Edição Crítica
e Diplomático-interpretativa
do
ContoPretensão”,
de Edegard Gomes,
Escritor Carioca

Ricardo Tupiniquim Ramos (UNEB e IESCO)

 

introdução

O autor e seu contexto

Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 28 de setembro de 1916 – embora registrado em 10 de setembro do ano seguinte –, Edegard Gomes foi jornalista profissional, e dedicou-se, principalmente, à redação de atos e formas de correspondência, no serviço público federal.

Entre 1933 e 1971, trabalhou no Ministério de Educação e Cultura, aposentando-se como Assessor para Assuntos Legislativos. A partir de 1942, serviu, durante mais de 28 anos, no Gabinete dos Titulares do referido Ministério, exercendo, sucessivamente, funções de Auxiliar, Oficial, Assistente e Assessor de Gabinete, e desempenhando, eventualmente, funções de Subchefe de Gabinete. De outubro de 1961 a julho de 1962, ocupou o cargo de Diretor Geral do Departamento de Administração do MEC.

Ao mesmo tempo, e por mais de 25 anos, desempenhou atividades em revistas de medicina, tendo sido, até 1962, revisor e encarregado geral dos Anais Brasileiros de Dermatologia.

Entre 1952 e 1953, foi cronista do jornal carioca Vanguarda.

Em 1953, casou-se com dona Maria Amélia, com quem teve dois filhos, o engenheiro Edegard Jr. e a advogada e musicista Maria Cristina.

Em 1953, fez Curso de Redator de Programas Radiofônicos, no Serviço de Radiodifusão Educativa (Rádio MEC), do qual veio a ser, de 1962 a 1972, Redator de programas culturais. Em 1964, também redigiu programas culturais para a Rádio Roquette-Pinto, do Rio de Janeiro.

Desde 1963, realizou trabalhos de assessoria técnica na Presidência do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil, na Direção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e na Direção Administrativa da Associação Universitária Santa Úrsula.

Em 1969, começou a dedicar-se a ensino de redação. Ministrou cursos no MEC, para funcionários, no Centro de Educação Técnica do Estado do Rio de Janeiro, para alunos de cursos técnicos, no Serviço de Recrutamento e Seleção de Pessoal (SERES), para secretárias executivas, no Instituto de Administração e Gerência da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, para administradores de sociedades esportivas e na Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa, para funcionários.

Desde 1970 até aposentar-se completamente em 1981, atuou como Assessor da Presidência da Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa, da qual chegou a ser Vice-presidente.

Em 1974, pela Livraria Francisco Alves Editora, publicou o Manual de Redação, que teve uma segunda edição no ano seguinte, quando também lançou, pela Editora Cátedra, sua única obra literária publicada em vida, o volume de contos O bem do mal. No ano seguinte, 1975, publicou Aprenda Redação pela Editora .

Até quase o fim da vida, continuou a produzir literatura de boa qualidade e grande variedadepoemas, contos, crônicas, peças para teatro, memórias –, e a publicar parte de sua prosa em jornais cariocas.

Ao morrer, em 29 de agosto de 1998, deixou esposa, um casal de filhos e dois netos, além de volumosas biblioteca (cerca de 40 mil títulos, doados à Universidade Santa Úrsula) e discoteca erudita (cerca de 500 LPs de vinil) e de variada obra inédita, esta última cuidadosamente guardada em pastas classificadoras, que constitui o seu espólio literário, gentilmente cedido à pesquisa ecdótica pela família.

 

Questões editoriais relevantes do contoPretensão

Uma das primeiras questões com que sempre se depara o filólogo durante a edição crítica de um texto é a da datação e a classificação das variantes textuais.

No caso da edição crítica do conto Pretensão, de Edegard Gomes, inicialmente, deparamo-nos com duas variantes textuais, constantes em dois volumes de contos originais e inéditos, datiloscritos: As lembranças do escritor, datado de 1977, e Fidélia e outros contos, sem indicação de data. Passaremos à descrição desses dois volumes.

