O ensino de morfossintaxe
nos
níveis fundamental e médio
uma
perspectiva textual

Maria Luci de Mesquita Prestes (FAPA)
Eduardo
Rosa de Almeida (Col. Farroupilha)

 

Introdução

Depois de um momento em que houve até quem cogitasse não ensinar gramática, o que se hoje, em geral, é que necessidade sim de ensiná-la, direcionando-se atualmente a discussão a como fazê-lo.

Neste artigo, trazemos algumas questões que procuraremos desenvolver no minicurso por nós ministrado no VII Congresso Nacional de Lingüística e Filologia (UERJ, ago. 2003), em que, num primeiro momento, buscaremos discutir algumas questões relativas ao ensino de gramática em geral para depois centrarmo-nos em questões que envolvam mais especificamente o ensino da morfossintaxe nos ensinos fundamental e médio, levando em conta uma perspectiva textual. Aqui, como amostra, as questões relativas à morfossintaxe que abordaremos referem-se ao sujeito e ao predicado.

 

O ensino de gramática

Na década de 1980, com o advento dos estudos lingüísticos baseados no texto e no discurso no Brasil, com uma “febre” de construtivismo, muitos professores cogitaram que não se deveria ensinar mais gramática; que, de certo modo, bastaria ler e escrever bastante para aprender a ler e a escrever adequadamente.

Ainda nos nossos dias, mais ou menos nesse rumo, embora frisando que uma simples exposição dos alunos à leitura e à produção de textos não é suficiente para garantir-lhes o domínio da língua padrão, Rocha (2002) diz, no subtítulo de seu livro, propor-se a ensinar a língua padrão sem que se estude a gramática. Contudo, o próprio autor, mais adiante, menciona que pretende “apresentar um método funcional e exeqüível para o aprendizado do Português principalmente da língua padrão sem que se recorra ao estudo da gramática explícita.” (ROCHA, 2002, p. 10, grifo nosso). Na realidade, o que se pode perceber é que o que o autor chama de “MÉTODO GNM (Gramática: Nunca Mais)” nada mais é do que não ensinar metalinguagem, pois, analisando exercícios propostos por ele, vemos que trabalha gramática sim, com regras da língua padrão, que procurando não empregar metalinguagem. Dizemos procurando, pois, conforme podemos constatar por alguns enunciados de exercícios sugeridos pelo autor, exemplificados a seguir, ele se utiliza sim de alguma metalinguagem:

      Coloque nas lacunas os nomes coletivos que melhor se ajustam às idéias das frases: (p. 135)

Corrija as frases abaixo, se necessário, com relação ao emprego do verbo haver: (p. 172)

Passe as frases para o plural, de acordo com o modelo: (p.175)

Como saber se o acento da crase é empregado diante de nomes de lugares?

Observe o seguinte: [...] (p.200)

Complete as frases com os verbos indicados entre parênteses: (p. 219)

Algumas palavras do texto são usadas em sentido figurado. o sentido denotativo e o sentido conotativo de cada uma delas, como no modelo: (p. 246)

RECAPITULANDO:

Como sabemos, o emprego da vírgula e do ponto está relacionado com a questão da pausa. A vírgula é empregada para indicar uma pausa menor e o ponto, para indicar uma pausa maior. Teste a sua capacidade de empregar esses sinais, pontuando devidamente este trecho [...] (p. 255)

(ROCHA, 2002, grifo do autor em itálico, grifo nosso em negrito).

Mas hoje o que podemos perceber mesmo é que a grande maioria dos estudos sobre o ensino de gramática trazem muitas críticas ao modo como se vem ainda empreendendo tal ensino, sem negar que a gramática deve ter sim seu espaço no meio escolar.

Possenti (1997) propõe que se trabalhem na escola, na ordem que segue, a gramática internalizada, a gramática descritiva e a gramática normativa. Argumenta o autor:

O que o aluno produz reflete o que ele sabe (sua gramática internalizada). A comparação sem preconceito das formas é uma tarefa da gramática descritiva. Finalmente, a explicação da aceitação ou rejeição social de tais formas é uma tarefa da gramática normativa. As três podem evidentemente conviver na escola. Em especial, pode-se ensinar o padrão sem estigmatizar e humilhar o usuário de formas populares como “nóis vai”. (POSSENTI, 1997, p. 126, grifo do autor).

