ALGUMAS
REFLEXÕES
SOBRE
A AVALIAÇÃO
NO
ENSINO
E APRENDIZAGEM
DE
ESPANHOL
COMO
LÍNGUA
ESTRANGEIRA
Ana Cristina dos
Santos (UERJ e
UVA)
Considerações
iniciais
O
tema da avaliação
é
um dos
mais discutidos
dentro do
processo de
ensino e aprendizagem, seja no de
língua
materna
ou no de
língua
estrangeira.
Contudo,
apesar dos
professores reconhecerem e estarem
consciente da
importância do
papel deste
componente curricular
dentro do
ensino, percebemos
durante a
nossa
prática
docente
que
nem
sempre o professore está
seguro
sobre o
papel da avaliação no
processo de
ensino,
como deve
avaliar os
seus
alunos e o
que
fazer
com os
resultados
que obtêm.
Nos
cursos de Especialização
em
Língua Espanhola – Instrumental
para
Leitura da Uerj, de Especialização
em
Língua Espanhola da UNIGRANRIO e da FAFIC
quando ministramos o
módulo
referente aos
processos de avaliação
em
língua espanhola, iniciamos o
nosso
trabalho
com uma
série de
perguntas
que os
professores devem
responder no
primeiro
dia de
aula e no
último
:
¿Cuándo,
como profesor, debes
pensar en la evaluación de
tu
grupo?; ¿Quiénes son evaluados (en el proceso
enseñanza/aprendizaje)?; ¿En qué
momento del proceso de enseñanza/aprendizaje
evalúas a
tu
grupo?¿
Para qué evalúas?; ¿Qué haces con los datos obtenidos a través
de la evaluación?.
Quando perguntados
para
que serve a avaliação,
quais os
critérios
que utilizam e
como avaliam,
alguns titubeiam ao
responder e
outros
são
categóricos
em
suas
respostas: o
aluno é o
centro do
processo de avaliação, deve-se
avaliar ao
final de
um
bimestre,
semestre,
um
conteúdo, chamam de avaliação o
instrumento de avaliação – a
prova, o
teste, o
exame, consideram
avaliar
somente
elaborar e
corrigir os
exames,
sem
um
diagnóstico dos
resultados obtidos
pelos
alunos
com
relação aos
objetivos
definidos no
planejamento do
curso e
não têm o
costume de
fazer auto-avaliação do
aluno, do
material, do
curso e do
professor. Aplicam a avaliação e
em
um
processo
quantitativo, lançam a
nota do
aluno. Aplicam e entregam a
prova, fazendo
apenas
um
comentário
sobre as
questões e a correção.
O
processo avaliativo se estagna neste
ponto.
Não há o
costume de
fazer uma
análise dos
resultados obtidos. A
ausência dessa prática não permite ao
professor
ponderar os
resultados da avaliação
como
um
excelente
feedback do
seu
desempenho, do
planejamento estabelecido e dos
resultados dos
alunos. Perdem-se as
informações obtidas
através dos
processos de avaliação
que permitiriam uma retro-alimentação no
processo de
ensino,
pois introduziriam as
informações necessárias
para
corrigir as
falhas
que
não permitiram
alcançar o(s)
objetivo(s) proposto(s).
Somente
com a
prática da
análise dos
resultados é
que a avaliação proporciona aos
professores
informações
sobre os
conhecimentos
prévios do
aprendiz, permitindo
acompanhar o
nível de
aquisição da aprendizagem e possibilitando
que descubram o
seu
desenvolvimento e
progresso
pessoal,
como
nos adverte Palencia de
Burgos (1990: 220):
Ya
que ésta [la evaluación] se entiende
como
una actividad
sistemática integrada en el proceso
educativo, cuyo fin es
proporcionar información
sobre el nivel de cumplimiento de los
objetivos y la idoneidad de la metodología
A
reflexão
feita no
início do
curso permite
discutir os
principais “problemas”
que podemos
encontrar na avaliação das
aulas de
espanhol
como
língua
estrangeira (ELE). Os
próprios
professores se surpreendem
com as
respostas apresentadas e admitem a
preocupação
com o
tema,
mas advertem
que avaliam de
modo
idêntico a
como foram avaliados
quando
alunos. Dessa
forma,
não é
contraditório
afirmar
que
muito se avançou no
ensino de
ELE – as
questões metodológicas, o
material didático –,
mas
pouco se avançou no
que tange à avaliação dos
discentes. Esta continua sendo,
como afirmam
vários
teóricos,
entre
eles Palencia de
Burgos (1990:220) e Colomer y Camps (1990:209),
um dos
temas
mais
complexo,
pouco resolvido e
descuidado
dentro do
processo de
ensino. É
com o
objetivo de
discutir esta
prática
que estamos
aqui reunidos
hoje.