As Lembranças do Escritor são um conjunto de 21 contos presos em pasta classificadora por dois grampos do lado esquerdo. Reúne 65 folhas de papel ofício 1, datiloscritas em espaço 1,5 e enumeradas a mão, com tinta de cor preta, no canto superior direito (menos a última, que consta de sumário). O volume tem capa e folha de rosto, reproduzidas abaixo:

Caixa de texto:  
 
VIVALDI
 
 
 
 
As lembranças do escritor “3ª via”
reprodução da capa

Caixa de texto:  
 
VIVALDI
 
 
 
 
As lembranças do escritor
 
1977
reprodução da folha de rosto

Na capa d’As Lembranças do Escritor, a presença do pseudônimo Vivaldi e da indicação “3ª via” sugerem que o volume fora inscrito em concurso literário, o que se confirma com a descoberta, em pasta de documentos pessoais do autor, de cópia da ficha de inscrição em evento promovido em 1977 pela Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Ademais, o pseudônimo é indício do apurado gosto do autor por música erudita, sobretudo barroca, e de seu conhecimento do tema.

Por sua vez, Fidélia e outros contos são um conjunto de 26 contos presos em pasta classificadora por dois grampos do lado esquerdo. Reúne 87 folhas de papel ofício 1, datiloscritas em espaço 1,5, enumeradas no canto superior direito (exceto a última, que consta de um sumário). O volume tem capa e folha de rosto, esta reproduzida na próxima página.

Embora Fidélia e outros contos não seja um volume datado, graças a um detalhe da parte inferior de sua folha de rosto e a um pequeno trecho do conto Belinha, editado por membro de minha equipe de pesquisa, é possível estabelecer que ele foi confeccionado em antes de 1980 e refeito em 1982. Passemos, portanto, a expor os fatos que fundamentam essa datação.

Inicialmente, a biografia do autor, em parte levantada no início deste estudo, indica que ele se aposentou do MEC em 1980, ano de envio à editora Cátedra de dois volumes de contos para publicação. Contudo, apenas um desses veio a ser editado (O bem do mal); o outro, que cremos ser Fidélia e outros contos, permaneceu inédito.

Por informação colhida junto à família, sabemos que o último número de telefone da folha de rosto da obra em questão era o do gabinete do autor no Ministério; se aparece cortado, é porque o volume foi composto antes da aposentadoria e, como se tornou material para apreciação editorial, acabou recebendo algumas emendas manuscritas, entre elas, o corte do número telefônico em desuso (veja reprodução na próxima página). Assim, a primeira versão do volume Fidélia e outros contos foi composta entre 1978 e 1979, provavelmente nesse último ano.

Um trecho do conto Belinha, em que se cita uma quadra de canção infantil composta pelo próprio Edegard em homenagem ao nascimento de seu primeiro neto (Eduardo), garante-nos que as emendas manuscritas ao volume Fidélia e outros contos foram feitas em 1982, ano natalício dessa criança.

N’As Lembranças do Escritor, o conto Pretensão aparece nas páginas enumeradas 58 e 59, tendo, além do título, 31 linhas de texto na primeira página e apenas 4, na segunda. Em Fidélia e outros contos, aparece nas folhas enumeradas 46 e 47, tendo, além do título, 31 linhas de texto na primeira página e 23, na segunda. Percebe-se, portanto, que a versão constante em Fidélia e outros contos é maior, o que confirma ser ela uma reelaboração da encontrada n’As Lembranças do Escritor, o que a indicaria como versão mais próxima à última vontade do autor não fossem as emendas manuscritas nela constantes.

 

EDEGARD GOMES

 

 

 

 

 

“Fidélia” e outros contos

 

 

 

 

Endereço do autor:

Rua Honório de Barros, 38/701

Flamengo (CEP 22.250) Rio / RJ

telefones: 551-4615

220-2239 (12-18h.)

220-2240 (id.)

reprodução da folha de rosto

A propósito de emendas, ambas as versões do conto em foco as possuem, que na variante d’As Lembranças do Escritor, todas elas são datiloscritas e, ao que parece, surgiram a partir de erro de datilografia, sendo, portanto, incidentais, não tendo valor para o estabelecimento de uma variante textual. Por outro lado, as constantes em Fidélia e outros contos são também manuscritas em tinta azul ou vermelha, indicando alterações propostas ao texto. Assim, podemos afirmar que, nesse volume, existem duas variantes do conto: o texto datiloscrito e ele mesmo manuscritamente emendado. Isto nos permite estabelecer a cronologia das variantes textuais constantes no quadro da próxima página e, com base nessa classificação e cronologia das variantes textuais, é possível estabelecer os seguintes critérios para a edição crítica do texto:

a) considerar as alterações manuscritas uma nova variante do texto a ser registrada por meio de nota de rodapé:

