OS AFIXOS DO PORTUGUÊS

 

Prefixos, Sufixos, Infixos e Circunfixos.

 

 

 

            Por

                         José Fabrício da Silva

                   Josimar Araújo Rodrigues

                   Mª de Fátima de Souza Ribeiro

                   Mª Lúcia de Melo Sampaio

                   Olindina Rocha Dalmolin

 

 

 

 

 

         Trabalho apresentado ao professor José Pereira da Silva como parte da avaliação da disciplina MORFOSSINTAXE do curso de Pós – Graduação em língua portuguesa, oferecido pelo Departamento de Letras da Universidade Federal do Acre.

 

 

 

 

 

 

Cruzeiro do Sul  ( AC )

2001

SUMÁRIO

 

1. Introdução

1.1. Definição e Delimitação

1.2. Metodologia

1.3. Justificativa

2. Os Afixos do Português

2.1. Prefixos e Sufixos

2.2. Os infixos do Português

2.3. Circunfixos

3. Conclusão

4. Bibliografia

 

 

 

1.        Introdução

  

      Este trabalho é o resultado de um esforço comum. É a constatação do aprendizado que tivemos sobre os afixos do português estudados em morfossintaxe. Tivemos  o privilégio de refletir a respeito de diversos aspectos desta disciplina, sempre bem orientados pelo professor José Pereira.

            Assumimos com satisfação a responsabilidade de realizar esta tarefa que é para nós uma oportunidade de aprofundarmos o nosso conhecimento sobre o processo de formação de palavras no português através dos afixos: prefixos, sufixos, infixos e circunfixos e é também uma parte da avaliação a que somos submetidos.

 

 

1.1. Definição e Delimitação

 

            O estudo de morfossintaxe certamente é de suma importância, indispensável para um entendimento mais profundo da língua portuguesa. E são muitos os aspectos referentes a esse assunto. Aqui, porém, nos restringimos apenas ao item afixos do português: prefixos, sufixos, infixos e circunfixos.

            Através de comentários, argumentos extraídos de diferentes autores e, sobretudo com exemplos pertinentes, procuramos mostrar que os afixos de fato existem em nossa língua e são importantes no processo de formação de novas palavras e no estudo Diacrônico e Sincrônico da língua portuguesa. É valido, contudo ressaltar que os prefixos e sufixos são abundantes, enquanto os infixos e circunfixos aparecem em menor quantidade. Por esse motivo à exploração que fazemos dos dois primeiros é bem maior em relação aos dois últimos. A própria bibliografia disponível nos convenceu deste detalhe. Ocorre que para os sufixos e prefixos as fontes de pesquisa são bastante favoráveis; mas referindo aos infixos e circunfixos, as informações são consideravelmente reduzidas pois trata-se de um assunto ainda muito polêmico entre os estudiosos da língua.

            Apesar dos pesares, fizemos o que foi possível com dedicação e bom senso.

 

 

1.2    Metodologia

 

Para facilitar um bom andamento do nosso trabalho, achamos conveniente dividir as atividades entre os componentes do grupo, cabendo a cada um desenvolver uma parte do assunto. Assim foi feito em primeira instância. Num segundo momento nos reunimos algumas vezes para discussões num âmbito mais geral do tema, a parti de cada aspecto desenvolvido, fazendo um encadeamento e confronto das idéias dos autores pesquisados, desta forma, chegando a um acabamento final do trabalho.

Decidimos fazer assim, visando melhores resultados, por conta de três motivos: é um trabalho que requer bastante pesquisa e referencia bibliográfica, e isto possibilita a aquisição de um maior número de informações num menor espaço de tempo; todos temos ocupações diferentes em expedientes diferentes; moramos e cidades diferentes. Desta forma, o tempo e o espaço influíram diretamente na metodologia que adotamos.  Mas cremos, não obstante, na sua eficácia.

