O
futuro
verbal
é
um
tempo
ou
um
modo?
Josete
Rocha
dos
Santos
(UniverCidade e UCB)
Introdução
Em
linhas
gerais, o
futuro
verbal
expressa uma
ação
posterior ao
momento da
enunciação.
Cabe ao
futuro do
presente o
caráter
modal de
dúvida,
incerteza
epistêmica,
que
retrata a
possibilidade do
evento
vir-a-ser (Câmara,
1967: 55-56). Opõe-se ao
passado e ao
presente, situando-se no
âmbito do
irrealis. No
caso do
futuro do
presente, a
realização do
evento é
duvidosa
porque a
condição
para a
sua
realização
ainda
não aconteceu
e
não se tem
certeza da
sua
ocorrência.
(1) José
Serra prometeu
gerar 8
milhões de
empregos, e é
possível
conferir os
detalhes de
seu
projeto no
programa de
governo. O
problema é
que,
para
que
isso aconteça,
o Brasil deve
crescer 4,5% ao
ano. E
mais:
se o
país
crescer a essa
taxa, os
tais 8
milhões de
empregos
serão
criados
naturalmente,
sem
necessidade da
mão do
governo. (Revista
Veja, 14 de
agosto de
2002)
Já o
futuro do
pretérito
refere-se a uma
condição
pertencente a
um
passado
já
transcorrido e a não-realização dessa
condição
acarreta a
irrealidade
do
evento.
(2) Anthony Garotinho defendeu
um
aumento do
salário
mínimo. Ao
explicar os
detalhes, no
entanto, o
candidato do
PSB falou
em
elevar o
mínimo de 200
reais
para 280
reais.
Trata-se de
um
aumento
real de 40% de
uma
só
vez. O
salário
mínimo recebe
reajustes
anuais.
Para
chegar a 40%de
aumento
real, o
governo
federal levou
oito
anos.
Seria
adorável
que
fosse
possível
governar
assim,
e
melhor
ainda
se o
salário
mínimo pudesse
ser 1000
reais.
Acontece
que
cada
real a
mais no
salário
mínimo
custa 180
milhões de
reais
por
ano à
Previdência.
Os
tais 40% de
aumento propostos
por Garotinho
ampliariam o
rombo da
Previdência
Social de 50
bilhões de
reais
por
ano
para
algo
como 65
bilhões.
Ou seja,
criariam
um
buraco
adicional nas
contas
previdenciárias da
ordem de 30%.
(Revista
Veja, 14 de
agosto de
2002)
O
ponto
em
comum
entre o
futuro do
presente e o
futuro do
pretérito é o
fato de
ambos
denotarem
eventos
futuros
dependentes de
uma
condição,
anterior a
esses
eventos,
para se realizarem
efetivamente.
Analisamos, tomando
como
base a
nossa
dissertação de
mestrado,
o
estudo do
caráter
modal e
temporal das
formas de
futuro do
presente:
(1)
Futuro
Sintético
Perifrástico (irei + v) –
ir flexionado no
futuro
com o
verbo
principal no
infinitivo;
(2)
Futuro
sintético
(-rei) –
forma
simples
flexionada no
futuro;
(3)
Futuro
Perifrástico (ir
+ v) –
forma
composta
de
ir
no
presente
seguido de
verbo
no
infinitivo;
Presente
(0) –
forma
simples
no
português
(cf.
exemplos
3, 4, 5 e 6).
(3)
Futuro
sintético
perifrástico (irei + v) - “O
mercado
parece
estar
apostando
que
Ciro é de
direita,
que
se
ganhar,
irá
ficar
só
com
o PFL e
refazer
a
aliança
clássica
com
o PMDB.”
(4)
Futuro
sintético
(-rei) – “O
quadro
eleitoral
era
o
seguinte
na
semana
passada:
a
não
ser
que
surja
um
fato
novo,
haverá
segundo
turno,
e
Lula
estará nele. A
questão
é
saber
contra
quem.
A
última
rodada do
Ibope
sugere
que
será
contra
Ciro Gomes
ou
José
Serra.”
(5)
Futuro
Perifrástico (ir
+ v) – “Aqui
na Bahia, vou
dar
a Ciro uns 3
milhões
de
votos”,
diz o ex-governador Antonio Carlos Magalhães.”
(6)
Presente (0) – “Na
semana
passada, o
técnico do
penta, Luiz Felipe Scolari, anunciou
que
vota
em Ciro.”
As nuanças
entre
tempo,
modo e
modalidade,
implícitas no
futuro,
nos remetem ao
impasse
formulado
por Waugh &
Bahloul (s.d.)
em
um
estudo
sobre o
futuro
francês: “o
futuro é
um
tempo
ou
um
modo?”
