REDUPLICAÇÃO SILÁBICA DAS PALAVRAS  

 

 

 

 

 

 


 

Por

 

ANNE GLAUCY MELO DE CASTRO

MARIA LOURDES A. DE OLIVEIRA

NEILA DA C.B.C. DE AZEVEDO

SULEMA DE ALENCAR TEIXEIRA

WANDILMA DA SILVA PINTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Monografia apresentada ao professor José Pereira da silva como avaliação da disciplina Morfossintaxe da Língua Portuguesa, do curso de Pós-Graduação em Língua Portuguesa, oferecido pelo departamento de Letras da Universidade Federal do Acre.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RIO BRANCO, 2001.

 

 

 

SUMÁRIO

 

 

I.  INTRODUÇÃO

 

            1.1. OBJETIVO DO TRABALHO

 

1.1.1.      GERAL

 

1.1.2.      ESPECÍFICO

 

1.2.        JUSTIFICATIVA

 

II.   REDUPLICAÇÃO SILÁBICA DAS PALAVRAS

 

             2.1. LINGUAGEM INFANTIL

 

            2.2. ONOMATOPÉIA

 

             2.3. HIPOCORÍSTICO

 

III. CONCLUSÃO

 

        IV. BIBLIOGRAFIA

 

 

 

        I. INTRODUÇÃO

 

        O presente trabalho tem como objetivo apresentar a reduplicação das formações de palavras na linguagem infantil, onomatopéica e hipocorística.

 

        Este estudo foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica, tomando como base às orientações do docente que ministrou esta disciplina, além da coleta de palavras que fazem parte da linguagem cotidiana de nossa sociedade.

       

1.1. OBJETIVO DO TRABALHO

 

                     1.1. GERAL:

                

                            Abordar os processos de formação de palavras por reduplicação, objetivando ampliar o conhecimento sobre esse recurso da língua, mostrando seu uso dentro da sociedade.

 

                      1.2 - ESPECÍFICO:

 

-                               Estudar a linguagem infantil a partir da exposição de alguns vocábulos pesquisados;

 

-                               Mostrar algumas onomatopéias que representam o tema em estudo;

 

-                               Demonstrar a construção de alguns hipocorísticos.

 

        1.2 – JUSTIFICATIVA

 

Justifica-se esse trabalho pela importância que um estudo desta natureza tem para enriquecer nossos conhecimentos e trazer para a prática as informações adquiridas no decorrer do curso de Morfossintaxe.

 

 

        II. REDUPLICAÇÃO SILÁBICA DAS PALAVRAS.

2.1. LINGUAGEM INFANTIL

        A criança desde o momento que nasce emite sons que expressão suas necessidades (físicas e psicológicas). Esses sons podem representear muitas vezes, cólicas, fome, frio entre outros fatores que fazem com ela comece a desenvolver sua linguagem.

        Nesse processo a criança começa a balbuciar algumas sílabas, dando, portanto, inicio as palavras que desejam pronunciar. A partir desse momento utilizam o recurso chamado duplicação silábica (reduplicação) que segundo Evanildo Bechara consiste na repetição de vogal ou consoante, acompanhada quase sempre de alternância, para formar uma palavra imitativa. A criança em regra geral duplica quase sempre a silaba tônica, por exemplo: picolé – lelé; sorvete – vevete; dormir – mimi e remédio – memédio. 

        Isso acontece porque a silaba mais forte é ouvida com mais facilidade e, portanto melhor para ser memorizada. Através desse processo as crianças aumentam as suas possibilidades de comunicação, enriquecendo cada vez mais o seu vocabulário. E não havendo nenhum problema físico ou psicológico, vivendo em um ambiente familiar e social saudável a expressividade dela evolui, tornando-a um adulto com linguagem bem articulada e idéias ordenadas.