Quanto à questão da metalinguagem, assim se manifesta o autor:

Eu sugeriria que se falasse normalmente em concordância, em verbo, em sujeito, em pronome, em plural etc, sem que o domínio da terminologia fosse objeto de cobrança, de forma que, eventualmente, tal terminologia passasse a ser dominada como decorrência de seu uso ativo, e não através de listas de definições. (POSSENTI, 1997, p. 125).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa do ensino fundamental, tanto os de primeiro e segundo ciclos como os do terceiro e quarto (BRASIL, 1997, 1998), salientam que, sendo o objetivo principal do trabalho de análise e reflexão sobre a língua o imprimir maior qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem centrar-se nas atividades epilingüísticas – que se referem à reflexão sobre a língua em situações de produção e interpretação como caminho para conscientizar-se e aprimorar o controle sobre a própria produção lingüística. Partindo-se daí é que se devem introduzir progressivamente os elementos para uma análise de caráter metalingüístico – que está voltada para a descrição, através da categorização e sistematização dos elementos lingüísticos.

Ainda considerando o ensino da metalinguagem, os PCN de Língua Portuguesa para terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental (BRASIL, 1998, p. 79) enfatizam alguns procedimentos metodológicos fundamentais para que o planejamento de atividades de análise lingüística propicie aos alunos a aprendizagem de conteúdos, dos quais destacamos o seguinte:

apresentação da metalinguagem, após diversas experiências de manipulação e exploração do aspecto selecionado, o que, além de apresentar a possibilidade de tratamento mais econômico para os fatos da língua, valida socialmente o conhecimento produzido. Para esta passagem, o professor precisa possibilitar ao aluno o acesso a diversos textos que abordem os conteúdos estudados.

Bagno (2000, p.158) também admite haver espaço para que se ensine gramática em sala de aula, fazendo uma ressalva: “que seja um ensino de gramáticas, sempre no plural, junto com a análise da funcionalidade de cada uma e da apreciação crítica dos valores sociais atribuídos a cada uma delas”.

Conforme Travaglia (2003, p. 18), para que o ensino de gramática seja pertinente e possa influenciar na qualidade de vida dos indivíduos, ele precisa desenvolver a competência comunicativa desses usuários da língua, ou seja, sua capacidade de usar os diversos recursos que ela proporciona, de maneira adequada a cada situação comunicativa em que estiverem envolvidos. Esse ensino se deve construir sobre uma gramática considerada como

[...] o próprio estudo e trabalho com a variedade dos recursos lingüísticos colocados à disposição do produtor e receptor de textos para a construção dos sentidos em textos. Portanto, a gramática vista como o estudo das condições lingüísticas da significação.

Quanto ao questionamento se a gramática deve ser ensinada ou não, o autor diz que isso vai depender da concepção de gramática que se considerar.

Concebendo-se a gramática como o próprio mecanismo lingüístico que permite aos usuários utilizarem a língua, de acordo com Travaglia (2003, 79-80), a resposta é afirmativa, mesmo que o professor priorize a formação de usuários competentes da língua, que não se pode usar uma língua sem usar sua gramática, sem conhecer seu uso. O autor adverte, contudo, que esse conhecimento não é explícito teoricamente, mas implicitamente se estabelece na mente dos falantes.

Se a gramática for concebida como conjunto de regras sociais para usar a língua - sob um ponto de vista normativo, portanto -, Travaglia (2003, p. 80) também se mostra favorável a seu ensino, considerando que isso possibilita ao aluno adquirir conhecimentos e habilidades necessários para que ele possa ter uma ação lingüística de acordo com o que a sociedade convencionou e exige das pessoas. Adverte, contudo, o autor que ensinar gramática normativa não é ensinar a norma culta, mas ensinar as normas sociais para o uso da língua em suas diferentes variedades.

Se for concebida a gramática como teoria descritivo-explicativa da língua (teoria lingüística, teoria gramatical), observa o autor (TRAVAGLIA, 2003, p. 80) que seu ensino dependerá do objetivo do professor.

Neves (2002, p. 226) ressalta a necessidade de, na escola, promover-se um tratamento funcional gramática, em que se trata da língua em situações de produção, em contextos comunicativos. Lembra a autora que

[...] saber expressar-se numa língua não é simplesmente dominar o modo de estruturação de suas frases, mas é saber combinar essas unidades sintáticas em peças comunicativas eficientes, o que envolve a capacidade de adequar os enunciados às situações, aos objetivos da comunicação e às condições de interlocução. E tudo isso se integra na gramática.

Levando em conta tal perspectiva, de trabalhar a língua em uso, para a autora (NEVES, 2000, p. 52), ensinar a língua é ensinar a gramática. Assim, ela adverte que “[...] a escola não pode criar no aluno a falsa e estéril noção de que falar e ler ou escrever não têm nada que ver com gramática.”