Ensino
e avaliação: paradoxos
É
inquestionável o
fato de
que o
ato de
avaliar é
inerente à
profissão do
professor: o
aluno
só atinge a
próxima
etapa
depois de
passar
por
um
processo avaliativo.
Entretanto,
ainda
que seja uma
atividade
comum no
seu
dia-a-dia, parece
que o
docente muitas
vezes
não sabe
como fazê-lo de
maneira
eficaz.
Este
paradoxo
não deveria
existir,
pois os
avanços metodológicos no
ensino de
ELE conduzem necessariamente à
avanços
nos
métodos avaliativos.
Cada
metodologia de
ensino de
língua
estrangeira
traça
diretrizes próprias
para os
processos de avaliação. Uma
vez
que o
professor se preocupa
em
aprender
como se utiliza
determinado
método, deveria
também se
preocupar
em
saber
como
avaliar
segundo a
metodologia
implícita no
material utilizado.
Porém, essa
prática
não costuma
ser
comum. Percebemos
que o
professor utiliza uma
metodologia
em
sala de
aula e avalia
segundo os
preceitos de
outra. Citemos
um
exemplo: o
professor utiliza
um
método
comunicativo
em
sala de
aula,
cujo o
ensino se relaciona
com o
uso da
língua
em
situações
reais e
não
com o
conhecimento
puramente
lingüístico, enfatizando as
quatro
habilidades
lingüísticas e, ao
avaliar, apresenta
exercícios tipicamente estruturais
que
não exigem o
uso da língua –
frases
com
espaços
em
branco
para os
alunos completarem
com
verbos,
artigos etc –,
diferente do
que
usualmente faz
em
sala de
aula. Dessa
maneira, dissocia a
sua
prática de
sala de
aula
com o
que avalia. Neste
contra-senso
comum no
ensino de
ELE, o
momento da avaliação transforma-se
em
um
componente
diferente do
planejamento,
sem
conexões
com o
processo de
ensino e aprendizagem da
língua. Os
alunos
que seguem uma
determinada
metodologia devem
ser avaliados
segundo os
parâmetros avaliativos
determinados
para esta
metodologia
específica. Se a
diretriz é o
trabalho
comunicativo da
língua,
então está
também será
seguida
pelo
processo avaliativo (anexo 1).
A
preocupação
com o
momento da avaliação é
tão
necessário no
processo de
ensino e aprendizagem de
língua
estrangeira
que os
próprios
Parâmetros Curriculares
Nacionais
terceiro e
quarto
ciclos do
ensino
fundamental:
língua
estrangeira
possuem
um
capítulo intitulado “Avaliação”. Nele se
reflete
sobre o
mérito do
processo de avaliação e classifica-o
como
um
processo integrado e
contínuo, ressaltando –
em
um sub-capítulo – a
coerência
que deve
existir
entre o
foco do
ensino e o da avaliação (1998:82):
É
essencial
que a avaliação tenha
como
foco o
que é
também enfatizado no
ensino.
Por
exemplo,
em
um
programa
que tenha
como
foco o
desenvolvimento da
habilidade de
leitura, a avaliação deverá
também centrar-se nessa
habilidade,
não levando
em
conta
fatores
como
pronúncia,
produção
escrita
ou
aspectos do
uso da
língua, podendo
ser
feita
em
língua
materna
para
possibilitar a
concentração da
tarefa e
não na
compreensão das instruções.
A
desarmonia
entre a
metodologia aplicada
em
sala de
aula e a utilizada na avaliação é
só
um dos
aspectos encontrados nas
reflexões dos
docentes e relatadas
como uma
prática
comum.