Pretendemos,
assim,
analisar essas
acepções
pautando-nos
nos
conceitos
teóricos do
Funcionalismo
Lingüístico e
nos
diversos
estudiosos.
Breve
abordagem
histórica
das
formas
de
futuro
do
presente
O
futuro
sintético
Chamamos de
futuro
sintético
o
que
é
exposto
pelas
gramáticas
normativas
como
futuro
do
presente,
processo
indicado
como
futuro
em
relação
ao
momento
da
fala
(cf.
exemplos
1 e 4).
Câmara (1956: 25) afirma:
“o
impulso
lingüístico
que criou
um
futuro
gramatical,
não foi o de
situar o
processo
como
posterior ao
momento
em
que se
fala,
mas o de
assinalar uma
atitude do
falante
em
relação a
um
processo
posterior ao
momento da
enunciação”.
A
forma
de
futuro
deriva
do
latim
vulgar
a
partir
das
formas
compactas do
verbo
latino
habere, no
presente
do
indicativo
seguida
de
verbo
principal
no
infinitivo
(cf. habeo + cantare > cantare habeo > cantare hei > chanterai,
que
deu
origem
ao
futuro
sintético
contemporâneo
-cantarei (Câmara
1986: 121) ). O
verbo
habere foi usado,
inicialmente,
como
modal
deôntico (laudare habeo), “hei de
louvar”
= “devo
louvar”)
para,
a
partir
daí,
tanto
em
português
quanto
em
outras
línguas
românicas
ser
usado
como
morfema
temporal
(louvar
-ei).
Através
da
trajetória
da gramaticalização,
por
volta
do
século
XII, a
perífrase
foi compactada, à
medida
que
passava a
indicar
um
sentido
de futuridade. No
século
XV, a
forma
já
era
de
uso
coloquial
para
expressar
predição,
sendo admitida
dentro
do
discurso
formal
e
literário
nos
séculos
XVI e XVII (Fleischman 1982: 82).
As
formas de
futuro
fixaram-se no
latim a
partir do
século III
a.C.. Apresentavam
três
tipos,
todos
morficamente
secundários.
Foram essas
formas
com
um
valor
temporal de
futuro
ambíguo
resultado de
uma gramaticalização,
que
acrescentaram à
dicotomia
passado-presente a
noção
temporal de
futuro.
Característica
importante da
evolução da
língua foi o
abandono
definitivo
dessas
formas de
futuro no
latim
vulgar.
Dentre os
vários
motivos
apresentados
por
Câmara (1956: 30), a
melhor
explicação
para o
fato é a de
que na
língua
coloquial
não havia
espaço,
pelo
menos
inicialmente,
para as
formas de
futuro
inteiramente
temporais.
Não haveria no
latim
vulgar as
condições
para o
uso de
formas
exclusivamente
futuras “propiciantes à intelectualização da
categoria
temporal”,
exclusivas da
língua
culta.
Era
sempre
influenciado
por
gradações
modais.
A
característica
modal
acarretava
um
futuro
dubitativo, volitivo, desiderativo,
hipotético.
Já
na
língua
clássica
havia uma
forma
perifrástica no
particípio
do
futuro
em
–urus
com
o
presente
do
auxiliar
esse
indicando
intenção
ou
ação
iminente.
No
latim
imperial,
essa
forma
foi
vastamente
usada ao
lado
de
locuções
do
infinitivo
com
o
presente
de habere, uelle (em
latim
vulgar
volere),
posse
(em
latim
vulgar
potere), debere, uadere, ire, venire. Algumas
dessas
formas
consolidaram-se no
uso
cotidiano.
Em
princípio,
sempre
com
nítidas
intenções
modais.
Fixou-se o
uso
do
auxiliar
debere no sardo e o
presente
de volere, cliticamante reduzido (voi), fixou-se no
romeno.
A
locução
com
o
presente
de habere,
agora
seguida
do
infinitivo,
foi a
construção
preferida pelas
línguas
românicas.
Inicialmente,
era
um
futuro
de
intenção
ou
volitivo.
Esse
“futuro
puro”
românico
surge no
uso
literário,
sobrepondo-se ao
uso
do
presente
para
expressão
do
futuro,
no
século
IV.
A
partir
daí, consolidou-se
com
a aglutinação do
auxiliar
ao
infinitivo,
um
futuro
românico
flexional: port. cantarei, esp. cantaré, fr. chanterai, it.
canteró.
