Marketing:
um
olhar
crítico
Célia
Barros (UCB)
Fernanda
Costa Marconi (UCB)
Maria Antonia da
Costa
Lobo (UFRJ, UCB eUniverCidade)
Maria
Helena
Carvalho da Silva (UCB)
Maria Vergínia Chambella (UCB)
Thiago Baptista da Silva (UFRJ)
Existe a
ilusão de
que se pode
industrializar
um
país construindo
fábricas.
Não é
verdade.
Um
país industrializa-se construindo
mercados. (Paul
G. Hoffman).
O
trabalho
em
questão tem
por
finalidade uma
abordagem de
base
lingüística (verbal/não-verbal),
centrada
nos
efeitos do
marketing,
através de
publicidade e de
propaganda veiculada
em
revistas.
É
sabido
que há, na
temática
em
questão, a
presença de
relações de
troca,
orientados
para a
satisfação dos
desejos e
necessidades dos
consumidores,
em
especial as psicológicas.
Nessas
relações aparecem
produtos destinados a
grupos de
consumidores
específicos e
que apresentam
características distintivas.
Na
base
fundamental de
divulgação desses
produtos aparece
um
conjunto de
atividades
comerciais de
um
lugar,
Estado
ou
Nação,
ou do
próprio
mundo,
pois
mercado compreende a
oferta e a
procura de quaisquer
bens
ou
serviços de
primeira
necessidade. (Barretti & Standerbi) – o
marketing.
Assim, na
prática dessas
atividades de
mercado
são utilizados
meios
para
esclarecer e
sensibilizar o
consumidor,
pela
divulgação,
pela publicação,
pela
propagação de
informações
referentes ao
produto,
através do
diálogo.
Então, entra
em
ação o
marketing
em
um
trabalho voltado
para a
seleção de
clientes, a fidelização dos
mesmos, buscando
um relacionamento
com
esses
clientes,
por
estratégias
que favoreçam
esse relacionamento
dentro de
um
certo comprometimento.
Para
isso,
dentro do
marketing existem a
propaganda e a
publicidade, conjunto-chave
para a
entrada do
produto no
mercado, respeitando
pesquisas e
informações obtidas, intermediadas
por essas
pesquisas,
sem
deixar de
levar
em
conta os
estudos de neurolingüística.
Ressalte-se
que a American
Marketing Association
(SINCLAYR, 1999) definiu
marketing
como “execução das
atividades e
negócios
que encaminham o
fluxo de
mercadorias e
serviços, partindo dos
produtores
até os
consumidores
finais”, e
mais é “a
atividade de
fazer
mercado, colocando
junto ao
mercado
consumidor os
produtos da
empresa.”
É
importante
frisar
que o
marketing tem
funções, embutidas
nos
seguintes
setores:
pesquisa de
mercado,
merchandising,
canais de
distribuição,
propaganda,
promoção de
vendas e
gerência de
marketing.
Considerando-se a
extensão de
temática, optou-se
por uma
abordagem voltada basicamente
para a
propaganda e a
publicidade, e os
respectivos
pontos de
vista.
Embora a
propaganda esteja acoplada ao
marketing, muitas
vezes
isso é esquecido.
Através dela
objetivos
são
plenamente acatados e aceita a
delegação ao
marketing da
responsabilidade
pelo
sucesso
ou
pelo
fracasso de
campanhas.
Assim, a efetivação desejada dependerá de uma
análise
sistemática e
permanente das
necessidades dos
consumidores, incluindo o
desenvolvimento de
conceitos de
produtos
rentáveis, destinados a
grupos de
consumidores
específicos e
que apresentam
características distintas
que os diferencie de outras
não específicas.
Aspectos Relevantes
Alguns
artifícios
são
importantes e
fundamentais
para a
elaboração de uma
propaganda
implícita na
publicidade.
É
preciso
lembrar
então
que a publicidade é uma
forma de
emitir uma
informação
comercial
para
atrair
possíveis
compradores, utilizando-se de
meios de
comunicação,
tais
como
jornais,
revistas,
televisão,
outdoors...
