A HETEROGENEIDADE PRESENTE EM “NO ANALISTA”

Ângela Maria Mendes Britto (UNINCOR)

 

INTRODUÇÃO

A crônica “No Analista”, de Frei Betto, é mais um dos textos que enfocam o tema sobre a clonagem humana, prestes a se realizar neste início de século XXI, após o primeiro clone de um animal adulto (ovelha Dolly) em 1996, na Escócia.

O enredo se passa num consultório e consta de dois personagens: o analista e o clone humano. A partir de uma entrevista feita pelo analista, o clone se identifica, apresenta sua história, levanta algumas questões existenciais sobre a clonagem e, ao final, o psicoterapeuta conclui que não pode aceitá-lo como paciente por ele não ter características arquetípicas que possibilitem um tratamento psicanalítico convencional.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

Nos anos 50, os trabalhos de Harris (Discurse Analysis, 1952), R. Jakobson e E. Benveniste contribuem de forma decisiva para uma análise do discurso enquanto disciplina. Harris, numa perspectiva americana, coloca a analise do discurso ainda como simples extensão da lingüística ao transferir e aplicar procedimentos de análise de unidades da língua aos enunciados, mas Benveniste, numa linha francesa, é que afirma “o locutor se apropria do aparelho formal da língua e enuncia sua posição de locutor por índices específicos”. Surge aí a importância ao papel do sujeito falante no processo da enunciação e a inscrição desse sujeito nos enunciados que ele emite. Considerando o papel do locutor, insere-se à AD a reflexão sobre a significação e as considerações sócio-históricas de produção conforme relação estabelecida entre o locutor, seu enunciado e o mundo. Segundo Orlandi, a tendência européia parte de “uma relação necessária entre o dizer e as condições de produção desse dizer” e coloca a exterioridade como a marca fundamental.

A Análise do Discurso assume, a partir da relação entre o lingüístico e o social, diversos sentidos e estende-se a outras áreas de conhecimento: “Sente-se a necessidade de critérios mais precisos que delimitem o campo da AD a fim de se chegar a sua especificidade”. (Brandão, 1998: 17). Maingueneau (1987) aponta dimensões para que a AD não tenha sua especificidade marcada apenas no interior dos estudos da linguagem, sujeita ao risco de permanecer numa lingüística imanente:

- o quadro das instituições em que o discurso é produzido e que delimita fortemente a enunciação;

- os embates históricos, sociais, etc. que se cristalizam no discurso;

- o espaço próprio que cada discurso configura para si mesmo no interior de um interdiscurso. (Op. cit.: 18).

Os fatores favoráveis para que a AD alie o lingüístico ao sócio-histórico serão dois conceitos básicos: o de ideologia e o de discurso. Dois teóricos franceses influenciarão a corrente francesa de Análise do Discurso: Althusser, do lado da ideologia, e Foucault, do lado do discurso. É sob essa influência que Pêcheux elabora seus conceitos de “formação ideológica” originados do seu trabalho sobre os Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) e extrairá a expressão “formação discursiva” da Arqueologia do Saber, da qual a AD se apropriará. Embora a Análise do Discurso ganhe autonomia como disciplina apenas na década de cinqüenta com Harris, Jakobson e Benveniste, vindo a irromper na década de sessenta, já em 1929 Bakhtin antecipa as orientações da lingüística moderna. Seguindo o caminho aberto pelas postulações teóricas de Saussure,

Bakhtin parte também do principio de que a língua é um fato social cuja existência funda-se nas necessidades de comunicação. No entanto, afasta-se do mestre genebrino ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação individual de cada falante, valorizando dessa forma a fala.” (Brandão, 1998: 9).

Com Bakhtin surge a teoria do enunciado atribuindo um lugar privilegiado à enunciação como componente necessário do ato de comunicação verbal e a linguagem é vista como interação social:

O Outro desempenha papel fundamental na constituição do significado, integra todo ato de enunciação individual num contexto mais amplo, revelando as relações intrínsecas entre o lingüístico e o social.

O percurso que o indivíduo faz da elaboração mental do conteúdo, a ser expresso à objetivação externa - a enunciação - desse conteúdo, é orientado socialmente, buscando adaptar-se ao contexto imediato do ato da fala e, sobretudo, a interlocutores concretos. (Op. cit.: 10).

Bakhtin elabora a sua teoria da polifonia baseado nos pressupostos de que a palavra não é monológica, mas plurivalente, e o dialogismo passa a ser uma condição constitutiva do sentido. E ainda “a dialogização do discurso tem uma dupla orientação: uma voltada para os outros discursos” como processos constitutivos do discurso, outra voltada para o outro da interlocução - o destinatário.” (Op. cit.: 53).

