O NEOLOGISMO POR EMPRÉSTIMO

NO VOCABULÁRIO DA MODA

Emilia Maria Peixoto Farias (UFC)

 

Considerações iniciais

O léxico de uma língua é um sistema in fieri e como tal vive em permanente expansão. Em face desse eterno devir é importante investigar quais as causas que levam à formação de novos itens léxicos e quais são os mecanismos utilizados nessa renovação lexical. Dentro dessa perspectiva de expansão vocabular, o fenômeno neológico tem sido objeto de muitas investigações que visam desde a descrição lexical até à planificação lingüística.

No âmbito da neologia lexical, Guilbert (1975: 31) define esse processo como a “possibilidade de criação de novas unidades lexicais, em razão das regras de produção incluídas no sistema lexical.” 1 (Tradução nossa). O referido autor também considera como neologismos os termos emprestados de outras línguas.

Boulanger (1979: 65-66) define neologismo como: “uma unidade lexical de criação recente, uma nova acepção de uma palavra já existente, ou ainda, uma palavra recentemente emprestada de um sistema lingüístico estrangeiro e aceito numa língua”. Contudo, a atividade neológica não é tão recente como se pensa. Ela acompanha a história das línguas. Foi no século XX, no entanto, que se intensificaram as criações lexicais formadas a partir de processos vernáculos (composição e derivação) e de empréstimos lingüísticos, sobretudo os de origem inglesa fato que, no Brasil, deveu-se à intensificação das atividades técnico-científicas.

Como bem afirma Alves (1996: 13), o conceito de neologia vai sendo modificado ao longo das décadas e no que concerne às línguas de especialidade, a autora cita a definição de neologia da Norma ISO 1087, que trata do vocabulário terminológico como: “termo de criação recente ou emprestado há pouco tempo de uma língua estrangeira ou de uma outra área do conhecimento.”

Com essa modificação conceitual, o neologismo não fica restrito somente às línguas comuns, mas às línguas de especialidade também, que são objeto de planejamento e intervenção lingüística. Devido a esses fatores, Alves (ibidem: 14-15) sugere os seguintes princípios como indicadores na criação de um neologismo terminológico:

De caráter lingüístico:

· O neologismo deve estar em conformidade com as regras morfossintáticas da língua e adaptar-se ao sistema morfológico e ortográfico;

· Deve ser adaptável a outros idiomas, por meio de emprego de elementos greco-latinos e de sufixos comuns a outros idiomas;

· Deve denominar, o mais claramente possível, um conceito previamente delimitado e com ele estabelecer uma relação;

· Deve ser capaz de constituir derivados.

 

De caráter sociolingüístico:

· O neologismo deve estar em conformidade com a política lingüística do idioma;

· Deve estar de acordo com o nível de língua de trabalho em que será utilizado;

· Deve ser fruto de uma necessidade;

· Não deve apresentar conotações negativas.

 

De caráter metodológico:

· A criação do neologismo deve contar com a presença de profissionais da área em estudo que possam orientar as propostas neológicas;

· Deve levar em conta o sistema conceitual e denominativo de que o neologismo forma parte;

· Deve considerar que uma forma não adequada ao sistema da língua, mesmo consolidada, possa ser revista.

 

Os vocabulários das línguas de especialidade em sendo um subsistema da língua comum têm como fundamento para a criação lexical as seguintes funções:

· A função de mudança de classe;

· A função expressiva;

· A função de denominação. (Basílio, 1987)

A função de mudança categorial está ligada à característica econômica do sistema, que possibilita o emprego de uma classe de palavras em outras a partir da adição de determinados elementos mórficos ou afixos. Segundo a autora, se tivéssemos uma palavra para uso em cada classe gramatical, isso multiplicaria em muito “o número de palavras que teríamos como vocabulário básico e, portanto, tornaria a língua, como sistema de comunicação, muito menos eficiente.” (Idem: ibidem, 10)

A função expressiva diz respeito à necessidade que o homem, participante de uma dada comunidade lingüística, tem de expressar de forma variada e espontânea sua subjetividade. A função de denominação, por sua vez, relaciona-se com a permanente necessidade que o homem tem de nomear ou caracterizar ações, coisas e seres. Está vinculada, principalmente, à tecnologia, à pragmática, à cultura e desenvolve-se muito rapidamente.

O fenômeno de criação lexical ocorre nas mais diferentes áreas e a base desse dinamismo é a criatividade humana e, para isso, o homem utiliza-se de dois mecanismos principais para a ampliação lexical:

· O processo de criação através de recursos da própria língua;

· O processo de adoção e adaptação de termos alógenos.