O uso que a criança faz da linguagem fornece vários indícios quanto ao processo de diferenciação entre o eu e o outro, assim começando a interação social. É nessa interação que as crianças são inseridas na linguagem, partilhando significados e sendo significadas pelo outro.

É pela linguagem que demonstra em sua estrutura um jeito próprio de ver o mundo, o qual se relaciona com características de culturas e grupos sociais singulares.

Enfim, é pelas explorações que faz, o contato com as pessoas, da observação daqueles com quem convive, a criança aprende sobre o mundo, sobre si mesma e comunica-se pela linguagem.

Apresentaremos algumas reduplicações silábicas referentes ao público infantil:

Au au: cachorro

Bambam: banho

Bebelo: cabelo

Bibi: bico

Bibioteca: biblioteca

Bibiquinho: chupeta

Bibirinho: bichinho

Bobola: bola

Bobonete: sabonete

Bubu: urubu

Caca: cocô

Cacacá: tacacá (comida típica regional)

Cocolate: chocolate

Cocoito: biscoito

Ciciqueta: bicicleta

Chancha: dança

Dadá: quando quer algo

Dodói: ferimento

Fafada: almofada

Fefé: café

Gagau: mingau

Gagaio: papagaio

Lelé: picolé

Lelete: chiclete

Lilificador: liquidificador

Mamâ: mamãe

Mamalhão: camarão

Memê: comer

Memédio: remédio

Mimi: dormir

Naná: dormir

Nenê: refere-se a ela ou a outrem

Nininha: maninha

Nininho: danoninho

Papa: comida ou papai

Papato: sapato

Pepeu: chapéu ou papel

Pepeta: chupeta

Pipi: ato de urinar

Pipimbá: perimbá

Pililito: pirulito

Pipiu: órgão genital masculino

Popó: parte intima feminina

Pupuaçú: cupuaçu (fruta regional)

Tetega: manteiga

Totonete: cotonete

Totovelo: cotovelo

Totole: controle

Vababá: vatabá

 

2.2. ONOMATOPÉIA

A onomatopéia, como todos sabem, é a imitação acústica do som, ruído ou voz da coisa ou animal significado pelos vocábulos. Figura que consiste no emprego da palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada. Pode ser naturalmente motivada.

Ex.: Cochichar

       Ping-pong

       Tic-tac 

       Cri-cri

       Bem-ti-vi

       Miar

Desse exemplário, já podemos tirar matéria para uma divisão singela das onomatopéias:

a)      Onomatopéia pura: é a imitação acústica do som, ruído ou voz da coisa ou animal.

 Ex.: Tic-tac

         Au-au

         Blem-blem-blem

b)      Palavra onomatopaica: é o verbo que designa a voz dos animais ou das coisas. Quando o significante onomatopéico desempenha papel sintático na frase e recebe uma categoria gramatical, temos uma forma lexicalizada e não uma onomatopéia propriamente dita.

  Ex.:  Miar – de gato

           Cacarejar – de galo

           Latir – de cachorro

           Rosnar – de cão, onça, lobo, etc.

           Ciciar – de cigarra

           Coaxar – da rã, do sapo

           Murmúrio – de abelhas

           Mugir – de boi

O mais comum é a onomatopéia torna-se verbo ou substantivo. A palavra onomatopéia é uma verdadeira palavra, seja qual for sua conotação, denota o objeto que significa e tem uma função a desempenhar na frase, como os substantivos: pio, uivo, estalo ou os verbos: tilintar, zumbir, gargalhar, etc.

c)      Harmonia imitativa: combinação de fonemas em sintagmas, com o intuito de imitar a voz do animal ou coisas. Sentido amplo atribuído à onomatopéia. Estende-se ao longo do enunciado, de um fragmento de prosa, de um poema, e que resulta de um aglomerado de recursos expressivos: peculiaridade dos fonemas, repetição de fonemas, de sintagmas, de frases, do ritmo do verso ou da frase.

 Ex.: “ Bramindo o negro mar de longe branda”.