A partir dos “fios dialógicos vivos” que são os “outros discursos”, os discursos do outro são colocados no interior do discurso que se tece polifonicamente, num jogo de várias vozes cruzadas cuja presença é mostrada de diferentes formas: de maneira implícita, por conta da memória do leitor; ou de maneira explícita. Essas vozes mostram uma propriedade fundamental da linguagem: a heterogeneidade, que pode ser constitutiva ou mostrada. Como heterogeneidade constitutiva temos o “diálogo” que um discurso mantém com o outro através da dialogização interna do discurso (dialogismo baktiniano). Os textos se constituem a partir de outros textos, eles são atravessados, ocupados, habitados pelo discurso do outro. Sob as palavras de um discurso, há outras palavras, outro discurso, outro ponto de vista social. Já a heterogeneidade mostrada, segundo Maingueneau (1989: 75), incide sobre as manifestações explícitas, recuperáveis a partir de uma diversidade de fontes de enunciação. Para o autor, os fenômenos da “heterogeneidade mostrada” vão bem além da noção tradicional de citação e mesmo daquela, mais lingüística, de discurso relatado (direto, indireto, indireto livre), incluem-se aí a pressuposição, a negação, a parafrasagem, a imitação, entre outros fenômenos.

Para Ducrot, há polifonia quando é possível distinguir em uma enunciação dois tipos de personagem, os enunciadores e os 1ocutores, e não apenas um único autor, identificado com o locutor (oral ou escrito), para cada enunciado. Por “locutor” entende-se um ser que, no enunciado, se apresenta como seu responsável e, por “enunciador”, aquele que, de certa forma, representa, frente ao “locutor”, o que o personagem representa para o autor em uma ficção. Nesse contexto, “(...) Se o locutor é aquele que fala, que conta, o enunciador e aquele que vê, e o lugar de onde se olha sem que lhe sejam atribuídas palavras precisas” (Brandão, 1998: 60).

As considerações teóricas acima não esgotam as questões colocadas pela AD, propõem-se apenas a fornecer alguns subsídios ao leitor a fim de que ele possa entender os enfoques que serão abordados na análise discursiva da crônica “No analista”, de Frei Betto, a saber: a polifonia, a heterogeneidade e a dialogização.

 

APLICAÇÃO

 

A Análise do Discurso realiza-se com bases em “recortes” que se constituem em fragmentos correlacionados com a situação discursiva através da manutenção do relacionamento entre representações textuais e as suas condições de produção.

Considera-se que corpus significa um recorte de dados, determinados pelas condições de produção, conforme um certo objetivo e os princípios teórico-metodológicos que possibilitarão uma possível leitura, orientando a análise.

O recorte de dados foi feito tendo como base o texto (anexo) “No analista” de Frei Betto, publicado no caderno “Em cultura” do jornal Estado de Minas de 6 de dezembro de 2001. A análise da crônica visa a estabelecer as relações entre as condições de produção do discurso e seus processos de constituição que permitiram que o texto fosse produzido e gerasse determinados efeitos de sentido e não outros.

Há no texto um cruzamento de muitas “vozes” (polifonia) na própria escolha do gênero textual feita pelo autor para transmitir o seu discurso. O autor representa uma instituição religiosa (Igreja Católica), mas não investe num texto doutrinário clássico do discurso cristão que condena a clonagem em seres humanos, pois seria previsível. Ele reveste-se de uma outra estratégia de substituição: uma crônica onde o diálogo fictício entre os personagens será o pano de fundo para que o discurso se manifeste.

O discurso é mobilizado pelo sujeito enunciador ora por meio do personagem “analista”, ora através do personagem “clone”, enquanto estes mantêm uma conversa de cunho existencial a respeito da clonagem humana. Ao se investir nesse gênero dialógico a priori comum num consultório, há uma tendência em relacionar-se com o conteúdo doutrinário do discurso, numa formação discursiva (FD) cristã que atravessa o discurso da psicanálise e o da ciência. Nesse caso, segundo Maingueneau, “há uma clara correspondência entre gêneros e doutrina; a separação entre a forma e o conteúdo revela-se sem sentido.” E ainda: “(...) A ‘encenação’ não é uma máscara do ’real’, mas uma de suas formas, estando este real investido pelo discurso.” (Maingueneau l989:34).

Bakthin enfoca a possibilidade de que a fala do outro - no caso da crônica, o discurso religioso - permaneça exterior aos limites da fala do autor, mas esta fala a leva em conta e a ela se refere. Aqui, a fala do outro acaba determinando a palavra do autor, embora permaneça fora de seus limites:

(...) Ao me fecundar meus pais só tiveram prazer intelectual. E uma grande emoção: a de serem os primeiros a fabricarem um clone humano.

