O
MEIO
AMBIENTE E O
LIVRO
PARA
CRIANÇAS E
JOVENS
A
CONTRIBUIÇÃO
PARA UMA
NOVA
ÉTICA
Rosa Maria
Cuba Riche (UERJ)
Escrever estas
páginas é
como
permitir
que a
árvore
que foi plantada
dentro de
mim floresça. Pelas
minhas
lembranças, espero
que
vocês conheçam e amem
nossos
povos, aprendendo ao
menos
um
pouco de
tudo o
que
eles
ainda têm a
nos
ensinar. (Índia
Sulami Katy)
As
relações
entre o
homem e o
meio
ambiente, a subjetividade e a
exterioridade encontram-se comprometidas nessa
sociedade
chamada do
conhecimento e da
comunicação, criando
cada
vez
mais
comunicação e
solidão
entre as
pessoas. A
incapacidade dos
meios
técnicos e
científicos de
reequilibrar as
atividades
sociais úteis
sobre o
planeta,
associada a
também
incapacidade das
forças
sociais organizadas e das
formações subjetivas constituídas de se
apropriar desses
meios
para torná-las operativas apontam
para a
necessidade de
construir
um
novo ethos civilizacional
que deve
emergir da
natureza
mais
profunda do
ser
humano, dos
elos
afetivos, da
convivência, do
cuidado. A
arte permite essa
identificação
através da
emoção catártica, e o
livro
literário
para
crianças e
jovens pode
contribuir
para
um
novo
modo de
viver,
para o
estabelecimento de uma
nova
ética,
que
vê o
mundo
sob uma
nova
ótica.
Que relações se estabelecem entre a
literatura, o meio ambiente e os livros para crianças e jovens? Em que medida
essa literatura poderia criar uma nova ética?
Para
pensar
melhor essas
questões, é
preciso
olhar o
contexto sócio-cultural no
qual o
homem está inserido e os
reflexos na
estética dos
livros produzidos
para
crianças e
jovens.
O
contexto
sócio-cultural
Ao
analisar as
relações
entre o
homem e o meio-
ambiente no
início da
década de 1990, Felix Gattari
já sinalizava “
para uma
progressiva
deterioração”. (GATTARI, 1990: 7).
Para
ele,
não se pode
dissociar o
estudo do meio-ambiente do
estudo das
relações humanas,
ou seja, das
relações do
homem
com o
meio e do
homem
com o
seu
semelhante.
Ele observa
que as
redes de
parentesco se fragilizam, a
vida
doméstica vem sendo alterada
pelo
consumo da
mídia, as
relações conjugais, as
familiares e as de
vizinhança ganham
arranjos,
ditados
pela
nova
ordem
social.
Isso significa
dizer
que a
relação da subjetividade
com a
exterioridade seja
ela
social,
animal,
vegetal, cósmica encontra-se comprometida, numa
espécie de
movimento
geral de
implosão e infantilização
regressiva. (GATTARI, 1990: 7).
Apesar da
sociedade
estar tomando
consciência
parcial dos
perigos
mais
evidentes
que ameaçam o meio-ambiente
natural de nossas
sociedades, a
preocupação,
em
geral se
volta
para uma
abordagem dos
danos
industriais,
sempre numa
perspectiva
tecnocrata, ao
passo
que
só uma
articulação ético-política- a
que
ele
chama de ecosofia-
entre os
três
registros
ecológicos (o do meio-ambiente, o das
relações
sociais e o da subjetividade
humana) é
que
poderia
esclarecer
convenientemente
tais
questões.
O
que preocupa o
estudioso é a
maneira de
viver
sobre o
planeta, no
contexto de
aceleração técnico-científico e de
um
considerável
crescimento demográfico.
Com a automatização
progressiva redobrada
pela
evolução da
informática;
cada
vez
mais haverá uma
quantidade
maior de
tempo
disponível de
atividade
humana.
Leonardo Boff, no
final da
década de 1990,
avança os
estudos nessa
linha e acrescenta
que essa
sociedade
chamada do
conhecimento e da
comunicação está criando contraditoriamente
cada
vez
mais
comunicação e
solidão
entre as
pessoas. (BOFF, 1999: 12)
Conectados à
grande
rede de
computadores,
milhares de
pessoas pagam
contas, assistem a
um
filme, pedem
comida, visitam
museus
sem
sair de
casa. As
relações
com a
realidade
concreta
com
cheiros,
cores,
sensações,
contradições passou a
ser mediada
pela
imagem.