Na
publicidade, embute-se a
propaganda,
um
gerúndio
latino do
verbo propagāre, indicando a
propagação, a
multiplicação
ou
difusão de uma
idéia
que pode
ser de
caráter
político,
social,
religioso,
econômico,
com o
objetivo de
extrair do público-alvo
qualquer
vantagem.
Assim,
para a
constituição de
um
texto
publicitário,
recursos
artificiais
são
capitais,
tais
como:
atenção,
interesse,
memória,
percepção,
imagem,
imaginação,
vontade
ou
desejo,
sensação,
associação de
idéias, estimulação (aromas
apresentados
pelos
produtos) e incentivação.
A
percepção é a
responsável
primeira
pela
influência do
registro de
um
objeto na
consciência de
cada
consumidor.
Através da
percepção,
chega
este à
atenção,
que é a
capacidade de
concentração da
consciência a
respeito de
um
objeto,
com o
poder de destacá-lo
dentre o(s)
produto(s) oferecido(s) ao
consumidor.
Por
sua
vez, a
atenção vai
despertar,
então, o
interesse, o
qual vai
levar à
memorização,
voluntária
ou involuntariamente, relacionando o
produto
com o
objeto de
interesse. A
memória tem a
faculdade de
conservar,
reproduzir e
reconhecer
estados de
consciência
anteriores, relacionando-os
com
experiências
passadas.
Mas,
além do
papel de
memória, existe
um
outro centrado na
vontade –
capacidade do
indivíduo de
agir
conforme as
preferências – e no
desejo:
expressão
consciente da
necessidade,
por
parte do
consumidor, de
obter o
produto.
Esses
elementos atuam na estimulação
que é a pré-disposição
para o
indivíduo
agir de
maneira
determinada.
Logo, o
consumidor terá a
sensação da
ocorrência de alterações na
vida
pessoal.
Paralelamente a
isso e agindo
como
auxiliar na
propagação, entra
em
cena
também o
papel da
imagem transmitida e fixada no
psíquico do
público, a
partir de
um
produto apresentado.
Pela
imagem, enfocada
dentro da
relação de “palavras e
coisas”, o
despertar da
imaginação aflora, uma
vez
que esta tem a
capacidade de
representar
objetos
ausentes e
até
mesmo de
atuar
sobre a
emoção,
resultante de
modificação
súbita no
meio
que
cerca e envolve o
consumidor;
ela aflora no
instante
em
que se conhece
algo de
novo
ou de
inesperado.
A
linguagem
constatada
Alguns
textos
publicitários serviram de
base
para essa
constatação.
O
primeiro deles (Revista
Bons
Fluidos nº 37 –
junho de 2002) refere-se à
venda de
roupa de
cama, apresentada
pela
loja
MUNDO DO
ENXOVAL.
Neste
caso, o
texto é
assim
iniciado:
“Roupa de
cama –
Percal 180
fios.
Disponível nas
melhores
lojas do
país.”
Verifica-se o
uso de
um
superlativo (melhor),
flexionado (-es)
que denota
já uma comparação
com outras
lojas
que vendem
também
roupa de
cama. No
caso, o
operador argumentativo une o
melhor da
roupa ao
melhor
consumidor elitizado.
Na afirmação “um
mundo de
sonhos apresentado
pelo
mundo do
enxoval”, há
identificação
entre
ambiente, e o
sonho de
um
casal – o
mundo idealizado. Trata-se do
ato de
dormir
bem e de
ter uma
vida idealizada.
Logo,
sonho(s)
tanto na
vida,
quanto na
cama, constituindo
um
mundo (interior e
exterior)
que se identifica
com
interesses
particulares. O
mundo constitui
um
universo de todas as
realidades existentes
ou imaginadas, o
que se integra
em
determinado
ambiente:
espaço
interno
para
certo
modo de
viver.
Logo,
capturar e
manter a
isca
fisgada.