 

 

variantes

volumes

datas

características

A

As Lembranças
do
Escritor

1977

texto sem emendas
textuais

B

Fidélia e outros contos

1978/1979

texto sem emendas
textuais

texto

Fidélia e outros contos

1982

texto com emendas
manuscritas

b) digitar o texto com letra do tipo arial 10 e espaçamento simples, com linha inicial de parágrafo 1 cm de afastamento da margem esquerda;

c) indicar o fim de linha do texto original com o sinal [ß];

d) indicar o início de página com o número entre colchetes, por exemplo: [46];

e) desdobrar abreviaturas, se houver, indicando as letras que faltam entre parênteses, por exemplo: para a palavra porque, abreviada pq no texto, escrever p(or)q(ue);

f) não indicar as emendas datiloscritas textualmente irrelevantes[1];

Como, além de estabelecer o texto crítico, pretendemos, também, divulgá-lo para o público não-especialista, decidimos realizar uma leitura diplomático-interpretativa para a qual adotamos os seguintes critérios:

a) elaborar a edição diplomático-interpretativa a partir da retirado de todos o aparato da edição crítica;

b) conservar da edição crítica o tipo e o tamanho de letra, a distância de afastamento da margem esquerda e o espaçamento entre linhas para o simples;

c) desrespeitar o fim de linha do texto original, unindo sílabas separadas de palavras;

d) não indicar o início de páginas.

Comparadas as variantes A e B e o texto crítico, percebe-se uma clara oposição este e esta, de um lado, e aquela do outro no que tange à quantidade de parágrafos. Como dito, esse dado também nos levou, no momento inicial de análise, a imaginar que a versão contida no volume Fidélia e outros contosgeratriz do exemplar B e do texto –, por ser maior, deveria representar uma reelaboração da versão de 1977.

De fato, essa impressão veio a se confirmar e na leitura crítica do contonotas que remetem às alterações de disposição de parágrafos, o que poderia servir, futuramente, a quem se interesse, de fonte de consulta para estudo de crítica genética.

A seguir, com base nos critérios acima dispostos, estabeleceremos o texto crítico e, em seguida, a sua leitura diplomático-interpretativa.

 

Leitura crítica do texto

[46]

PRETENSÃO

 

Laerte trabalhou em Ministério onde conheceu Osvaldo Borges, [ß] que, ainda moço[2], conquistou conceito como homem de comunicação, escrevendo [ß] interessantes crônicas para emissoras de rádio, através das quais [ß] comentava, com brilho e competência, assuntos da política brasileira. [3]

A par dessa atividade, que o tornou bastante conhecido e admira- [ß] do, sobretudo na área das elites, o jovem radialista depois se afir- [ß] mou também como profissional do Direito[4], graças a curso concluído com distinção, du- [ß] rante o qual se fez notar também pela promoção de publicações e simpó- [ß] sios de repercussão, a respeito de problemas de inte- [ß] resse social. Em conseqüência, cedo foi notado no campo da adminis- [ß] tração pública. Passou a ser convidado para colaborar com importantes [ß] repartições, junto de cujos dirigentes atuava como assistente técni- [ß] co, mas sem com qualquer deles assumir compromisso de exclusividade. [ß] Dava assessoramento sem vínculo empregatício, nem subordinação hora- [ß] ria. Realizava serviços eventuais e com isso recebia pagamentos de [ß] diversas fontes, ao mesmo tempo em que se tornava amigo de influen-[ß] tes funcionários graduados, por intermédio deles adquirindo cada vez [ß] mais prestígio e aumento de oportunidades de trabalho, sempre bem [ß] remunerado.

Foi nessa fase que Laerte conheceu o disputado assistente técni-[ß] co, constantemente chamado a no referido Ministério realizar estudos [ß] especiais.

Sempre vestido com elegância, Borges, embora educado, deu-lhe a [ß] impressão de ser pretensioso [5].

Pelo fato de haver mudado de repartição, Laerte perdeu-o de vis-[ß] ta durante algum tempo. Porém[6], por meio da imprensa, teve notícias de [ß] seus êxitos, não somente como consultor de órgãos públicos, mas de- [ß] pois igualmente[7] como empresário, freqüentemente ouvido por jornalistas [ß] acerca de diferentes assuntos[8].