Segundo
Câmara
(1956: 32), a
primeira
evidência
da
forma
aglutinada ocorre na
prosa
de Fredegário. Observa-se
aí
um
sentido
imperativo.
Eis
a
narrativa.
O
rei
dos
Partos,
vencido na
guerra,
negava-se a
entregar
a
cidade.
Justiniano responde-lhe
incisivamente,
usando o
futuro
clássico:
“Daras”.
Segundo
o cronista, daí adviria o
nome
Daras
para
a
localidade
em
que
se passou a
cena.
A
evolução
que
origina o
futuro
românico
é,
portanto,
apenas
mórfica. Ocupou o
lugar
do
futuro
latino
clássico,
ao
ser
usado
nos
mesmos
contextos
em
que
o
futuro
latino
era
usado.
O
futuro
perifrástico
A
primeira
construção
perifrástica, surgida no
latim
clássico,
era
formada
pela
combinação
do
futuro
no
particípio
ativo
em
-urus acompanhada das
formas
de sum: facturus sum, eram, ero, etc. O
sentido
mais
comumente atribuído a essa
construção
já
era
de iminência.
Além
disso,
investigadores
percebiam
em
certos
exemplos
um
sentido
de intencionalidade e/ou
destino
(Fleischman, 1982: 35). Juret (1926,
apud
Fleischman 1982: 35) rejeita categoricamente
um
sentido
de iminência, preferindo
simplesmente
atribuir
à
construção
um
sentido
de
posteridade.
Da
mesma
forma,
Damourette & Pichon (1936: 288,
apud
Fleischman 1982: 35) atribuíram
sua
própria
categoria
de
posteridade.
No
entanto,
admitiam
um
tom
de iminência.
Para
todos
esses
sentidos,
seriam acrescentados
sentidos
de
propósito
e futuridade.
Fleischman (1982:
83) afirma
que,
nas
línguas
modernas, o
futuro
perifrástico está marcando
seqüências
temporais,
ao
invés
do
domínio
exclusivo
das
formas
sintéticas. A
perífrase
formada
com
ir
surgiu no
Espanhol,
Francês
e
Português
a
partir
dos
séculos
XIII e XIV. Na
língua
inglesa, o
primeiro
registro
do
uso
desta
forma
data,
provavelmente, do
ano
de 1482. Nas
línguas
românicas, a
construção
passou a
ser
generalizada na
fala
coloquial
durante
o
século
XV e
só
foi admitida
em
conversações
polidas e
discursos
literários
nos
séculos
XVI e XVII. E,
como
podemos
perceber,
desde
então,
seu
uso
só
tem aumentado.
É interessante
notar
que
por
volta
de 1928, Henri Bauche (apud
Fleischman, 1982: 82)
já
postulava
que
o
futuro
sintético
seria suplantado pelas
construções
analíticas.
Atualmente,
um
número
significativo de
pesquisadores
defendem a
idéia de
que na
fala
espontânea do
Inglês
Americano e dos
dialetos
românicos
isto é tomado
como
um
fato
comprovado.
Futuros
em
línguas
crioulas
são
universalmente
analíticos e
um
número de
Crioulos de
base inglesa
ou francesa
têm
seu
futuro
derivado da
partícula
prospectiva a
partir do
verbo
ir.
Um
estudo
recente do
francês
falado no
Canadá (Poplack & Turpin, 1999: 7) aponta
que a
expressão
verbal
aller +
infinitivo
só
era usada
acompanhada
pelo
advérbio de
tempo,
através do
qual se
sustenta o
sentido de
futuridade,
geralmente
com a
idéia de
proximidade.
Através da
gramaticalização, a
expressão
verbal começou
a
conter
em
si
mesma a
noção de
futuridade.
Logo,
sentenças
expressando
um
sentido
sem
ambigüidade começaram a
aparecer isoladas de
advérbios
temporais.
Câmara
(1956) afirma
que
dentre
os
tipos
de
locuções
verbais,
“destaca-se uma
em
que
a significação
temporal
é
primordial:
aquela
que
se constrói
com
o
auxiliar
ir
(vou
falar,
vou
chegar
etc).”
Segundo
o
autor,
o
futuro
perifrástico se diferencia do
presente
pelo
fato
de
não
ser
um
“futuro
absoluto”,
isto
é,
um
processo
posterior
ao
momento
da
fala.
Constitui-se,
assim,
em
um
“futuro
relativo”,
processo
cursivo
iniciado
a
partir
do
momento
da
fala.
Há
ainda
a
intenção
modal
do
sujeito.
É uma
construção
freqüente
no
português
coloquial
enquanto
se
nota
o desuso
gradual
da
forma
sintética.
