UM CONFRONTO
ENTRE DUAS VARIEDADES DO LATIM FALADO
O SERMO PLEBEIUS VERSUS SERMO URBANUS
Maria Cristina Martins (UFRGS)
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo comparar duas variedades da língua latina falada: o sermo plebeius e o sermo urbanus[1].
O sermo plebeius é tradicionalmente conhecido como latim vulgar. Este latim pertencia a uma população que era muito pouco ou quase nada escolarizada, e por isso mostra um conjunto de inovações gramaticais que não seguem as normas do latim literário (clássico). O latim vulgar não sucede ao clássico; teve origem nos meios plebeus de Roma e cercanias, sendo essencialmente, como afirma Maurer Jr. (1959: 5), “o latim falado pela plebe romana, embora muito de seus característicos se infiltrassem no seio da classe média e até das classes mais altas, sobretudo na época imperial.”[2]
O sermo urbanus, também conhecido como sermo quotidianus, era a língua falada pela aristocracia de Roma, cuja forma escrita constitui o latim literário, ou clássico. Esse era o latim da alta sociedade de Roma, detentora do poder e interessada em resguardar os costumes, o patrimônio cultural e as tradições. Segue-se daí o interesse dessa classe em conservar uma linguagem mais pura e correta.
A língua falada é difícil de ser extraída e seguida em seu conjunto. Suas primeiras manifestações podem ser vistas nas comédias de Plauto e em De Agri Cultura, de Catão. Encontramos algumas indicações da língua falada, representante do sermo urbanus, através das obras que admitem certa liberdade de expressão, como as correspondências de Cícero. Um conhecimento mais direto do latim que deveria ser falado pela grande massa da população do Império Romano, nos é dado pelos escritos de pessoas humildes, muito pouco escolarizadas, em cujos escritos praticamente não há influência da língua literária.
Diferenças entre o sermo plebeius e o sermo urbanus estão presentes na pronúncia, no vocabulário, na sintaxe, e na morfologia. A distância que separava o latim vulgar do latim culto era a princípio pequena, mas já podia ser vista a partir do séc. IV a.C. O vocabulário era, em boa parte o mesmo, sobretudo o que servia para o uso da vida cotidiana: coisas, animais, plantas, etc. O latim vulgar nunca se isolou completamente da língua literária, pois sempre houve um convívio constante entre todas as classes, através do teatro, às vezes pela escola e, mais tarde, pela Igreja. Portanto, existiu sempre uma contribuição limitada, porém contínua, da língua clássica para a popular. No período áureo da literatura latina (da metade do séc. Iº a.C. à morte de Augusto (14 d.C.)), havia um uso comum a que os escritores se submetiam. Nesse momento, o sermo litterarius e o sermo urbanus diferiam muito pouco[3]. Só depois do período áureo da história de Roma, quando se constitui um ambiente escolar e literário relativamente independente da língua coloquial comum (porque houve uma época em que o bom latim se aprendia em casa, conforme o testemunho de Cícero e Quintiliano) é que as inovações da língua escrita nem sempre correspondem ao uso corrente da língua falada. Ou seja, o sermo urbanus deu origem à língua clássica, que se criou sobre um latim vivo e falado, de flexão abundante, embora seja menos polido e estilizado do que este. Conforme enfatiza Maurer Jr constantemente em seu livro O problema do latim vulgar, havia duas correntes da língua falada latina, desde uma época bastante antiga: uma aristocrática, que vai gerar a língua literária, especialmente em sua forma clássica, tornando-se o instrumento lingüístico da civilização romana; e outra obscura e desprezada por séculos, mas exuberante e expressiva, que dará origem a novas línguas, que igualmente tornar-se-ão ricas e cultas.
O latim urbano e culto transformou-se lentamente durante os séculos que medeiam entre a época de Cícero, e a de São Jerônimo e Santo Agostinho. Várias foram as razões para isto, desde a ruína da aristocracia, que se esforçava por manter a cultura literária e escolar, mas também o aniquilamento dos centros urbanos. Quando, no fim do Império Romano, o latim culto refugiou-se nos mosteiros, perdeu contato com a sociedade, tornando-se uma língua escolar, cristalizada, praticamente morta. Efetivamente, a língua literária continuou no sermo ecclesiasticus e também no sermo profanus, e o sermo urbanus desapareceu no séc. VI. O que continuou vivo foi a rustica romana lingua, o latim pobre e humilde das populações campesinas. Mesmo quando se pensa na contribuição do latim clássico às línguas românicas, a partir do século X, destinado a transformar os pobres dialetos românicos em ricas e elegantes línguas, essa contribuição é pequena, porque não se trata de uma herança direta e contínua. Todos os aspectos gramaticais das línguas românicas mostram que elas são a continuação direta do latim popular (sermo plebeius).