Sonho,
desejo
vivo,
intenso,
constante,
aspiração e
anseio
ou
um
ideal
que
alguém
busca
com
interesse, ao
lado do
Enxoval, formado
pelo
conjunto de
roupas e
acessórios, seja do
vestuário, seja
para o
serviço de
casa.
O “mundo do
enxoval” se serve
ainda do
seguinte
recurso lingüístico – o estrangeirismo –
Exclusive nautical Line, (Bons
Fluidos
número 33 (fevereiro de 2002) e 32 (janeiro
de 2002)), mesclando
dois
tipos de
códigos, transmitindo
idéia de
alegria,
bem
estar,
prazer,
leveza, e
harmonia do
ambiente –
mês de
férias.
Outra
constatação ocorre
pelo
emprego da
linguagem
não–verbal, calcada no
apelo
cromático (Bons
Fluidos,
número 34,
março de 2002)
presença do
amarelo e do
vinho, marcando o
término de
férias e o
início de
atividades.
No
apelo
cromático, uma
intenção é verificada,
onde o
amarelo representa a
força da
mente
que estimula o
raciocínio e o
trabalho
intelectual,
além de
aumentar a
capacidade de
concentração, estimulando
também a
alegria.
A
cor de
vinho aparece
associada à
espiritualidade e à
harmonia, purificando
emoções
negativas
como a
raiva e o
medo: trata-se de uma
cor
ligada à
conexão
com
planos
divinos.
Logo, no
texto
publicitário
nada é
gratuito:
tudo tem uma
direção,
um
objetivo e
um
público–alvo; nele a
linguagem
verbal/não–verbal
une
propósitos.
O
aspecto
esotérico é
também explorado/aproveitado: é
ele
passível de
ser ministrado ao
grande
público e
não
somente a
um
grupo
seleto.
Em
verdade,
ensinamentos e
doutrinas
que, nas
escolas da Antigüidade
grega, eram transmitidos
para
todos.
Textos
publicitários,
cujo
foco
central estava
em
instituições bancárias, foram
também analisados. Observou-se, no
caso, a
constância de
slogans.
Estes
slogans
são
desenvolvidos
nos
textos, numa
identificação
entre
público e prestabilidade dos
produtos
bancários
em
foco.
No
caso do
banco Itaú é o “feito
para
você”. O
alvo do
slogan é o
cliente,
independentemente da
classe
social na
qual
esse
cliente se enquadre;
cada
um assume o
próprio
espaço
social,
sem
constrangimentos.
Esse “slogan” é
inserido no
texto
publicitário, a
partir de uma temporalidade: “Há
quatro
anos”... “Há 60
anos”,“Pelo
quarto
ano
consecutivo... ao
longo desses 60
anos”.
Essa temporalidade foi
abalizada extra-banco: “segundo
a Consultoria
Internacional de Interbrand, a
marca Itaú
vale 1,34
bilhões de dólares”. (Época, nº 375 –
25/07/2005).
Em
outro
texto
publicitário da
mesma
Instituição
Bancária, a temporalidade
também é o
ponto de
partida
para a
construção
textual: “Chegou a Super
poupança Itaú. Faça
já a
sua,
porque
dinheiro
não dá
em
árvore”.
A
ênfase discursiva é a
grandiosidade
entre
empresa e
cliente,
através do
prefixo “SUPER”, seguido de
poupança,
sigilo
simples, conveniência,
tranqüilo (Veja – nº 1913 – 13 de
julho de 2005)
Outra
instituição
Bancária (Caixa) utiliza
também
um
slogan: “Para
você.
Para
todos os
brasileiros”. Na
realidade, uma
chave
para
toda a
inclusão
social e
para
qualquer
tipo de
serviço
também:
Caixa capitalização, “confiança
para a
vida
toda”,
crédito
com
desconto
em
folha, Proger Investgiro, “a
melhor
opção de
crédito
para
expressão e produtividade de
empresas”. (Veja nº 1913 de 13 de
julho de 2005 e
Época nº 374 – 18 de
julho de 2005).
Em
outro
texto
publicitário, o
foco está no
relógio
Euro. (Cláudia,
dezembro de 2004).