 

1.3.        Justificativa

 

Não foi por acaso nem por imposição que abordamos este assunto. Ele foi um entre vinte e dois temas disponíveis. Tivemos, portanto, liberdade e opções para escolher. Aí optamos pelos afixos porque, de fato, eles são impressionantes... Constituem um aspecto dinâmico e vívido da língua, pois formando novas palavras percebemos que esta realmente não pára, sendo fantástico porém participar deste caráter renovador da língua, tão importante e indispensável à nossa própria vida.

Outrossim, nos pareceu interessante a abordagem deste assunto, haja vista o mesmo ainda ser motivo de constante discussão entre os estudiosos, especialmente os infixos e os circunfixos. Isso nos deixou curiosos para saber qual a dimensão do estudo feito pelos autores que consultaríamos.

Acreditamos que o nosso trabalho mesmo por se tratar de pesquisas e por não apresentarmos algo de novo sobre o assunto, o mesmo reúne opiniões diferentes de autores diferentes, servindo como mecanismo de divulgação desses afixos, principalmente (infixos e circunfixos) que convenhamos, ainda não estão plenamente definidos e aceitos.

 

 

2.  OS AFIXOS DO PORTUGUÊS.

 

O nosso trabalho reúne informações colhidas em diferentes autores, que têm defendido com fortes argumentos a existência e a importância dos infixos e circunfixos na língua portuguesa bem como seus usos na informação de palavras.

Como parte dos afixos falaremos também dos prefixos e sufixos, já bastante conhecidos e encontrados em qualquer gramática portuguesa, diferentemente dos afixos e circunfixos que são ainda muito pouco trabalhados pelos estudiosos. Falar dos afixos, é entrar num emaranhado de informações, e descobrir o processo de formação de palavras fazendo um estudo diacrônico e sincrônico da língua.

 

2.1        Prefixos e Sufixos

 

Antes de falarmos dos prefixos e sufixos, conceituaremos derivação - processo pelo qual de uma palavra se formam outras por meio de agregação de certos elementos que lhe alteravam o sentido (Coutinho, 1976, 167).

Da determinação da raiz decorre a dos afixos: prefixos e sufixos. São elementos que se anexam à raiz, ou a um radical, para: 1) lhe mudar o sentido; 2) introduzir uma idéia secundária, ou 3) incluí-la numa das categorias gramaticais que estabelecem classes ( ou espécies ) de palavras. (LUFT, 1996, 91) Ex: 1) cristão / anti-cristão; 2) livro / livreco; 3) civil / civilizar; 4) amor / amoroso.

Prefixo – afixo que se antepõe a uma raiz ou a um radical: apor, desleal, infeliz, reaver.

Sufixo – “elemento que se acrescenta à raiz para dela fazer um radical, ou a um primeiro radical para dele fazer um de segundo grau”. ( Saussure, CLG, 275 ): amor, amoroso, bondade, central.

Segundo Celso Pedro Luft (1996) os prefixos podem ser:

1)      Nominais – formam nomes (adjetivos, substantivos): a) substantivos: - ada,-agem,  -ação, - edo, -eza, -idade, -mento, etc. , b) adjetivos: -al, -ês, -ico, -oso,    -udo, -vel, etc.

2)      Verbais – formam verbos, denotando “aspectos”: -ec (er), -e (ar), -ej (ar), -it (ar),-iz (ar),etc. O único sufixo adverbial que possuímos é –mente. Ex: felizmente, amavelmente. É mister não confundir sufixo com desinência.

Diz-se desinência o elemento final da palavra, indicativo da flexão. O próprio sufixo pode já conter em si a desinência. Assim o sufixo nominal –ico, que entra em histórico, encerra a desinência –o do masculino.

Os afixos e a desinência tomam o nome de morfemas.

O auxilio do sufixo na formação de um vocábulo novo é denominado Derivação Própria.

Muitos sufixos, em livre curso na língua, foram outrora palavras isoladas que se aglutinaram a outras, em novas formações, perdendo assim a sua independência. Outros todavia, existem que foram a principio simples terminações de palavras, a que o povo ligou certo valor semântico, utilizando-os depois como elementos formadores de novos vocábulos.

