decisão
Faço versos como quem empunha uma arma
mas também como quem brinca e ri
e goza
e ama.
Meus versos são dardos com que a fêmea, ferina,
se livra de condicionamentos impostos;
são denúncia de mulher que se bate
pela causa suprema de ser e lutar.
São meus versos espada que empunho
no ataque e na luta por tudo em que creio;
são orgasmo e gemido do sexo que, livre,
se molha e se mela no desejo e na entrega.
São meus passos que oscilam no ir ou não ir,
são o choro do riso na mudez do meu grito,
são verso e reverso, o avesso do pano de fundo
de mim, e o sim do não que é medo.
São enchente e vazante, timidez e desplante,
faxina geral e poeira sob o tapete.
O lirismo do afago, a ternura do aceno,
o furor da revolta, o fremir do desejo,
são meus versos - veias pulsando
na zanga da briga e no canto da paz,
disjuntores que ligam e desligam
nos curto-circuitos de mim.