Esse discurso considera que os mentores da idéia da clonagem, no caso os cientistas, tiveram apenas o prazer intelectual, e depois o prazer “megalomaníaco” de serem os primeiros, em contraposição a um discurso católico que prega a reprodução humana a partir de dois seres que se unem num prazer físico aliado ao espiritual, conforme os padrões morais estabelecidos.

A vida do personagem (o clone) só tem importância na medida em que ele é comparado a mais uma descoberta que contribui para o progresso da ciência (discurso científico) e não no sentido cristão de um ser que tem alma, fruto da concepção divina. Há nessa passagem um conflito entre dois discursos: o religioso (espiritual) e o científico.

Mas você não se dá conta de que a sua existência é tão importante para o progresso da ciência quanto a descoberta da roda para a tecnologia ou os cálculos de Einstein para a física moderna?

Tomando o texto em questão, temos que aceitar que os objetos escolhidos e a direção dos sentidos não se constituem propriamente na criação do autor, mas na apropriação de enunciados externos ao individuo, criados socialmente, que já existiam antes da enunciação e que existirão após a enunciação do referido texto. É possível perceber, então, que a presença do Outro na formação discursiva do corpus em estudo confere ao discurso a heterogeneidade mostrada que, segundo Authier-Revuz (1982), pode se apresentar sob diversas formas, inclusive aquela em que a presença do outro não é explicitamente mostrada na frase, mas sim de forma implícita, do sugerido, como da imitação de outros discursos, conforme ilustra a seguinte passagem da crônica:

“Meu filho, não subestime o seu valor.”

A expressão “Meu filho” remete-nos ao discurso religioso do Pai aos seus “cordeiros”, também do padre da igreja católica ao seu “rebanho” e, até mesmo, ao discurso familiar em que o pai de família usa esse vocativo no diálogo pai/filho, visto que, nesse momento da conversa entre os personagens do texto, o caráter de orfandade do clone se legitima.

Também no trecho em que o clone complementa a fala do analista de que “as aparências enganam” com a observação “-E os seres humanos também quando se metem a brincar de Deus”, há um embate evidente e acentuado entre o discurso religioso e o científico, pois sugere que a ciência está invadindo (“se metem”) um território que contraria as leis da natureza, a lei divina: a clonagem humana.

Um outro discurso significativo que atravessa formação discursiva ocorre quando o sujeito enunciador faz, por intermédio do personagem “clone”, uma crítica ao caráter capitalista assumido pela ciência: “(...) Se os cientistas estivessem preocupados com a vida humana, e não apenas com os lucros advindos da cura dos mais ricos, eles acabariam com a fome no mundo. Para que criar clones se tantas crianças não conseguem sobreviver”? Ao se referir à fome no mundo, pressupõe-se que o poder econômico está concentrado nas mãos de poucos (os ricos), o que demonstra a iniqüidade por que passa a sociedade em relação à distribuição de renda, numa clara alusão ao conceito de aparelhos ideológicos de Althusser, nos quais ocorre um confronto de forças ideológicas, através da maneira como agem e se estruturam os aparelhos ideológicos do Estado (AIE). No caso, o discurso materializa a ideologia.

Nessas vozes do texto, há um diálogo incessante que sustenta a rejeição da Igreja Católica à idéia da clonagem em ser humano. O fato atinge o seu clímax ao final da conversa mantida entre os personagens. Encerrando o texto, dá-se conta de que um possível clone não oferecerá as características psíquicas convencionais de um ser humano, portanto nem a psicanálise possuíra subsídios para tratá-lo:

- Sinto muito, mas não posso aceitá-lo como paciente.

- Por que, doutor?

- Você nem complexo de Édipo teve. Não tenho elementos para definir seu quadro etiológico. O próprio Freud ficaria pirado se fosse atendê-lo.

A Análise da crônica “No Analista” considerou como parte constitutiva do sentido o contexto histórico-social; por exemplo, as condições em que esse texto foi produzido. Num momento histórico em que a ciência está prestes a clonar um ser humano, é representativa desse contexto a figura do sujeito enunciador (representante da igreja católica) como contraponto ideológico. Por meio do personagem “analista” - e, às vezes, do clone - o autor deixa transparecer no texto o ponto de vista religioso-católico que se opõe a uma ciência antagônica à concepção de homem como ser espiritual. Se não observar esse contexto, todo o sentido da crônica é alterado. Caso fosse escrita numa época bem remota a esta, o assunto seria visto apenas sob o aspecto futurista, da ficção científica, e não haveria preocupação em levantar questões ideológicas atuais. Daí pode-se afirmar que “o contexto-histórico social, então, o contexto de enunciação, constitui parte do sentido do discurso e não apenas um apêndice que pode ou não ser considerado”. (Mussalim, 2001: 123).