Outro é o
fato do
professor
pensar na avaliação
como
um
componente apartado do
seu
planejamento. Planeja-se o
momento da avaliação,
ou seja; o
quando,
mas
não o
como.
Em
linhas
gerais,
não se
pensa nas
etapas de ensino –
planejar,
realizar e
avaliar –
como
um
conjunto,
onde
um
componente está
diretamente relacionado
com o
outro.
Por
conseguinte, a avaliação adquire uma
característica
quantitativa, sendo
apenas uma
operação
matemática
para
chegar a
um
resultado numérico
que classifica o
aluno. Desconsidera-se
com esta
prática os
diversos
níveis
sociais dos
alunos e as
suas
possíveis
diferenças
que
são
elementos
que podem
dificultar a aprendizagem de uma
língua
estrangeira. Nivela-se
todos
por
um
mesmo
patamar, acreditando muitas
vezes
que os
alunos compartem
esquemas de
mundo
semelhantes e, esperando uma
resposta
idêntica de
todos
diante de uma
situação. Avalia-se
conteúdos,
mas
não procedimentos e
atitudes,
em uma
proposta inversa a
que sugerem os
Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998:79):
A avaliação é
parte
integrante e
intrínseca ao
processo
educacional, indo
muito
além da
visão tradicional,
que focaliza o
controle
externo do
aluno
por
meio de
notas e
conceitos. A
função da avaliação é
alimentar,
sustentar e
orientar a
ação
pedagógica e
não
apenas
constatar
um
certo
nível do
aluno. Está
implícito,
também os procedimentais e atitudinais, indo
além do
que se
manifesta,
até a
identificação das
causas. A avaliação
assim
entendida oferece
descrição e
explicação; é
um
meio de
compreender o
que se alcança e
por
quê..
Nas
discussões
em
sala de
aula, observamos
que
são
poucos os
professores
que avaliam os
seus
alunos
qualitativamente. Constatamos
que
quando o
docente
assim o faz é
mais
por uma
imposição da
escola
que
por
iniciativa
própria. As
desculpas
são as
mais variadas
possíveis,
desde o
tão
famoso “não
há
tempo
para
isso”
até o “não
sei
como fazê-lo”.
Destarte, continuam avaliando
quantitativamente,
ainda
que muitas
vezes estejam
conscientes de
que deveriam
acrescentar à avaliação
quantitativa, a
qualitativa.
A avaliação
qualitativa é
inseparável de
todo e
qualquer
processo de
ensino e aprendizagem,
entretanto torna-se
um
componente
imprescindível na
aquisição de
um
idioma
estrangeiro,
pois
como
já ressaltamos, influenciam na aprendizagem de
um
idioma as
características
individuais dos
alunos. Os
próprios
Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998: 81)
são enfáticos na valorização da
dimensão
afetiva na avaliação de uma
língua
estrangeira:
Em se tratando de avaliação de aprendizagem de
Língua
Estrangeira cabe
discutir uma
dimensão,
pertinente
em
toda
situação de
ensino e aprendizagem,
mas de crucial importância no
contexto especifico
que diz
respeito a essa
área. È a
dimensão
afetiva.
Da medição à avaliação
Ao
excluir a avaliação
qualitativa e restringir-se
apenas à
quantitativa, os
professores retrocedem no
processo de avaliação do
docente, utilizam o
conceito de avaliação
com o
significado
que
tinha o
termo
ainda na
primeira
metade do
século XX: o de mensuração.
Não percebem
que o
termo evoluiu e, se
antes
avaliar
era
sinônimo de
medir o
processo de aprendizagem,
agora, é de
orientar
este
processo.
Antes, tinha-se uma
visão
restritiva da avaliação,
cujo
único
objetivo
era a
medida,
pois estava centrada
em
instrumentos
que permitiam
medir os
conhecimentos adquiridos
pelos
alunos:
testes,
exames,
credenciamento etc.
Quando se pensava
em avaliação, pensava-se
em procedimentos
para
recolher e
medir a
informação. Havia uma
identificação
absoluta
entre
conceito e
instrumento. Se
avaliar
era
medir,
então se devia
construir
um
instrumento
que permitisse
verificar
até
que
ponto o
aluno
tinha assimilado os
conteúdos ensinados.
