Celso Cunha e o estudo
das formas divergentes e convergentes

Manoel Pinto Ribeiro (UERJ, SUAM e ABF)

Poucos são os professores de Língua Portuguesa que se interessam pelo estudo diacrônico. Como conseqüência ignoram fatos importantes que elucidam muitas questões da atual fase do português. A visão histórica é indispensável para que se compreendam determinados pontos como, por exemplo, a formação de nosso léxico, que reflete a história da língua. Apenas como ilustração, comecemos com o chamado substrato, com palavras de origem celta (seara, légua, cerveja, bico...) e ibera (barro, lousa, sarna, abóbora...), além de vocábulos bascos (bezerro, esquerdo...).

A segunda camada é proveniente da invasão dos bárbaros, cujas palavras, em bom número, já existiam em latim, em virtude do contacto com esses povos. É o chamado superestrato: elmo, trégua, dardo, espora, norte, sul, este e oeste, branco, rico, liso, morno, fresco.

A terceira é de termos provenientes do árabe (adstrato), com a invasão da Península Ibérica em 711 d.C: alface, alecrim, algodão, alfafa, arroz, cenoura, tâmara, alambique, algarismo, álgebra, xarope, álcool, açougue, almofada, azul, sorvete...

Devemos observar que muitos dos vocábulos supracitados têm sua origem discutida em virtude da dificuldade de se encontrar uma fonte com documentos que comprovem cabalmente a origem da palavra. Por essa razão, apresentamos, a seguir, algumas observações de respeitáveis autores, no campo da Filologia Românica.

Em LIMA, Rocha. Português no colégio (primeiro ano). Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia., p.100, observa-se:

Elementos pré-latinos. - De origem positivamente celta e ibérica, conservaram-se muito poucas palavras. Podem citar-se como tais: a) celtas: seara, légua, cerveja, bico; b) ibéricas: barro, lousa, sarna, abóbora.

CAMARA JR., J. Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975, pág, 198:

No português, o substrato é das línguas ibéricas pré-românicas; o conjunto de palavras dessa origem é pequeno e muito fragmentário (sarna, balsa, manteiga, veiga, arroio, etc.). Delas se separam historicamente as que posteriormente foram tomadas de empréstimo à língua basca vizinha (esquerdo, cachorro, zorra; cf. basco: ezker “esquerdo”, txakur “latir”, zugur “astuto”; da mesma sorte, bezerro parece ser uma composição de elementos bascos - bei “vaca”, zekor “filhote bovino”, i.e., “bezerro”.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1.ª ed., Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 442: Bezerro - etimologia - origem controvertida, proveniente do ibérico e pré-romana; segundo Corominas, talvez de um *ibicirru, derivado do latim hispânico ibex, icis, “cabrito montês”.

NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa, tomo I, segunda tiragem. Rio de Janeiro: Acadêmica/São José/Francisco Alves/ Livros de Portugal, 1955, p. 69:

Bezerro - Do vasconço beicecorra, de beia, vaca, e cecorra, vitela. O esp. tem becerro. O sufixo é genuinamente vasconço. Cortesão dá um b.lat. becerru, do ár. Bocair, pequeno touro.

Obs.: Vasconço ou basco, língua falada no país Basco.

Cerveja (p. 110) - do lat. cerevisia, de origem gaulesa; esp. cerveza, fr. cervoise; it. cervogia

Obs.: O povo gaulês é de origem céltica. Veja-se a definição do dicionário de Houaiss, p.1435: Gaulês - 1. Indivíduo dos gauleses, povo celta que habitava a Gália, antigo território da França atual, que foi conquistado pelos romanos; 2. língua céltica falada pelos antigos gauleses.

CUNHA, Celso & CARDOSO, Wilton. Estilística e gramática histórica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978, p.133/134:

CONTRIBUIÇÃO PRÉ-ROMÂNICA (Camada do substrato)

Elemento ibérico

Vestígio da língua que os romanos encontraram na região, a contribuição ibérica, em verdade pouco numerosa, é representada por vocábulos de origem discutível, se bem que em sua maioria, devam ser provenientes do basco. Citam-se entre outros: abarca, abóbora, arroio, áscua, baía, balsa, barro, bezerro, bizarro, cama, esquerdo, garra, louça, manteiga, manto, modorra, nêspera, páramo, sapo, sarna, seara, veiga.