         (barulho das águas do mar)

d)      Palavra interpretativa: quando através da voz do animal ou coisa se procura inserir um sentido.

Ex.: Tô - fraco

        Bem-ti-vi  

e)      Sons imitativos acidentalmente: são produzidos com características individuais. Criadas pelos autores ficam restritas.

Ex.:  “...os alegres tuins (...) sem sustentar o alarido – rrrl – rrril! rrrl – rrril! (G. Rosa, Sagarana, 353). 

f)        Onomatopéia propriamente dita: constituídas pelas combinações de sons correspondentes aos fonemas; objetos sonoros da configuração definida e valor significativo constante.

Ex.: Zás

       Pum

       Pimba

        Podem corresponder à estrutura de palavras significativas ou à combinação de fonemas que não ocorrem nas palavras da língua. Não constituem verdadeiras palavras e não estão integradas ao sistema léxico-gramatical da língua, portanto são sinais inalisáveis, mais podem de acordo com a situação, ser equivalentes à frase, com as interjeições.

Em qualquer hipótese, a voz interpretativa é fortemente imitadora e, portanto, o efeito estilístico é maior, ou melhor. Vamos encontrar assim, a poesia e a linguagem infantil, desenvolvendo-se na base das onomatopéias o conteúdo da motivação sonora. A interlocução de uma onomatopéia numa frase informativa dá-lhe um inconfundível sainete expressivo:

Ex.: “Pela estrada plana toc-toc-toc, guia o jumentinho uma velha errante”.

Segundo Mattoso Câmara o vocábulo procura produzir determinado ruído, com os efeitos acústicos decorrentes dos fonemas da língua. De certo, não será possível obter uma imitação fiel e direta do ruído, mas sua provável aproximação com os meios de expressão.

As onomatopéias são, em regra, monossílabos, freqüentemente com a reduplicação, acompanhada ou não de alternância vocálica. Pode acontecer, porém, que o ruído seja configurado pela repetição de um único fonema.

Ex.: Pum!

       Plim-plim

       Dlim-dlão

       Uma criança deitada no cimento brincava com uma bola de vidro, antiga maçaneta.  

       “zzzzzzzzzzzzz...”

       ............................

       Tossiu, pigarreou, o menino nem deu fé – “zzzzzzzzzzz...”

                                                           (João Ternura.)        

        2.3 HIPOCORÍSTICO

È um vocábulo familiar, carinhoso, geralmente usado na duplicação ou no diminutivo das palavras.        

A

Afrodite: Afro, Dite, Frodite.

Albetisa: Bete, Tisa, Isa, Betisa, Bebé, Beta.

Alcidark: Alci, Cida, Dark.

 

B

Bernadete: Berna, Bete, Dete,

Bianca: Bia, Anca, Crica

Belizairo: Belo, lizairo, Zairo

C

Crisóstomo: Cris, Cricri, Criso, Òstomo, Crisó

Clívia: Clive, Cli, Vivi

Crisvânia: Vânia, Cris, Crinia

D

Danúbia: Dada, Núbia, Bia.

Delma: Delminha, Del, Elma.

Diolinda: Didi, Dio, Linda, Dila

E

Epifânea: Epi, Fani, Nea, Pifa

Eutália: Tália, Euta, Lia.

Evanéa: Néa, Eva, Neinha

F

Fabíola: Fabi, Fá, Biola

Ferlândia: Lândia, Ferla, Fefé, Fé

Florinda: Flora, Flori, Flor

G

Geise: Gepê, Gê, Geisinha

Girlane: Gigi, Gi, Lane, Girla.

Girlânia: Lana, Gigi, Lane.