Algumas palavras sofreram modificações tão profundas, ao passarem do latim ao português, que já não despertam a memória de que não contêm sufixo. Estão neste caso: telha < tegula, galho < graculu, macho < masculu, ovelha < oviculo, etc.

Os sufixos que resistem e se tornam produtivos são de um modo geral, os que têm acentuação própria. Os outros desaparecem, ou porque incorporando-se à raiz, anulam-se; ou porque, na luta que travam com os acentuados, acabam por lhes ceder o lugar.

Dos sufixos alguns ascendem ao latim clássico; há-os também surgidos no latim vulgar. Nem todos, porém, passaram ao português. Pouco numerosos são os sufixos de nossa língua que tenham outra procedência.

Estas partículas conservam entre nós, em regra, a mesma significação que tinham em latim. Não raro, porém, ao sentido primitivo ajuntaram outro, como desenvolvimento natural daquele.

Para Valter Kehdi (1990) o sufixo, possibilita a criação de uma nova palavra, que se acrescenta ao léxico da língua: anexando ao substantivo ferro o sufixo –eiro, obtemos um novo substantivo ferreiro.

Outra diferença importante a levar em conta é que as desinências são morfemas que não se podem dispensar; por exemplo, toda forma verbal portuguesa esta associada às noções de modo e tempo e de número e pessoa.

Essas considerações permitem-nos rever o problema do grau, interpretado em nossas gramáticas como flexão.

Observemos que a expressão do grau não implica concordância: um carinho novo. Notemos ainda, que em vez de carrinho, poderíamos dizer carro pequeno, ou seja, - inho não é elemento de emprego obrigatório.

Assim o grau não constitui um caso de flexão; - inho é sufixo, e estamos diante de um exemplo de derivação sufixal, pois não há concordância nem obrigatoriedade de um uso desse elemento.

De um modo geral observamos que os afixos antepostos ao radical denominam-se prefixos ( des – leal, in – feliz, re – por ); quando posposto, recebem a designação de sufixos ( cruel – dade, firme – mente ).

Assinale-se contudo, que a diferença entre prefixos e sufixos não é meramente distribucional. O acréscimo de um prefixo não contribui para a mudança de classe do radical a que se atrela, diferentemente do que ocorre com os sufixos, conforme se pode observar nos exemplos acima mostrados.

Antes de continuarmos descrevendo prefixos e sufixos, achamos bastante proveitoso conceituar e exemplificar a – Derivação Parassintética, em que há ocorrência simultânea de prefixo e sufixo.

Parassíntese – Também denominado circunfixo por alguns autores. Processo de formação de vocábulos em que entram, simultaneamente, um prefixo e um sufixo derivacional ou os elementos verbais – a ( vogal temática ) e – r ( desinência de infinitivo ): 1) apedrejar = a + pedr(a) + ej + a + r ; 2) acalmar: a + calm(a) + a + r.         ( Ribeiro,2000, 121 ).

Isso evitaria o embate de idéias entre alguns autores, que ao descrever os elementos de palavras como afinar, dão o – ar como um sufixo derivacional. Na realidade, a terminação dos verbos nos mostra que o – a é uma vogal temática da primeira conjugação, e o – r é a desinência de infinitiva.

Vale ressaltar que o processo de formação de palavras, principalmente por Derivação prefixal e sufixal é bastante discutido pelos estudiosos e que seu emprego requer e revela completo conhecimento do idioma. Além disso classificar o prefixo como processo derivacional requer um conhecimento bastante acentuado de alguns autores consagrados, pois alguns deles defendem a idéia de composição.

“Os sufixos assumem valor semântico que empresta ao radical um novo significado, patenteando, assim, a sua natureza de elemento mórfico de significação externa subsidiaria”.