Essa anti-realidade
afeta a
vida
humana no
que
ela tem de
mais
fundamental: o
cuidado e a
compaixão. O
cuidado,
para Boff, é o
suporte
real da
liberdade, da
criatividade e da
inteligência. Nele se
encontra o ethos
fundamental do
homem,
quer
dizer, no
cuidado identificamos os
princípios, os
valores e as
atividades
que fazem da
vida
um
bem
viver e das
ações
um
reto
agir.
O logocentrismo, a
Razão instrumental
que organiza
tudo e marcou a Modernidade, sufocou outras
razões, oprimiu
nações periféricas, submetendo-as a
pilhagem.
Por
trás do
edifício da modernidade
científico
técnica há uma
filosofia; o
realismo materialista
que imagina
que as
realidades existem
como
objetos
independentes, esquece
que
não há
objeto
sem
sujeito e
sujeito
sem
objeto.
Hoje a
física quântica demonstrou uma
profunda interconexão de
tudo
com
tudo e a
ligação
indestrutível da
realidade
com o
observador:
não há uma
realidade
em
si desconectada da
mente
que
pensa. (BOFF, 2001: 24)
A tendência à re-ligação, religião já
apontada por Fernando Aínsa em seus estudos sobre a América Latina, ganha um
novo olhar quando Boff acrescenta que esse fenômeno se dá não por determinada
religião, mas pela espiritualidade. (BOFF, 2001:26). Há um aumento da
solidariedade para com as populações dizimadas por catástrofes naturais ou pela
fome.
Há um notável esforço de superação do
patriarcalismo e de fortalecimento da dimensão da anima no homem e na mulher,
pelo apoio às minorias, negros povos originários, deficientes. A espiritualidade
cósmica volta a animar os espíritos sensíveis.
Para Gattari,
não haverá uma verdadeira
resposta à
crise
ecológica a
não
ser
em
escala
planetária e
com a
condição de
que se opere uma
autêntica
revolução
social e cultural, reorientando os
objetivos da
produção de
bens
materiais e
imateriais.
Essa
revolução deverá
concernir
não
só às
relações de
forças
visíveis
em
grande
escala,
mas
também aos
domínios moleculares de
sensibilidade, de
inteligência e de
desejo.
Isso significa
dizer
que
não é
possível
pensar o meio-ambiente
sem
pensar nas
relações do
homem
com o
meio e do
homem
com o
próprio
semelhante. Dialogando
com Boff, a
medida
que essa
sociedade
avança tecnologicamente na
produção de
serviços e
bens
materiais, produz excluídos, empobrecidos;
quase
dois
terços condenados a
morrer de
fome. (BOFF, 1999: 12)
De
um
lado, há o
desenvolvimento
contínuo de
novos
meios técnico-científicos
potencialmente
capazes de
resolver as
problemáticas ecológicas
dominantes e determinam o reequilíbrio das
atividades
sociais úteis
sobre a
superfície do
planeta e de
outro
lado a
incapacidade das
forças
sociais organizadas e das
formações subjetivas constituídas de se
apropriar desses
meios
para torná-los operativos.
Importa
construir
um
novo ethos,
em
seu
sentido
originário
grego
que significa a
toca do
animal
ou
casa
humana, temos
que
reconstruir a
casa
humana comum- a terra-
para
que nela
todos possamos
caber. “ a
casa
humana
não é
mais o estado-nação,
mas a
Terra
como
pátria/mátria
comum da
humanidade. (BOFF, 2001: 22).
Um
novo ethos civilizacional deve
emergir da
natureza
mais
profunda do
ser
humano, devemos
beber da
própria
fonte,como diz o
índio Daniel Munduruku, auscutar
nossa
natureza
essencial,
consultar
nosso
coração
verdadeiro. “ Uma
nova
ética nascerá de uma
nova
ótica” (BOFF, 2001: 28).
“ E
qual será essa
nova
ótica? De
que ethos precisamos? Daquele
que se opõe à
falta de
cuidado, ao
descuido, ao
descaso, ao
abandono.” (Idem)
Compaixão é o
valor
fundamental do
paradigma
ético.
Compartilhar a
própria
paixão
com as
emoções do
outro.
Em que medida o livro para crianças e
jovens pode contribuir para um novo modo de viver, para uma nova ética?