Essa
evolução
semântica
das
locuções
com
ir
no
sentido
de
futuro
amplo
para
marcar
um
fato
posterior
ao
momento
da
enunciação,
repete,
segundo
Câmara,
o
ciclo
ocorrido na
fase
românica,
quando
ocorreu a
substituição
do
futuro
tradicional
latino
por
locuções
semelhantes.
Em
suma,
o
futuro
perifrástico
abarca
dois
significados
diferenciadores
em
relação
ao
presente:
a)
um
significado
modal,
denotativo da
intenção
do
sujeito;
b) e o
próprio
sentido
do
verbo
ir,
que
pressupõe
um
movimento
físico.
O
presente
Durante
o
Império
Romano,
já
era
comum
empregar-se o
presente
do
indicativo
com
o
sentido
de
futuro.
A
substituição
fazia-se
presente
em
todo
tipo
de
texto.
Em
Cícero,
o
presente
foi
empregado
em
cláusulas
condicionais
(Grandgent, 1963: 99).
Distinção
entre
tempo,
modo
e
modalidade
Nesta
seção, discutiremos a
diferença
entre
tempo,
modo e
modalidade
seguindo a
proposta
funcionalista givoniana ao
considerar o
julgamento do
falante
acerca do
conteúdo
proposicional.
A
categoria
de
tempo
Nas
gramáticas
tradicionais, há uma
ambigüidade
entre
tempo
(tense), uma
categoria
gramatical,
e
tempo
(time),
uma
entidade
fundamentalmente
experiencial. Essa
ambigüidade
teve
como
conseqüência
a
prática
de
denominar
tenses (tempo
verbal)
de
acordo
com
a
seqüência
de
tempo
(time)
linear:
passado,
presente
e
futuro.
No
entanto,
diferenciando tense e
time,
dizemos
que
tense é uma
categoria
gramatical
e
time,
uma
construção
mental.
Tense
geralmente
expressa
não
o
fluir
do
tempo
e
nem
a
sua
segmentação,
mas
simplesmente
a
seqüência
de
eventos
– anterioridade,
simultaneidade,
posterioridade (Fleischman, 1982: 8).
Lyons (1995: 314)
define
tempo
(tense)
como
a
categoria
resultante
da gramaticalização da
referência
dêitica
temporal.
Tempo,
ao
contrário
de
aspecto,
é uma
categoria
referencial e
mais
especificamente dêitica. Essa é a
mesma
opinião
de Fleischman (1982: 29)
para
quem
“O
conceito
dinâmico
de
tempo
é dêitico:
não
é estático.”
Para
Mira
Mateus
et alii (1983: 45), “tempo
é a
localização
do
estado
de
coisas
descrito
relativamente
ao
momento
da
enunciação.”
Mais
especificamente:
A
categoria
lingüística de
tempo exprime
a
ordenação do
espaço de
tempo
que contém o
estado de
coisas
descrito
por uma
predicação
relativamente
ao
espaço
em
que ocorre a
enunciação da
mesma, está
gramaticalizada
nos
tempos
verbais e
exprime-se
igualmente
através de
expressões de
valor de
adverbiais
temporais e de
conectores
frásicos de
valor
temporal.
(...) No
português, os
tempos
naturais
são o
presente, o
passado
e o
futuro,
definidos,
respectivamente,
pela
relação de
simultaneidade,
anterioridade e posterioridade
em
relação ao
momento da
enunciação. (Mira
Mateus et
alii, 1993: 104)
No Proto-Indo-Europeu,
tempo
não
era uma
categoria
gramatical. A
referência ao
tempo da
ação
era
representada
por
elementos
adverbiais
ou
nominais. As
formas
verbais
associadas a
esses
elementos eram
aspectuais (cf. Fleischman, 1982: 32).
Segundo
Câmara (1985: 128), a
categoria de
futuro surge,
posteriormente,
“pela
necessidade da
expressão
temporal;
concretizam-no
certas
necessidades
modais.”
Por
isso, o
futuro
começa
como
modo. (Câmara,
1957: 223).
Como vimos, os
estudiosos se
dividem
quanto ao
tempo
futuro: é
basicamente
temporal
ou
modal? (Lyons,
1995: 319). No
português,
esse
debate tem
um
ponto convergente.
Todos
concordam
que a
referência ao
futuro,
em
contraste
com a
referência ao
passado e ao
presente, é
geralmente, se
não
sempre,
matizada
com a
expressão de
incerteza
ou
expectativa (op. cit).
Essas
são
consideradas
atitudes
modais
freqüentemente
expressas
pela
categoria de
modo.