Neves (2000, p. 73) bem sintetiza, com argumentos plausíveis, o que é preciso considerar no tratamento da gramática nas aulas de Português:

·   que estudar gramática é refletir sobre o uso lingüístico, sobre o exercício da linguagem;

·   que o lugar de observação desse uso são os produtos que temos disponíveis falados e escritos mas é, também, a própria atividade lingüística de que participamos, isto é, a produção e a recepção, afinal, a interação;

·  que, afinal, a gramática rege a produção de sentido.

É seguindo esse ponto de vista, de um ensino funcional da língua, e, por conseguinte, também de questões relativas à gramática, que pretendemos propor possibilidades de se trabalhar algumas dessas questões em especial, concernentes à morfossintaxe.

 

A morfossintaxe

De acordo com Lewandowski (1995, p. 235), a morfossintaxe é a parte da gramática que estuda os morfemas conforme a sua função sintática.

Camara Júnior (2000) não utiliza tal expressão, mas, ao tratar dos morfemas relacionais – que estabelecem relações dentro da enunciação – diz que, da manipulação desses morfemas, resulta a parte da gramática denominada sintaxe.

Conforme o Diccionario Terminológico de Lingüística Larousse (1998, p. 100, tradução nossa), a morfossintaxe é o “ramo da lingüística que estuda as regras que regem a estrutura interna das palavras e as regras combinatórias das palavras e dos sintagmas nas orações.”

De acordo com Macambira (1987, p. 17, grifo do autor), “As palavras existentes em qualquer língua distribuem-se em várias classes, conforme as formas que assumem ou as funções que desempenham, e para alguns autores conforme o sentido que expressam.”

Observa o autor

[...] que “as formas e as funções são solidárias e, para não dizer impossível, seria difícil separá-las”. Não se há tampouco de separar o sentido, pois, consoante o próprio SAUSSURE, “na língua não se pode isolar o som da idéia, nem a idéia do som”. (MACAMBIRA, 1987, p. 17).

Em sua obra A estrutura morfo-sintática do português, tanto ao tratar de classes de palavras quanto de funções sintáticas, Macambira (1987) vale-se de três tipos de critério: o mórfico, o semântico e o sintático.

Consideraremos, neste trabalho, morfossintaxe como o estudo simultâneo da sintaxe e da morfologia, ou seja, o estudo em que, ao se analisarem frases - sempre sem perder de vista seu contexto, a situação de texto em que se encontram; considerando-se, portanto, também aspectos semânticos e pragmáticos -, serão levadas em conta não as funções sintáticas exercidas por expressões nessas frases, mas também as classes gramaticais e as orações que exercem essas funções, e, quanto às classes gramaticais em especial, seu pertencimento a uma classe ou a outra dependendo das relações estabelecidas dentro da frase em que estão sendo enunciadas.

 

Um exemplo de atividades com texto

a morfossintaxe do sujeito e a do predicado

Trazemos aqui uma proposta de atividade com textos que é uma possibilidade de trabalhar a morfossintaxe do sujeito e a do predicado na qual se procura levar o aluno a construir conceitos e a perceber a funcionalidade desses conteúdos na produção de textos.

 

VivArte

Pelo título de nossa unidade, de que você espera que ela trate?

Vamos ler alguns textos então para ver se sua idéia se confirma.

 

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Seria bom

 

Seria bom se fosse artista por um dia. Poderia seriamente brincar de arte. Faria de um violão emprego, ritmo e prazer.

Seria bom, muito bom, se por dois dias artista fosse. Declamaria secretos poemas. Teria um pandeiro para romper silêncios e fronteiras.

 Seria bom, extremamente bom, se fosse artista por três dias. Teria um palco de segunda casa, de prediletos segundos. Nas segundas, nas terças e nas quartas. Domingos não demorariam tanto.

Seria bom, exageradamente bom, se por quatro dias artista fosse. Teria oito fantasias. Quatro para usar, quatro para realizar.

Seria bom, muito bom, extremamente e exageradamente bom se meu pai e minha mãe me compreendessem. Eu, compreendido e artista, seria bom.

(PINTO, César Augusto Nunes. Seria bom [mensagem pessoal]. Mensagem recebida de <inquilino25@aol.com> por <malupre@terra.com.br> em 15 nov. 2002.)

 

1- No texto aparece explicitamente o “eu” (primeira pessoa) apenas na L.12. É possível dizer que ele aparece desde a primeira linha, que de modo implícito? Que elementos comprovariam isso?

2- O texto tem um caráter subjetivo: demonstra sentimentos do enunciador. Se fosse escrito em terceira pessoa (ele), será que faria surtir no receptor o mesmo efeito que causa estando em primeira pessoa? Comente.

3- No texto há uma expressão que, ao mesmo tempo que se repete, se expande. Que efeito isso causa no texto?