Baseados nisto, a gramática antiga e vários autores modernos fazem da prefixação um processo de composição de palavras”. ( Bechara, 2000, 357 ).

Embasados nos autores que defendem a derivação prefixal, listaremos alguns prefixos e elementos gregos e latinos, bem como os sufixos que assinalam várias procedências, sendo os latinos e gregos os mais comuns nas formações eruditas.

Sincronicamente, não seria necessário separar os prefixos em latinos e gregos. No entanto, o ensino escolar ainda exige questões envolvendo tal oposição. Muitos prefixos, por outro lado, já apresentam uma forma vernácula.

RELAÇÃO DE ALGUNS PREFIXOS DE ORIGEM LATINA

Ab, abs – afastamento, separação: abuso, abster.

Ad, a – aproximação: adjunto, apor.

Ambi – duplicidade: ambivalente.

Ante – anterioridade: antepor, anteceder.

Bene, bem – bem, o que é bom: bendizer. A rigor, deveria ser enquadrado como radical,                                            pois é forma livre em português (ben-ou-bem-).

Bis, bi – duas vezes: bisavô, biconexo.

Circum – movimento em torno: circumpolar.

RELAÇÃO DE ALGUNS PREFIXOS DE ORIGEM GREGA

A, an – negação: amoral, analfabeto.

Aná – ação ou movimento contrário; reduplicação: anabatista (que torna a batizar), anacrônico, anatoxina.

Anfi – de um e outro lado, em torno, duplicidade: anfiteatro (teatro com galerias em toda a volta da cena).

Apó – afastamento: apofonia. Sincronicamente, não encontramos outros vocábulos com este prefixo grego.

SUFIXOS.

            Morfemas derivativos que trazem ao radical uma idéia acessória de aumento, diminuição, lugar, ação, agente, qualidade, coleção, doutrina, etc. Ao contrario dos prefixos, os sufixos provocam, muitas vezes, a mudança da classe dos vocábulos: cruel/crueldade; acusar/acusação. Aqui faremos a exposição de alguns desses sufixos.

1-      Indicadores de aumentativos:

-ão, -alhão, -arrão, -zão, -zarrão,- eirão, -aça, -aço, -alha, -alho, -anca, -anzil, -arra, -astro, -az, -orra, -uça, -aréu:

Ex: caldeirão, grandalhão, santarrão, homenzão, homenzarrão, vozeirão, barcaça, ricaço, fornalha, politicalho, bicanca, corpanzil, naviarra, poetastro (valor pojerativo), lobaz, machorra, dentuça, fogaréu.

2-      Indicadores de diminutivos:

-acho, -culo, -eta, -ete, -ela, -ico, -im, -inho, -ino, -ito, -isco, -olo, -ola, -ota, -ucho, -ulo, -zinho.

Ex: riacho, versículo, gotícula, maleta, diabrete, viela, namorico, flautim, mocinho, pequenino, rapazito, chuvisco, nucléolo, rapazola, sacola, velhota, gorducho, nódulo, jardinzinho.

NOTA Muitos aumentativos e diminutivos assumem um valor depreciativo: poetrasto, padreco.

3-      Indicadores de coleção, aglomeração, abundância:

-ada, -edo, -agem, -al, ama, -ame, -ume, -um, -aria, -ário, -dade, -eiro, -io, -zal.

Ex: boiada, filharada, arvoredo, plumagem, bambual, dinheirama, velame, negrume, ervum, cavalaria, formulário, cristandade, cancioneiro, mulherio, cafezal.

4-      Indicadores de noções diversas:

-aico, -ão, -ano, -ato, -eiro, -enho, -eno, -ense, -ês, -eta, -eu, -ico, -ino, -ista, -ol, -oto,:procedência, origem, naturalidade (hebraico, coimbrão, sergipano, maiato (de Maia), mineiro, estremenho, chinelo, cearense, parisiense, francês, lisboeta, caldeu, europeu, brasílico, platino, sulista, espanhol, reinol, minhoto);

 

2.2 Os infixos do português.

 

A princípio, nas descrições da morfologia portuguesa, há um consenso em torno da existência de infixos como mecanismo gramatical. É verdade, que a flexão, tanto nominal como verbal, se serve apenas do emprego de sufixos. De forma semelhante, o processo derivacional embora utilizando o acréscimo de prefixos, freqüentemente realiza-se mediante sufixação.