“Nas
reuniões de
negócios
quem
me acompanha é o
meu
Euro”.
Na
construção
retórica, optou-se
pela “metonímia” (substituição
do
termo “relógio”,
produto,
pela
marca “Euro”),
em uma
mensagem
curta e
simples direcionada ao
público
feminino.
A
linguagem
cotidiana (vocabulário
simples) foi usada
para uma
manipulação disfarçada
através da
persuasão. É
visível a
intenção de
despertar o
desejo
através do
testemunho de uma
mulher
famosa (Adriane Galisteu)
como
forma de
dar
credibilidade ao
produto e
fazer
com
que a
mulher consumidora se identifique
com a
estrela
insinuante da
mensagem.
Existe uma
ambigüidade na
palavra “Euro”,
pois
euro é a
marca do
relógio,
mas
também é a
moeda
corrente da
comunidade européia (moeda
valiosa)
que
reforça
toda a
qualidade e confiabilidade no
produto.
É
um
apelo
persuasivo
racional (palavras
voltadas
para
trabalho:
reuniões,
negócios,
euro).
A
integração
entre
linguagem
verbal e não-verbal pode
ser notada
através da
seriedade e
solidariedade do
modelo e da
cor da
roupa da
artista
que está de
acordo
com a
situação
formal (negócio).
O
controle
entre a
cor
neutra,
que (re)veste a
modelo e o colorido dos
relógios
alinhados, ao
lado,
deixa a
idéia de
que existem
também
relógios
para outras
ocasiões.
Ainda na revista Cláudia, (dezembro
de 2004)
outra
mensagem é endereçada ao
público
feminino:
“É
um
sapato
para
você
usar 24
horas. Se
bem
que fica
meio
estranho
você
dormir
com
ele”.
(Sandália Picadilly)
Coleção
primavera/verão
Nesta
mensagem, a
figura de
linguagem
destacada é a
hipérbole,
através de uma
construção
curta
para
rápida
apreensão
pelo público-alvo (a
mulher).
O
vocabulário é
simples,
pois esta
marca de
calçados é direcionada
para o
público
feminino
em
geral.
O
tipo de
manipulação disfarçada vem
através da
sedução,
com
palavras do
léxico de
prazer “dormir
com
ele”. A
estrutura
lingüística é dividida
em
dois
segmentos:
em
primeiro
lugar, o
exagero e,
em
segundo
lugar, a
tentativa de
justificar
esse
exagero
que poderá
ou
não
acontecer.
A
integração
entre
linguagem
verbal e não-verbal está adequada ao
segmento de
mercado a
que se
destina (a
mulher),
através das
flores e do colorido. As
flores
são a
primavera e o colorido. As
flores remetem à
primavera e o colorido, ao
sol do
verão uma
vez
que o
nome da
coleção é
Primavera/Verão.
Público–alvo,
um
sustentáculo
– a
passagem
pela
titulação
Uma
estrita
relação
entre os
títulos das
revistas e o
público–alvo constitui
ainda
um
pilar
para o
marketing.
Dentro de uma
crença
mística, do
ponto de
vista
psíquico, o
indivíduo,
enquanto
ser
social,
busca
sempre “Bons
fluidos”,
conforme afirma Gonzaguinha: “ninguém
quer a
morte,
só
Saúde e
Sorte”.
A
escolha de
um
título
para
um
periódico reflete uma
grande
consonância
até
mesmo
com
textos
publicitários
constantes
em
cada
número dessa
revista,
tais
como:
produtos oferecidos
pelo
BOTICÁRIO, e
serviços do
gênero Costão do Santinho (Spa – Florianópolis/Santa
Catarina), ligados à
preservação da auto-estima;
produtos relacionados ao
repouso
físico e
mental,
como
roupas de
cama, vendidos
por: KA arymare,
Mundo do
Enxoval, Scarone, Marlene
Enxovais, Erika Pagano,
Produtos
Indianos, encontrados na
Casa da
Índia,
pedras preciosas,
em Legep Mineração LTDA.