Assim, a avaliação estava relacionada ao
rendimento
escolar.
Atualmente, o
conceito de avaliação adquiriu
novos
matizes:
passa a
ser utilizado de
maneira formativa e
não
somente
para
certificar,
como se usava
até
então. O
ato de
avaliar
passa a
ser reconhecido
como
um
elemento
primordial
para a facilitação da aprendizagem,
pois dá ao
discente
não
só uma qualificação,
como
também uma
orientação
para
melhorar. Uma
vez
que
este é o
seu
objetivo,
então a avaliação
não pode
apenas se
deter na
consideração dos
resultados,
seu
objetivo é
ir
mais
além:
conhecer e
valorizar a
correlação
entre os
objetivos planejados e os
meios utilizados.
Em uma
primeira
fase de
nosso
curso, o
objetivo é
fazer
que o
professor reflita
sobre a
evolução
que ocorre no
processo de
avaliar o
aprendiz,
onde a avaliação se transforma
em
um
conjunto de procedimentos
que permite e facilita a
tomada de
decisão. Perceba
que no
centro do
processo avaliativo
não encontramos
apenas o
aluno,
mas
também o
professor. A
atuação de
ambos é avaliada,
como
também
serão avaliados
todos os
elementos
que compõem o
processo de
ensino e aprendizagem:o
programa, o
método, a
instituição, o
planejamento etc. Nesta
fase, a avaliação
abarca
aspectos
humanos,
políticos,
sociais, culturais e
contextuais.
A
partir desta
compreensão, é
mais
fácil
para o
professor
perceber
que a avaliação de
ELE, vai
além da
prova apresentada
sobre os
conteúdos
gramaticais ensinados no
bimestre. Esta
somente
mensura a
assimilação do
conteúdo do
aluno,
mas
quanto a
sua verdadeira aprendizagem? Aquela
que tem
como
objetivo de
fazer
que o
aluno construa
significados na
língua
estrangeira estudada e se constitua
em
um
ser discursivo no
uso dessa
língua?
Esse
objetivo
não se constrói
apenas mensurando,
mas
com a
própria participação do
aluno
que vai construindo o
conhecimento de
um
novo
idioma
sob o
idioma
materno
que
já possui.
Segundo os
Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998: 27), a
experiência
que possui
com o
seu
idioma, permite o
aluno
perceber
que
quem
usa a
linguagem
com
alguém, o faz de
algum
lugar
determinado
social e historicamente.
As
informações
sobre
este
processo de
construção do
aluno da
língua
materna
para a
língua
estrangeira
não pode
ser informado
apenas
com as avaliações de
conteúdos. Neste
processo
são necessárias
também as auto-avaliações.
Porém,
quando perguntamos aos
professores
sobre o
uso das auto-avaliações
em
sala de
aula,
também
nos surpreendemos
com a
resposta.
Apenas uma
minoria utiliza o procedimento
que deveria
ser implementado
por
todos
em
sala de
aula.
As auto-avaliações
são
ferramentas valiosas
para o
próprio
aluno,
pois proporcionam
dados
que contribuem
para a
melhora da aprendizagem, na
medida
que possibilita o
aluno a
identificar as
suas possibilidades e
deficiências
em
cada
etapa. Ao
colocar o
aluno
como co-participe de
seu
próprio
processo de aprendizagem, a auto-avaliação
ganha
um
papel preponderante na
aula,
pois
através dela o
professor de
ELE pode
pedir aos
alunos
para fazerem uma auto-análise das
estratégias
que utilizam
para
resolver uma
tarefa, dos
passos seguidos, das
principais
facilidades e
dificuldades encontradas
para
resolver os
exercícios, podendo deter-se
onde
realmente é
necessário (anexo 2). A
prática
não
só contribui
para a avaliação do
currículo,
como
também
ajuda a
dividir a
responsabilidade de
julgar e os
acertos e os
erros no
curso e no
programa. Os
Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998: 80) fomentam esta
prática:
Em uma avaliação formativa
interativa há procedimentos
constantes e personalizados envolvendo
professor e
alunos, a
partir de
critérios
não
apenas normativos,
mas
principalmente
pessoais,
que irão
envolver, da
parte do
professor, uma
reflexão
sobre
si
mesmo (sua
auto-avaliação) e
sobre os
alunos, e, da
parte dos
alunos, uma auto-avaliação e uma avaliação do
professor. A participação dos
alunos no
processo avaliativo é
fundamental
para
que
fique garantida a
interação
e a
pluralidade
das
visões.