Apesar do avanço considerável nas técnicas de segmentação mórfica, a infixação só se realiza mediante aspectos sincrônicos. As interpretações diacrônicas são em geral confusas e contraditórias, tendo em vista que os elementos identificados como infixos pelas gramáticas tradicionalista resultavam de segmentações arbitrárias ou sematicamente vazias.

Denomina-se infixo o afixo que se insere no interior de uma palavra para modificar-lhe o sentido. Em latim por exemplo: o infixo nasal n insere-se na raiz da palavra para constituição do verbo; a raiz frag- com  infixo n torna-se frango (“quebrar”), do mesmo modo jug- torna-se jungo (“ligar”). ( Dubois et al, 1993, 340 ).

   Câmara Jr (1970) concorda com o Dubois citando o mesmo fonema nasal para distinguir  o presente do passado em alguns verbos latinos: linquo / liquo ou rumpo / rupi. Uma vez que tal exemplo se repete entre os lingüistas, constata-se que nas línguas indo-européias a infixação é um processo pouco produtivo. Ao fazer esta observação, o Próprio Câmara (1970), afirma que há alguns casos bem mais nítidos e sistemático dos morfemas infixados.

Seja como for, o infixo será sempre um morfema aditivo; com significação; e aparece no interior de outra palavra, ou seja, insere-se dentro de outro morfe, geralmente a raiz: em chamorro hasso “pensar” > h – in – asso “pensamento”, nae    “dá” > numae “dar” neste caso forma-se o infixo verbal mediante a inserção do infixo    (- um) no lexema. Em mísquito ( língua indígena do Panamá ), a noção de posse é indicada por vários infixos: napa “dente” > naipa “meu dente > nampa “teu dente”.

Na língua portuguesa, para que haja infixo é preciso maior rigor na sua caracterização, isto é, para não serem confundidos com outros afixos da língua o que acarretaria em falsos infixos. Para autores como Sérgio Ximenes e Aurélio Buarque de Holanda o Z de cafezinho e o T de cafeteira são considerados como infixos ( Ediouro: 350 e Aurélio: 358 ). Ë o caso das vogais e consoantes de ligação. Segundo Bechara “é preciso não confundir a noção de infixo com as vogais e as consoantes desprovidas de significação, que na formação de nossas palavras e das que importamos das línguas estrangeiras principalmente quando o radical termina por vogal tônica, se intercalam para facilitar a pronuncia ou para evitar hiatos” (Bechara, 2000, 339).

Assim, é necessário fazer a distinção entre infixos e mofes de alternâncias, com os sufixos mediais, ou, principalmente com os interfixos.

Em relação aos morfes de alternâncias interna como em faz – fiz – fez ou avô – avó ocorre apenas permuta de fonemas e não acréscimo, fator essencial para a infixação. Desta forma, a raiz de fazer seria f ... z. Logo, não constituiria infixação. O infixo só existe quando se acrescenta e não quando se alterna um segmento fônico no interior de uma base.

Em relação aos sufixos mediais Câmara (1958) adverte que não se deve considerar como infixo um sufixo intermediário entre a raiz e o outro sufixo como bil – em amabilidade. Também é comum a ocorrência de mais de um sufixo num mesmo vocábulo como em [senti ( r ) ] ment ( o ) ] al ] ismo, onde todos os mofemas aditivos são sufixos, portanto, não ocorre infixação, porque o acréscimo se faz numa seqüência sentir > sentimento > sentimental > sentimentalismo.