OS TEXTOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Ao invés de exemplificarmos as características do sermo plebeius e do sermo urbanus com exemplos isolados, decidimos reproduzir integralmente uma carta de cada variedade. Acreditamos que desta forma é possível perceber com maior clareza a língua como um todo.
A primeira carta, representante do sermo plebeius, é a do soldado tiberiano (CPL 254)[4], escrita em papiro[5], do início do século II d.C., encontrada em Karanis, no Egito. A segunda carta, representante do sermo urbanus , é de Cícero, de 58 a.C.
A tradução que fazemos das cartas é literal tanto quanto possível.
Carta de um soldado tiberiano (CPL 254)
... dico illi, da mi, dico, a(e)s paucum; ibo, dico, ad amicos patris mei. Item acu lentiaminaque mi mandavit; nullum assem mi dedit. Ego tamen inc ebinde collexi paucum aes ed ibi ad Varoclum et G(.)ivan et emi pauca que e(x)pedivi. Si aequm tempus esset se exiturum Alexandrie s(i)lui(t). Item non mi d(e)dit aes quam (quam) aureum matri mee in vestimenta (dedit). Hoc est, inquid, quod pater tus mi mandavit. Quo tempus autem veni omnia praefuerunt et lana et (linum)? Matrem meam aute praegnatam inveni. Nil poterat facere. De(i)nde pos paucos dies parit et non poterat mihi succurrere. Item litem abuit Ptolomes pater meu sopera vestimenta mea, et factum est illi venire Alexandrie con tirones et me reliquid con matrem meam. Soli nihil poteramus facere, absentia (illius) illim abit(u)ri. Mater mea (dicit): Spec(t)emus illum dum venit et ven(i)o tequm Alexandrie et deduco te usque ad nave. Saturninus iam paratus erat exire illa die qu(a)ndo tam magna lites factam est. Dico illi: veni interpone te si potes aiutare Ptolemaeo patri meo. Non magis quravit me pro xylesphongium sed sum negotium et circa res suas. Attonitus exiendo dico illi: da m(i) paucum aes, ut possim venire con rebus meis Alexandrie, im inpendiam. Negabit se (h)abiturum. Veni, dicet, Alexandrie et dabo t(i)bi. Ego non abivi. Mater m(e)a no(n haben)s assem, vendedi(t) lentiamina (u)t veniam Alexandrie.
... digo a ele, dá-me, digo, um pouco de dinheiro; irei, digo, aos amigos de meu pai. Da mesma forma me mandou uma agulha e tecidos de linho, nenhuma moeda me deu. Eu finalmente aqui e ali reuni um pouco de dinheiro e fui a Véroclo e Givan, e comprei umas poucas coisas que enviei. Se fizesse tempo bom, ele não disse que iria para Alexandria. Igualmente não me deu dinheiro a não ser uma moeda de ouro à minha mãe para as roupas. Isto é, diz ela, o que o teu pai me mandou. Nesse tempo, porém, tudo teve preferência tanto a lã como o linho? Encontrei a minha mãe grávida. Nada ela podia fazer. Depois de poucos dias pariu e não podia me auxiliar (socorrer). Também meu pai, Ptolomeu, teve uma briga a respeito de minhas roupas, e aconteceu de ele vir a Alexandria com os recrutas e me deixou com a minha mãe. Sozinhos nada podíamos fazer, havendo de ter a ausência dele dali. Minha mãe (diz): esperemos até que ele chegue então, e vou contigo para Alexandria e te levo até o navio. Saturnino já estava pronto para sair naquele dia quando aconteceu tão grande briga. Digo a ele: vem, interpõe-te, se podes ajudar Ptolomeu, meu pai. Não mais se preocupou comigo, como algo sem importância, mas com seus negócios e suas coisas. Saindo atônito digo a ele: dê-me um pouco de dinheiro para as despesas, para que eu possa ir a Alexandria com as minhas coisas. Negou que ele até haveria de ter. Vem, disse ele, a Alexandria e te darei. Eu não fui. Minha mãe, não tendo dinheiro, vendeu os tecidos de linho para que eu viesse a Alexandria.