Toda uma
publicidade voltada
para
objetos enigmáticos
que atingem
um
público–alvo,
conforme a
crença e a
energia
positiva
que o
produto
traga
ou possa
trazer
para o
consumidor.
Consoante as
crenças, existe a
indicação de
velas e
artigos
que possam
atrair
BONS
FLUIDOS,
produtos
que revelam
aspectos
cromáticos
positivos, o
jogo das
cores:
- o
vermelho: representa a
necessidade, a
paixão, a
chama, o
calor;
- o
verde: a
tranqüilidade;
- o
azul: ligado a
funções
emocionais;
- o
amarelo: os
anseios
coletivos, as
disposições afetivas e as
iniciativas;
- o
branco:
que oferece uma
sensação de
paz
para
produtos e
serviços
que precisam de
demonstrar
segurança e
estabilidade;
- a
junção do
vermelho e do
amarelo
como
estimulante e
eficaz
em
publicidade.
Bons
fluidos marcam
época.
Época é
outro
título atribuído a
um
periódico,
que tem graficamente
um
globo
terrestre
como
intermediário
entre a
letra /p/ e a
letra /c/, simbolizando a
letra /o/ no
registro do
próprio
título. O
globo lembrando a
Editora,
responsável
pela publicação da
revista, e remetendo aos
enfoques apresentados
pela
mesma.
Este
periódico,
em uma
associação
entre titulação,
retratação de
fatos e
informações,
passa
por
um
PORTAL,
pelo BRASIL,
pela
Ciência e
Tecnologia,
pela
sociedade,
pela
cultura e
pelos
colunistas,
sem
deixar de
excluir as
seções,
com as respectivas
cartas do
Editor e dos
leitores.
Com
jornalismo diversificado e uma
apresentação investigativa,
Época transforma-se
em uma
fonte
importante de
informação, marcando (Houaiss –
Dicionário da
Língua Portuguesa, p. 1182)
“um
instante
memorável
determinado,
selecionado
para
servir de
início a
um
novo
período
ou a
um
novo
desenvolvimento”.
O
título
marca
um
determinado
tempo considerado
em
relação aos
acontecimentos nele ocorridos,
com
características distintas, incluindo
indivíduos
que neles viveram.É
ÉPOCA marcando
época.
Mas a
ÉPOCA
leva à VEJA.
VEJA, uma das
flexões de
ver, remete à
percepção
pela
visão, ao
ato de
enxergar, de
olhar
para, de
contemplar,
em uma
distinção
ou
alcançar
com a
vista. É
marca do
avistar, do
divisar. É a pratica de
estar
presente a, de
testemunhar, de
tomar
conhecimento, de dar-se
conta de, de
ter
encontro
com, de
manter
contato
ou relacionamento
com, de
estar
junto a. É a
admissão de
um
valor de
verdade, a
constatação, o
reconhecimento,
que pode
conduzir à
educação, à
inferência, à
prova, à
verificação, à
imaginação e à
fantasia.
É o veja
passado à VEJA – é o
exame
com
atenção, a
ponderação, a
consideração, o
cálculo,
em
especial das (des)vantagens
em
função de
aquisição de
produtos,
consoante o(s)
preço(s) – o
reconhecimento do
encontro
com
algum
estado
ou
situação.
Trata-se de
um
título no
Imperativo, acentuando o
caráter de
mando,
ou de
autoridade, atuando na
comunicação de
fatos(ocorrências)
históricos,
políticos e
sociais.
Mas o
leitor deve
também
ter
ousadia,
audácia e
atrevimento,
características
integrantes da
personalidade do(a)
jovem, o
que
leva à “atrevidinha”.
ATREVIDINHA é a
revista
mensal
específica
para pré–adolescentes do
sexo
feminino. Todas as
páginas
são
integralmente coloridas, a
cada
mês o
título é
impresso
em
cores
diferentes,
mas utilizando o
mesmo
logotipo. Na
linguagem não-verbal, no
título,
recursos
como o
coração, a
flor e o
pirulito
são utilizados.