Assim, a
distinção
entre
temporalidade e
modalidade,
assim
como a
distinção
entre
tempo e
modo,
não é
sempre
claramente
descrita nas
línguas
em
geral,
especialmente
quando se
trata do
tempo
futuro (Lyons,
1995: 320). O
português
não é
exceção.
A
categoria
de
modo
A
categoria
gramatical de
modo é
identificada nas diversas
línguas do
mundo. O
latim
reconhece
um
sistema de
modo –
subjuntivo,
indicativo e
imperativo –
igualmente
reconhecido
pelo
grego
clássico –
subjuntivo,
optativo. O
inglês apresenta
um
sistema de
verbos
modais – will,
can, may, must.
A
origem
greco-latina
legou ao
português
um
sistema de
modo
verbal
acoplado à
modalidade. A
gramática tradicional
distingue uma
categoria
flexional de
modo,
atribuindo
noções
distintas
para o
subjuntivo e
para o
indicativo,
não usando o
termo
modalidade
para referir-se às
atitudes do
indivíduo
acerca do
que
fala.
Modo é,
por
definição, a
categoria
resultante da
gramaticalização da
modalidade
epistêmica, deôntica
ou de
qualquer
outro
tipo (Lyons,
1995: 332). Há muitas
línguas no
mundo
que têm
vários
modos
não-indicativos
para
tipos
diferentes de
modalidade
epistêmica,
mas
não possuem
um
modo
indicativo:
isto é,
tradicionalmente considerado
pelos
lingüistas e
lógicos
como o
modo
semanticamente
neutro
ou
não-marcado.
O
paradigma de
modo,
comum a
línguas
românicas
como o
português, o
francês e o
espanhol,
associa esta
categoria ao
sistema
flexional do
verbo. Da
mesma
forma, a
modalidade,
ou assumindo
os
termos da
gramática normativa, a
atitude do
indivíduo,
está
ligada ao
sistema
gramatical de
modo
verbal.
Diversos
estudiosos
propõem a
separação
entre
modo e
modalidade:
(...)
eles (subjuntivo,
indicativo e
imperativo)
expressam
certas
atitudes da
mente do
falante
em
relação ao
conteúdo da
sentença,
embora
em
alguns
casos a
escolha do
modo seja
determinada
não
pela
atitude do
falante
real,
mas
pela
própria
cláusula e
sua
relação
com o
nexo
principal da
qual é
dependente.
Ainda é
muito
importante
que falemos de
‘modo’
apenas se a
atitude da
mente é
mostrada na
forma do
verbo:
modo é uma
categoria
sintática,
não uma
categoria
nocional.
(Jespersen,
1924: 313,
apud
Palmer, 1986, 9-10)
(...)
modo é uma
categoria
gramatical
que é
encontrada
em algumas,
mas
não
em todas as
línguas.
Não pode
ser identificada
com a
modalidade
ou
força
locucionária...
(Lyons, 1977: 848)
(...)
um é
gramatical (modo),
o
outro nocional
ou
semântico (modalidade)...
(Palmer, 1986: 7).
(...)
modalidade é
um
domínio
conceptual,
e
modo é
sua
expressão
flexional.
(Bybee et alii,
1994: 181)
Definição
de
modalidade
Desde
Aristóteles,
muitos
estudiosos vêm
procurando
definir e
classificar os
tipos de
modalidade.
Até uma
certa
época, os
interesses
ficaram restritos basicamente ao
âmbito das
modalidades
aléticas (do
grego
“alético” = “verdadeiro”),
denominadas
também
lógicas
ou
aristotélicas: aquelas
que dizem
respeito às
relações
entre o
locutor e o
universo de
referência.
Em outras
palavras,
pautam-se na
descrição da
relação
entre
verdade e
falsidade das
proposições,
apresentando uma
gradação da
proposição aleticamente
necessária à
aleticamente
possível.
Mais
recentemente,
diversas
propostas têm
surgido. Basicamente, tem se considerado
dois
tipos
principais de
modalidade: a
epistêmica e a deôntica (cf. Lyons, 1977; Palmer, 1985; Givón, 1995).
Palmer (1986: 18)
define
modalidade
como
a gramaticalização das
atitudes
subjetivas e
opiniões
do
falante.
A
modalidade
epistêmica está
ligada
ao
conhecimento,
crença,
ou
opinião,
enquanto
a
modalidade
deôntica está
ligada
à
necessidade
ou
possibilidade de
atos
performativos
pelo
agente
moralmente
responsável.