Construímos o
mundo
através de
elos
afetivos,
Não habitamos o
mundo
só
através do
trabalho,
mas
através de
relações;
elas remetem ao
sentir, ao
viver, ao
conviver. As
ligações fazem
com
que as
pessoas sejam
responsáveis. A
sinergia é a
cooperação de
todos
com
todos.
Tudo está urdido numa
relação
energética. A
arte permite essa
identificação
através da
emoção catártica (do
sentimento);
em
relação à
literatura, é o
prazer da
leitura
que seduz o
leitor. O pathos
nos faz
sensíveis e
reativos.
O livro de literatura infantil,
transformado em bem cultural dessa sociedade de consumo, ganha novos contornos.
Uma vasta produção anual de livros para crianças e jovens chega ao mercado e
alcança as mãos desse público leitor, sem passar pelas livrarias nem aparecer
nas listas dos mais vendidos.
Tentaremos
aqui
dialogar
com Gattari e Leonardo Boff, fazendo
um recorte da
produção
brasileira, levando
em
conta o
critério
qualitativo
em
detrimento do
quantitativo e voltada
para o
tema
ecologia
em
seu
sentido
mais
amplo
que envolve as
relações
interpessoais. Nesse
artigo,
parte uma
pesquisa
mais
ampla, priorizamos a
produção do e
sobre as
relações
entre o
índio e o
meio
ambiente.
A
produção,
as
relações
interpessoais,
o
meio
ambiente
e o
livro
para
crianças
e
jovens
Na
tentativa de
discutir o
real, as
diferenças
sociais,
livros
como “Uólace e João Vítor”, de
Rosa Amanda Straus, premiado
pelo
Júri da
Fundação
Nacional da
Literatura
Infantil e
Juvenil,
Seção
Brasileira do International Board on Books for
Young People, ganham
adaptação
para as
telas da TV
como
episódio da
série “Cidade dos
homens”, na
esteira do
sucesso do
filme “Cidade de
Deus”,
recorde de
bilheteria do
cinema
nacional.
Aids,
separação de
pais,
reorganização
familiar,
problemas de
identidade de
adolescentes, as primeiras
incursões amorosas e
suas
conseqüências, a
exclusão
social,
temas difíceis de serem
tratados
com a
delicadeza e a literariedade
que merecem,
são publicados
por
grande
parte das
editoras.
Nem
sempre
com a
qualidade
literária de
textos
como “Tchau”, “O
abraço” e “Seis
vezes Lucas” de Lygia Bojunga Nunes, “A
cristaleira” de Graziela Bozano Hetzel (Ouro,
1995)
ou
mesmo os
contos de
Marina Colasanti,
esses
temas
são transformados, na
grande
maioria das
vezes,
em
histórias facilmente digeríveis
por
um
público
leitor
em
formação.
O re-encantamento da
literatura
latino-americana, apontado
por Fernando Aínsa, pode
também
ser
observado numa
fatia da
produção
brasileira voltada
para
crianças e
jovens. Há uma
recuperação de
mitos
indígenas,
não
só recolhidos
por
escritores e
folcloristas e descritos
pelo
olhar do
homem
branco,
mas
também os relatados
pelos
próprios
índios,
sob o
ponto de
vista do dominado e
um
interesse
pelo reconto das
narrativas
orais do
continente
africano,
em
que a
proximidade
entre
homem e
natureza está
também
presente.
Mas
que
relações há
entre o
homem, a
natureza e a
cultura (ação do
homem no
meio
ambiente)
que
nos levam a
incluir essas
narrativas nesse
estudo?
Para
entender
melhor, dialogamos
com Alfredo Bosi, ao
retomar a
origem do
termo
cultura/colo,
que
deriva de
outro
particípio: o
futuro culturus, o
que vai
trabalhar, o
que se
quer
cultivar. (BOSI, 1992: 160) na
forma
substantiva, aplica-se
tanto à
labuta do
solo –
agricultura –
quanto ao
trabalho
feito no
ser
humano
desde a
infância; nesta
última
acepção vertia
romanamente o
grego Paidéia.
Agricultura,
cultura,
educação e
linguagem estão intimamente relacionadas.
Assim, no
viés da
produção
para
crianças e
jovens
que tematiza a
cultura
indígena, o
cotidiano e o
imaginário, gostaríamos de
ressaltar a
Série Morená (Melhoramentos 1986/90),
com
texto e
ilustrações de Ciça Fittipaldi,
que apresenta
mitos das
diferentes
tribos
indígenas brasileiras. Morená significa,
para os
índios kamaiurá, o
grande
criador.