Elemento céltico

Em rigor, a contribuição céltica de substrato da Península é menos significativa do que a princípio se poderia supor, pois muitos dos vocábulos tidos em português como originários do celta já se haviam infiltrado no latim por volta do século IV a.C., quando das lutas sustentadas pelos romanos contra os gauleses da alta Itália. Todavia, antes da ocupação romana da Península, a Galiza e o Norte de Portugal se tinham convertido em centros de cultura céltica, e era natural que em decorrência de tal fato passassem a figurar na língua palavras imediatamente provenientes do celta. É norma citar: bico, bragas, brio, cabana, caminho, camisa, carpinteiro, carro, cerveja, cheda, duna, gato, lança, légua, peça, touca, trado, vidoeiro, vassalo, etc. Dizem que certos topônimos atestam ainda influência céltica, tais como Alcóbria, Bragança, Lima, Penacova, Penafiel e Coimbra, de Conimbriga, em cuja terminação - briga, que significa “altura”, “castelo”, se encontra um elemento céltico.

COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7.ª ed., Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976, p. 189:

342. Ibéricas - Os vocábulos de origem ibérica, que se acham incorporados ao português, decorrem, em sua maior parte, do basco, e são: abarca, arroio, baía, balsa, barro, bezerro, bizarro, cama, esquerdo, garra, lousa, manto, modorra, nêspera, páramo, sapo, veiga, veiga. “Dificilmente, diz Adolfo Coelho, se apurarão trinta palavras fundamentais (não derivadas doutras portuguesas) em português a que se possa com verossimilhança atribuir uma origem euscara. (A Língua Portuguesa, t. I, p. 109).

343. Célticas. - Alguns vocábulos célticos são muito antigos, pois penetraram no latim quando os romanos entraram em luta com os gauleses na alta Itália (século IV a.C. ). A maioria, porém, é de introdução mais recente, pois data da conquista da Península Ibérica ou da Gália. Até a romanização, foi a Galiza e o norte de Portugal, segundo H. Meier, a sede da língua e cultura céltica. São de origem céltica: bico, brio, bragas, cabana, cambiar, caminho, camisa, carpinteiro, carro, cerveja, cheda, duna, gato, gordo, lança, légua, lia, peça, seara, saio, tona, trado, touca, vidoeiro, vassalo.

Coutinho também cita os topônimos Penacova, Penafiel, Coimbra, Bragança, Lima, Alcóbria, Selióbria, Segovia, Madrid, como de origem céltica.

Pelo exposto, apesar da insuficiência de documentos, a maioria dos autores supracitados apresenta um bom número de vocábulos com origem pré-românica, havendo muitos que se repetem nas variadas listagens apresentadas.

A camada mais importante do léxico português vem do latim com: 1) o núcleo radicado no romanço lusitano; 2) complexa série de palavras de empréstimo ao latim clássico (cultimos ou palavras eruditas).

Neste trabalho, interessa-nos, no entanto, a formação de palavras através das formas divergentes e convergentes. Ismael de Lima Coutinho, in op. cit, apresenta uma importante visão panorâmica do assunto. Como homenagem à memória de Celso Cunha, faremos, principalmente, referência ao estudo desse grande filólogo que, juntamente com Wilton Cardoso, editou um raro livro: Estilística e gramática histórica, da Tempo Brasileiro, 1978.

FORMAS CONVERGENTES

Como realçamos acima, para um conhecimento adequado do léxico de uma língua, o professor de português precisa conhecer a história da evolução fonética e fonológica do latim corrente e do romanço para as línguas românicas. Muitas vezes não entendemos, ao consultarmos um dicionário, o porquê de vários significados para uma mesma forma. Por exemplo, renda - 1) substantivo deverbal de render: produto anual ou mensal de propriedades; rendimento; importância; 2) renda, tecido, cujo étimo é obscuro. Outro exemplo: grão: 1) do latim granu: fruto ou semente das gramídeas e de alguns legumes: semente de alguns vegetais; partícula dura de algumas substâncias (açúcar, areia, sal, etc); 2) grão - forma apocopada de grande, aparece, por exemplo, em grão-duque (título nobiliárquico), grão-rabino (chefe supremo de uma sinagoga); grão-vizir (primeiro-ministro do Império Otomano). Renda e grão são exemplos de formas convergentes ou homeotrópicas (do gr. homos, o mesmo, semelhante, comum a vários, e tropos, mudança, e sufixo ico): uma só forma para vocábulos de origens ou étimos diferentes. As formas convergentes são o resultado da evolução fonética.