Aqui serão analisados os empréstimos de línguas modernas, que na classificação de Bloomfield (1960), foram denominados de “empréstimos culturais”, ou seja, aqueles que resultam de contatos políticos, sociais e, principalmente, comerciais. Não podemos confundir empréstimo sincrônico, advindo de línguas estrangeiras modernas, com o empréstimo diacrônico: “a gramática histórica portuguesa considera como empréstimo toda contribuição estrangeira que tenha entrado para o português depois que a língua se constituiu como tal. Isso se deu por volta do século XIII.” (Melo, 1975: 216 apud Rocha, 1999: 72)

 

Empréstimo lingüístico no vocabulário da Moda

Como na língua comum, os empréstimos mais freqüentes nas línguas de especialidade são os lexicais, pois constituem uma rica fonte de enriquecimento vocabular. Os empréstimos fonológicos e sintáticos são raros devido à característica fechada desses sistemas. Já no sistema lexical, existe um movimento de fluxo e refluxo intenso de termos e dentre as classes mais receptivas aos empréstimos estão os substantivos e os adjetivos.

Guilbert (1975: 90) define o empréstimo como: “uma introdução, no interior do sistema, de segmentos lingüísticos com uma estrutura fonológica, sintática e semântica conforme a outro sistema (...)”. Ficam, então, excluídos pelo autor os empréstimos internos, aqueles que migram de vocabulários regionais, profissionais ou do vocabulário comum. Dentro dessa adaptação à língua receptora, Carvalho (1989: 43) aponta as seguintes fases para a introdução do termo alógeno ao novo sistema:

Palavra estrangeira (existente na língua A)

¯

Estrangeirismo (usado na língua B)

¯ ¯

Empréstimo Xenismo

(Adaptação de qualquer tipo (Ausência de adaptação

na língua B) para a língua B)

O empréstimo de línguas modernas dá-se com muita freqüência em diferentes áreas como economia, publicidade, ciências da computação etc. Parece-nos que a grande contribuição vem da língua inglesa, cujos motivos econômico-sociais já conhecemos.

Como nas áreas acima citadas, o universo lexical do campo da Moda é muito receptivo aos empréstimos, principalmente, aos de origem inglesa (anglicismos) e aos de origem francesa (galicismos). Muitos dos termos emprestados passaram por fases e formas de adaptação para integrarem-se ao seu vocabulário. Dessa forma, é interessante sabermos quais as formas de adaptação que os empréstimos sofreram ao integrarem o universo pesquisado.

No corpus da pesquisa, constituído de 850 termos que integram o Glossário dos termos da moda, foram registrados 137 neologismos por empréstimo, assim distribuídos:

· 01 de origem aleúte - parka

· 01 de origem espanhola - papaya

· 01 de origem italiana - capuccino

· 104 de origem inglesa

· 30 de origem francesa

Por razões de produtividade, analisaremos somente os casos de adaptação dos empréstimos de língua francesa e de língua inglesa. O modelo de análise adotado tem como base aquele proposto por Santos (1994: 73-78), que classifica os termos em três categorias distintas conforme o tipo de adaptação:

1. Termos adaptados (TA)

2. Termos decalcados (TD)

3. Termos mantidos na forma original (TM)

Dessas três categorias, são objeto de investigação a categoria 1, termos adaptados, e a categoria 2, termos decalcados. Na análise dos termos adaptados, foram revelados seis tipos diferentes de adaptação, que foram assim subcategorizados:

· Subcategoria 1 - Adaptação ao sistema morfossintático

· Subcategoria 2 - Adaptação ao padrão silábico

· Subcategoria 3 - Adaptação ao sistema ortográfico

· Subcategoria 4 - Adaptação ao sistema fonológico

· Subcategoria 5 - Adaptação por deslocamento de acento

· Subcategoria 6 - Decalque

 

Subcategoria 1

Adaptação ao sistema morfossintático

Este tipo de adaptação acontece quando o empréstimo começa a formar derivados e compostos. São exemplos desta categoria:

 

AZUL-ROYAL

JEANS DELAVÊ

CAMISA-BODY

JÉRSEI EXTRA-SOFT

DÉGRADÉ-PÔR-DO-SOL

LAISE PRENSADA

TOP-CAMISA

TECIDO STRETCH

TOP-LENÇO

VELUDO STRETCH

VESTIDO-CHEMISE

PALAZZO PIJAMA

 

Os exemplos da primeira coluna são substantivos compostos. No caso de <azul-royal>, temos o adjetivo em inglês royal (real), associado a uma base substantiva portuguesa “azul”, formando um substantivo com a estrutura DM (determinado) - DT (determinante).

Em <dégradé-pôr-do-sol>, temos a inversão da estrutura anterior, DT - DM, em que DT é constituído por um adjetivo na forma participial do verbo francês degrader (degradar) e DM é base substantiva portuguesa. Em ambos os casos, temos a função sintática de subordinação entre os membros do composto em que a base é o elemento genérico ao qual o determinante acresce uma especificação.