Ressaltamos
que a auto-avaliação
não deve
ser
feita
somente
pelo
aluno,
mas
também
pelo
professor. O
professor
assim,
como o
aluno deve avaliar-se e
deixar
ser avaliado
pelos
alunos.
Para
que possamos
incutir no
professor a
importância da auto-avaliação, pedimos ao
término do
curso
que
ele avalie o
seu
nível de aprendizagem no
curso e a
importância da
mesma
para o
seu
uso
profissional.
Como a
prática da auto-avaliação
não é uma
constante
em
nosso
universo
escolar, o
professor muitas
vezes
não sabe
como avaliar-se.
Entretanto,
quando
começa a fazê-lo,
atenta
para o
nível de
compreensão do
curso e a
importância da
mesma
para o
planejamento
futuro, a
escolha de
novos
materiais,
enfim percebe a auto-avaliação
como uma
informação
que
alimenta o
processo de
ensino e aprendizagem.
A
elaboração
dos
instrumentos
de avaliação
características
Em uma
segunda
etapa de
nosso
curso, analisamos
com os
docentes os
instrumentos de avaliação
que utilizam
com
seus
alunos nas
aulas de
ELE. Esta
parte é
importante no
curso
pois,
leva o
docente a
perceber
que
um
instrumento de avaliação
para
ser
válido deve
possuir
certas
características
que facilitam a
sua
confecção
por
parte dos
discentes e
que permitem
apresentar
resultados
idôneos.
Sobre estas
características, Palencia de
Burgos (1990: 225)
nos informa
que “tres son los más
importantes: validez, fiabilidad y
viabilidad; es decir, adecuación de los
objetivos, consistencia en los
resultados y
fácil aplicación en la situación
correspondiente”.
Contudo, na
ficha
que utilizamos
com o
professor
para a
análise dos
instrumentos de avaliação
feito
com os
docentes, acrescentamos outras às relacionadas
pelo
autor
por
considerar
que a
ausência destes
itens prejudicaria a
qualidade
tanto do
instrumento de avaliação
quanto da
correção:
comandos
claros,
pontuação das
questões explícitas, barema,
padrão de
resposta,
entre outros.
Uma das primeiras
análises
que fazemos no
instrumento de avaliação é
verificar a
sua validez. A validez de uma
instrumento se refere a sua validade
para
medir
corretamente as
habilidades
ou os
conhecimentos
que pretende
medir,
ou seja; se os
exercícios propostos na avaliação
são
válidos
para
mensurar os
conteúdos
que se propõem
medir. Os
Parâmetros Curriculares
Nacionais (1998: 79)
sobre
este
tópico adverte
que: “Ao se
preparar
um
teste é
fundamental
ter
clareza do
propósito no
uso daquele
instrumento, o
que
vale
dizer,
ter
clareza a
respeito do
que se está avaliando”.
Portanto, faz
parte desta
característica a
clareza no
enunciado das
questões. Estas
não devem
apresentar
dificuldades de
interpretação
para os
alunos. Se
grande
parte da
turma
não compreende o
que
deseja o
professor
com aquela
pergunta é
porque o
comando
não está
explícito o
suficiente e, o
enunciado
ou
toda a
questão devem
ser
refeitos.
Outro
item de
nossa
análise é
quanto à confiabilidade do
instrumento de avaliação.
Este
item está
diretamente relacionado à
consistência dos
resultados apresentados. Existem
dois
tipos de confiabilidade: a da
correção e a da
própria
prova. A da
correção está relacionada à
objetividade e subjetividade da
prova.
Um
instrumento de avaliação objetivo –
questões de
múltipla
escolha,
testes de
lacunas, de
falso
ou
verdadeiro, de classificação, de
respostas
abertas controladas – admite
apenas uma possibilidade de
resposta. Os
critérios de
correção
para
estes
instrumentos
são
mais fáceis
porque as
respostas
para as
questões
serão
sempre as mesmas
para
todo o
grupo,
independente do
momento
ou de
quem corrigirá.