Para
Mira
Mateus et
alii (1983: 46) “a
indicação do
universo de
referência
relativamente
ao
qual uma
predicação é
válida, e a
indicação do
modo
como o
locutor encara
a
ocorrência do
estado de
coisas
descrito
são expressas
através da
categoria
modalidade.”
Acrescenta
que a
modalidade
em
português pode
ser
expressa
pelo
modo do
verbo:
indicativo,
conjuntivo (subjuntivo),
imperativo.
Fávero (1999: 43), classifica as
modalidades
como: a)
alética –
referente ao
eixo da
existência; b)
deôntica –
referente ao
eixo de
conduta, ao
que se deve
fazer; c) epistêmica –
referente ao
eixo da
crença, ao
conhecimento
de
um “estado
de
coisas”.
Resumindo a
posição das
autoras
acima, afirma:
“a
modalidade é a
atitude assumida
pelo
locutor
diante do
enunciado
por
ele
produzido.”
De
acordo
com
Givón (1995: 112), há
dois
tipos
de
modalidades
conforme
a
atitude
do
falante:
(a)
atitudes
epistêmicas:
verdade,
crença,
probabilidade,
certeza,
evidência;
(b)
atitudes
avaliativas:
desejo,
preferência,
intenção,
habilidade,
obrigação,
manipulação.
Dentre as
modalidades
epistêmicas da
lógica
clássica, a
gramática tradicional
herdou a
oposição
realis/irrealis,
ou seja,
oposição
entre
eventos
fatuais (reais)/não
fatuais (irreais).
Assim, opõe-se
modo
indicativo –
referente a
eventos
reais,
realizados
ou
certos de
serem realizados - ao
subjuntivo –
eventos
não-realizados,
irreais.
Passado e
presente estão no
âmbito da
modalidade
realis
por
assinalarem
um
evento de
ocorrência
fixado
em
algum
tempo
determinado,
tenha
este
evento
já ocorrido
ou esteja
acontecendo no
momento do
ato de
fala.
Em
oposição ao
passado e ao
presente, o
futuro,
valor
temporal dos
fatos
ainda
não
vivenciados, situa-se no
âmbito do
irrealis, a
categoria de
modalidade
que
retrata a
possibilidade de o
evento
vir-a-ser. Atribui-se ao
futuro do
presente o
caráter
modal de
dúvida (Câmara,
1967: 55-56).
A
natureza
do
futuro
verbal
A
distinção
de
base
funcional
entre
a pressuposição realis/irrealis pauta-se no
julgamento
feito
pelo
indivíduo
sobre
a
realidade.
Os
eventos,
as
ações
e os
estados
são
classificados
por
um
grande
número
de
línguas
naturais
como
já
ocorridos
ou
em
andamento
opondo-se aos não-realizados,
ou
seja,
irreais
(Comrie, 1985; Bybee, 1994; Givón, 1995). É esta
distinção
conceptual
indicadora de uma
distinção
temporal
entre
passado
e
presente
(realis) de
um
lado
e
futuro
(irrealis) de
outro.
Na
concepção
de
Câmara
(1985: 128), a
concepção
de
futuro
está
mais
associada
ao
desejo,
à
dúvida,
à
imposição
da
vontade,
funcionando
rigorosamente
na
categoria
de
modo.
Em
estudo
anterior,
o
autor
afirma
que
o
valor
de
irrealidade
é conferido à
forma
de
futuro
do
pretérito
através
do
contexto
(Câmara
1956: 55/59). Na
verdade,
esse
não
é
um
valor
inerente
a
este
tempo
verbal,
mas
um
valor
modal
que
normalmente
lhe
é atribuído.
Conforme
mencionado
anteriormente,
por
analogia,
o
caráter
modal
de
dúvida,
como
uma
irrealidade
em
perspectiva,
é atribuído ao
futuro
do
presente.
Lyons (1977: 677)
analisa o
futuro
como
sendo
diferente
do
passado
sob
o
ponto
de
vista
da
nossa
experiência.
No
futuro,
não
se pode
negar
algo
tão
categoricamente
como
se pode no
passado.
As
expressões
de
futuro
são
menos
definidas,
pois
expressam
apenas
uma possibilidade. O vir-a-ser está ligado ao
possível
e
mais
associado
a
asserções
modalizantes.
Para
Corôa (1985: 55), o
futuro
expressa
um
pensamento
que
vai do
possível
para
a
certeza.
O
falante,
durante
a
enunciação,
avalia o
evento
pautando-se na
necessidade,
probabilidade,
possibilidade
ou
impossibilidade da
ocorrência
da
ação.
No
entanto,
mesmo
que
haja
certeza
subjetiva
da
ocorrência
do
evento,
sua
realização
somente
se dá
após
cumprir-se o
tempo
da
referência.