H

Halec: Lequinho, Alie, Aliquizinho

Hivina: Hivininha, Hivi,

Haike: Hai, Haiquinho, quinho

I

Itálo: Ita, Italinho

Iolanda: Ió, Ioiô, landa

Isleudo: Isle, Leudo, Leu

J

Jamile: Jam, Jaminha, Mile

Jardison: Jardinho, Ardison, Jardi

Josélia: Elia, Jose, Lia

K

Kattiúscia: Kat, Kátia, Kathutha

Kelce: Keta, Kel, Kelta

Keila: Kei, Keke, Eila

L

Ladimeire: Ladi, Meire, Ladinha

Leonildes: Nina, Léo, Leone, Nildes

Lucivânia: Lulu, Lúci, Civane, Vânia

M

Mariana: Ana, Mari, Aninha

Macedônio: Mace, Dônio, Macedo, Cedônio, Nhônho

Melisa: Meli, Melisinha, Lisa

N

Naligia: Ligia, Nali, Lia

Nayra: Nairinha, Nai, Ira

Neila: Neilândia, Neilinha, Nega, Neiloca

O

Osmarina: Marina, Mamá, Osma

Otávio: Távio, Avio, Otavinho

Osvanilson: Vavá, Osvan, Nilson, Vanilson, Ilson

P

Paloma: Loma, Lominha, Palo

Pamela: Pam, ila, Pampa

Pelúcia: Lúcia, Pepé, Pel

Q

Queitiane: Queite, Ane

Queve: Queque, Veve 

Quesia: Quese, Esia

R

Rafael: Rafa, Rafinha, El, Fafá

Rainisia: Raí, Nísia, Nísia

Renan: Nanzinho, Rê, Nam

S

Siane: Sica, Ane, Sianezinha.

Suelen: Su, Elen, Suli, Sussu, Gita

Sulema: Su, Leminha, Sule

T

Teofólo: Teo, Ofilo, Teozinho 

Tiandra: Tica, Titi, Tiandrinha, Andra

Ticiane: Tata, Tici, Ciane, Ane

U

Ugo: Uguinho

Ússula: Su, Sussú, Sula

Ubiratan: Bibi, Bira, Bitatan

V

Valeska: Vavá, Leska

Valderina: Val, Dedê, Ina, Rina

Valmira: Mirinha, Vavá, Mira

X

Xaquira: Quirinha, Quira

Xahira: Chá, Hirana,

Xeiene: Xei, Ene, Eninha

W

Wagner: Vavá, Guinho, Wag, Aio

Walmir: Wal, Walmizinho, Mimi

Wandilma: Wan, Wandi, Dilma, Ilma, Vanvan, Dandinha

Y

Yago: Yaia, Ago, Guinho

Yuri: Yú, Urizinho

Yraiude: Iude, Ira, Raí

Z

Zamildo: Zami, Mildo, Zamil, Ildo

Ziliete: Ete, Zeli, Liete, Zizi.         

Zuíla: Zú, Zuzu, Ila, Zila, Zuí, Zula, Zulu

 

  

III.                    CONCLUSÃO

 

Com a elaboração desse estudo, percebemos que o processo de formação de palavras por reduplicação aborda a linguagem adulta, infantil e onomatopaica, sendo que cada uma possui sua estrutura específica obedecendo assim algumas normas de nossa língua.

 

        Identifica-se tanto na linguagem infantil quanto nos hipocorísticos e onomatopéias a supressão de fonemas, a repetição de vogal ou consoante, assim como, a repetição silábica do radical, porém, na linguagem infantil este último recurso ocorre com menos freqüência.

 

Enfim, a reduplicação de palavras é usada por falantes de todas as idades, tornando-se mais um recurso da língua que enriquece o nosso sistema lingüístico.  

                

 

IV. BIBLIOGRAFIA

 

       BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ªed. rev. e ampl.

               Rio de janeiro: Lucerna, 2000.

 

       CÂMARA, Jr., J. Mattoso. A Contribuição à Estilística Portuguesa. 3ª ed.

                 Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977.

           

       RIBEIRO, Manoel Pinto. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa. 11ªed.

         Rio de Janeiro: Metáfora, 2000.