Dessa forma uma formação discursiva sempre colocará em jogo mais de um discurso. O texto é heterogêneo; não é possível definir um dos discursos sem remeter ao outro. Para Bakhtin, o discurso instaura-se numa perspectiva plurivalente de sentidos. Há “um espaço de trocas entre vários discursos”, segundo Maingueneau (1997). Não é possível apreender todos os sentidos do texto, pois “a voz enunciativa do sujeito do discurso ora enuncia de uma posição, ora de outra devido à possibilidade de circulação que o campo discursivo oferece.”

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresenta, de forma abrangente, os procedimentos que envolvem a análise de um texto sob a perspectiva da Análise do Discurso, em especial a questão da heterogeneidade discursiva.

As significações foram abordadas a partir das condições de produção e da dialogia. O estudo da crônica oferece, ainda, algumas possibilidades de se trabalhar um texto através de uma visão histórico-ideológica e não apenas de uma análise lingüística, o que comumente ocorre.

Confirma-se, assim, a tendência atual da Análise do Discurso como disciplina: a de abordar o discurso em toda a sua complexidade, concebendo-o como um objeto lingüístico e cultural.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, M. (Volochinov). (1929) Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo : Hucitec, 1992.

BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. 7 a. ed. Campinas (SP) : UNICAMP, 1998.

FERREIRA, Helena Maria. O Estudo do Texto numa Perspectiva Discursiva. In Revista ALPHA, (2): 23-24, 2001.

MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso. Campinas (SP) : Pontes / UNICAMP, 1989.

MUSSALIM, Fernanda. Análise do Discurso. In MUSSALIM, Fernanda & BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo : Cortez, 2001. Cap. 4, p. 101-142.

ANEXO

No analista

Frei Betto

- Seu nome?

- Cloakroom Near. Mas os amigos me chamam de Clone.

- Onde nasceu?

- Nos laboratórios da Advanced Cell Technology, em Massachusetts.

- Nome dos pais.

- Michel West, Robert Lanza e Jose Cibelli.

- Nasceu de três homens?

- Sim, não fui gerado como os demais seres humanos. Sou filho de intensas pesquisas e altos investimentos. Ao me fecundar, meus pais só tiveram prazer intelectual. E uma grande emoção: a de serem os primeiros a fabricarem um clone humano.

- Então você não tem mãe nem avós, como todos nós?

- Sim, tive mãe. Ela durou 60 células, e minha avó, seis. Só eu logrei atingir a reprodução celular completa.

- E como se sente gerado por obra e graça da ciência?

- Tenho complexo de joelho.

- Explique melhor.

- Minha célula-tronco foi retirada da perna de um paraplégico.

- Ah, entendo...

- Sinto-me também rejeitado.

- Por quê?

- A mulher que poderia ter sido minha mãe natural abortou o óvulo que trazia nas entranhas para vendê-lo ao laboratório no qual nasci.

- Mas você não se dá conta de que a sua existência é tão importante para o progresso da ciência quanto a descoberta da roda para a tecnologia ou os cálculos de Einstein para a física moderna?

- Eu queria ter uma família como todo mundo. A minha é tão esdrúxula que até uma ovelha figura na árvore genealógica, a Dolly. Lamento sobretudo a sorte de meus irmãos.

- O que houve com eles?

- Nasceram para sobressalentes. Nunca alcançaram vida própria. Foram todos enxertados em doentes.

- E isso não é positivo?

- É escandaloso. Se os cientistas estivessem preocupados com a vida humana, e não apenas com os lucros advindos da cura dos mais ricos, eles acabariam com a fome no mundo. Para que criar clones se tantas crianças não conseguem sobreviver?

- Mas você precisa melhorar sua auto-estima, convencer-se de que e um verdadeiro milagre da genética.

- Como os alimentos transgênicos, geneticamente modificados e nutricionalmente desaconselhados?

- Meu filho, não subestime o seu valor.

- E tem mais uma coisa: sou apenas um clone. Não sou eu mesmo. Sou uma reedição de outra pessoa. Por isso me chamo Cloakroom Near. É como se o cara que doou a célula tivesse entrado no vestiário mais próximo e trocado de roupa. Quem o viu antes e depois pode pensar que se trata de duas pessoas diferentes.

- É, as aparências enganam.

- E os seres humanos também, quando se metem a brincar de Deus.

- Sinto muito, mas não posso aceitá-lo como paciente.

- Por que, doutor?

- Você nem complexo de Édipo teve. Não tenho elementos para definir