Características da carta que contêm vulgarismos
Como já foi visto, “latim vulgar” é o termo tradicionalmente usado para se referir ao latim que apresentava características que não obedeciam às regras da gramática do latim clássico. Do ponto de vista gramatical, normalmente se compara o latim vulgar com o latim clássico, que é a língua documentada e fixada como a língua escrita padrão de uma época do latim. Na carta do soldado tiberiano verificam-se as transformações apontadas para o latim vulgar em todas as áreas da gramática. Entre outras coisas, na fonética, a redução de ditongos e hiatos; na morfologia, a tendência do desaparecimento do neutro e a redução dos casos e das declinações; na sintaxe, o predomínio da ordem direta, da parataxe e o aumento no uso de pronomes e de preposições; no léxico, o emprego de um vocabulário simples, não-erudito. Não se deve esquecer, no entanto, o caráter contraditório dos textos que contêm vulgarismos: formas corretas e erradas coexistem lado a lado, em todos aspectos gramaticais. Mas, de um modo geral, é correto caracterizar o latim vulgar, em relação ao clássico (literário), como: 1) mais simples em todas as áreas da gramática; 2) mais analítico; 3) mais concreto; 4) mais expressivo; 5) mais permeável a elementos estrangeiros (Ver Bassetto, 2001: 92-99 e Maurer Jr., 1962: 180-186).
Uma das características marcantes do latim vulgar em contraposição ao clássico é a perda da quantidade das vogais. Vários testemunhos de autores antigos, e sobretudo o exame das línguas românicas, levam à conclusão de que, no latim vulgar, às diferenças de duração das vogais (breves e longas) foram-se associando diferenças de abertura, que acabaram, num segundo momento, suplantando as primeiras.
Num segundo momento, desapareceu a diferença de duração, e suas funções distintivas passaram a ser desempenhadas pela abertura. Nesse sentido, podemos dizer que houve desfonologização da quantidade vocálica no latim vulgar, que perdura nas línguas românicas.
· Perda da quantidade vocálica
A pronúncia das vogais breves como abertas e das longas como fechadas, associado ao fenômeno da perda da quantidade, levou a uma aproximação entre o /e/ longo e o /i/ breve, pois esses dois fonemas se convergiram a um som de /e/ fechado. Confundiram-se também o /u/ breve e o /o/ longo, que confluíram no latim vulgar para /o/ fechado.
Dicet (linha 15) é, aparentemente, o futuro do indicativo, mas, de fato, é o presente do indicativo, dicit. Isto demonstra a confluência do /e/ longo e do /i/ breve a /e/ fechado.
A grafia de con (linhas 8 e 14) ao invés de cum, que em latim clássico tem /u/ breve, é uma comprovação da confluência do /u/ breve e do /o/ longo a /o/ fechado.
· A redução dos ditongos: o caso locativo Alexandrie (carta 1, linhas 6 e 14) em vez de Alexandriae.
· Indistinção entre /b/ e /v/; /m e /n/
- /b/ e /v/
Ibi, em latim clássico, é um advérbio de lugar derivado do demonstrativo is, que responde à pergunta ubi? “onde?”, e significa “aí.” No entanto, ibi (carta 1, l. 3) não significa “aí”, mas é a forma do pretério perfeito do verbo eo “ir” (eo, ii/iui, itum, ire), ou seja, ivi, que o soldado registrou +.ibi, forma que deveria ser falada. Vê-se que o fenômeno da alternância entre /b/ e /v/, que se vê ainda hoje em algumas palavras do português (e.g. atualmente diz-se Vasco – nome próprio - e país Basco; em algumas variedades da língua falada, ocorre “bassoura” e “barrer” em vez de “vassoura” e “varrer”, que pertencem a uma fase mais antiga da língua), ocorria no próprio latim.
Cabe lembrar ainda que o verbo eo foi eliminado cedo na língua falada, quando passou a se confundir como o pronome pessoal ego, cuja forma vulgar também era eo. As línguas românicas confirmam que eo foi substituído por vado. Além disso, eo era uma forma muito pequena, com pouca perceptibilidade e audibilidade, quase inexpressiva, e tudo que era inexpressivo na língua falada acabou sendo eliminado.
A indistinção entre /b/ e /v/ na língua falada contribuiu para a perda da forma do futuro latino com terminação em –bo.
- /m/ e /n/
O uso de im por in (linha 15) é uma evidência em favor de que esses fonemas não eram diferenciados em posição final. De fato, no português de hoje essa distinção não se realiza. Mattoso Câmara Jr. propõe para o português um arquifonema nasal /N/ em posição final, que seria apenas a nasalidade assimilada pela vogal anterior.