Outros exemplos: sanu (adjetivo), sanctu (substantivo), sunt (verbo ser) > são// vadunt (verbo ir), vanu (adjetivo) > vão// vigilare (passar a noite, ou boa parte dela, acordado; estar alerta, vigiar) e velare (cobrir com véu) > velar // taeda (tocha, archote, facho) e tela (estrutura, organização; enredo, intriga, trama) > teia // caput (hierarquia militar; término, fim, limite) e capulu (extremidade pela qual se segura um objeto ou instrumento) > cabo.

Constituem formas convergentes, diz Ismael, “certos homônimos, ainda quando procedem de formas de diferentes línguas: * lat. cappone > capão (galo capado); tupi caá pãu (mato ralo) > capão // lat. juncu > junco ( planta); malaio-javanês jung > junco (= embarcação) // lat. nora > nora (esposa do filho); árabe naura (= engenho de extrair água) > nora”.

Mattoso Camara assim enumera as causas das formas convergentes:

l) coincidência de evolução fonética em dois ou mais vocábulos, a princípio diversos de forma; assim, o latim filare > fiar “tecer” (latim filare) e o latim *fidare por fidere > fiar “ter confiança”. A diferença entre os dois vocábulos latinos desapareceu com a síncope da consoante intervocálica; 2) coincidência entre um derivado de um vocábulo e outro vocábulo já existente; assim o deverbal de render - renda é forma convergente com renda “tecido”, substantivo, de origem obscura (germ. randa?); 3) empréstimos a línguas estrangeiras, ao lado de uma forma convergente vernácula. Assim ao lado de manga “peça de vestuário para cobrir o braço” (lat. manica), temos manga “espécie de fruta”, que é empréstimo ao malaio. (Apud COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. Rio: Ao Livro Técnico, 208, 209)

FORMAS DIVERGENTES

Nas chamadas formas divergentes ou alotrópicas, um só vocábulo latino geralmente dá origem a várias palavras em português. O latim planu originou: 1) plano, por via erudita; 2) chão e porão, por via popular; lhano, por empréstimo ao espanhol, pois essa alteração não aconteceu no português; piano, por emprestimo ao italiano. De arena, temos: 1) arena (cultismo); 2) areia - forma popular (a que passou por transformações, a partir do latim corrente).

CAUSAS DA DIVERGÊNCIA NA EVOLUÇÃO FONÉTICA.

Normalmente as formas divergentes (ou alotrópicas: do gr. allos, outro, e tropos, mudança, e sufixo ico-) ocorrem por diferenças sociais, cronológicas e regionais. Por isso, pode dar-se a coexistência, em nossa língua, de várias palavras oriundas de um único étimo. Assim:

1) forma erudita (cultismo) - a que vem diretamente do latim literário, ao lado de uma forma popular: arena > arena (erudita); arena > area > area > areia (popular).

2) formas populares portuguesas introduzidas em épocas diversas: plicare > chegar (época mais antiga); plicare > pregar.

3) forma popular portuguesa, a par de formas populares que nos vieram por intermédio de outras línguas: plano > lhano (vinda do espanhol); plano > piano (importada do italiano).

ESTUDO DE ALGUNS CASOS

planu > plano (erudita); plano > chão; planu > prão > porão; plano > lhano; plano > piano.

macula > mácula (erudita) / macula > mágoa (forma semi-erudita) / macula > macla > maila > malya > malha / macula > macla > macha > mancha / macula > macla > magra > mangra ( ferrugem do trigo).

plaga > plaga (erudita)/ plaga > chaga / plaga > praga / plaga > praa > praia.

plicare > chegar/ plicare > pregar (fazer pregas).

regula > régua / regula > relha (peça do arado que penetra na terra). Obs.: relho, s. m. (de relha) - chicote de couro torcido.

clavicula > chavecla > chaveila > chavelya > chavelha ( timão do arado: espiga do cabeçalho dos carros, junto à canga)/ clavicula > cravecla > craveila > cravelya > cravelha (peça de madeira ou de metal de certos instrumentos musicais, destinada a retesar-lhe as cordas).

parabola > parábola (erudita)/ parabola > paravola > parávoa (arcaico) / parabola > paravola > paravla > palavra.

diabolu > diablo > diabro (arcaico: ver diabrura, diabrete, endiabrado) / diabolu > diaboo > diabo.

FORMAS DIVERGENTES ENTRE OS PREFIXOS

Anteceder e preceder/ antepor e prepor/ plurissecular e multissecular/ transmontano e ultramontano / supermercado e hipermercado/ neolatino e novilatino/ superpor e sobrepor/ transpassar, traspassar e trespassar.