Comentando o
caráter
necessariamente
especulativo
do
futuro
em
relação
ao
passado
e ao
presente,
Comrie (1985: 43) aponta o
fato
de
que
as
predições
feitas
podem
ser
mudadas
ou
simplesmente
não
acontecer
dependendo do
desenrolar
dos
fatos.
Para
o
autor,
o
uso
de
formas
distintas de
referência
ao
presente
e ao
futuro
não
seria
imposto
pelo
sistema
de
tempo
da
língua,
mas
preferencialmente
pelo
seu
sistema
modal.
A
referência
ao
tempo
futuro
deriva
diacronicamente de
expressões
modais,
tal
como
ocorre
com
a
expressão
desiderativa
em
Inglês
will.
O
modo
realis refere-se a
situações
verdadeiramente
fatuais.
O
modo
irrealis é usado
para
situações
hipotéticas, incluindo
generalizações
indutivas,
além
de
predições
sobre
o
futuro.
A
referência
ao
tempo
futuro
é
apenas
uma das
interpretações
possíveis
para
o irrealis, e
não
há
motivo
para
presumir
que
seja
significativamente
mais
importante
se comparada a
qualquer
outra
interpretação
desta
forma
(cf. Comrie, 1985: 45). Comrie sugere: o
futuro
deve
ser
tratado
como
modo
e
não
como
um
tempo
verbal.
Mateus
et alii (1983) consideram
também
que
a
categoria
lingüística
de
tempo
futuro
reserva
sempre
um
valor
modal.
Para
Givón (1995: 116), o
futuro
se opõe ao
passado
e ao
presente.
Passado
e
presente
estão no
âmbito
da
modalidade
realis. Assinalam
um
evento
de
ocorrência
garantida
em
algum
tempo
específico,
tenha
este
evento
já
transcorrido
ou
esteja transcorrendo no
momento
da
fala.
O
futuro,
valor
temporal
dos
fatos
ainda
não
experienciados, está no
âmbito
do irrealis, a
categoria
de
modalidade
que
retrata
a possibilidade de
um
evento
vir-a-ser. Sugere
ainda:
“o
traço
comum
aos sub-modos epistêmico e deôntico do irrealis é o de
incerteza
epistêmica”.
A
modalidade
epistêmica de irrealis
deriva
da
baixa
certeza
ou
baixa
probalidade e,
portanto,
envolve
um
significado
de
incerteza
epistêmica. A
modalidade
deôntica de irrealis possui
um
significado
inerente
de futuridade.
Portanto,
também
de
incerteza
epistêmica. Givón afirma: “o
futuro
é
um
tempo
claramente
irrealis
(Givón, 1984: 285) e “o
futuro
é
por
definição
um
modo
irrealis”
(Givón, 1993: 172). A
mesma
opinião
tem Fleischman (1982: 14) ao
dizer:
“a
categoria
temporal
de
futuro
está relacionada ao irrealis.”
Bybee et alii
(1994: 280) inserem o
futuro,
por
relacionar-se à
intenção
e à
predição,
no
âmbito
da
modalidade
epistêmica. Acrescentando dizem: “O
futuro
é
menos
uma
categoria
temporal
e
mais
uma
categoria
modal
com
importantes
implicações
temporais.”
Em
estudo
sobre
o
futuro
no
francês
falado
no Canadá, Poplack & Turpin (1999: 3)
também
o associam à
modalidade,
por
ser
a
expressão
da
atitude
subjetiva do
falante
em
relação
a
fatos
ainda
não
ocorridos.
Análise dos
exemplos
Como vimos,
modo é,
por
definição, a
categoria
resultante da
modalidade
epistêmica, deôntica
ou de
qualquer
outro
tipo. A
modalidade,
ou seja, a
atitude do
indivíduo,
está
ligada ao
sistema
gramatical de
modo
verbal no
português.
Os
exemplos 3-6
referem-se às
formas de
futuro do
presente. Codificam o
conhecimento,
a
crença do
falante
sobre o
conteúdo das
proposições
enunciadas e observa-se o
grau de
comprometimento do
falante
com a
verdade da
proposição. Essas
são as
atitudes
epistêmicas,
segundo Givón
(1995: 112). A
forma de
futuro
sintético
tende a
codificar
conteúdos
modais e o
presente,
como codifica
a assertividade, será a
forma preferida
para
enunciar
proposições
futuras
como
verdadeiras. Os
exemplos 1, 3
e 4 expressam a
certeza da
realização do
fato,
desde
que a
condição
necessária
para essa
realização se
cumpra.
