Ano 4 - No 23 - Rio de Janeiro, set-out de 2000. Publicação bimestral. |
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Aqui estamos de novo, embora com algum atraso devido ao acúmulo de tarefas, mas com muitas novidades para vocês. Depois do sucesso do IV Congresso Nacional de Lingüística e Filologia do CiFEFil, já está sendo preparado o V Congresso para o ano que vem. Veja informações neste número, além de notícias de outros eventos que já ocorreram ou vão a ocorrer em breve. Não deixem de se comunicar. Este espaço é seu. Sua opinião é sempre bem-vinda. | ||||||||
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tradução ao espanhol Passe este texto para o espanhol e confira com nossa tradução no próximo número.
O Justo Armando Nogueira O treinador reuniu a turma no vestiário e escalou doze: onze e o goleiro. O capitão do time estranhou, avisando que havia gente demais. O técnico, porém, sustentou a escalação: - Isso é o problema do juiz, o teu é jogar e tentar ganhar a partida. E lá se foi o time para o campo.
Cinco minutos de jogo, a torcida começou a gritar, alertando o árbitro: “O Pipira tem doze!”. O árbitro interrompeu a partida, contou os times e deu uma bronca no capitão que, por sua vez, passou a bola ao treinador: - Fala co’ home ali. O juiz foi ao técnico e mandou retirar o excedente. Uma confusão tremenda na pista. O técnico chamou o árbitro para uma conversa em particular. Saíram os dois na direção do centro do campo. A torcida, aos berros, descompunha todo o mundo pelo atraso. Os dois isolados no grande círculo, o técnico pôs a mão no ombro do juiz e entrou nas explicações: - O problema é o seguinte: Eu sou um homem de cinqüenta anos, estreando na profissão. Eu sou novo aqui na terra. Acontece que hoje de manhã, o presidente do clube me deu um bocado de nome pra pôr no time. Dois são protegidos do delegado, quatro do comandante do destacamento, o goleiro é filho do gerente do banco, o presidente diz que os dois pontas-de-lança têm que jogar de qualquer maneira. Eu fui escalando, escalando. - É, mas passou da conta – diz o árbitro, inflexível. - E eu não sei que passou? Ia ser mais. Por sorte, o sobrinho do prefeito amanheceu com o pé inchado e pediu ao tio para não jogar. Se não, entravam treze. - Bom, mas para começar o jogo, o senhor tem que tirar logo um...- diz o juiz. - Eu tirar um? Deus me livre. Tire o senhor. Por mim o time joga com doze. Se o senhor está dificultando, vai lá o senhor e tira um, escolhe lá um. O mais que eu posso fazer é colaborar com o senhor. Por exemplo, não tire nem o cinco nem o seis que dá bolo com o chefe de polícia. E o pior é que agora eu já confundi tudo: Não sei mais se o oito é gente do comandante do destacamento ou se é o filho do gerente do banco... O árbitro encarou o técnico do Pipira, enfiou o apito no bolso e saiu como uma fera: - Doze contra, comigo, não. Doze contra onze, só se me expulsarem da Liga. Parou diante do banco dos reservas do Serrinha F. C. e dirigiu-se ao técnico, sentencioso como nunca: - Carvalho, bota mais um dos teus homens em campo, Carvalho. Eu tenho horror a injustiça. |
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algumas opiniões sobre inteiintelectuais Reproduzimos algumas opiniões, nem sempre favoráveis, sobre intelectuais. Fonte: RÓNAI, Paulo. Dicionário Universal de Citações. São Paulo: Círculo do Livro, 1985 A missão do chamado “intelectual” é, de certo modo, oposta a do político. A obra intelectual aspira, freqüentemente em vão, a aclarar um pouco as coisas, enquanto a do político sói, pelo contrário, consistir em confundi-las mais do que estavam. Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode eleger para ser um imbecil: ambas, com efeito, são formas de hemiplegia moral. ORTEGA Y GASSET (1883-1955) A rebelião das massas. Os intelectuais não têm a obrigação de transformar o mundo; o seu dever é transfigurá-lo pela criação, a criação artística. OTTO MARIA CARPEAUX (1900-1978). A cinza do purgatório. O trabalho intelectual arranca o homem à sociedade humana; o trabalho manual, pelo contrário, o conduz aos homens. KAFKA (1883-1924). Em Conversações com Kafka, de G. Janouch. Não se deve deixar os intelectuais brincar com fósforos. JACQUES PRÉVERT (1900). Palavras. Os intelectuais são como as mulheres, os militares os fazem sonhar. MALRAUX (1901-1976) As nogueiras de Altenburgo. 1986. |
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