Passados vários anos, voltaram a encontrar-se. então Borges [ß] era dono de importante banca de advocacia e bem sucedido em negócios.

[47]

Foi quando, para elaboração de trabalho jurídico, ele precisou [ß] examinar documentação histórica em arquivo em que Laerte passara a chefiar[9] se- [ß] tor, onde visitantes tinham acesso aos documentos. [10]

Como o ilustre advogado sempre o encontrava no setor, daí resul- [ß] tou relacionamento que a Laerte permitiu mostrar-lhe, um dia, velha [ß] carta, constante do arquivo. Tal carta, que o tempo amarelara, fora [ß] por Borges enviada a um Ministro, nos seguintes termos[11]:

 

Eminente Ministro:

Desvanecido com a acolhida dispensada por V. Exa. [ß] à minha pretensão, prontamente atendida, agradeço, pe- [ß] nhorado, ao ilustre Amigo.

O Sr. Ministro poderá ficar certo de que não se [ß] arrependerá pelo bem que me fez. Corresponderei à hon- [ß] rosa confiança de V. Exa. e serei sempre reconhecido [ß] pela sua generosa demonstração de interesse por mim[12]”.

Laerte mostrou-lhe a carta, esperou que a lesse e, curioso, perguntou[13]:

– O doutor ainda se lembra a propósito de que grande favor do [ß] Ministro agradeceu em termos tão efusivos? [14]

Borges olhou a carta com desdém e disse, [ß] confirmando a primeira impressão que dele ficara em La- [ß] erte, há muitos anos, quando pareceu pretensioso[15]:

– É... os Ministros sempre me renderam homenagens... [16]

 

Leitura diplomático-interpretativa

PRETENSÃO

 

Laerte trabalhou em Ministério onde conheceu Osvaldo Borges, que, ainda moço, conquistou conceito como homem de comunicação, escrevendo interessantes crônicas para emissoras de rádio, através das quais comentava, com brilho e competência, assuntos da política brasileira.

A par dessa atividade, que o tornou bastante conhecido e admirado, sobretudo na área das elites, o jovem radialista depois se afirmou também como profissional do Direito, graças a curso concluído com distinção, durante o qual se fez notar também pela promoção de publicações e simpósios de repercussão, a respeito de problemas de interesse social. Em conseqüência, cedo foi notado no campo da administração pública. Passou a ser convidado para colaborar com importantes repartições, junto de cujos dirigentes atuava como assistente técnico, mas sem com qualquer deles assumir compromisso de exclusividade. Dava assessoramento sem vínculo empregatício, nem subordinação horária. Realizava serviços eventuais e com isso recebia pagamentos de diversas fontes, ao mesmo tempo em que se tornava amigo de influentes funcionários graduados, por intermédio deles adquirindo cada vez mais prestígio e aumento de oportunidades de trabalho, sempre bem remunerado.

Foi nessa fase que Laerte conheceu o disputado assistente técnico, constantemente chamado a no referido Ministério realizar estudos especiais.

Sempre vestido com elegância, Borges, embora educado, deu-lhe a impressão de ser pretensioso.

Pelo fato de haver mudado de repartição.Laerte perdeu-o de vista durante algum tempo. Porém, por meio da imprensa, teve notícias de seus êxitos, não somente como consultor de órgãos públicos, mas depois igualmente como empresário, freqüentemente ouvido por jornalistas acerca de diferentes assuntos.

Passados vários anos, voltaram a encontrar-se. Já então Borges era dono de importante banca de advocacia e bem sucedido em negócios.

Foi quando, para elaboração de trabalho jurídico, ele precisou examinar documentação histórica em arquivo em que Laerte passara a chefiar setor, onde visitantes tinham acesso aos documentos.

Como o ilustre advogado sempre o encontrava no setor, daí resultou relacionamento que a Laerte permitiu mostrar-lhe, um dia, velha carta, constante do arquivo. Tal carta, que o tempo amarelara, fora por Borges enviada a um Ministro, nos seguintes termos:

 

“Eminente Ministro:

Desvanecido com a escolha dispensada por V. Exa. à minha pretensão, prontamente atendida, agradeço, penhorado, ao ilustre Amigo.