Com
um
simples
padrão de
respostas
ou
gabarito o
professor é
capaz de
realizar a
correção
porque
não há
mais de uma possibilidade de
resposta
para
cada
pergunta.
No
entanto,
um
instrumento de avaliação
subjetivo
ou
aberto,
em
que se pede
para
analisar,
sintetizar,
dissertar
ou
criar, deve-se
estabelecer
critérios de
correção
bem delimitados e
precisos
para
diminuir a subjetividade do
corretor,
independente se
este é
um
ou se
são
vários. É
necessário
que se estabeleça,
além do
padrão de
resposta,
um barema de
correção
onde todas as possibilidades de
respostas
aceitáveis estejam incluídas
para
que
não haja
diferenças
entre as
correções e,
como
tal,
nos
resultados apresentados. No barema, o
professor deverá
atribuir
critérios de apreciação
que permitam
definir os
valores da
correção.
Por
isso, a avaliação
aberta
não pode
ser elaborada
sem uma
expectativa de
respostas e de
distribuição de
valores
que diminuirão ao
máximo a subjetividade do
corretor.
Destacamos
também
com os
docentes
que
em
qualquer
instrumento de avaliação, os
alunos devem
conhecer o
valor atribuído
pelo
professor à
questão,
além dos
critérios de apreciação da correção.
Considerações
finais
Ao
término do
curso, pedimos uma
vez
mais
que os
docentes respondam às
questões da
reflexão
que responderam no
início. Neste
momento, compreendemos
que as nossas
reflexões ao
longo do
curso,
mais a auto-avaliação
pedida conduzem a
novas
experiências na
práxis do
docente de
ELE. Os
depoimentos dos participantes
são
eloqüentes no
que diz
respeito à mudanças no
processo de
avaliar o
discente e a
si
próprio:
Estas
aulas foram de
grande
importância
para
nós
que somos
professores
porque é indiscutivelmente
necessário
que saibamos
como
avaliar
nossos
alunos e
principalmente o
nosso
trabalho. (I-6)
Parece-me
bom a
prática na
aulas (fazer e
discutir avaliações),
pois
assim “avaliamos a avaliação”,
além de mudarmos a
nossa
maneira de
elaborar uma
prova e as
considerações
que devemos
ter
com as
respostas dos
alunos. (I-10)
As
aulas foram interessante
porque
nos deu
outra
visão do
que é
em
si a avaliação.
Através dela, percebemos o
que está indo
bem e o
que necessitamos
melhorar. (I-18)
Este
curso
nos acrescentou uma
visão
mais amplia do
processo avaliativo e no
que
me diz
respeito,
me despertou
para
detalhes
importantes no
momento de
elaborar uma
prova. (I-2).
Sabemos
que
ainda há
um
longo
caminho a
percorrer,
já
que a
problemática da avaliação
escolar e,
principalmente
em
língua
estrangeira é uma
discussão
antiga
cujo
término
não parece
estar
próximo. O
tema é
vasto e
complexo. As
discussões
que o
tema
fomenta
nos
cursos ministrados demonstram
que
ainda há
muito a
ser discutido.
Nossas
reflexões pretendem
apenas
diminuir as
dificuldades
que
nós,
professores de
ELE, encontramos
quando devemos
avaliar
um
aluno
ou
confeccionar
um
instrumento de avaliação. Desejamos
principalmente,
desmistificar o
tão temível
dia da
prova.
Este será
todos os
dias e a
qualquer
momento. Estamos
constantemente avaliando os
nossos
alunos e sendo avaliados
por
eles. A avaliação é
um
ato
constante no
processo
educativo,
mas uma avaliação
qualitativa e
não
somente
quantitativa. Pretendemos
com nossas
discussões
humanizar a avaliação,
refletir
sobre os
seus
propósitos e
questionar a
sua
validade.
