2.50 Dose para Leão

Dose para leão, dose para elefante ou dose para cavalo são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes.

Supõe-se que o leão, por ser valente; o elefante, por ser grande, e o cavalo, por ser forte, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado.

Com a ampliação do sentido, dose para leão e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

2.51 Doutor da Mula Ruça

As explicações de João Ribeiro e Magalhães Jr., embora diferentes, completam-se.

João Ribeiro lembra que "em geral, os doutores e pregadores da casa real, como convinha à decência deles, tinham mula e mula ruça." Ou seja, doutor mula ruça era um doutor da casa real portuguesa.

Magalhães Jr., no entanto, lembra que "era esse o apelido de certo curandeiro que existiu em Portugal durante o reinado de D. João III e que foi reconhecido oficialmente."

É óbvio que o apelido do médico e político brasileiro Francisco de Sales Torres Homem desde que publicou o Libelo do Povo não seria mais um elogio, mas um epíteto ironicamente pejorativo. Doutor da mula ruça já era sinônimo de charlatão.

O sentido pejorativo deve ter nascido com o reconhecimento de um curandeiro como doutor de mula ruça, que era insígnia de altos funcionários da casa real.

2.52. Dar Duro

Dar duro, ou dar um duro, ou dar o duro, são expressões que indicam o ato de prestar ou conceder um serviço duro, árduo, penoso, cansativo.

Este é o seu verdadeiro sentido e origem, com o verbo dar no sentido de conceder, prestar ou executar e com a elipse do substantivo trabalho, serviço ou outro equivalente.

Usando o mesmo critério da elipse, mas fazendo subentender outra palavra, a expressão passa a ter sentido chulo.

2.53. Sem Eira nem Beira

Sem leira nem beira é uma variante pouco conhecida, mas há uma outra mais extensa que é bastante popular: Sem eira nem beira nem ramo de figueira.

Tanto eira quanto leira constituem propriedades insignificantes. Possuir uma eira ou uma leira seria quase o mesmo que nada possui. No entanto, quem nem isso tem, ainda é mais pobre, mais desprovido de recursos.

Talvez seja o epíteto senlheira (só, singular, solitária, solteira): ‘Eu senlheira deitei’ (Canc. Vatic. , 772) (pois) no castelhano ainda se usa señera, com o mesmo sentido. Não é improvável que de senlheira (sem-l’eira, sen eira) se formasse a expressão com a forma sem eira aplicável à pessoa que não pode casar por não ter nada de seu.

A intenção de rimar está mais evidente ainda na variante sem eira nem beira nem ramo de figueira, podendo-se considerar que o sentido de toda a frase já está em sua primeira parte (sem eira), tornando-se dispensável todo o restante.

O que seriam essa beira e esse ramo de figueira?

Se a beira for mesmo a beira dos rios, como supõe João Ribeiro, o ramo de figueira deverá ser um símbolo de valor insignificante, por analogia com o ramo de oliveira, que é o símbolo do valor dos atletas olímpicos desde a antiga Grécia.

Neste e em muitos outros casos, os termos rimantes não fazem sentido quando examinados fora do conjunto, como afirma o Prof. Said Ali:

Quando de um indivíduo muito pobre dizemos que ele não tem eira, nem beira, nem ramo de figueira, só o primeiro substantivo exprime cousa significativa referente a posse. Os dous outros conceitos, considerados de per si, são difíceis de entender. Que tem beira com os bens de alguém? E desde quando se avaliam as possibilidades do indivíduo pela possessão ou não possessão de um ramo de figueira? Todo o valor das duas expressões está simplesmente na rima, cujo papel reforçativo nos sugere a idéia de pobreza extrema.

2.54 Na Embira

Na embira é o mesmo que na pindaíba, e ambas têm origens parecidas. Estar na pinda-î (pindaíba) equivale a estar nas ibira-aî (embiras), que são frases de origem brasílica.

É bom lembrar que pindá (anzol) é a base de pinda-i (ib), que é vara de anzol. Pinda-aî é o dente, a volta recurva do anzol, cipó ou graveto. Do mesmo modo, ibira-aî é pau não liso, com voltas, cipó, cipoal.

Como a ambas convém o sentido de cipoal, salsa de espinhos, lugar embaraçado onde fica tolhido ou sem movimento, conclui João Ribeiro que estar na pindaíba ou estar na embira é estar amarrado, sem saída, em dificuldades e apuros.

O sentido atual e moderno da expressão é conseqüência da troca de tais dificuldades pela falta de dinheiro, que é de nossa civilização.

Tomé Cabral registra a expressão estar na embira como sinônimo de ser açoitado, para a qual cita a seguinte abonação de Manoel de Oliveira Paiva: "Os criminosos já devem estar na embira."

2.55 Botar pra Escanteio

Proveniente da gíria do futebol, esta frase feita se refere ao não aproveitamento ou não valorização de uma oportunidade que se desperdiça. É o mesmo que botar pra córner.

2.56. Passar uma Esponja

Proveniente da sala de aula, onde o quadro é apagado com a esponja ou apagador, a símile se estabelece entre o ato de apagar o que está escrito no quadro e o que está fixo na memória. Passar um esponja é esquecer tudo, como se nada tivesse acontecido sobre o assunto em questão, começando tudo de novo.

2.57 Perder as Estribeiras

Perder os estribos, que já não é uma expressão usual, é perturbar-se como o cavaleiro que os perde e não tem onde firmar montaria.

Câmara Cascudo lembra que

...nas antigas corridas de Argolinhas e nas Manilhas, nos séculos XV-XVIII, /perder as estribeiras/ desclassificava o cavaleiro do páreo. Nas velhas corridas-de-cavalos sertanejas, quem perdesse as estribeiras¸ perdesse os estribos, bambeando, atrapalhando, temendo queda, pagava multa de bebida aos companhia, em pleno alarido zombeteiro.

Do sentido primitivo, relacionado com os estribos ou as estribeiras, passou a significar perder o controle, a direção; desnortear-se em palavras e atos; exceder-se na resposta descortês e violenta ou até destinar-se momentaneamente.

2.58 Com a Faca e o Queijo na Mão

A faca e o queijo, nesta expressão, significam o poder absoluto. A faca é o poder emanado da tecnologia e o queijo é o poder emanado do capital ou do poder econômico.

Na mão, à sua disposição, sob seu controle, deveria estar no plural, se queijo e faca fossem seres que costumeiramente assem se denominam. Ninguém segura a faca e o queijo numa só mão, a menos que não deseje parti-lo.

Uma variante comum é ter a faca e o queijo na mão, que corresponde ao mesmo significado de estar por cima da carne seca ou ser o dono da situação.