Em todas as
revistas
são incluídos
um
pôster e
um “presentão”
como
brinde (um
lindo esmalte, o
primeiro botton
para
colecionar).
A
linguagem
verbal reflete
um
apelo ao
público
consumidor: “vem
cá”, “tudo de
bom”, “cole na
agenda”, pop star;
horóscopo, “faça
você
mesma”,
figuras de
artistas (fichinhas),
games, “no
caldeirão”, “É
meu”, objetos de
adorno, etc. Toda a
publicidade é voltada
para o
consumo da(s) pré-adolescente(s).
A
editora
Símbolo enfatiza a
própria
característica da
revista
que é
idéias ousadas, criativas e
emocionantes.
Os
temas da
capa,
embora sejam
para
um público-alvo pré-adolescente, constituem
um
apelativo
para
que os
responsáveis comprem a
revista, buscando
informações
para estarem conectados
com as
idéias,
com as
emoções e
com as
sensações, e buscarem uma conveniência
positiva (os
assuntos
são interessantes
para a
convivência sócio-familiar).
Tomou-se,
ainda,
por
matéria de
reflexão a
Revista
CRIATIVA
por considerá-la
integrante de
um
novo
cenário de
manifestação
democrática,
já
que põe
em
cena,
conforme o
próprio
título demonstra, a participação da
mulher no
contexto
social,
com
influência
semiótica.
Segundo Lúcia Santaella (1996), “...semiótica
tem
por
objetivo de
investigação todas as
linguagens
possíveis...
qualquer
fenômeno de
produção significa...”. De
acordo
com essa
concepção, o
foco desta
pesquisa volta-se
ainda
para a
revista
CRIATIVA
desde 1998 a 2005,
por
considerar
que as mesmas passam despercebidas
pela leitora
não acostumada a
ler
novos
códigos.
Observou-se
que as
estruturas apresentadas
nos
limites de
tal
espaço surgem
como
um emaranhado de
informações,
onde
sistemas semióticos
verbal e não-verbal
são
formas
atuantes
para a
construção de
um
tipo de
retórica fundamentada na
trilha
significante.
De
acordo
com Pierce, “O
signo é
signo
quando há
alguém
que possa interpretá-lo
como
signo de
algo”.
O
título da
revista
CRIATIVA corresponde a
um
signo
triádico
por
representar uma
conexão
tripla do
signo,
coisa
significada e a
cognição produzida na
mente do
intérprete,
leitor.
Esse
título indica uma
revista direcionada a
um
público
feminino e
que apresenta “algo”,
com possibilidade de transformações, visando a
construir o
perfil de uma
mulher
originalmente
independente, formadora de
opinião,
atuante na
sociedade
brasileira.
O não-lingüístico vem,
através da
imagem da
mulher,
reforçar a
estrutura do
sentido. Nessa complementariedade
entre
imagem e
mensagem é detectado
que a
mulher é
criativa no
domínio do
físico (corpo).
As
formas
verbais da
capa apresentam uma
linguagem
transparente,
objetiva, levando a leitora a uma decodificação
exata daquilo
que será abordado.
Mesmo
sem
desfolhar a
revista, o
universo da
mesma é compreendido
pela
capa.
Nessa
estrutura sígnica, priorizam-se os
signos
lingüísticos
referentes a “Sexo”
com uma
maior
incidência,
depois “Moda” e “Beleza”,
além de outras
formas
casuais
que se entrelaçam e reportam a uma
simbiose ilimitada,
pois o
leitor é
um
signo
que interpreta
signos e
para
isso
lança
mão de
signos.
Ser
CRIATIVA é
ter
amplo
conhecimento
sobre “Sexo”,
domínio do
corpo,
andar na “Moda” e
ter “Beleza”.
A
invariabilidade de
grupo
lexical
que aparece ao
longo das publicações sugere, de
antemão,
um
raciocínio silogístico na
ordem do não-verbal:
“Todas as
mulheres famosas obedecem a
certas
regras de “Sexo”, “Moda”,
“Beleza”.
Você é uma
mulher
famosa.