Nos outros quatro exemplos da mesma coluna, os substantivos compostos revelam uma estrutura paratática entre seus elementos constituintes. Não existe, portanto, DT - DM. As bases do composto justapostas e coordenadas associam-se copulativamente dando origem a um novo termo.

A segunda coluna é composta por formações sintagmáticas do tipo DM - DT, em que DM é constituído de base substantiva e DT é adjetivo. A única exceção é <palazzo pijama> que tem a estrutura DT - DM. Em todos os casos aqui mostrados, temos exemplos de hibridismos do tipo:

 

Substantivos

AZUL-ROYAL

PORTUGUÊS-INGLÊS

VESTIDO-CHEMISE

PORTUGUÊS-FRANCÊS

TOP-CAMISA

INGLÊS-PORTUGUÊS

DÉGRADÉ-PÔR-DO-SOL

FRANCÊS-PORTUGUÊS

 

Composições Sintagmáticas

VELUDO STRETCH

PORTUGUÊS-INGLÊS

JEANS DELAVÊ

INGLÊS-PORTUGUÊS

LAISE PRENSADA

FRANCÊS-PORTUGUÊS

PALAZZO PIJAMA

ITALIANO- PORTUGUÊS

 

Subcategoria 2 - Adaptação ao padrão silábico

Neste tipo de adaptação, ocorre uma reconstituição silábica no empréstimo por prótese, epêntese ou paragoge da vogal “e”, como nos exemplos abaixo:

Empréstimo

Prótese

Epêntese

Paragoge

SPENCER

+

   

PATCHWORK

 

+

+

SLINK

+

 

+

STRETCH

+

 

+

SLIM FIT

+

 

+

DARK

   

+

JACQUARD

   

+

PINK

   

+

TOP

   

+

 

Essa adaptação justifica-se devido a uma exigência do padrão silábico do português que tem a seguinte estrutura: “(m1) v (m2), onde somente a vogal (v) é obrigatória, pois as margens (m) são facultativas.” (Silva, 1981:102 apud Santos, ibidem: 76). Com isso, podemos concluir que, mesmo mantendo a grafia original do empréstimo, este ao ser inserido no léxico do português passa por adaptação ao padrão silábico que exige como elemento mínimo da sílaba a vogal, por prótese, paragoge, prótese e paragoge ou epêntese e paragoge.

 

Subcategoria 3

Adaptação ao sistema ortográfico

Nesta categoria estão incluídos os empréstimos que sofreram adaptação do padrão fonológico das vogais e/ou consoantes ao padrão ortográfico do português, como nos exemplos abaixo:

Empréstimo

Termo Adapatado

CIRÉ

CIRÊ

DELAVÉ

DELAVÉ

DEVORÉ

DEVORÉ

LAISE

* LESE

LYCRA

* LAICRA

ROSA-SHOCKING

* *ROSA-CHOQUE

SALMON

*SALMÃO

SALOPETTE

SALOPETE

 

Este tipo de adaptação decorre da necessidade que os falantes têm de encontrar no sistema ortográfico da língua grafemas que correspondam aos fonemas que constituem o empréstimo.

 

Subcategoria 4 -Adaptação ao sistema fonológico

Esta subcategoria caracteriza-se pela adaptação das vogais e consoantes ao sistema fonológico do português sem qualquer alteração gráfica, como nos exemplos abaixo:

Empréstimo

Adaptação

BLEU-DE-CHINE

de [ Æ ] para [ ê ] como em bêbado

BODY

de [ ¶ ] para [ a ] como em casa

BOXEUR

de [ œ] para [ ε ] como em metro

CASUAL

de [ ž ] para [ z ] como em casulo

CHINTS

de [ tš ] para [ š ] como em China

CLEAN

de [ iyn] para [ ĩ ] como em índio

JUMPER

de [ dž ] para [ž ] como em jantar

LISEUSE

de [œ] para [ ε ] como em metro

LOOK

de [ u ] para [ u ] como em mudo

METHIOLATE [sic]

de [ ey] para [ a ] como em casa

OVER

de [ ¶u] para [ O] como em ovo

PLUSH

de [ ¶ ] para [a ] como em casa

 

Os casos acima citados são exemplos das diferentes formas de adaptação do empréstimo ao sistema fonológico do português, através da reprodução por aproximação dos fonemas de origem. Esse tipo de adaptação pode ser decorrente da não existência do fonema no sistema receptor ou mesmo de uma tentativa de aproximação da pronúncia à grafia do termo emprestado.

 

Subcategoria 5

Adaptação por deslocamento de acento

Nesta subcategoria estão incluídos os casos de adaptação por deslocamento de acento como mostramos abaixo:

boxer - com acento primário na primeira sílaba, passa para o léxico do português com acento na segunda sílaba.