Há
um
falante
comprometido
com as
informações
veiculadas. O
falante
imprime ao
enunciado
um
teor de
verdade (Givón, 1995:
114), a
fim de
evidenciar marcadamente a
sua
crença na
realização do
evento.
O
futuro
perifrástico (IR+V)
expressa uma
atitude
mais
avaliativa
por
parte do
falante.
Apresenta uma nuança de
proximidade,
intenção,
manipulação
para
que a
eventualidade
se realize. O
falante, ao
usar a
perífrase,
está
mais envolvido
com a
enunciação,
denuncia uma
visão
subjetiva do
evento (cf.
exemplo 5).
Quanto á
forma de
presente,
Câmara (1991: 199)
retrata o
uso
geral e
fundamental do
presente no
português. Exprime: a)
um
fato
permanente; b)
um
fato
que ocorre
habitualmente;
c)
em
seu
uso
atemporal
como
modo, o
presente exprime a
certeza
em
oposição ao
futuro do
presente. O
presente pode
ser usado
para referir-se a
fatos
futuros.
Em
seu
uso
atemporal,
como
modo, o
presente é a
forma escolhida
pelo
falante,
dentre as
quatro
formas,
para
exprimir
um
grau
maior de
certeza
quanto à
realização do
evento
futuro. De
acordo
com Poplack &
Turpin (1999:3), o
falante
usa o
presente
quando o
evento
futuro é
determinado
ou planejado
(cf.
exemplo 6).
Considerações
finais
Constatamos uma
linha
tênue
entre
tempo,
modo e
modalidade nas
formas de
futuro do
presente.
Os
gramáticos
definem o
futuro do
presente
como o
tempo
que
expressa
um
fato
posterior ao
momento da
fala (cf. Said
Ali (1969);
Celso
Cunha &
Lindley Cintra (1985); Bechara (1978, 1999); Faraco &
Moura (1999);
Pasquale & Ulisses (1999)). No
entanto, ao
lermos os
exemplos
descritos
por
esses
autores,
notamos a imbricação
entre as
categorias de
tempo e
modo.
Cunha & Cintra
(1985: 446) apresentam
exemplos do
futuro
expressando
incerteza,
probabilidade,
dúvida,
polidez,
desejo,
súplica e
ordem,
enfim,
atitudes do
falante
em
relação ao
evento –
modalidade. Há
apenas
um
exemplo no
qual o
futuro do
presente
expressa
fatos
certos e
posteriores ao
momento da
fala.
Por
outro
lado,
estudos
lingüísticos
têm mostrado
como o
futuro
expressa a
postura do
falante
em
relação aos
fatos
enunciados,
mais do
que
eventos
posteriores ao
momento da
fala, ao
deixar
evidente a
sua
crença
ou
dúvida na
concretização do
evento.
Devido a
esse
caráter
ambíguo
expresso
pelo
futuro do
presente e
suas
formas,
concordamos
com Givón
(1993: 172): “o
futuro é,
por
definição,
um
modo
irrealis”.
Portanto,
deveria
estar
associado ao
modo
subjuntivo nas
gramáticas
normativas.
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Oppraesso rege Persarum, cum vinctum tenerit, in cathedram quasi horifice
sedere iussit quaerens ei civitatis et provincias rei publice restituendas;
factisque, pactionis vinculum firmarit.
Et ille respondebat: “Non dabo”. Iustinianus dicebat: “Daras”.
...they (subjunctive, indicative and imperative) express certain attitudes
of mind of the
speaker
towards the contents of the sentence, though in some cases the choice of
mood is determined not by the attitude of the actual
speaker,
but by the character of the clause itself and its relation to the main nexus
on which it is dependent. Further, it is very imprtant that we speak of
‘mood’only if the attitude of mind is shown in the form of the verb: mood
thus is a syntatic, not a notional category (Jespersen, 1924: 313,
apud
Palmer, 1986: 9-10).
...mood is a grammatical category that is to be found in some, but not all,
languages. It cannot be identified with either modality or illocutionary
force... (Lyons, 1977: 848)
...the one being grammatical (mood), the other notional or semantic
(modality)... (Palmer, 1986: 7)
...modality is
the
conceptual
domain, and mood is its inflectional expression (Bybee et alii, 1994: 181)
By ‘attitude’ we mean primarily two
main types of judgemente, perspective or attitudes concerning the
information packe in the clause:
(a)
Epistemic attitudes:
Truth,
belief, probability, certainty, evidence
(b)
Valuative attitudes:
Desiderability, preference,
intent, ability, obligation, manipulation. (Givón, 1995: 112)