· Sonorização das consoantes surdas intervocálicas
Como se sabe, a tendência a sonorizar as oclusivas surdas intervocálicas não acontece em toda România, o que determinou a sua cisão em dois grandes domínios lingüísticos. Três critérios lingüísticos, especialmente fonéticos e morfológicos, estabelecidos por Matteo Bartoli, definem a România Ocidental (abrangendo o rético ocidental -valáder, puter, engadino, sobresselvano - central ou dolomítico e friulano -, o sardo, o francês, o provençal, o catalão, o castelhano e o português) e Oriental (compreendendo o romeno, dalmático e italiano) (Veja-se, por exemplo, Bassetto, 2001: 251-256).
Na carta do soldado tiberiano, temos uma evidência de que a sonorização das consoantes surdas intervocálicas já ocorria. Isto é demonstrado pelo uso de /d/ pelo /t/, na grafia da conjunção et como ed (linha 3). Depreende-se, nesta ocorrência, que deveria haver junção de ed + ibi (edibi), formando um só vocábulo fonético, porque assim se pode explicar um /t/ intervocálico sonorizado em /d/.
A perda de consoantes no final da palavra é uma característica morfológica do latim vulgar, destacando-se o acusativo sem o –m final, que vem a ser o formador do léxico das línguas românicas.
Acu por acum (linha 2) mostra a apócope do –m final do acusativo. Um dos fatos mais importantes do latim vulgar é a queda do -m final do acusativo, o que contribuiu para a confusão entre este caso e ablativo, que se tornaram iguais na pronúncia.
Pos (linha 11) por post mostra a apócope da consoante final /t/.
No léxico, destacam-se, por alto, as seguintes peculiaridades:
· A influência do grego no vocabulário do latim vulgar desta região (latim do oriente) xylesphongium (carta 1, l. 21);
· O vocabulário simples, com palavras da vida cotidiana: pater, mater, res, etc.
· Preferência por formas mais sonoras, mais encorpadas com mais conteúdo fonético, às formas pequenas, inexpressivas: abivi (linha 23) por ibi ou ivi.
Na sintaxe, podemos apontar as seguintes características que se distanciam do uso clássico:
· o predomínio do discurso direto e da parataxe: dico illi, da mi, dico, a(e)s paucum; ibo, dico, ad amicos patris mei (carta 1, 1ª linha);
· o uso de factum est (carta 1, linhas 13-4), junto ao infinitivo (factum est illi venire) como uma construção impessoal, no sentido de “aconteceu”.
· o predomínio da ordem direta: Soli nihil poteramus facere (carta 1, l. 15, entre tantas outras ocorrências);
· a confusão entre os casos ablativo e acusativo, como se vê pelo uso da preposição cum regendo o acusativo: con matrem meam (carta 1, linhas 14-5) (cf. con rebus meis, carta 1, l. 23);
Na carta do soldado tiberiano já é possível ver claramente que, em latim vulgar, a ordem das palavras se tornou mais fixa e mais próxima das línguas românicas do que do latim clássico:
(linhas 12-13) Item litem abuit Ptolomes pater meu sopera vestimenta mea, et factum est illi venire Alexandrie con tirones et me reliquid con matrem meam.
Também meu pai, Ptolomeu, teve uma briga a respeito de minhas roupas, e aconteceu de ele vir a Alexandria com os recrutas e me deixou com a minha mãe.
· Uso de pronomes pessoais, sem ênfase nem antítese, próprias do latim clássico:
(linha 2): Ego tamen inc ebinde collexi paucum aes “eu finalmente aqui e ali reuni um pouco de dinheiro”
(linha 16): Ego non abivi “eu não fui”
· Surgimento do pronome pessoal de 3ª pessoa, baseado em ille:
(linha 1) ... dico illi, da mi, dico, a(e)s paucum “digo a ele, dá-me, digo, um pouco de dinheiro”
(linha 8) ... factum est illi venire Alexandrie “aconteceu a ele (lhe) vir a Alexandria”
(linha 10): Spec(t)emus illum dum venit “esperemos até que ele chegue”
· Indicativo pelo subjuntivo[6]
No período Dico illi: veni interpone te si potes aiutare Ptolemaeo patri meo (linha 9), caracteristicamente vulgar e paratático, a oração si potes aiutare é uma condicional potencial, em que a condição e a conseqüência são indicadas como possíveis ou prováveis. A oração condicional ou prótase deveria estar, à maneira do latim clássico, no presente do subjuntivo e não no presente do indicativo: si possis aiutare Ptolomaeo patri meo.
Evidentemente, deixamos de mencionar muitas outras características, próprias do latim vulgar, que também são encontradas nesta carta. No entanto, esta pequena amostra já nos permite vislumbrar várias transformações pelas quais a língua vulgar passou, e que depois farão parte das línguas românicas.