Logo,
você deve
obedecer a essas regras.
Atrelado ao não-verbal, essas
formas
lingüísticas interagem
com a
representação da
figura da
mulher, midiática. Tem-se
um
corpo
que continuamente produz
textos
em
sua complexidade biológico-cultural,
através de
signos
visuais
como: a sinuosidade, os
gestos, os
cabelos, o
olhar, a
musculatura, a expressividade, o
vestuário, os
ornamentos, a
maquiagem, as
cores, a
incidência da
luz
entre
outros, cristalizando
formas e
assim criando no
imaginário
social o
tipo de
mulher cobiçada
por
todo homem – “MULHER
CRIATIVA
ideal”.
Tornando-se
um
ícone (signo
que
visa
imitar o
real
por
meio da
captura do
traço
com
que a
coisa representada é identificada) faz
com
que a mulher-leitora busque
aquele
modelo metonimicamente,
por
ter o
ícone
alto
poder de
sugestão. O
ícone é
um “quase-signo”
por
guardar algumas
propriedades do
objeto,
mas
não
ser
real.
O
presente
objeto de
estudo
mostra numa
interdependência
semiótica, a
mulher
CRIATIVA no
domínio do
corpo, da
vaidade, uma
outra
forma de
escravidão da
mulher. O
corpo é uma “insígnia”, uma
griffe,
um
prêmio,
um
valor. Coisificada, a
mulher, nas
capas das
revistas, é reduzida a
formas e
trejeitos, vivendo a
cultura da
malhação
onde
ser
magra é
glamour;
busca
ela,
com
esse
comportamento,
resgate da auto-estima,
por se
encontrar
abalada
nos
próprios
direitos, idéias e
valores.
CONCLUSÃO
Os
artifícios
então abordados influenciam na
aquisição de
um
produto;
eles
são
indispensáveis na
propaganda, na
publicidade e,
conseqüentemente, no
marketing.
Atuam
eles na
ideologia vinculante das incentivações do
consumo
referentes às mudanças comportamentais do
indivíduo, uma
vez
que a
ideologia atribui a
origem das
idéias humanas às
percepções.
Sociologicamente
mesmo, trata-se de
um
sistema de
idéias,
interdependentes sustentadas
por
um
grupo
social de
qualquer
natureza
ou
dimensão, as
quais refletem, racionalizam e defendem os
próprios
interesses e
compromissos institucionais.
A
ideologia relaciona-se à
propaganda,
porque está
mais voltada
para a permeabilidade do
comportamento e reside nas possibilidades de
como influenciá-lo.
Em
verdade,
quanto
mais se propaga,
mais o
produto vai
interessar o
consumidor,
independentemente de
inclinações inatas de
cada
indivíduo.
Na
ânsia de
ver, o
consumidor
passa
pelo
produto e é
por
ele impressionado, estimulado e incentivado a
adquiri-lo.
Esses
artifícios cristalizados e introjetados no(s)
leitor(es) contribuem
para
que o
marketing
alcance a
finalidade
primeira – a
aquisição de
revistas
pelo(s)
consumidor(es).
No
caso da
Época, o(s)
leitor(es) –
cliente(s)
não pode(m)
ficar
fora do
próprio
tempo
em
que vive(m).
Através dessa
revista, se cientificam da
retratação de
fatos cronologicamente localizados
em uma
inserção
contextual.
Essa
inserção situacional pode relacionar-se a várias
etapas da
vida do(s)
indivíduo(s),
como a pré–adolescência
de
comportamento
marcante
entre
ambos os
sexos.
No
que se refere ao
sexo
feminino, é
importante
ser
ousada,
arrojada,
petulante, despojada,
insolente,
atrevida,
ou
melhor atrevidinha –
um
diminutivo adequado à acentuação de uma
qualidade.
Em
verdade,
nenhum
recurso deve
ser dispensado
pelo
marketing.
Qualquer
um
lhe serve de
atuação,
desde
que o
consumidor seja atraído e capturado
pelo
consumo do
produto,
finalidade
maior a
ser alcançada.