Casual - com acento primário na primeira sílaba, passa para o léxico do português com acento na terceira sílaba;

merthiolate - com acento primário na primeira sílaba, passa para o léxico do português com acento na terceira sílaba.

No primeiro exemplo, o termo é paroxítono originalmente, mas ao integrar o léxico da Moda passa a ser oxítono seguindo o padrão do português como em: comer, vender, meter, entreter etc. Nos dois casos seguintes, os termos são proparoxítonos originalmente. Contudo, em <casual>, a regra usada na adaptação seguiu a “tendência do português, segundo a qual as palavras terminadas em “ l ” são oxítonas, como em anzol, urinol etc.” Assirati (1998: 127)

Já no último caso, a adaptação transformou o termo em paroxítono, seguindo o padrão silábico tônico paroxitonizante da língua portuguesa, com nos seguintes lexemas: chocolate, engraxate, arremate, abacate, disparate etc.

 

Decalque

Esta forma de adaptação é um tipo muito difícil de ser reconhecido, pois o decalque é a versão literal do termo emprestado para a língua receptora. Dentre as formas decalcadas encontradas no corpus da pesquisa, podemos citar:

Empréstimo

Decalque

BLANC CASSÉ

BRANCO QUEBRADO

COATED LINEN

LINHO ENCERADO

CRUSHED LINEN

LINHO AMASSADO

DEEP BLUE

AZUL INTENSO

FIVE POCKETS

CINCO BOLSOS

LOOK

VISUAL

LYCRA VELOUR

VELUDO DE LYCRA

PEAU D’ANGE

PELE DE ANJO

PLISSÉ

PLISSADO

ROYAL

REAL

SALOPETTE; JUMPER

JARDINEIRA

SHIRT-DRESS

VESTIDO CAMISETA

TIE-DIE

AMARRA E TINGE

TON SUR TON

TOM SOBRE TOM

T-SHIRT

CAMISETA

 

As formas decalcadas podem ou não manter a estrutura dos termos dos quais se originaram. Vejamos os exemplos abaixo:

 

· Francês ® Português

BLANC CASSÉ

BRANCO QUEBRADO

PEAU D’ANGE

PELE DE ANJO

 

· Inglês ® Português

SHIRT-DRESS

VESTIDO-CAMISETA

COATED LINEN

LINHO ENCERADO

CRUSHED LINEN

LINHO AMASSADO

 

No primeiro grupo, francês ® português, a estrutura original DM - DT foi mantida, devido à semelhança nos sistemas morfossintáticos das duas línguas. Já no segundo grupo, inglês ® português, os dois primeiros termos não mantiveram a estrutura original do inglês, DT - DM, pois, no processo de adaptação, as forma decalcadas apresentaram a estrutura DM - DT, consoante às características morfossintáticas do português.

Ainda no mesmo grupo, a forma decalcada do termo <shirt-dress>, <vestido-camiseta>, manteve a estrutura original do inglês, qual seja, uma relação paratática entre os termos coordenados do composto. O termo <amarra e tinge>, decalque de <tie-dye>, também manteve a ordem estrutural original respeitada no português, devido ao fato de ser o termo, nas duas línguas, designativo de um processo de tingimento que tem sua seqüência processual denominada pelo binômio. Já o decalque de <lycra velour> teve na sua forma decalcada a inclusão da preposição “de” como elemento indicativo do material do qual é feito.

Como vimos, os termos decalcados seguem prioritariamente a estrutura morfossintática do português. Nas formações sintagmáticas, toma-se como padrão a estrutura determinado - determinante. As formas decalcadas e as que lhes deram origem estabelecem entre si uma relação sinonímica. Mesmo que as regras de adaptação do empréstimo à língua portuguesa estejam, de uma maneira em geral, em conformidade com o sistema morfossintático da variante brasileira, entendemos ser importante a sugestão dada por Alves (1994) para a criação de um subcomitê subordinado à ABNT, composto de técnicos, especialistas e usuários de diferentes áreas para o estudo a respeito da normalização das diferentes formas de adaptação dos empréstimos à nossa língua.

 

Considerações finais

Tentamos mostrar, ao longo deste trabalho, que a neologia por empréstimo constitui uma fonte rica de expansão lexical no universo discursivo da Moda. Como na língua comum, o empréstimo ao integrar uma língua de especialidade pode sofrer diferentes tipos de adaptação, quais sejam: adaptação ao sistema morfossintático, ao padrão silábico, ao sistema ortográfico, ao sistema fonológico, o deslocamento por acento ou o decalque.

Vale a pena lembrar, que a simples criação de uma unidade lexical seja por processo autóctone, seja por empréstimo não é condição necessária nem suficiente para que passe a integrar o acervo lexical de uma língua. Somos nós, participantes da comunidade lingüística, que temos o arbítrio e o direito, através do uso, da inclusão ou não da nova forma ao nosso idioma.

 

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