O sermo urbanus de Cícero: Ad Familiares XIV,4 – 58 a.C[7].
Tullius s.(alutem d.(icit) Terentiae et Ciceroni suis.
1. Ego minus saepe do ad uos litteras quam possum, propterea quod cum omnia mihi tempora sunt misera, tum uero, cum aut scribo ad uos aut uestras lego, conficior lacrimis sic ut ferre non possim. Quod utinam minus vitae cupidi fuissemus! Certe nihil aut non multum in uita mali uidissemus. Quod si nos ad aliquam alicuius commodi aliquando recuperandi spem fortuna reseruauit, minus est erratum a nobis; sic haec mala fixa sunt, ego uero te quam primum, mea vita, cupio uidere et in tuo complexu emori, quoniam neque dii quos tu castissime coluisti, neque homines, quibus ego semper seruiui, nobis gratiam rettulerunt.
2. Nos Brundisii apud M. Laenium Flaccum dies XIII fuimus, uirum optimum, qui periculum fortunarum et capitis sui prae mea salute neglexit neque legis improbissimae poena deductus est quo minus hospitii et amicitiae ius officiumque praesteret. Huic utinam aliquando gratiam referre possimus! Habebimus quidem semper.
3. Brundisio profecti sumus a.d. II. K. Mai[8].; per Macedoniam Cyzicum petebamus. O me perditum, afflictum! Quid nunc rogem te ut venias, mulierem aegram et corpore et animo confectam? Non rogem? Sine te igitur sim? Opinor, si agam: si est spes nostri reditus, eam confirmes et rem adiuues; sin, ut ego metuo, transactum est, quoquo modo potes ad me fac uenias. Vnum hoc scito: si te habebo, non mihi uidebor plane perisse. Sed quid Tulliola mea fiet? Iam id uos uidete; mihi deest consilium. Sed certe, quoquo modo se res habebit, illius misellae et matrimonio et famae seruiendum est. Quid? Cicero meus quid aget? Iste uero sit in sinu semper et complexu meo. Non queo plura iam scribere; impedit maeror. Tu quid egeris nescio; utrum aliquid teneas an, quod metuo, plane sis spoliata.
4. Pisonem, ut scribis, spero fore semper nostrum. De familia[9] liberata nihil est quod te mouerat. Primum tuis ita promissum est, te facturam esse ut quisque esset meritus; est autem in officio adhuc Orpheus, praeterea magnopere nemo; ceterorum seruorum ea causa est ut, si res a nobis abisset, liberti nostri essent, si obtinere potuissent; sin ad nos pertinerent, seruirent praeterquam oppido pauci. Sed haec minora sunt.
5. Tu quod me hortaris ut animo sim magno et spem habeam recuperandae salutis, id uelim sit eius modi ut recte sperare possimus. Nunc miser quando tuas iam litteras accipiam?Quid ad me perferet? Quas ego exspectassem Brundisii, si esset licitum per nautas, qui tempestatem praetermittere noluerunt. Quod reliquum est, sustenta te, mea Terentia, ut potes honestissime. Viximus, floruimus; non uitium nostrum sed uirtus nostra nos adflixit; peccatum est nullum, nisi quod non una animam cum ornamentis amisimus. Sed si hoc fuit liberis nostris gratius nos uiuere, cetera, quamquam ferenda non sunt, feramus. Atque ego, qui te confirmo, ipse me non possum.
6. Clodium Philhetaerum, quod ualetudine oculorum impediebatur, hominem fidelem, remisi. Sallustius officio uencit omnes. Pescennius est perbeneuolus nobis; quem semper spero tui fore obseruantem. Sicca dixerat se mecum fore sed Brundisio discessit. Cura, ut potes, ut ualeas et sic existimes, me uehementius tua miseria quam mea commoueri. Mea Terentia, fidissima atque optima uxor, et mea karissima[10] filiola et spes reliqua nostra, Cicero, ualete. Pr. K. Mai. Brundisio[11].
Túlio saúda os seus Cícero e Terência
1. Eu vos envio cartas menos freqüentemente do que posso, porque todas as minhas condições são adversas, mas quando vos escrevo ou leio as vossas (cartas), sou atormentado pelas lágrimas de tal modo que mal as posso suportar. Oxalá fôssemos menos apaixonados pela vida! Com certeza na vida não conheceríamos nada ou não muito do mal. Pois, se a sorte quis nos guardar para o futuro alguma esperança de recuperar um dia um pouco de felicidade, teríamos errado menos; mas se os meus males são imutáveis, eu quero te ver, minha vida, o mais rápido possível e (acabar de) morrer em teus braços, pois que nem os deuses, que tu veneraste com tanta castidade, nem os homens, a quem eu sempre servi, nos mostraram reconhecimento.