2.59- Não Feder nem Cheirar

a união de termos que se opõem quanto ao sentido, excluindo-os a ambos simultaneamente, resulta numa idéia de neutralidade absoluta.

Ao contrário da expressão anterior, que apenas une elementos que completam a idéia de poder, esta só os aproxima para negá-los em conjunto.

Compare esta frase feita com as que citamos em 2.45 - para dar e vender, neste trabalho.

2.60 – O Fim da Picada

Picada é uma faixa limpa de terra, entre o roçado e o mato não roçado, para evitar que o fogo ateado no roçado não passem além dele. Neste caso, o fim da picada é um lugar perigoso para quem estiver botando fogo no roçado, pois o fogo poderá colocá-lo em risco de vida.

Picada é também uma trilha feita por quem ingressa numa mata, geralmente a facão, para facilitar a passagem e para marcar o caminho de regressa. Desaparecida uma pessoa que assim entrou na mata, é relativamente fácil procurá-lo, seguindo a picada. No entanto, se chegarem ao fim da picada sem encontrá-lo, está-se correndo dum grande risco, pois quem atacou o indivíduo, está-se correndo um grande risco, pois quem atacou o indivíduo procurado fê-lo naquele local. Do contrário, a picada deveria continuar. E quem está no mesmo lugar onde acontecer tal ataque está correndo risco semelhante.

O fim da picada é o pior que pode existir numa aventura.

2.61- Não Ser Flor que se Cheire

Há flores, como o cravo-de-defunto, cuja beleza se opõe fortemente ao ser mau odor. Metaforicamente, as pessoas que têm aspecto agradável nem sempre merecem uma aproximação maior que as outras. Como há flor de mau odor, há pessoas de mau caráter, que devem ser evitadas, embora tenham uma aparência de lindas flores, de almas cativantes.

Não ser flor que se cheire é ser pessoa que deve ser evitada.

2.62 – Vá Pregar em Outra Freguesia

Freguesia, sob o aspecto eclesiástico, é uma povoação, e corresponde, grosso modo, a paróquia.

Na frase é melhor da paróquia, paróquia é o lugar, a região. Neste sentido é que corresponde a freguesia.

Como, originalmente, freguesia está relacionada com o pregador, que é seu líder espiritual, e como não admite um líder espiritual, ir pregar em outra freguesia é sair daquele lugar, pois o pároco só pode ficar onde pode pregar.

As variantes cantar em outra freguesia e bater em outra freguesia correspondem a uma confusão do sentido de pregar

Assim como cantar está relacionado, também bater está relacionado com pregar pelo uso da palavra como matéria de trabalho, também bater está relacionado com pregar pelo uso do prego e das pancadas que sobre ele devem ser dadas.

2.63 E Lá Vai Fumaça

A locução é de difícil explicação, assim como a sua sinônima e tarará, que dão idéia de quantidade indeterminada e não pequena.

Talvez fumaça esteja relacionada com a poeira que se levanta como fumaça quando se transporta grande quantidade de gado pelas estradas de terra, formando uma verdadeira nuvem.

Tarará é palavra onomatopeica que indica o som da trombeta, que é muito forte. Talvez tenha havido aí também uma metáfora da idéia de intensidade e quantidade.

De qualquer modo, não nos parece clara a origem destas expressões. É preciso um pequeno esforço extra de raciocínio.

2.64 Quebrar o Galho

Na gíria, galho é uma dificuldade ou complicação. Quebrar ou destruir o galho é remover definitivamente uma dificuldade.

Considerando que a expressão é mais usada nos setores burocráticos da administração pública, é possível que se tenha estabelecido uma símile com o ganho de uma estrada ou de um rio.

Quebrar um galho de estrada seria passar por um atalho, evitando uma caminhada mias longa pela estrada principal.

No caso do rio, galho é um pequeno afluente. Quebrar este galho seria fazê-lo desembocar mais rapidamente no rio principal, abrindo-lhe um caminho artificial.

Deste modo quebrar o galho é facilitar o andamento de um serviço ou negócio através de meios não autorizados, como, por exemplo, as influências pessoais ou o dinheiro.

2.65 Ouvir Cantar o Galo, Mas Não Sabe Onde

Entre os camponeses, é o galo que informa com o ser canto o nascimento do novo dia, logo em suas primeiras horas.

Quando o galo canta fora deste esquema que lhe é natural é que algo de estranho está acontecendo à sua volta. Pode ser a Lua que saiu muito clara e o acordou, um ladrão de galinha ou qualquer outra coisa. Neste caso, ele não é acompanhado pelos demais galos da vizinhança.

Ouvir o galo cantar é sempre uma informação para quem entende a sua linguagem, mas é necessário saber onde ele cantou para que se possa tomara alguma providência.

Se o galo cantou fora de seu lugar habitual, certamente está sendo roubado. Pois todos os galos cantam quando acordam, à noite.

Ora, o ladrão de galinha costuma transferir suas presas para um lugar mais distante e seguro, usando um pedaço de madeira. Encostando o pedaço de madeira nos pés das galinhas, no poleiro, estas passam para ele e são, deste modo, transportadas, sem perceber que já não estão em seu poleiro.

Distantes dos ouvidos do dono ou de algum cachorro vigilante, o ladrão pode prendê-las como melhor lhe aprouver.

Drummond usou a frase com uma inversão, que é a forma registrada por Leonardo Mota, mas Mauro Mota registra a rigorosa ordem direta: ouviu o galo cantar e não sabe onde, como acontece no espanhol: ois gallo cantar, y no sabeis en que muladar.

2.66 Comer Gambá Errado

Parece que é uma variante de comer gato por lebre.

Como a carne de gato, embora apetitosa, não goze da preferência dos brasileiros, vender ou passar gato por lebre é enganar alguém e comer gato por lebre é ser enganado.

Não sabemos de onde vem a preferência pela lebre e a repugnância pelo gato, que de fato existem, quanto à repugnância pelo gato, que de fato existem. Quanto à repugnância pelo gambá, o seu mau-cheiro explica suficientemente.

Como o seu mau-cheiro pode ser totalmente eliminado, é fácil enganar alguém que gostaria de comer carne de lebre, passando-lhe gambá por lebre.

A palavra errado funciona como predicativo do sujeito, como sinônimo de enganado, com nas expressões tomar um caminho errado, tomar um bonde errado, etc.

Sendo assim, comer gambá errado é comê-lo enganado com quem come gato por lebre, é ser levado a fazer algo por engano.

2.67 Não Poder com uma Gata pelo Rabo

O feminino, neste caso, tem o objetivo de humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato.

Na realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a expressão como realmente é.

2.68 Fazer de Gato-Sapato

João Ribeiro ensina que fazer de gato sapato indica o erro de leitura ou de escrita no tempo em que as abreviaturas eram muito freqüentes e podiam induzir a engano. Antigamente sapato era escrito com ç e a palavra gato podia ser lida como çapato na abreviatura çato. É até possível. Mas o mestre continua: "É digno de nota que o sentido da frase indica menos um erro de leitura que uma depreciação e motejo, o que indica já uma metáfora."

A. Faria argumenta que a frase provém de um jogo infantil. E Câmara Cascudo acrescenta que tal jogo era uma modalidade da cabra cega ou cobra cega, em que "uma criança, sempre de olhos vendados, é batida pelos companheiros que empunham sapatos, chinelas, varinhas, até que consiga agarrar a um deles, seu substituto."

Gato-sapato seria esta criança "entregue ao arbítrio alheio, humilhada, abúlica, ínfima e sofredora."

Embora ambas as explicações pareçam corretas, creio que a origem mesma da expressão é a que propôs João Ribeiro. O jogo infantil aproveitou a expressão já existente e aplicou-a com sentido semelhante ao ser humano, fazendo-a sobreviver.

2.69 Não Estar no Gibi

O gibi corresponde, na literatura em quadrinhos, ao folheto da literatura de cordel.

Segundos seus respectivos apreciadores, todo fato importante está registrado no gibi ou no cordel. O que não está no gibi é uma extravagância que não merece fé ou ainda não é um fato que deva ser amplamente divulgado.

No Nordeste, onde a literatura de cordel é mais divulgada, existe a frase correspondente: não está no folheto.

2.70 Dar Grilo

Grilo, nesta locução, corresponde a confusão, complicação, trapalhada.

Analisando o que acontece a quem ouve o cri-cri de um grilo dentro de casa ou no campo, é fácil perceber que o grilo realmente confunde a audição, não sendo fácil localizá-lo com precisão, de tão penetrante que é o seu ruído.

O significado de grilo igual a confusão é conseguido por metonímia, como deve ser o caso de dar bode e outras.

2.71 Cheio de Nove Horas

Nove horas era a hora clássica do século XIX, regulando o final das visitas e ditando o momento das despedidas.

A figura do cheio de nove horas surgiu nessa época, como a criatura infalível em citar regras de conduta para os outros e em restringir as alegrias dos outros, complicando as coisas mais simples.

A abonação que ele registra é de José Lins do Rego: "Nunca vi mulher mais cheia de noves-fora."

2.72 Inês É Morta

Inês é morta ou morreu Inês são frases que facilmente se explicam, dada a notoriedade do fato histórico que lhe deu origem: a morte de Inês de Castro, cantada por Camões, por Antônio Ferreira, por João de Barros e muitíssimos outros.

Por ter sido tão amplamente divulgada essa notícia, depois de algum tempo passou a ser corriqueira trivialidade a notícia de que morreu Inês ou de que Inês é morta.

Embora genuinamente portuguesa, Tomé Cabral afirma que a frase Inês é morta é muito mais usada entre nós do que entre os criadores. Seu significado atual corresponde a agora é tarde.

Por desconhecer o fato da morte súbita de João Pereira de Araújo Neves (1814-1885), governador do Rio Grande do Norte, com noticiário derramado e contínuo na imprensa do Rio de Janeiro e debates na Câmara dos Deputados, João Ribeiro relaciona a frase morreu o Neves ou aí morreu o Neves com aquela que se refere a Inês de Castro, que acabamos de ver.

2.73 Onde Judas Perdeu as Botas

Diz-se de um lugar longínquo, remoto e de difícil acesso. Corresponde a para lá de caixa-pregos; no fim do mundo; no calcanhar de Judas ou nos calcanhares de Judas; onde o diabo perdeu as botas; onde o diabo perdeu a espora; no cu do Judas; nos cafundós do Judas ou nos cafundós de Judas.

Pode-se explicar esta frase a partir da Bíblia. Em Mateus 27:5, lemos que "Judas, não podendo expiar sua culpa, mas tocado de arrependimento, retirou-se e foi pendurar-se num laço"

Ora, sendo Judas um personagem malquisto, não se pode imaginar que tenha escolhido, em seu mais profundo desespero, um lugar bonito e agradável para se enforcar. Onde Judas perdeu as botas, com a decomposição de seu cadáver dependurado no laço, só pode ser um lugar em tudo desagradável, feio e de difícil acesso.

2.74 Não Há Mais Juizes em Berlim

Raimundo Magalhães Jr. explica a origem desta frase resumindo o conto em verso de François-Guillaume-Jean-Stansislas-Andrieux, O Moleiro de Sans-Souci:

Aí se narra que, quando o rei da Prússia resolveu mandar construir o famoso castelo de Sens-Souci, o seu intendente tudo fez para afastar da vizinhança um modesto moleiro, cujo moinho daria uma nota prosaica a tão belo sítio. O moleiro, porém, não Aceitou nenhuma proposta para sair do local e permitir a demolição de seu moinho. Ameaçado com a expulsão violenta, ainda assim não se deu por vencido e gritou, decidido a ir lutar com o rei na justiça: ‘Il y a des juges à Berlin’(Há juizes em Berlim).

Quando a justiça dá um mau passo, dobrando-se ao poder, usa-se a expressão: não há mais juizes em Berlim, acusando a falta de juizes imparciais.

Tanto esta forma negativa quanto a forma original, positiva, são vivas na linguagem popular.

2.75 Levar a Lata

Explicando a origem da frase amarrar a lata (que nunca ouvimos), João Ribeiro lembra-se a possibilidade de derivação desta frase a partir de outra, de lata ao rabo, que provém da brincadeira maldosa que consiste em amarrar latas ao rabo dos cachorros vadios, que foi comum entre os estudantes de Coimbra.

Como o sentido de amarrar a lata é o de recusa ou falta ao cumprimento de uma promessa, equivalente a dar tábua em pedidos de casamento, é provável que tal significado tenha vindo da fusão do latim medieval glatire, que deu latir (bater), hoje obsoleto, e lata (folha de ferro batido), com outra forma latina lattere (por latere), que significava esconder-se.

Em amarrar a lata ambas as formas originais se confundem e se influem porque é certo que lata aqui envolve o sentido de falta, recusa ou negativa.

Enquanto amarrar a lata e deitar a lata têm sentido ativo, levar a lata tem o sentido passivo correspondente a levar uma surra, levar bomba, etc.

Levar a lata, portanto, é receber uma recusa.

2.76 Perder o seu Latim

Até o século XVIII o latim era a língua da comunicação letrada, o idioma das exposições, dos debates e das composições científicas. E perder o seu latim seria a derrota na tentativa de uma conquista verbal.

O acréscimo do complemento tempo só se deu no século passado, já que era dispensável, pois é inadmissível o exercício dialético sem a sua duração. A frase perder seu latim é arredondada com quatro mais quatro sílabas (contando-se até a última tônica), o que é normal na fraseologia: perder seu tempo e seu latim.

A elipse é tão natural que não prejudica o sentido da frase completa, neste caso.

Citando Montaigne, Câmara Cascudo documenta a frase também em língua francesa: "Qu’avant qu’il soit venu à la certitude de ce point où doibt joindre la perfection de son experience, le sens humain y per son latin."

Magalhães Jr. acha ter descoberto a origem desta frase na versão de um conto popular francês, que ele resume:

Augusto, vitorioso numa guerra, regressara a Roma. Em seu palácio, apareceu um homem com um papagaio ensinado. O louro dizia: ‘Salve, César invicto!" Encantado, o imperador o comprou por alto preço. Logo apareceu outro homem, com uma pega, que igualmente falava: "Salve, Augusto, vencedor glorioso." Também a pega foi adquirida por uma bela soma. Um sapateiro quis ensinar coisa parecida a um corvo. Mas encontrava dificuldades e, a toda hora, se queixava: "Não adianta! Estou perdendo o meu tempo e o meu latim!" Tanto perseverou, no entanto, que por fim o corvo aprendeu as palavras lisonjeiras. E foi, então, levado ao palácio. Mas Augusto se limitou a dizer: "Chega de tanta adulação! Não compro mais ave alguma!" Recordando, subitamente, as palavras desanimadas do sapateiro durante o seu aprendizado, o corvo gritou: "Não adianta! Estou perdendo o meu tempo e o meu latim!" Augusto começou a rir e comprou o corvo amestrado por preço muito superior ao das outras aves.

Se a origem foi esta, ao contrário de que pensa Câmara Cascudo, a frase completa foi anterior à frase elíptica.

No entanto, é bom deixar claro que a expressão proverbial no texto traduzido não corresponde, literalmente, à expressão portuguesa, enquanto a expressão elíptica já estava registrada por Montaigne, naquela mesma língua.

A frase do conto era: "Hélas! J’ai perdu mon temps et ma peine!"

Pedre son latin é frase tradicional francesa e significa perder seu tempo.

2.77 Sem Lenço nem Documento

O lenço e os documentos são elementos indispensável para quem se despede de sua família ou de sua comunidade para melhorar de vida.

O lenço se liga aos valores afetivos e os documentos aos valores morais, que não os mínimos que se podem exigir de alguém.

Quem sair de casa sem o lenço para acenar de longe ou enxugar as possíveis lágrimas de saudade e sem os documentos para se identificar por onde passar em suas aventuras, naturalmente será discriminado e tido por suspeito, já que lhe faltam os valores básicos: o amor e a gratidão à família e uma história que comprove os seus costumes e habilidades.

Um só desses elementos (sem lenço ou sem documento) já é suficiente motivo de discriminação, mas a rima e a métrica facilitaram a união dos dois elementos simbólicos.

2.78 Tirar de Letra

O verbo tirar parece estar empregado aqui no sentido de realizar alguma coisa. Tirar de letra pode estar relacionado com a música, quando, a partir da letra conhecida ou do texto marcado se torna mais fácil, por exemplo, tirar um samba.

Tirar um samba de letra seria tirá-lo com facilidade.

No sentido de conseguir, obter ou receber, o verbo tirar pode estar relacionado à compra a crédito, que se faz através de letra (promissória). Afinal, a compra a crédito não deixa de ser uma maneira mais fácil de obter as coisas.

Tirar de letra, neste caso, é resolver o problema da compra através de letra.

2.79 Por Locas e Bibocas

Locas, possivelmente do tupi roca, são buracos ou abrigos entre pedras, dentro ou fora d’água.

Biboca, segundo José Pedro Machado, é um substantivo proveniente do tupi "ybi-bco", alterado para "bi-boc", que significa terra, chão, fendido ou rasgado. Emprega-se também no sentido de casinha de palha, casebre barreado, neste caso, porém, o vacábulo bibova ou yby-b-oca, se traduzirá como casa de terra ou de barro.

Andar por locas e bibocas significa andar por lugares muito pobres, muito primitivo, totalmente afastados da tecnologia e do desenvolvimento moderno.

2.80 Na Última Lona

Lona é o nome do tecido que, por sua vez, provém do nome da cidade francesa onde ele era fabricado: Clonne.

Como tal tecido é utilizado na fabricação de tendas de circos itinerantes, passou a significar a própria tenda, por um processo metonímico normal.

Ora, estar na lona, ou seja, estar morando numa tenda de lona, já é uma situação de grande desconforto.

É de se supor que as pessoas que habitam a última lona de um circo não são os grandes artistas circenses, mas os mais humildes funcionários, encarregados da limpeza e da segurança do grupo.

Sem dificuldades se pode imaginar o que é estar na última lona: estar em extrema pobreza.

Como os jogos são muito comuns neste ambiente, a ligação entre a idéia de extremo desconforto e pobreza com o valor zero foi automática. Por isso, estar na lona e estar a zero significam a mesma coisa. E lona, nos jogos de porrinha, dominó e muitos outros, é o mesmo que zero.

2.81 Passar Manta

A manta é uma proteção de tecido ou encorpado que se coloca entre o arreio e o pelo da cavalgadura. Além de evitar pisaduras, é uma peça de adorno para a montaria.

Como o burro ou o cavalo são os que levam manta para servir de montaria, dar manta ou passar manta em alguém, além de ser um logro numa transação, é um modo de demonstrar que quem leva manta é burro, pois do contrário veria que aquele negócio seria uma manta para ele.

Aliás, a pessoa que dá manta, por gentileza, jamais diz que deu manta naquele fulano, a menos que ele nem pessoas de sua intimidade estejam por perto. Isto seria uma agressão.

A preposição em favorece esta nossa hipótese, visto que passar manta em alguém ou dar manta em alguém não poderia ser uma boa regência, se esta fosse a manta do Demo, a que se refere Câmara Cascudo ou um simples invólucro ou embrulho, como observa João Ribeiro.

2.82 Botar a Mão no Fogo

Embora João Ribeiro e Magalhães Jr. nos forneçam importantes informações sobre esta frase feita, transcreveremos apenas um fragmento do Câmara Cascudo, pois ele nos parece suficiente para esclarecer a sua história. Ele nos faz recordar que: "... uma das justificações nos ordálios da Idade Média era a prova do ferro caldo. Quem alegava inocência submetia-se a pegar numa barra de ferro aquecida ao rubro e caminhar com ela na mão por alguns metros. Envolvia-se a mão em estopa, selada com cera, e três dias depois abria-se atadura. Se a mão estivesse ilesa, sem sinal de queimadura, era evidente e provada a inocência. Se estivesse queimada, provada estava a culpabilidade e era imediata a punição pela forca."

Botar a mão no fogo por alguém, portanto, é jurar pela sua inocência.

Existem inúmeras variantes, como: pôr a mão no fogo; meter a mão no fogo; colocar a mão no fogo; assim como as suas negativas.

Ao contrário dos numerosos adágios traduzidos pelos paremiógrafos portugueses, este, que é tradução "J’en mettrais la main au feu", não só introduzido no uso vulgar, mas vive na torrente oral e está inteiramente nacionalizado.

2.83 Dar as Mãos à Palmatória

Não faz muitos anos ainda havia palmatórias em algumas escolas do interior.

Era tão natural que os alunos que errassem fossem punidos pelos que acertassem as perguntas do professor que as mãos estendiam automaticamente, humildes e reconhecidas.

Dar a mão à palmatória é reconhecer o próprio erro, mesmo hoje, quando já não existe tal objeto de suplício.

Não conhecemos referência a este castigo de torção do braço na história da escola tradicional. Pode estar relacionado com os castigos aplicados nas escolas de artes marciais ou desportos.

Quanto aos bolos, que ainda se dão nos jogos infantis, lembram o aspecto da mão de quem é castigado com a palmatória. Fica inchada e com as marcas dos furos da palmatória em alto-relevo, como se fosse um bolo confeitado.

Hoje, nos referidos jogos infantis, dá-se bolo ou se ganha bolo com a própria mão. Dar bolo é castigar e ganhar bolo é ser castigado.

2.84 Meter a Mão em Cumbuca

Esta frase feita é a redução de um provérbio muito conhecido: macaco velho não mete a mão em cumbuca.

Embora Couto de Magalhães assevera ser este um anexim tupi, do qual diz ter encontrado a seguinte versão rimada: macáca tuiué inti omundéo i pó cuiambuca opé, sua origem é muito remota, como veremos adiante.

Literalmente, esta versão tupi corresponde à portuguesa: macaco velho não mete a mão em cumbuca.

Como a palavra cumbuca é um brasileirismo, a variante portuguesa é meter a mão no cabaço, como nos informa Afrânio Peixoto.

A história que deu origem a este provérbio é muito divulgada, mas não parece estar embasada em fatos verídicos e sim em fatos literários. Tanto João Ribeiro quanto Câmara Cascudo estão de acordo neste particular. E ambos citam lendas bastante remotas que justificam suas opiniões.

Eis a história, segundo a versão de João Ribeiro: "Para caçar o macaco, introduz-se uma espiga de milho em um cumbuca, ele mete a mão, segura a espiga, e por não ter o instinto de largá-la, apesar de sua decantada astúcia, fica preso pela mão, que estando cheia não pode sair por onde entrara vazia. Como o cabaço está preso por uma corda a um objeto fixo, torna-se impossível a fuga.

O macaco velho, porém, tendo visto assim logrados muitos de seus companheiros, não se deixa cair na armadilha."

Além do mais, não seria o macaco o símbolo da esperteza entre os nossos índios, mas o jacaré ou a raposa. O macaco é símbolo de astúcia entre os africanos. No entanto, Oscar Ribas afirma que o provérbio não existe em Angola.

Segundo Câmara Cascudo, o anexim divulgado em nheengatu por Couto Magalhães é uma composição de fundo cultural que se tornou popular, já citada em Roma há quase vinte séculos e vulgarizada na China, na Índia e no mundo árabe.

João Ribeiro estuda esta frase em A Língua Nacional, p. 107-111 e 232-233 e nas Frases Feitas, p. 404. Luís da Câmara Cascudo a estuda em Coisas que o Povo Diz, p. 21-24 e em Locuções Tradicionais no Brasil, p. 262-263. Raimundo Magalhães Júnior fá-lo em seu Dicionário de Provérbios, p. 206.

2.85 Estar no Mato Sem Cachorro

Originário das histórias de caçadas, estar ou ficar no mato sem cachorro é estar metido em grande enrascada.

No mato indica o lugar em que se encontra a pessoa abandonada ou perdida, em seu lugar perigoso, entre as feras.

Além de amigos e companheiro fiel, o cachorro é um bom caçador. Quando até este faltou, o desespero é flagrante. É o fim da picada.

Deixar (alguém) no mato sem cachorro é abandonar ou colocar alguém numa situação da qual dificilmente se desembaraçará, seja porque a situação é difícil em si, seja porque lhe faltam os meios.

Como a várzea, no Nordeste, é o lugar de maior densidade da vegetação, a variante mais difundida ali é Ficar na várzea sem cachorro.

2.86 Cair nos Braços de Morfeu

Morfeu, filho de Hypnos, era o criador dos sonhos e, como seu pai, um dos deuses do sono.

Cair nos braços de Morfeu ou recolher-se aos braços de Morfeu são formas que se correspondem. Estar nos braços de Morfeu é estar dormindo.

Tais expressões foram muito usadas pelos poetas românticos, quando o sono era pintado com asas de borboleta.

2.87 Não Entender Patavina

Há uma explicação de natureza histórica e uma de natureza lingüística, ou melhor, histórico-lingüística.

A explicação tradicional, de natureza histórica, é que Tito Lívio, nascido em Patavium, Padova, Pádua, usara latinidade incorreta, peculiar a sua terra, constituindo o Patavinismo, erros reprovados pelos gramáticos.

Ora, contra-argumenta Luís da Câmara Cascudo, não seriam os reparos gramaticais a um historiador as fontes criadoras de uma frase ainda hoje tão viva em Portugal e no Brasil. Se assim fosse, certamente ficaria reduzida às áreas letradas.

Provavelmente esta imagem verbal tenha sido formada em Portugal, entre os patavinos (de Pádua, antiga Patavium), e divulgada pelos mercadores e pelos franciscanos, entre os quais se encontrava Santo Antônio de Pádua.

João Ribeiro acredita, no entanto, que se trata "apenas de mera ampliação popular do tema de reforço negativo existente em outras línguas romanas, pas (passus) como no francês.

E ainda acrescenta quase uma dezena de formas negativas em estruturas locucionais, muitas das quais nada têm a ver com este caso.

Logo a seguir, entretanto, esclarece: "Deste tema negativo foi possível formar derivações populares como saber pataca ou não saber patavina e não ter nada."

Entre as variantes mais comuns atualmente, citemos: não entender níquel, não entender pataca, não entender vírgula, não entender bulhufas.

Considerando a natureza do objeto que representam as palavra pataca e níquel, moedas de pequeno valor, seu parentesco se torna evidente e seu significado, explicável.

Do valor de moeda insignificante de pataca nasceu a expressão meia pataca, que significa quantia insignificante, nonada, ninharia.

Embora a pataca fosse cunhada em prata, foi o seu substituto, o níquel, que representou o valor de insignificância na fraseologia. Hoje, que as moedas já não são de prata, é assim que se costuma chamar qualquer moeda cunhada em metal, esquecendo-se a sua verdadeira etimologia provençal, em que plata é lâmina de metal.

Rafael Bluteau e Antônio Tomás Pires explicam a expressão como uma derivação do nome de A breve, em hebraico, que é pathach. Assim, não saber pataca equivale a não saber o A, sequer.

De qualquer modo, sendo verdadeira esta etimologia de pataca, na frase não saber vírgula ou não entender vírgula, a palavra vírgula também representa um sinal da escrita e o seu parentesco se estabelece com facilidade.

Foi considerando a locução sob este ângulo que Drummond apresenta uma outra variante com o ponto-e-vírgula: não entender ponto-e-vírgula – "A fila chegou ao guichê, e papo acabou, e eu não entendi ponto-e-vírgula do que os dois disseram."

Bulhufas deve provir de bolhas, que vem do latim bulla, ou seja, qualquer corpo esférico. Como a bolha é um glóbulo de ar, coisa inaproveitável, é fácil derivar daí o sentido da expressão não entender bulhufas, assim como a sua variante sintética, não entender lhufas.

Todas essas variantes equivalem a não entender nada.

Quanto à estrutura, todas têm uma negação seguida de um verbo, que é seguido de um reforço da negação anterior.

De um certo modo, isto confirma as teorias de João Ribeiro sobre tais estruturas negativas.

O verbo pode ser outro, como dizer, fazer, ouvir, etc.; as formas de reforço variam, conforme vimos, mas a estrutura da frase permanece: negação+verbo+reforço de negação.

2.88 Custar os Olhos da Cara

Esta frase só pode ser interpretada como uma alusão ao suplício bárbaro de arrancar os olhos aos prisioneiros de guerra perigosos à estabilidade do reino, tonando-os inofensivos.

Aliás, desde os tempos homéricos o valor incomparável da visão é decantado como a mais preciosa das jóias, a imagem mais viva na simbologia amorosa; tão valorizado que surge na Lei de Talião como a imagem de terror na locução: olho por olho, dente por dente, a maior ameaça que se poderia fazer aso malfeitores.

Custar os olhos da cara é custar muito caro; é custar a jóia mais cara que se possui.

João Ribeiro pretende ver no adjetivo caro, cara, no sentido de de alto preço, a partir da frase fita custar os olhos da cara, por meio da elipse de os olhos. Caro, como advérbio, seria uma evolução posterior, partindo do adjetivo na forma masculina ou neutra.

2.89 Não ter Papas na Língua

João Ribeiro supõe que a nossa frase é uma adaptação da frase castelhana "No tiene pepitas en la lengua", com a evolução de pepitas para papitas, que é o diminutivo de papas.

Pepitas, em castelhano, corresponde a pevides, que são películas que revestem a língua de algumas aves, ou, no singular, uma espécie de disartria na qual o paciente tem dificuldade ou até impossibilidade de pronunciar o /r/.

De qualquer modo, pode ter havido até uma confluência sêmica, facilitando o entendimento da frase.

Não ter dificuldade de articulação e não ter daquelas películas, próprias das galinhas, pegadas à língua é poder falar o que quiser, pois o papagaio pode articular bem o /r/, mas não fala o que quiser, porque é uma ave e não uma pessoa.

Pode falar o que quiser somente quem não tem papas na língua, mesmo que papas sejam batatas inglesas (como dizem os gaúchos) ou qualquer tipo de mingau (como se ouve no Nordeste). Quem não tem papas na língua está com a boca desimpedida para falar.

Aliás, achamos que a expressão deve ter sido não ter papas na boca (se papas forem as batatas ou os mingaus). Língua deve ter surgido como uma analogia com idioma; uma espécie de assimilação semântica.

2.90 Não Dar Pé

Origina-se da arte ou técnica da natação. Dar pé significa poder ficar de pé ao fundo da piscina, lagoa, rio, etc. e ficar com a cabeça fora d’água. Ou seja, dar para ficar de pé ao fundo, naturalmente, sem se afogar.

Não dar pé é o contrário, não ser possível tal ato.

Com a ampliação do sentido, não dar pé significa ser impossível. Aqui, a palavra já não significa nada, fora do contexto.

2.91 Fazer Pé de Alferes

É possível que fazer pé de alferes esteja relacionado com a locução francesa pied d’affaires, por simples associação fonética, como são muitas das etimologias populares.

Mas, como o alferes é um militar em meio de carreira na hierarquia do Exército Colonial Brasileiro, sua posição firme e inabalável é justificada por ter igual número de patentes ultrapassadas e por ultrapassar. Se não fosse firme não teria chegado até ali, mas se deixar de ser firme não atingirá o fim da carreira.

Na linguagem dos namorados, fazer pé de alferes é fazer pé firme como se fosse um alferes, não se abalando com a vizinhança da mulher amada nem com um rival que talvez a corteje também. É namorar com serenidade, sem medo e sem disparatadas emoções.

2.92 É da Pontinha!

O gesto e a frase são muito populares em Portugal, de onde provêm.

Segundo Luís da Câmara Cascudo:

Aplicava-se especialmente aos vinhos e isto se verificava porque havia e há em Portugal a frase vinho de orelha quando alguém quer referir-se a um bom vinho. E não querendo citar o de orelha, alusivo ao vinho, bastará fazer o gesto de tocar na orelha. É daqui... e todo bom bebedor entende perfeitamente. Pertencente à gíria dos provadores passou ao patrimônio comum da linguagem popular nas regiões da vindima.

A frase portuguesa, da qual nos veio a que ora estudamos, provém do francês, onde "vin d’une oreille" é o bom vinho, cujo sabor se aprova com a inclinação da cabeça apenas para um lado.

O "vin des deux oreilles" é o mau vinho, cujo sabor desagradável faz que se movimente várias vezes a cabeça, e, conseqüentemente, de uma orelha a outra, conforme a Larousse.

2.93 Pôr em Pratos Limpos

Pratos é a forma correspondente ao plural neutro prata ou plata, cujo singular era platum, em latim.

Assim, não há diferença entre as locuções en plata (do castelhano) e em pratos (do português).

A frase original, segundo João Ribeiro, deve ter sido em prata limpa ou em prata límpida, equivalendo a em seus verdadeiros termos. Neste caso, conclui que "o sentido da metáfora consiste em equiparar qualquer coisa embaraçada ou abstrusa, ao seu valor, preço e metal."

2.94 São Outros Quinhentos!

Frei Domingos Vieira, em seu Tesouro da Língua Portuguesa, edição de 1874, esclarece que "Isto são outros quinhentos! Quer dizer que alguém pronunciou novo disparate afora os que havia soltado."

Magalhães Jr. tenta relacioná-la a frase inglesa that is another story e com a francesa c’est un autre paire de manches, ao que nos parece, sem resultado satisfatório.

Um registro de Câmara Cascudo parece esclarecer melhor a história desses outros quinhentos: "A partir do séc. XIII os fidalgos de linhagem na Península Ibérica podiam requerer satisfação de qualquer injúria, sendo condenado o agressor em 500 soldos. Quem não pertencesse a essa hierarquia alcançava apenas 300. Compreende-se que outra qualquer vilta, vitupério sem razão, posterior à multa cobrada, não seria incluída na primeira. Matéria para novo julgamento. Outra culpa. Outro dever. Seriam, evidentemente, outros quinhentos soldos. "

A frase é antiga em português e encontrada com freqüência desde Camões. Em castelhano, desde Cervantes até os nossos dias tem uso freqüente também.

2.95 Tirar Sardinha com Mão de Gato

Popularizada a frase tirar castanhas com mão de gato através da fábula de La Fontaine O Macaco e o Gato, traduzida do francês "faire comme le singe, tirer les marrons du feu avec la patte du chat", não seria difícil o sucesso de sua variante portuguesa difundida literariamente a partir de A Arte de Furtar.

A frase é descritiva e, o que interessa mesmo é como se tira algo, isto e, com mão de gato, veloz e disfarçadamente como sugere a fábula.

2.96 Da Silva

Quando se pretende exprimir o rigor da exatidão e precisão com que se qualifica qualquer coisa, é comum dar forma de diminutivo ao adjetivo e determiná-lo com a expressão da silva.

Acreditamos que a associação do antropônimo Silva à idéia de intensidade é da mesma natureza da associação do adjetivo católico à idéia de autêntico e verdadeiro. Como a maioria esmagadora dos brasileiros até alguns anos atrás era católica, o que não fosse católico não era verdadeiro. Assim, dizia-se que uma roupa não estava muito católica quando não apresentava bom aspecto.

Ora, como da Silva é o nome de família mais difundido entre nós, ser da silva é ser reconhecido, autêntico, verdadeiro. Assim a sardinha vivinha da silva era vivinha de verdade. Além de intensificar o adjetivo, por ser uma espécie de pleonasmo ou redundância, o da silva dá uma idéia de familiaridade, como se já fosse coisa conhecida.

João Ribeiro relaciona a expressão com o pregão dos vendedores de peixe, que vendiam as sardinhas com o grito habitual: Vivinha da costa! Ainda viva!

Como Costa é nome de pessoa, originaram-se variantes: vivinha da Costa e vivinha da Silva.

Costa e Silva são apelidos que se opõem quanto ao sentido, o que facilitaria a criação da variante.

Mas ainda existe uma noutra conjetura, de autoria de Sílvio de Almeida: "Silva, em latim, era selva, floresta, e Juvenal usou da palavra em sentido figurado quanto escreveu: silva comæ, uma floresta de cabelos. Semelhantemente: chamamos silva a malha de pêlos da cara dos cavalos, em referência aos quais branco da silva tem uma significação tão clara como, por exemplo, calçado das mãos.

Compreende-se, pois, o encarecimento da locução branco da silva, aplicada primeiro aos animais. Depois ela se generalizou, e a idéia de branco sugeriu a de fresco; como a de fresco, a de viçoso ou cheio de vida, e assim por diante."

 

2.97 Levar Tábua

A locução é corrompida de tábula, pedra do jogo de gamão. Seria possivelmente tomada da expressão proverbial ser tábula que não se joga que se encontra nos antigos escritores e que significa não ter valor algum e estar fora do jogo.

No jogo que se constitui o namoro, quem recebe um não fica com a inútil tábula. Na mesma acepção, costuma-se dizer que a moça que já é noiva é carta fora do baralho, o que vem a ser outra espécie de tábula que não joga.

Levar, carregar ou tomar tábua são frases de sentido passivo, correspondendo a receber um não em pedido de casamento. Dar ou passar tábua, dar a tábua ou passar a tábua são frases de sentido ativo, correspondente a negar-se a um pedido de casamento. Aliás, tanto estas expressões, como as que substituem tábua por lata ou por peru, todas são empregadas nas recusas a algum pedido, seja para dançar (levar peru) ou de casamento, como as demais.

2.98 Sem Tirte nem Guarte

Tirte ou tir-te é forma apocopada do imperativo tira-te, que significa retira-te ou arreda-te. Guarte ou guar-te é forma apocopada de guarda-te, que significa defende-te, protege-te.

A redução da frase, tornando-a mais opaca, elimina também o verbo dicendi que deveria estar presente na frase original: sem (dizer: re) tir (a-) te nem guar(da-)te.

Com o significado idêntido ao de sem dizer água vai, fica mais fácil, deste modo, o seu entendimento.

2.99 Perder a Tramontana

Em seu livro de Curiosidade Verbais, João Ribeiro nos oferece a seguinte explicação desta frase feita:

O Norte para a antiguidade era uma noção de pequena importância, mais do céu estrelado que da terra, por isso que a civilização antiga, quase toda debruçada sobre o Mediterrâneo, se estendia no sentido dos paralelos, sendo o Norte, mia ainda o Sul, a região desconhecida, inabitável e impérvia dos bárbaros. Essa região da morte e dos gelos tinha em seu firmamento um ponto luminoso, a estrela polar, espécie de farol para os navegantes mediterrâneos. Como ficava para além dos montes, chamou-se em certo tempo a tramontana, na língua dos pilotos genoveses e venezianos, os primeiros que regularizaram as grandes navegações do Levante e Poente, no mundo medieval.

A estrela polar ficava para além dos Alpes (transmontes).

Daí a frase perder a tramontana, perder o norte, o rumo certo.

De origem italiana, esta frase foi amplamente difundida e se encontra nas literaturas de quase tosas as línguas européias.

Exemplos em outras línguas podem ser vistos no Dicionário de Provérbios, de Raimundo Magalhães Jr.

2.100 Dar às de Vila-Diogo

É uma da expressões mais estudadas em português e, certamente, em espanhol e no galego. Nem por isso foi esclarecida sua verdadeira e incontestável origem.

Usada literariamente desde D. Francisco Manuel de Melo, nos Relógios Falantes, de 1645, em português, e desde Fernando de Rojas, em La Celestina, em 14999, em castelhano, ainda hoje é um ministério para os investigadores, folcloristas, filólogos ou historiadores. Nem mesmo se sabe ao certo se a frase se refere ao lugar situada na província de Burgos, na Espanha, ou a uma pessoa de nome Villadiego, que conseguiu fugir do cárcere ou de algum outro perigo.

Gabriel Maria Vergara Martin, no Refranero Geográfico Español, afirma que a frase Tomar las de Villadiego é uma alusão alforjes, pelos quais Villadiego é muito conhecida.

Mas acrescenta: "outros crêem que se refere esta locução a um Villadiego que escapou do cárcere..." No entanto, a maioria entende que a frase equivale a "tomar o caminho de Santiago de Galícia", ou a direção ou rumo do lugar Villadiego.

José Ramón Y Fernández Oxea, debatendo tosas as sugestões da pesquisa de D. José Maria Iribarren, tomar las de Villadiego, sé não apresentou recusa formal à que evoca Fernando III (1199-1252) protegendo os judeus perseguidos como feras, dando-lhes Villadiego como refúgio inviolável. Deveriam os israelita dessa localidade usar trajes distintivos, marcando a distinção. Assaltados ou ameaçados noutras paragens, os judeus fugiam para Villadiego, tomando as insígnias salvadoras.

Quanto à alusão às calças, este fragmento de Iribarren é bastante esclarecedor: "E, como por decreto real, os judeus usassem traje distinto dos demais cidadãos, quando se viam em perigo, abandonavam suas próprias roupas e fugiam para tomar as de Villadiego e aceitar os privilégios e regalias de quantos habitavam essa villa."

No Brasil, entre outros, estudaram a origem desta frase feita e sua interpretação: Antônio de Castro Lopes, Luís da Câmara Cascudo, Oskar Nobiling, João Ribeiro, Raimundo Magalhães Júnior e Sílvio de Almeida.

A explicação de Castro Lopes não tem sentido, visto que o fato que ele supõe dar origem à locução teria ocorrido em 1808, quando a frase já era corrente há mais de 300 anos.

A partir dos estudos de Sílvio de Almeida no Diário Popular, em 1905, Oskar Nobiling conclui que Vila Diogo poderia ser Vila Diabo, já que Diogo é um dos nomes do Demônio, ou Casa do Diabo, coma na frase: vá para a casa do Diabo ou vá para as profundezas dos Infernos.

Supomos que neste caso houve engano, visto que Vila Diogo é lugar de salvação, para onde se vai e não de perdição, para onde se mandam os desafetos.

João Ribeiro, relacionando calças com calçado, observou que deixar ou esticar as botas é morrer e que o contrário de morrer, ou seja, escapar ou salvar-se, ou mesmo fugir, seria tomar as botas ou tomar as calças, ou ainda, levar as calças.

Interpretando a Lex Salica, ele ainda argumenta que tirar as calças correspondia a uma das cláusulas de uma cessão dos bens (e a morte e uma cessão forçada) e queria dizer o cedente teria de sair, abandonando tudo.

Com razão, contra-argumenta Câmara Cascudo que a frase sugere vestir as calças e não tirá-las. Ou seja Levar as de Vila-Diogo, Tomar as de Vila-Diogo, Dar às de Vila-Diogo, Colher as de Vila-Diogo.

Isto, entretanto, pode ser entendido como tirar as próprias calças para tomar as de Villa-Diogo.

3 – CONCLUSÃO

Pudemos observar, com o estudo destas 100 frases feitas usadas por Carlos Drummond de Andrade em suas crônicas, que o uso atual de uma frase feita envolve a sua história durante toda a sua existência no passado.

Atrás de uma frase feita, embora deva haver exceções, há uma torrente de expressões paralelas ou variantes, há uma história ou um fato literário marcante e há a participação ativa do povo que a divulgou através da língua oral.

As variantes de uma frase feita podem levar o pesquisador, através da comparação, a descobrir a sua origem e o seu sentido etimológico. Principalmente se considerarmos também as variantes já abandonadas, e que devem ter estado mais próximas da sua origem.

Podemos considerar também que as variantes podem ter formas muito semelhantes e sentidos bem diferentes, assim como podem ter sentidos semelhantes e formas muito diferentes.

Como a frase feita sempre se refere a um fato real ou literário, aí está o nó da questão: descobrir o fato real ou fictício a que se liga a frase feita estudada. Nem sempre é possível. Nunca será fácil. E são raríssimas as vezes que não se possa contestar uma hipótese levantada.

Uma locução só é uma frase feita se for uma estrutura petrificada na língua. Ora, só pode ser petrificada uma locução consagrada pelo uso, ativo ou passivo, do povo ou por uma pequena parcela do povo que tenha força de tradição. A frase feita, se não for um lugar-comum, deve tê-lo sido em alguma época e em algum lugar do país.

Notamos a predominância, por exemplo, de frases feitas que se relacionam com a vida do campo e com diversões ou jogos. Mais de 30% das frases feitas estudadas se relacionam com a vida campestre e uns 10% se relacionam com os jogos.

Outra predominância diz respeito ao comportamento humano. A maioria absoluta delas se relaciona com um comportamento humano específico ou com a sua conseqüência.

Quanto aos fatos semânticos e estruturais, ressaltam-se as elipses (o que costumam dificultar a interpretação etimológica); o ritmo e a rima interna; a ampliação ou restrição do sentido original; as freqüentes metáforas e as metonímias.

Há frases feitas que dificilmente poderão ser definitivamente esclarecidas, pois fazem alusão a fatos ou seres que não foram registrados pela história nem pela tradição. Foram certamente fatos marcantes de curta duração, não levados em consideração pelos que fazem a história dos homens.

Não sendo possível conseguir provas concretas da verdadeira origem das frases feitas aqui estudadas, contentamo-nos com os breves esclarecimentos apresentados e com levantamento de algumas hipóteses que poderão ser melhor examinadas e desenvolvidas mais tarde.

Rio de Janeiro, fevereiro de 1985.

José Pereira da Silva

 

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