Há casos em que os infixos podem se confundir com os sufixos mediais ou interfixos. Assim sendo, apresentamos a seguir alguns elementos que comprovam o caráter autêntico dos infixos, refere-se a infixação verbal e nominal. Quanto a infixação verbal  temos um exemplo simples e curioso, o do verbo pinicar. Se consideramos que o verbo pinicar deriva de picar comprovamos a presença do infixo verbal em português /  - in - / : picar > p – in – icar. Verifica-se uma relação morfossemântica entre os dois verbos e o morfema / - in / traduz uma noção diminutiva. Processo análogo verifica-se em adocicar de adoçar , saltitar de saltar em que os segmentos / - ic / : / - it / , expressam a mesma noção de diminutiva ou freqüentativa, constituindo infixação.

A infixação nominal também ocorre na formação de diminutivos e são mais freqüentes que a verbal. Um dos casos que merece destaque é o da inserção do morfe / - inh - / em vocábulo masculino de tema /a/. Por exemplo: em cinema, samba e problema, teríamos ci-nem-inho, samb-inho e problem-inho se tratasse de sufixação. Contudo o que existe na pratica é cinem-inh-a, samb-inh-a e problem-inh-a, cujo interfixo esta entre o radical e a vogal temática.

Na formação dos hipocorísticos, ocorre à mesma regra de infixação quando o pronome ou sobrenome referir-se ao sexo masculino terminados por / a / : o Batista > o Batistinha, o Rocha > o Rochinha etc... Há casos porém, em que no fim dos hipocorísticos aparece a mesma vogal independente de como se finda o pronome: Zeca, Zequinha (José) ; Quinca (Joaquim), Pedroca (Pedro). Um estranho hipocorístico    Carm ... > Carminho.   

Além dessas situações, os infixos formam hipocorísticos quando a base termina por / s /. Exemplos: Carlos > Carl-inh-o; Marcos > Marqu-inh-o; Jonas Jon-inh-as.

Todavia, cumpre ressaltar que essa retomada não vale para os nomes comuns terminados em / s /. Assim um substantivo como adeus faz o diminutivo mediante o acréscimo do sufixo/ - inho / : adeusinho para manter a distinção de número : adeusinhos.

Enfim, conclui-se que a infixação é um mecanismo ainda vigente na sincronia atual do português.

 

2.3. Circunfixos.

Dentre os afixos do português esta presente também a circunfixação ou parassíntese, “muito comum na língua portuguesa e cujo conceito consiste na adjunção simultânea de um prefixo e de um sufixo a um radical, de forma que a exclusão de um ou de outro resulta numa forma não aceitável na língua”. ( Valter Kehdi, pg. 17 ). Ë o caso de claro para formar aclarar, em cujo processo entra ao mesmo tempo o prefixo a – e o final –ar, elemento de flexão verbal que funciona por acumulação, como sufixo.

Este termo esta ligado também à noção dos constituintes imediatos, conceito este que varia de gramático para gramático. Pois para outros existirá circunfixação simplesmente na presença de prefixo e sufixo no derivado. Tomemos como exemplo a palavra dês/cobri/mento, a qual é rejeitada acima por não enquadrar-se no grupo dos constituintes imediatos.

Pode-se ainda entender que não existe circunfixação, se partimos do fato de que, numa cadeia de novas formações, muitas vezes ocorrem o pulo de etapa do processo que só suscetivelmente no sistema exista a forma primitiva. Assim para se chegar a prefeitável, parte-se de um virtual prefeitar . Desse modo, em aclarar, entardecer, amanhecer, se poderá pensar em partir dos virtuais clarar, manhecer ou aclaro, entarde e amanhã. Esta última explicação do fenômeno nos parece ser a melhor solução, extinguindo a circunfixação como processo especial de formação de palavras, além de não contrariar o princípio geral da linearidade do signo lingüístico.

Convém ressaltar que certos vocábulos apresentam duas significações perfeitamente aceitáveis. Quando a comparação com outras formas é um elemento de confirmação tanto para um sentido como para outro, tais palavras podem oferecer dupla possibilidade de segmentação.