FORMAS DIVERGENTES ENTRE OS SUFIXOS

Muitas vezes, um sufixo latino está representado em português por uma forma erudita e outra popular (= com transformações fonéticas):

1. anu > ano: sergipano, romano/ anu > ão: comarcão, coimbrão;

2. ariu > ário: estatuário, mandatário, boticário / ariu > eiro: marinheiro, sapateiro, cavaleiro.

3. toriu > tório: lavatório, oratório / toriu > douro (doiro) > ancoradouro, bebedouro.

4. ense > ense: maranhense, parisiense / ense > ês: português, montês.Observem-se, também: beirão e beirense; lisboeta e lisbonense/ coimbrão e conimbricense.

5. bile > bil: terríbil. Vejam-se: terribilíssimo, amabilíssimo; amabilidade, volubilidade / bile > vel: amável, notável.

Outros: Velhez e velhice/ rosinha e roseta/ casinha, casinhola, casinhota, casota, casucha e casebre.

Segundo Celso Cunha e Wilton Cardoso, as formas divergentes têm maior importância no vocabulário de uma língua, pois o léxico é sedimentação de três camadas de palavras - a hereditária, a de empréstimo e a de formação interna ou vernácula (a que utiliza recursos da língua: ultra + jovem = ultrajovem: exemplo nosso). “A ocorrência de formas variadas de um mesmo vocábulo na origem é fato que se encontra representado em todas essas camadas”, afirmam os autores.

Eles dividem o estudo da divergência em: 1) formas hereditárias; 2) de empréstimo; 3) de formação interna.

DIVERGÊNCIA HEREDITÁRIA

Duas ou mais formas correspondentes a uma base etimológica comum divergem em face de incidências que perturbaram a evolução normal. Por essa razão há diferentes tipos de formas divergentes hereditárias:

1) Divergentes fonético-históricas - ocorre diferente tratamento fonético-histórico: arbitriu > alvitre e alvedrio; articulu > artigo e artelho; teneru > terno e tenro; masticare > mascar e mastigar...

2) Divergentes de vestígios casuais - As palavras hereditárias portuguesas têm origem no acusativo latino (caso lexicogênico), todavia: Deus e mestre (nom.); Jesus (nom. ou vocativo); melhor e pior (ablativo),etc. Dragão vem do acusativo dracone, mas draco vem do nominativo. Dêmonio vem do acusativo daemonium, porém demo vem do nominativo daemon. Outros vocábulos provieram do genitivo patronímico: Álvaro/Álvares; Bernardo/Bernardes. Este sufixo (es-: filho de) patronímico têm origem incerta. Alguns consideram de origem pré-romana, mas se admite que a propagação desse uso se deve aos numerosos genitivos góticos latinizados: rici > riz, que se acrescentavam ao nome individual para indicar o nome paterno.

3) Divergentes de flexão genérica - Nos nomes neutros latinos, temos uma dupla possibilidade: 1) o acusativo singular de ovu deu ovo; já o plural produziu ova. Também ocorre o mesmo fato em ato/ata; braço/braça; fado/fada, etc.

Esse fenômeno de divergência já ocorria no próprio latim: serpentem > serpente; serpem > serpe.

Enfim, a descrição de Celso Cunha e Wilton Cardoso representa uma grande contribuição para a compreensão de nosso léxico. Não podemos deixar também de citar a necessidade de consulta aos grandes dicionários. Com a publicação do dicionário de Antônio Houaiss, acrescentou-se uma excelente fonte de consulta ao mundo das palavras, embora as referências à etimologia mereçam ainda muitos reparos, como salientou o eminente filólogo Horácio Rolim de Freitas em artigo (Dicionários e etimologias) publicado em Braga, Portugal, numa revista da Universidade Católica de Portugal.

As enciclopédias, os glossários, os dicionários técnicos, os de frases feitas, os comuns (de definições) são elementos indispensáveis de consultas.

Para demonstrar a importância do estudo do léxico de uma língua, reproduzimos, em português, o poema de Pablo Neruda denominado Ode ao dicionário: “Dicionário, não és tumba, sepulcro, féretro, túmulo, mausoléu, e sim preservação, fogo escondido, plantação de rubis, perpetuidade vivente da essência, celeiro do idioma”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARA JR., J. Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975.

COUTINHO, Ismael de. Gramática histórica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.

CUNHA, Celso & CARDOSO, Wilton. Estilística e gramática histórica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1ª ed., Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LIMA, Rocha. Português no colégio (primeiro ano colegial). Rio de Janeiro: F. Briguiet, p.100.

NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa, tomo I, segunda tiragem. Rio de Janeiro: Acadêmica/São José/Francisco Alves/ Livros de Portugal, 1955, s.v.