto, pode-se perceber que a transição da imitação de respos-tas motoras para imitação de respostas vocais não é tão simples como pode se pretender.  Ao desenvolvermos respostas imitativas motoras, podemos produzir generalizações para outras respostas motoras não treinadas, mas não para respostas vocais não treinadas.  Para facilitar essa transição, entre imitação motora e vocal, sugere-se encadear respostas motoras e vocais juntas.  Esses investigadores primeiro incluíram imitações de movimento de lábios e língua entre as respostas motoras e mais tarde emparelharam mo-vimentos de lábios e língua como sons vocais.  A criança então, passa a re-ceber uma combinação de estímulos visuais e auditivos.
Enquanto todos os dados de pesquisa dos últimos anos têm mostrado a importância da intervenção precoce, especialmente para aquelas crianças com atraso de desenvolvimento, podemos, facilmente, constatar que ainda estamos presos a um modelo de atendimento definido em termos de matura-ção ou idade mental.  Por este modelo estamos sempre esperando pela “prontidão” ou maturidade necessária.  Ao adotar tal modelo podemos cor-rer o risco de só considerar “prontas” crianças com seis ou sete anos de ida-de cronológica.  Muito tarde, se acreditarmos nas possibilidades de inter-venção precoce e da prevenção.
As conclusões que poderiam ser tiradas sobre os estudos que envol-veram o estabelecimento de um repertório imitativo, como pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem em crianças deficientes, foram muito bem sumarizadas:
1 - A probabilidade da imitação pode ser aumentada pelo reforça-mento;
2 - o reforçamento de alguns comportamentos imitativos aumentará a probabilidade de que novos comportamentos similares também sejam imi-tados;
3 - o reforçamento de alguns comportamentos imitativos manterá uma alta probabilidade de outros comportamentos semelhantes serem imita-dos sem reforçamento;
4 - a imitação de comportamentos novos e diferentes pode ser esta-belecida reforçando-se imitações que se aproximam cada vez mais ao com-portamento desejado.

9.  Imitação e Treinamento da Linguagem

Uma vez que a imitação de modelos vocais tenha sido estabelecida ou quando alguma imitação vocal já é exibida pela criança; a imitação de palavras de maior extensão e complexidade, poderá ser elaborada através de modelagem ou encadeamento
Nesse procedimento, a palavra é dividida em pequenas unidades, por exemplo, a palavra “menino” pode ser dividida em “me” “ni” “no”.  As unidades são apresentadas separadamente, em seqüência, e a criança é re-forçada por imitar cada unidade.  Na medida em que a criança esteja imi-tando cada unidade corretamente e consistentemente, o reforçamento passa a ser dado somente após a criança imitar a unidade final da seqüência.  A partir desse ponto, o modelo verbal a ser oferecido pelo terapeuta é, então, esvanecido, isto é, gradualmente retirado da última para a primeira unidade.  Utilizando o exemplo acima, o terapeuta apresentaria apenas as duas pri-meiras unidades “me”, “ni” para a criança imitar e esta completaria a pala-vra com a unidade final.  O processo de esvanecimento do modelo continua-ria até que a criança passasse a produzir a palavra de maneira completa, apenas com o modelo da primeira unidade - “me”.
O próximo passo é transformar tais imitações em uma linguagem funcional.  A partir dessa etapa ela deverá passar a responder verbalmente ao diversos estímulos do mundo que a cerca.  A esse procedimento denomi-namos mudança do controle de estímulo.  O estímulo controle que era o próprio modelo verbal oferecido pelo terapeuta passa agora para um objeto a ser nomeado.  Um objeto, ou a figura de um objeto, é apresentado junta-mente com o modelo verbal do terapeuta e a criança é reforçada por imitar o nome do objeto.  Modelo que pode ser procedido pela questão “o que é isto ?”, é então gradualmente esvanecido até que a criança responda à questão “o que é isto ?”, com o nome do objeto.
Assim que a nomeação esteja bem estabelecida, as respostas verbais das crianças podem ser expandidas para pequenas frases e sentenças, atra-vés dos procedimentos de imitação, modelagem e encadeamento.
Na verdade, a elaboração da linguagem é mais convenientemente estabelecida no meio ambiente natural da criança, utilizando-se dos eventos e reforçadores que ocorrem normalmente.  Vários autores tem enfatizado a importância de se estender o treinamento para o ambiente natural da crian-ça.  Na medida em que o treino de linguagem se estende para o ambiente natural da criança, novos padrões de linguagem, que não tinham sido espe-cificamente treinados, começam a aparecer com uma freqüência significati-va.
Portanto, ainda que se possa questionar a relevância da imitação no processo normal de aquisição da linguagem, poderemos, seguramente, afir-mar que é um elemento crucial nos procedimentos de remediação nos défi-cits de linguagem.

10 - CONCLUSÃO

Antigamente as pessoas portadoras de deficiência mental eram con-sideradas monstruosidades e aberrações da natureza.  Hoje porém, sabemos que os educandos portadores de deficiência mental, podem se desenvolver de forma satisfatória desde que, sejam estimulados de maneira correta e precoce.
Cada vez mais os educandos portadores de deficiência mental têm mostrado suas capacidades lingüísticas.  Para que isto se dê, é imprescindí-vel não só um esforço da parte dos Educando Especiais e sim, da própria família; uma vez que, a mesma desempenha um papel fulcral na aquisição da linguagem do deficiente mental, sem contar, é claro, com a participação do professor.
A apresentação deste estudo é fruto da necessidade inadiável que sentíamos de compreender o deficiente mental independente de classifica-ções ou proposições diretivas colocadas como ponto de partida.
Orientando a nossa conduta numa linha fenomenológica foi possível desvelar o deficiente  mental como ser em situação, e aprender também o sentido do “outro”.