A
OBRA DE ARTE COMO BEM DE CONSUMO *
Os discursos que examinam a obra de arte acabam por levar à massificação, determinando critérios de avaliação tanto para quem a adquire, quanto para quem a produz. Uma voz crítica, revestida de autoridade, suposto saber, seleciona obras de arte, forma seus critérios de valor, firmando-os como indiscutíveis. Induzem, assim, ao gosto e ao gasto no mercado dos que produzem arte e dela buscam usufruir.
Na
suposta imparcialidade, a parcialidade se deixa perceber, aqui e ali, nas marcas
formais presentes nas vozes críticas, a revelar o que subjaz ao aparentemente
dito e a gerar o convencimento e adesão necessários à produção, bem como à
recepção dos textos como objeto de sentido.
A
própria criação artística acaba por ser determinada pelos textos que dela
tratam e que a avaliam. Deixa, assim, de ser objeto de contemplação e fruição
– de quem a produz e de quem a contempla – para tornar-se mero bem de
consumo. Produz-se para vender, adquire-se para capitalizar.
No
preço dessa bolsa de valores, a determinar a cotação desta ou daquela obra,
deste ou daquele artista, o crítico de arte, investido de um poder que lhe é
conferido, outorgado pela sociedade, vem a tornar-se o elemento determinante e
condicionador do valor da produção artística.