Cada
título reconta
mitos de
tribos
que habitam
diferentes
regiões brasileiras (Carajás,
Araguaia;
Nambiquara, Rondônia; Yanomani, Roraima; Macuxi, Roraima;
Camaiurá, Xingu). A
série
composta
por
oito
títulos é o
resultado de
pesquisas antropológicas e artísticas realizadas
pela autora. Na
última
página de
cada
livro, há
informações
sobre a
localização
geográfica, o
cotidiano, os
hábitos e a
cultura, envolvendo
mitos e
rituais de
cada
tribo.
Em
alguns
títulos, a autora utiliza
elementos
gráficos de
desenhos executados
pelos
próprios
índios.
Quantos aos
textos, a autora baseia-se
em relatos
indígenas,
registros
feitos
pelos
irmãos Villas Bôas,
pesquisas etnológicas realizadas
pelo
projeto Saterê-Maué -
Centro de
trabalho indigenista e numa
vasta
bibliografia especializada. A
série recebeu da
Associação
Paulista de
Críticos de
Arte (APCA) o
Prêmio
destaque
especial
em
Literatura
Infantil de 1986 e foi comprada
pelo MEC
através da FAE
para o
Projeto de
Educação
para o
Nordeste.
A
Coleção Paxaxá de Cláudio e Orlando Villas Bôas (Kuarup,
1986/1990) reúne
histórias de
índio
para
crianças, ouvidas no
decorrer de quarenta
anos de
convivência dos
dois
irmãos
com as
tribos
indígenas do Xingu – Brasil
Central. As
histórias
não foram criadas
pela
imaginação dos
autores.
Como as
crianças gostam de
ouvir
narrativas fantásticas, as índias
também ficam atentas às
narrações dos
velhos, ouvindo
falar dos
feitos
prodigiosos de
seus
heróis, relata Orlando, na contra-capa dos
livros. Preocupados
em
aproximar as duas
culturas, os
autores colocam
um “
Vocabulário” de
palavras
indígenas ao
final de
cada
livro. Nessa
coleção, os
irmãos Villas Bôas recuperam
hábitos,
cultura,
mitos,
lendas e o
imaginário contido na
tradição
oral dos
índios, preservando-os do
esquecimento,
através de
um
olhar
mestiço,
tal a
identificação e
proximidade
que gozavam nas
aldeias do
Alto Xingu.
Em 1996, Daniel Munduruku,
índio da
tribo Munduruku, lançou
Histórias de
índio (Cia. das Letrinhas). A
obra reúne
contos,
crônicas e
informações
sobre os
povos
indígenas do Brasil e
sua
diversidade,
língua,
hábitos e
costumes,
além de
bibliografia
básica
sobre o
assunto. Nascido e
criado
como
índio, na
cidade de Belém, Munduruku cresceu embalado pelas
histórias contadas
pelos avós e
tios.
Parte dessas
histórias se perderam no
tempo
por
falta de
registro. A
oportunidade de
estudar,
trabalhar
com
crianças na zonal
rural de Manaus, na
periferia e na
Praça da
Sé
em
São Paulo, aliadas aos
estudos de
Pós-graduação na USP levaram-no a
desenvolver
pesquisas
sobre o
seu
povo.
Hoje escreve as
histórias
que os
povos
indígenas contam,
seus
mitos.
Em 2000, publicou
Coisas de
índio:
um
guia de
pesquisa (Callis).
Como o
próprio
subtítulo informa, colocam o
leitor
em
contato
com o
universo cultural,
social,
religioso, os
mitos, as
cosmologias e
com a
arte
através das
ilustrações.
O
trabalho de
pesquisa de Munduruku gerou
outros
frutos
entre
eles:
Meu
avô Apolinário,
Banquete dos
deuses,
Coisas de
índio
para
crianças (2003) e
outros. A
passagem do
registro de relatos à
ficção faz-se
naturalmente. Procurando
reproduzir o
ritmo de uma
narrativa mítica, o
autor
usa os
mitos de
seu
povo
para
passar a
idéia de veracidade ao
texto.
Assim O
segredo da
chuva, publicado
em 2003, baseia-se na
crença de
que há
um
mundo
subterrâneo de
onde os
ancestrais saiam
por
curiosidade e passaram a
habitar a
parte “ de
cima” da
terra.