O Sr. Ministro poderá ficar certo de que não se arrependerá pelo bem que me fez. Corresponderei à honrosa confiança de V. Exa. e serei sempre reconhecido pela sua generosa demonstração de interesse por mim”.

 

Laerte mostrou-lhe a carta, esperou que a lesse e, curioso, perguntou:

doutor ainda se lembra a propósito de que grande favor do Ministro agradeceu em termos tão efusivos?

Borges olhou a carta com desdém e disse, confirmando a primeira impressão que dele ficara em Laerte, há muitos anos, quando pareceu pretensioso:

– É... os Ministros sempre me renderam homenagens...

 

Referências Bibliográficas

GOMES, Edegard. Fidélia e outros contos. Rio de Janeiro: [s/ed., s/d.]. [mimeo].

––––––. Manual de redação. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.

––––––. Aprenda redação. Rio de Janeiro: , 1975a.

––––––. O bem do mal: ensinamentos recolhidos de problemas. Rio de Janeiro: Cátedra, 1975b.

––––––. As lembranças do escritor. Rio de Janeiro: [s/ed.], 1977. [mimeo].

LAUFER, Roger. Introdução à textologia: verificação, estabelecimento, edição de textos. São Paulo: Perspectiva, 1980.

SCHLEIERMACHER, Friedrich D. E. Hermenêutica: arte e técnica da interpretação. Petrópolis: Vozes, 1999.

SPINA, Segismundo. Introdução à edótica. São Paulo: Cultrix; EDUSP, 1977.


 


 

[1]casos em que o autor cometeu um erro de datilografia, como, por exemplo, trocar as letras de uma palavra: escrever “mias” pormais”, riscar o erro com uma seqüência de “xxxx” e escrevermais” ao lado.

[2] Var. B: que moço

[3] Var. A: Quando moço, conheci, no Ministério da Justiça, o Dr. Osvaldo Borges, bacharel recém formado que era convocado pelo então titular daquela pasta a realizar estudos especiais.

[4] Var. B: Direito concluído com distinção e durante o qual se fez notar ainda pela promoção de publicações e simpósios, de repercussão, porque versando...

[5] Var. A (2o parágrafo do texto): Lembro-me de que na época o Dr. Borges era magro, introvertido, vestia-se com apuro e dava-me a impressão de ser pretensioso.

[6] Var. B: Mas,

[7] Var. B: depois também

[8] Var. A (3o parágrafo do texto): Pelo fato de haver mudado de repartição, perdi-o de vista. Mas, através da imprensa, tive notícias de seus sucessos como causídico e industrial, freqüentemente mencionado sobretudo nas colunas sociais.

[9] Var. B: Laerte chefiava setor no

[10] Var. A (4o parágrafo do texto): Passados muitos anos, voltei a encontrar-me com o então próspero advogado e empresário. Foi quando, para elaboração de trabalho jurídico, ele precisou fazer, em dias sucessivos, pesquisa no Arquivo do referido Ministério, onde eu chefiava um setor.

Var. A (5o parágrafo do texto): Com cabelos grisalhos e menos magro, o Dr. Borges pareceu-me continuar preocupado com elegância, a julgar pela sua impecável indumentária.

[11] Var. A (6o parágrafo do texto): Tendo ele de falar-me sempre que chegava no Setor, {nas} daí nasceu razoável relacionamento, que me permitiu mostrar-lhe, um dia, velha carta, constante do arquivo. Tal carta Dora por ele enviada, ainda jovem, ao Ministro, nos seguintes termos:

[12] Var. A: interesse pelo meu futuro.

[13] Var. A (7o parágrafo do texto): Mostrei-lhe a carta, esperei que a lesse e, curioso, perguntei:

[14] Var. A (8o parágrafo do texto): — Ainda se lembra a propósito de que grande favor do Ministro o doutor agradeceu em termos tão efusivos ?

[15] Var. B: Borges olhou a carta com arrogância e disse, sur surpreendentemente, porém confirmando a impressão que dele ficara em Laerte, há muitos anos, quando lhe pareceu pretensioso:

Var. A (9o parágrafo do texto): O Dr. Borges olhou-me desdenhosamente e disse, surpreendendo-me, [59] porém confirmando s primeira impressão que dele recolhera há mais de 20 anos:

[16] Var. A (10o parágrafo do texto): — É, meu caro, desde aquele tempo os Ministros me rendem homenagens...

 

...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos