APRESENTAÇÃO
O Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos tem o prazer de apresentar-lhe o número 10 do V volume dos Cadernos do CNLF, contendo oito trabalhos de autoria dos professores, filólogos e/ou lingüistas Ângela Vieira de Alcântara, Cócis Alexandre dos Santos Balbino, Ernani Machado Garrão Neto, Jacqueline de Fátima dos Santos Morais, José Pereira da Silva, Luiz Fernando Dias Pita, Maria Alice Tavares, Maria Cristina Lírio Gurgel e Wagner Guimarães da Silva Almeida, que nos apresentam importantes contribuições sobre a língua e o ensino.
No primeiro trabalho (p. 7 a 16), o autor observa a propriedade de realização/não-realização fonética do sujeito pronominal no processo de aquisição do português como L2 por um falante adulto do inglês, considerando a hipótese de que o português do Brasil tem passado por um processo de mudança em que se verificam alterações na representação do sujeito de referência definida, com status de pronome.
No segundo trabalho (p. 17-31), a autora faz uma análise da obra de Benjamim a partir de dois volumes de Obras Escolhidas, publicados pela editora Brasiliense. Segundo a qual,
Ler Benjamin e ver em seus escritos algo para além do suposto pessimismo é tarefa que requer mais que bons olhos. Requer sobretudo paciência, pois para seguir as pistas lançadas no tecido de seus textos é preciso portar-se como um caçador que segue as trilhas da presa desejada, sem pressa. Ou ainda agir como um detetive, que busca encontrar nos sentidos ocultos, os possíveis indícios espalhados ao longo do trajeto percorrido. Ler Benjamin requer vasculhar a contrapelo, buscando assim as pistas por vezes escondidas no entrelace de seus ditos. Perder suas pistas requer encontrar outras, por simples prazer de buscar e por simples prazer de perder. Mas é preciso não esquecer que os encontros e reencontros que seu texto provoca, comportava novas e desafiadoras buscas. Buscas por instrução. Afinal, como o próprio Benjamin nos adverte em Infância em Berlim por volta de 1900:
No terceiro trabalho (p. 32 a 40), descreve, com base em Bakhtin e em Authier-Revuz, os traços constitutivos dos discursos construídos em co-autoria pelo professor e seus alunos em sala de aula, analisando as não-coincidências do discurso consigo mesmo e considerando que toda palavra, por se produzir em meio ao já dito de outros discursos, é habitada pelo discurso do outro.
No quarto trabalho (p. 41-56), as autoras refletem sobre o que acontece no processo de alfabetização das crianças das camadas populares, e como a escola pode contribuir ou potencializar o fracasso ou o sucesso escolar, concluindo com Paulo Freire que “estamos ensinando a ler quando ensinamos a compreender o mundo”.
No quinto trabalho (p. 57 a 68), a autora propõe um percurso pelo item lingüístico aí em sua passagem pelo processo de gramaticalização que parte de usos dêiticos e desemboca na especificação de sintagmas nominais (SNs) indefinidos.
No sexto trabalho (p. 69 a 80), o autor analisa o desenvolvimento das tecnologias de educação à distância a partir da internet, onde a presença física de professor e aluno já não é condição sine qua non da relação ensino-aprendizagem.
No sétimo trabalho (p. 81-89), um graduando do IL demonstra a produtividade do uso da informática no ensino da língua portuguesa a partir de suas experiências em pesquisa de iniciação científica na UERJ.
E, por fim (p. 90 a 92), o editor traz algumas notícias sobre as possibilidades de ensino a distância como uma solução viável para algumas especialidades que dispõem de número insuficiente de docentes no ensino superior, como é o caso de Literatura Latina, Filologia Românica e outras disciplinas de Letras, por exemplo.
O CiFEFiL agradece aos que manifestarem suas opiniões e críticas ao editor e/ou aos respectivos autores para prosseguirmos com atividades cada vez mais enriquecedoras.
Quem critica participa da autoria e ganha uma boa oportunidade de mudar o mundo para melhor e que é em relação ao mundo que nos cerca que seremos cobrados pela história.
Rio de Janeiro, março de 2002.