No
caso da
revista
CRIATIVA, a
análise revela
que,
mesmo experimentando
ser
dona da
sua
própria
vida, a
mulher
ainda
sonha
com o
total
direito de
igualdade instituído
pela
constituição
brasileira. É do
conhecimento de
todos a
existência de uma
série de
Tabus
causadores de
entraves na
vida
profissional da
Mulher, inserida no
mercado de
trabalho.
Forças culturais constroem e mantêm a
mulher do
século XXI
ainda
como
ser
submisso
inferior ao
homem. A
mulher assume a
condição de
outra exigida
por essa
manipulação
social, continuando a
ser
vista
como
objeto de
prazer, comprovado pelas
capas CRIATIVAS.
As transformações,
que ocorrem no
período Pós-moderno,
são
muito
mais uma
revolução simbólica do
que uma
revolução de
grandes
conquistas.
Assim, indaga-se:
1. No
passado, a
mulher apresentava uma
forma
escrava. Será
que conseguiu
alcançar a
liberdade
ou tornou-se uma “nova
escrava” da
própria
forma?
2. A
forma de
mulher
que a
revista
CRIATIVA exibe “do
corpo e
não “CRIATIVA
intelectual” é aquela
que
realmente o
homem escolhe
para
construir
família?
3. A
mulher do
século XXI conseguiu
obter os
mesmos
direitos do
homem no
âmbito jurídico-social?
4. O
objeto de
estudo analisado estereotipa a
mulher do
ponto de
vista de
ser
CRIATIVA
ou
CRIADA?
Há
muito a se
desvendar na
mulher
onde uma
forma produz inúmeros “textos”.
A
mensagem
publicitária é construída
através da
integração da
linguagem
verbal e não-verbal, utilizando-se de
palavras e
imagens
com
consciência
lingüística
que, combinadas, produzem
sentido,
pois
são elaboradas
através de
um
senso
comum
carregado de
valores e
representações
sociais, culturais,
estéticas e
políticas,
que estão
em
consonância
com a
capacidade cognitiva
interpretativa de
um
determinado
receptor.
O
discurso está
presente na
publicidade
como
retórica argumentativa
persuasiva e manipuladora
sob as
formas
textual e
lingüística. É uma
manipulação disfarçada
para
induzir,
seduzir,
capturar o
receptor,
sem
deixar
transparecer as verdadeiras
intenções,
idéias e
sentimentos.
Assim:
- “Beba coca-cola”:
intenção ordenativa, (fazendo
agir) – trata-se de
ação encabeçada
pelo
verbo;
- “Só OMO
lava
mais
branco”:
intenção
persuasiva (fazendo
crer) –
um
único
termo (só) permite a
diferença; e
- “Se
algum
desconhecido
lhe
oferecer
flores,
isto é impulse”:
intenção sedutora (buscando o
prazer), no
impulso.
As
figuras de
linguagem
são
inerentes à
língua e estão
presentes no
cotidiano de
todos os
falantes. A
todo
momento,
em
todos os
lugares, as
figuras de
linguagem estão sendo ouvidas, criadas e
atualizadas, sendo,
também, uma
maneira de o
ser
humano
assimilar e
expressar as
experiências
diferentes, desconhecidas,
novas.
Através desse
modo de
dizer,
diferente do
comum, a
mensagem
publicitária enfatiza
sensações,
argumenta e
tenta
impor,
conservar
ou
mudar a
opinião do público-alvo.
Os
meios de
comunicação constituem
empresa de
importante
composição do
imaginário
social. Essa
composição vem se traduzindo,
sobretudo,
pelo
controle da
crença numa
suposta
imparcialidade midiática,
cujos
efeitos, numa
sociedade de
dominância
iletrada, parecem consolidar-se
nos
discursos de valoração à
publicidade e
diversidade culturais, encontrando
apoio,
por
assim
dizer, na
chamada Pós-Modernidade.
In SINCLAYR Luiz.
Organização
e
técnica
Comercial.
S.P.
Saraiva,
1999, p. 214.
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