2. Ficamos 13 dias em Bríndise[12], na casa de M. Lênio Flaco, um homem ótimo, que para me salvar, desprezou os perigos que ameaçavam os seus bens e sua vida, e que não deixou de cumprir o dever sagrado de hospitalidade e amizade devido a sanções de uma lei perversa. Oxalá possamos um dia retribuir-lhe o favor! Teremos pelos menos sempre essa expectativa.
3. Partimos de Bríndise dia 30 de abril; dirigíamos-nos a Cízico, através da Macedônia. Ai de mim, desorientado, Que aflição! Por que razão agora te pediria que viesses, pobre mulher doente, enfraquecida de corpo e de espírito? Eu não pediria? Ficar, portanto, sem a tua presença? Penso em que condições agirei: caso haja esperança de nossa volta, que a confirmes e encaminhes a situação; se ao contrário, como eu temo, não der certo, dê um jeito, de toda forma que puderes, de vir me encontrar. Uma coisa eu sei: se te tenho perto de mim, não parecerei completamente perdido. Mas o que acontecerá com minha Tuliazinha? Vós é que precisais ver; porque eu sou incapaz de decisão. Certamente, porém, de qualquer modo que a situação se configurar, é preciso ajudar tanto no casamento como no bom nome dessa pobrezinha. O que fará meu Cícero? Que este esteja sempre no meu colo e nos meus braços. Já não posso mais escrever; a tristeza mo impede. Não sei o que tu tens feito, se guardaste algo ou, o que temo, que tenhas sido completamente espoliada.
4. Espero que Pisão, como escreves, venha a ser sempre nosso[13]. Quanto à libertação dos escravos, não há de que te inquietar. Em primeiro lugar, os teus receberam a promessa de que tu haverias de tratá-los de acordo com os méritos de cada um; ora, e só há Orfeu que execute seu ofício, fora ele ninguém. Quanto aos outros escravos, o caso é que se fossem vendidos em leilão, eles se tornariam nossos libertos, se pudessem aceitar; ao contrário, se pertencessem a nós, além de tudo uns poucos serviriam à cidade. Mas estas coisas são detalhes.
5. Tu que me exortas a que eu tenha disposição de espírito que tenha esperança de recuperar a saúde, desejo que seja assim, que possamos esperar de verdade. Mas agora, infeliz, quando receberei uma carta tua? O que ela trará até mim? Eu as teria esperado em Bríndise, se fosse consentido pelos marinheiros, mas não quiseram perder o tempo favorável. De resto, mantém-te, minha Terência, como podes, com muita dignidade. Vivemos, brilhamos não fomos vítima do nosso vício, mas da nossa virtude; não houve tropeço[14] cometido, a não ser que tivéssemos perdido a vida, juntamente com seus ornamentos. Se, porém, foi mais grato a nossos filhos nós vivermos isso, ainda que sejam coisas não suportáveis, toleremos. Ora, eu te conforto, mas não posso fazê-lo comigo mesmo.
6. Enviei de volta Clódio Filetero, um homem fiel, mas o estado de saúde de seus olhos o atrapalhava. Salústio sobrepuja todos no trabalho. Pescênio é muito amigo nosso; espero que há ser da mesma forma contigo. Sicca disse que ficaria comigo, porém me deixou em Bríndese. Cuida-te, tanto quanto possível, de tua saúde e crê que eu me comovi mais com a tua infelicidade do que com a minha. Minha Terência, a melhor e mais fiel das esposas, e minha querida filhinha, e Cícero, a minha última esperança, adeus.
Dia 30 de abril, de Bríndise.
A carta de Cícero dificilmente nos revelaria peculiaridades próprias do latim vulgar, como as que foram encontradas na carta do soldado tiberiano. O que temos em Cícero é um estilo simples e uma ordem mais natural, além de algumas formas e expressões de caráter familiar.
Em geral, as características do sermo urbanus, que se opõem à língua literária, mostram a continuidade de uma tendência popular muito antiga. Normalmente os fenômenos característicos de língua falada, acabam sendo recorrentes e assim aparecem em diversas fases da língua.
Passemos agora às características desta carta de Cícero que merecem destaque. Evidentemente, alguns aspectos serão abordados, sem que se pretenda esgotar o assunto.
O sermo urbanus enquanto língua culta e elegante possui um sistema flexional e sintático que se assemelha à língua clássica. Porém, enquanto a língua clássica restringiu o emprego de formas afetivas e expressivas, o sermo urbanus permite-se empregá-las. Desta forma, faz uso de multiplicidade de procedimentos, que visam a dar expressividade ao texto. Os aspectos da oralidade detectados em Cícero estão principalmente na sintaxe e no vocabulário.
No vocabulário do sermo urbanus aparecem palavras estrangeiras, principalmente gregas, sempre condenadas no latim clássico. Usam-se diminutivos, prefixos intensivos, advérbios, adjetivos no grau superlativo e interjeições. Também empregam-se mais palavras da vida cotidiana do que no latim literário e faz-se um uso mais extensivo de pronomes pessoais no nominativo e de possessivos. São exemplos do que acabamos de mencionar as seguintes ocorrências:
Karissima (§ 6), que, pela grafia com k, demonstra a influência grega.
Per é um prefixo intensivo, em perbeneuolus (§ 6, l. 3), usado para dar mais expressividade ao texto. Também visam a dar mais expressividade ao texto, o emprego de advérbios plane, adjetivos no grau superlativo -, fidissima (§ 6, l. 7) - e interjeições, como O - O me perditum (§ 3, l. 2), o afflictum! (§ 3, l. 2). Aparecem também diminutivos – misellae (§ 3, l. 10), Tulliola (§ 3, l. 8), filiola (§ 6, l. 8) e possessivos com sentido afetivo – Tulliola mea (§ 3, l. 8), mea Terentia (§ 5, l. 6).
É também uma característica do sermo urbanus fazer um uso mais extensivo de pronomes pessoais e de possessivos, próprios da língua falada, que deseja ser mais direta, concreta e expressiva.
Toda morfologia clássica, tanto nominal quanto verbal, se apresenta no sermo urbanus. Isto é, o sistema em grande parte herdado do indo-europeu, apesar de algumas simplificações, conservou-se no sermo urbanus, devido à consciência da aristocracia de que fosse preservado o patrimônio cultural.
Não se observam confusões entre as declinações e os casos, que denunciariam alterações fonéticas, como vimos acontecer na carta com vulgarismos. Com relação ao verbo, como era de se esperar, como língua culta e exuberante, observam-se todas as nuances que caracterizam não só os diversos tempos verbais, mas também os aspectos e os modos. Há um uso bastante elevado da morfologia passiva e de verbos depoentes, que o latim vulgar praticamente os desconhece. São exemplos: conficior (§ 1, l. 2), uidebor (§ 3, l. 4), medĭtor (§ 1, l. 6), impediebatur (§ 6, l. 1). As formas verbo-nominais como, por exemplo, recuperandi (linha 4), pertencem à língua culta (sermo urbanus e sermo litterarius), mas não ao latim vulgar (sermo plebeius).
Na sintaxe, há predominância do verbo no fim da frase, se bem que o sermo urbanus (como o sermo litterarius) seja uma língua de ordem livre. Esta predominância é uma herança antiga, pertencendo também a outras línguas do ramo ítalo-céltico, ao qual o latim faz parte, como também ao osco e o umbro. É igualmente uma característica sintática do sermo urbanus, na construção da frase e do período, frases curtas, sem o intrincado sistema de orações encaixadas, próprio do latim literário e ainda a ausência de disjunções. Isto pode ser visto nos seguintes exemplos: (6º §)
Sallustius officio vencit omnes. (...) Sicca dixerat se mecum fore sed Brundisio discessit.
(...) Salústio sobrepuja todos no trabalho. (...) Sica disse que ele ficaria comigo, porém em Bríndese me deixou.
Repare-se que o trecho é de fácil tradução, e que esta pode ser feita conservando a mesma ordem que se apresenta no original. Todavia, neste período, o estilo elegante e gramaticalmente correto do latim culto se observa com o emprego da oração substantiva infinitiva, que se constrói com o verbo no infinitivo e o sujeito no caso acusativo, dependente do verbo dicere: se mecum fore. Merece destaque igualmente o emprego do infinitivo futuro - fore - do verbo esse. O emprego das formas nominais dos verbos não pertence à língua falada na variedade vulgar. O que se encontra deste tipo de construção nas cartas com vulgarismos faz parte do que restou da educação escolar que teve o soldado tiberiano.