Só a
reflexão
leva à
mudança. Uma
pequena
semente está sendo plantada, a da
mudança. Se
cada
professor
que reflete
conosco
sobre o
processo de avaliação,
mudar
um
pouco
que seja, a
sua
visão
sobre o
ato de
avaliar,
talvez estejamos
prontos
para
enfrentar as
novas
demandas
que o
futuro
nos propõe e
pensar
em
novas possibilidades
para uma avaliação
cada
vez
mais
eficaz de
todos os
componentes
que intervem no
processo de
ensino e aprendizagem de ELE.
referências Bibliográficas
BRASIL,
Secretaria de
Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares
Nacionais:
terceiro e
quarto
ciclos do
ensino
fundamental:
língua
estrangeira. Brasília, MEC/SEF, 1998.
DÍAZ
BARRIGA, Ángel, 2001: El examen. In: –––. Docente y
programa. Lo institucional y lo didáctico.
2ª ed. Buenos Aires.
Rei Argentina, p. 123-46.
EGUILUZ PACHECO.
Juan; EGUILUZ PACHECO, Ángel. “La evaluación del
componente
gramatical.”
In: CARABELA 43. La enseñanza de la
gramática en
el
aula
de E/LE. Madrid: Sgel, 1998, p. 109-125.
GARCÍA
SANTA-CECILIA, Álvaro. Avaliação. In: –––. El
currículo
de español
como
lengua extranjera.
Madrid: Edelsa, 1995, p. 165-176.
PALENCIA DE
BURGO, R. La
evaluación
como
diagnóstico
y control. In: P. Bello et al. Didácticas de las segundas
lenguas: estrategias y
recursos
básicos. Madrid: Santillana, 1990, p.
220-44.
Anexo 1
Modelo de uma avaliação de
metodologia de
base
comunicativa
1–
Inventa un pequeño
diálogo
para las situaciones propuestas. (Mínimo
de 2 preguntas y 2 respuestas) (1,0
cada)
a) Un
amigo
te invita a
ver
una
exposición esta
tarde, tú
aceptas y dile la
hora y el
lugar del
encuentro.
b) Llamas a un
amigo, él no
está y le dejas un mensaje.
c) Una
amiga
te pregunta
sobre
tus
vacaciones, contestas diciendo adónde fuiste y qué hiciste.
2– Expresa las siguientes órdenes.
No
te olvides las
fórmulas de cortesía y el tiempo
verbal correcto: (0,5
cada)
a)
Pedir a
tu hermana
para ponerse al teléfono.
b)
Pedir a los niños
para salir de la calle inmediatamente.
c)
Pedir al
revisor
para darte el billete del tren.
3– ¿Qué utilizarías
para.... (0,5
cada)
a) desear
una buena
prueba a
tu hermano?
b) expresar probabilidad de salir esta noche?
4– Atienda a lo
pedido. (debes
utilizar
como
mínimo 5 (cinco)
verbos
diferentes y no escribir
menos de 4 líneas) (1,5
cada)
a) Cuéntanos, cuando
eras joven,
tus
hábitos y costumbres en los fines de
semana..
b) Expresa
tu opinión
sobre la
última
película/libro
que has
visto/leído.
¡SUERTE!
Anexo 2
Modelos de
perguntas
para a auto-avaliação do aluno.
(Para
língua instrumental –
leitura sociointeracional))
Modelo 1
1– Escreva as
palavras desconhecidas.
¿Necessita
saber o
significado destas
palavras
para
compreender o
texto? Se
realmente necessita, intente
inferir os
seus
significados
através do
contexto.
2–
Para
resolver o
exercício 1
você utilizou...
¨
o
seu
conhecimento
sobre o
assunto do
texto?
¨
o
seu
conhecimento
prévio?
¨
as
idéias
anteriores/posteriores
às
palavras desconhecidas
para
chegar a
um
possível
significado?
Modelo 2
1– Existe
algum
parágrafo
que
você
não
compreendeu
bem?
Escreva o
número
e procure
analisar
qual
foi a
causa
da
dificuldade:
¨
Falta de
conhecimento
prévio?
¨
Problema
gramatical? (qual?)
¨
Estratégias de
leitura
ineficazes?
¨
Dificuldade de
distinguir os
pontos
principais dos
secundários?
¨
Dificuldade
em
identificar a
introdução e a
conclusão?
¨
Outros;
especificar.
¨
2– Auto-avaliação:
a)
Avalia a
sua
compreensão do
texto (ex. 50%, 80%): __________
b) Avalia a
suas
respostas aos
exercícios (50%) : _______________
...........................................................................................................................................................
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