Também nesse
mesmo
ano, publica
Você lembra
Pai?,
livro de
memórias
que une
pai,
filho e
leitor.
Em 2004, Munduruku publica sabedoria das
águas em que “conta a história do índio Koru, a história de todos os que escutam
o chamado da natureza.”(MUNDURUKU, 2004)
A
tradição
indígena transmitida de
geração a
geração
ganha
mais
espaço
com a
Coleção
Memórias
Ancestrais, dirigida
por Munduruku.
Composta de doze
títulos,
cada
um é dedicado a
resgatar os
ensinamentos das diversas
nações
indígenas brasileiras.
Com a participação de Heloisa Prieto e do
próprio Munduruku, a
índia Sulami Katy publica
Meu
lugar no
mundo
pela Ática,
em 2004. A
narrativa
leva o
leitor a
conhecer o
cotidiano da
jovem
índia e dos
potiguaras,
que vivem “em
um
lugar abraçado
pelo
mar e
pela
mata.” Nesse
depoimento, Sulami
nos
ajuda a
perceber as
diferenças e
semelhanças
entre os
índios e os
demais
brasileiros. (KATY, 2004)
Vale
registrar
aqui a
importância de O
livro das
árvores,
escrito
por muitas
mãos dos
alunos da
escola da
comunidade
Ticuna bilingüe
que recupera
mitos,
lendas,
arte e
cultura dos
Ticuna, ilustrado
pelos
próprios
índios. As
informações serviram, de
início de
material
pedagógico
para
apoiar as
aulas de
ciências nas
escolas das
aldeias
como
parte do
projeto “A
natureza
segundo os
Ticunas”,
iniciado
em 1987. As
idéias foram se aperfeiçoando, e a
obra ganhou
um
outro
perfil.
Inicialmente uma publicação restrita,
marginal, de
difícil
acesso ao
grande
público,
depois absorvida
pela
editora
Global.
Texto e
ilustrações foram
também premiados
em 1997
pela FNLIJ. A
cultura
marginal vai, aos
poucos, ganhando o
centro, facilitando a
circulação e o
acesso do
leitor. A
cultura
deixa
marcas no
corpo da
linguagem.
Outros
autores fizeram
incursões nesse
universo. Marion Villas Boas
com
Mistérios de Pindorama, (Ampersand/Cult Mix, 2000),
acompanhado de CD
com
músicas de Ricardo Villas, é publicado
inicialmente
em
pequena
escala,
depois comprado
pelo
governo
para
distribuição nas
bibliotecas.
Também Leonardo Boff,
que
já havia
iniciado
pesquisa
sobre o
tema ao
publicar
Saber
cuidar:
ética do
humano e
compaixão
pela
terra (Vozes, 1999),
em O
casamento
entre o
céu e a
terra:
mitos dos
povos
indígenas do Brasil (Salamandra,
2001), dedica-se aos
contos
indígenas na
primeira
parte e, na
segunda,
trata da
contribuição dos
indígenas ao Brasil e à
globalização,
além de
apresentar uma
vasta
pesquisa e
um mapeamento das
nações
indígenas brasileiras e das
organizações de
apoio aos
povos
indígenas.
Ambos os
livros
com
projeto
gráfico primoroso foram premiados
pela FNLIJ.
A
cultura e o
social deixam
marcas na
linguagem.
Assim
homem,
meio
ambiente e
cultura
não podem
andar separados.
Só uma
nova
filosofia
holística,
ecológica e
espiritual pode se
tornar uma
alternativa ao
realismo materialista vigente na
sociedade.
Só
ela teria a
capacidade de
devolver ao
ser
humano o
sentimento de
pertença a
família
humana, à
Terra, ao
Universo e ao
propósito
divino. (BOFF, 1999: 24).
Tudo
isso
nos
ajuda a
pensar o
livro
para
crianças e
jovens e a
construir o
imaginário do
leitor
em
formação.
A
literatura
infanto-juvenil
permite
abrir
a
porta
para
uma
outra
visão
menos
racionalista,
mais
inclusiva
e
não
excludente
do
sujeito
no
mundo,
criando
um
novo
paradigma
de convivialidade.
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Literatura
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Literatura
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texto/contexto-
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SANT’ANNA, Affonso
Romano de.
Paródia,
paráfrase e
Cia. 3ª ed.
São Paulo: Ática, 1988 (Série
Princípios 1).
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