Geralmente, os prefixos que aparecem nos afixos parassintéticos tem um sentido dinâmico: é o caso de embarcar (em-: movimento para dentro) e desfolhar (dês-: ato de separar), entre outros, o que explica o fato de a maioria desses derivados serem verbos. Todavia, podemos encontrar, de forma rara, substantivos / adjetivos parassintéticos como: subterrâneo (considerando que subterra e terrâneo são formas inexistentes), assim como desalmado, conterrâneo, etc.

Outro caso que deve ser levado em consideração é o de verbos que apresentam duas formas, um com prefixo comum na formação de parassintéticos e outro sem o referido prefixo. Ex: alargar – largar, embandeirar – bandeirar e respigar – espigar.

Naturalmente, a ausência do prefixo na segunda forma leva-nos a pôr em dúvida o traço de parassíntese dos verbos da primeira coluna.

Analisando os três pares de verbos acima, observamos que os membros de cada par apresentam uma relação apenas formal. Sendo o elemento comum aos membros dos mesmo apenas o radical. Isso nos leva a crê que tais verbos alargar, embandeirar e respirar são parassintéticos, pois a omissão do prefixo emplicaria um significado diferente para cada um desses verbos; sendo este prefixo indispensável para o sentido que apresentam.

Todas essas considerações e exemplos levam-nos a atribuir ao elemento semântico um papel também importante na caracterização do parassíntese.

Portanto a parassíntese ou circunfixação não deve ser conceituada apenas com base exclusiva na simultaneidade dos afixos, pois o estudo de subsistemas, bem como a análise do aspecto semântico, são também, critérios indispensáveis para a caracterização do processo de formação vocabular.

  

3.  Conclusão

 

Durante vários dias estivemos alerta quanto à realização deste trabalho que então concluímos. Alertas porque estávamos diante de um compromisso assumido sobretudo conosco mesmo: Apresentar a professor os resultados desta tarefa pela qual somos avaliados também.

O nosso alvo de estudo, como ficou definido e explorado ao longo das atividades desenvolvidas foram os afixos do português, mais especificamente: prefixos, sufixos, infixos e circunfixos.

Assumimos essa responsabilidade empenhados na coleta de dados, cada um ao seu tempo, visando a satisfação de todos com o cumprimento total da tarefa.

O que foi objetivado, cremos ter alcançado favoravelmente e correspondido às expectativas. Foi trabalhoso sim, porém muito gratificante. As dificuldades foram superadas com a vontade de cumprir com o dever e usufruir merecidamente os direitos cabíveis.

Os momentos de estudo individuais  e as reuniões  em grupo nos deram oportunidade de compreender a razão de ser dos afixos e sua importância no processo de formação de palavras na língua portuguesa. Essa compreensão, obviamente, foi muito bem preparada nas aulas com o professor José Pereira.

Tivemos em mente sempre as melhores intenções, portanto estamos satisfeitos com o que fizemos. Eis-nos, finalmente, prontos para sermos avaliados.  

  

4.  BIBLIOGRAFIA

COUTINHO,Ismael de Lima. Gramática Histórica. 7ª ed, revista 1976. Editora ao Livro Técnico.

LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira  13ª ed, 1996. Editora Globo.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa 34ª ed, 1997. Editora José Olympio.

RIBEIRO, Pinto Manoel. Nova Gramática Aplicada da Língua Portuguesa. 11ª ed, Rio de Janeiro: Metáfora, 2000.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa  37ª ed, Revista e Ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 2000.

MONTEIRO, José Lemos. QUEM DISSE QUE NÃO HÁ INFIXOS EM PORTUGUÊS? . (UFC, UNIFOR)

KEHDI, Valter, Formação de Palavras em Português. São Paulo, Ática, 1990 (Série Princípios)

KEHDI, Valter, Morfemas do Português.  São Paulo, Ática, 1990 (Série Princípios)