Como dissemos mais atrás, quando falamos do vocabulário, nas cartas de Cícero, observa-se a tendência a ampliar-se o uso do pronome pessoal sujeito, pelo desejo de expressividade. Na língua clássica, o uso de pronomes pessoais no nominativo, como se sabe, tinha uma característica enfática. Nesta carta, transparece o sentimento de solidão de Cícero, que talvez o leve a expressar a sua separação da família através dos pronomes pessoais. Ego aparece 6 vezes como sujeito, tu, 3 vezes, vos, 1 vez. É claro que, enquanto uma língua que permite a omissão do sujeito, o pronome pessoal, nesta função, não aparece sempre. Até hoje a maioria das línguas românicas - sendo uma notável exceção o francês - admite que o sujeito esteja elíptico. A interpretação do pronome ausente se dá através do sistema de concordância presente na morfologia verbal (pessoa e número), e pelo universo discursivo.
Considerações Finais
Os aspectos característicos das cartas do sermo plebeius e sermo urbanus e os pontos que aqui mostramos são uma pequena amostra da fonte inesgotável representada por textos deste tipo. A partir de tudo que se apontou neste artigo, com a comparação dessas duas variedades da língua latina falada, pôde-se perceber que, entre o latim plebeu e o latim elegante das classes altas, havia uma cisão profunda. Na verdade, devemos supor que a distância era, sem dúvida, ainda maior do que os textos escritos nos permitem entrever, principalmente com relação ao que deveria ser realmente falado pelas pessoas que escreviam textos com vulgarismos. Já entre o sermo urbanus e o sermo litterarius, o latim clássico, a diferença não era tão grande. Simplesmente, o sermo urbanus não apresenta os refinamentos e a estilização do latim literário.
Acreditamos que se mostrou, de um modo concreto, a partir da comparação de fatos lingüísticos e gramaticais, que existiam duas variedades de língua falada: uma exuberante e rica gramaticalmente, muito semelhante ao latim clássico, mas que não apresenta a estilização deste, e outra pobre em recursos gramaticais, mas rica em concretude, em expressividade.
Do ponto de vista do latim vulgar, esperamos ter contribuído para deixar claro que esta era uma língua falada por pessoas que não dominavam a variedade culta, por isso, além de ser mais simples em todos os níveis gramaticais, observa-se o caráter contraditório de suas fontes, onde formas corretas e erradas coexistem. Sobre o sermo urbanus, a existência desta variedade tem sido esquecida. O que se vê, mais comumente, é o ensino do latim clássico como uma língua artificial, oposta à falada na variedade plebéia. Assim, cremos que também contribuímos para deixar mais evidente que o latim clássico não foi uma criação de gramáticos e letrados, e nem uma imitação do grego, como tantas vezes se vê afirmado, mas uma língua literária que teve como modelo uma língua culta falada.
BIBLIOGRAFIA
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1 Este artigo é um resumo da pesquisa de pós-doutorado, em Filologia Românica, realizada na USP. Agradeço à Fapesp pela bolsa que me foi concedida (03/01272-2).
[2] O período do Império vai de 27 a.C. a 476 d.C.
[3] Conforme Riemann, Syntaxe latine; Maurer Jr, O problema do latim vulgar; Meillet, Esquisse d´une histoire de la langue latine; Marouzeau, Quelques aspects de la formation du latin littéraire, que deixam claro que o sermo litterarius era a contraparte escrita do sermo urbanus.
[4] CPL = Corpus Papyrorum Latinarum
[5] Os papiros são feitos de um tipo de planta aquática, que tem esse mesmo nome. Durante o Império Romano deveriam existir milhares deles porque eram empregados para registrar toda burocracia do Império, além das correspondências privadas. Como são biodegradáveis, apenas umas centenas sobreviveram em regiões secas, como no deserto do Egito, de onde provêm esta carta. Como nesta região o grego era usado como língua escrita, há também vários papiros em grego, inclusive um escrito em latim com caracteres gregos (Ver Bassetto, 2001: 116 e Herman, 1999: 21).
[8] a(nte) d(iem) II K(alendas) Mai(as).
[9] Familia é o conjunto de servos ou fâmulos.
[10] Na edição “Les Belles Lettres” esta palavra vem grafada com K. Na antologia de Haadsma & Nuchelmans, aparece caríssima, com c. Esta antologia usa a seguinte edição: The correspondence of M. Tullius Cicero, ed. R. Y. Tyrrell et L.C. Purser, vol. I, Dublin, 1904.
[11] Pr(idie) K(alendas) Mai(as) Brundisio.
[12] Bríndise, Brindisi, Brindes ou Brindísio são os nomes pelos quais se traduzem esta cidade da Calábria.
[13] O uso do infinitivo futuro fore toma o sentido na frase de “espero que venha a acontecer...”.
[14]Repare-se que peccatum ´pecado` do modo como utilizamos nas línguas românicas, não tem o sentido clássico, mas a sua reinterpretação cristã.
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