4- É possível perceber que tipo de artista o enunciador diz que seria bom ser? Que tipo você acha que é? Que elementos do texto levam você a pensar assim?

5- E para você, o que é ser artista? Que outros tipos de artista você conhece ou sobre os quais ouviu falar?

6- Você gostaria de ser artista? Que tipo de arte você gosta ou gostaria de fazer?

7- E por falar em arte, o que você acha que ela é?

8- Utilizando o mesmo título e a primeira frase desse texto, escreva outro texto colocando as suas expectativas com relação ao assunto.

 

Texto 2

 

 

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Arte

 

O que é arte?

Certamente, que é a habilidade de fazer coisas.

Por isso, é arte a capacidade do antigo homem das cavernas de fazer um machado, uma lança de pedra. Mas, vamos mais longe, a própria capacidade de acender fogo é arte.

Acender fogo? Pergunta você, talvez um pouco surpreso.

Sim - nós respondemos - e explicamos: uma das maiores artes do homem foi conseguir acender o fogo. E ele alcançou isso com extrema habilidade. Foi preciso que percebesse que um pedaço de pedra, batendo sobre outro, era capaz de produzir faíscas. Ou que um cristal, posto de um certo jeito diante da luz do Sol, produz um foco que esquenta, esquenta, esquenta até acender um montinho de folhas secas.

Por isso, sempre que alguém estiver fazendo alguma coisa – afinando um piano, terminando um doce numa panela, pintando um quadro ou pondo um motor para funcionar no ponto – estará fazendo arte.

Mas é preciso separar bem duas nítidas definições de arte, dentro desta definição geral com que abrimos nossa conversa:

- Arte utilitária é aquela que produz objetos ou coisas (facas, cadeiras, comida, roupas, máquinas de escrever, carros) que servem para o uso diário do ser humano.

- Arte decorativa é aquela que produz objetos bonitos, cuja única razão de ser é sua beleza.

Assim é um quadro, pintado apenas para que a gente sinta diante dele a emoção do belo, aquela coisa que nos toca e prende nossos olhos. Assim, uma música, que faz a gente se esquecer de tudo e se ligar no ritmo e na melodia. Assim, um livro, onde a história é tão rica e tão emocionante, que as lágrimas chegam a nossos olhos.

Há, pois, uma arte de fazer coisas que beneficiem nosso dia-a-dia, e há uma Arte de arrancar emoções no ser humano, através de coisas feitas por outro ser humano.

Para muitos, todas as artes como música, literatura, balé, pintura, que buscam nos emocionar, são chamadas de Belas-artes.

Para outros, Belas-artes incluem apenas pintura, escultura, etc. A arte da poesia, do romance e do conto seria Arte Verbal. A do teatro seria Arte Cênica. Mas é bom que a gente sinta a arte não utilitária como coisa diferente e única.

É quase impossível definir a função da arte, assim como é quase impossível definir o significado de arte. Talvez seu objetivo principal seja dar prazer e, por isso mesmo, seja encarada por certas pessoas como luxo dispensável, coisa boba, absolutamente desnecessária.

Porém, essas pessoas estão erradas. Ninguém morre por não conhecer um quadro de Portinari, não ouvir um concerto de Beethoven ou não ler Monteiro Lobato. Mas quem não se der esses prazeres será certamente menos rico, menos sensível, menos aberto para as belezas do Homem e do mundo.

A arte de cada povo é o que lhe caráter diferente de outros povos. A arte demonstra a civilização de um povo, a sua vida. É o que resta quando um povo é dizimado. Um povo desaparece se não tem uma arte que seja sua. Ao mesmo tempo, a História torna-se realidade através da arte. Tudo o que sabemos de vários povos desaparecidos está ligado à sobrevivência de sua arte.

Conhecemos bastante sobre os assírios por causa de sua cerâmica, restos de suas construções, adereços pessoais e outras manifestações artísticas. Por isso, podemos afirmar com bastante convicção que arte é indispensável. Sem contar os benefícios individuais que ela traz às pessoas.

Porque, acima de tudo, a arte nos transporta para além da dura realidade cotidiana, tornando-nos mais humanos. Sem a arte, a vida seria simplesmente intolerável. imaginaram jamais ouvir uma música? Sem arte não haveria sustento para nossa imaginação, nem prazer para nossas mentes.

O que temos de fazer é usufruir dela. É tentar aproveitá-la de acordo com nossos desejos e nossas possibilidades.

(CARVALHO, André; QUINTELLA, Ary. Arte. São Paulo: , 1988.)

 

1- Neste texto os enunciadores expõem suas idéias sobre o que seja arte, trazendo-nos, ao mesmo tempo, informações para sustentar sua exposição. Nele não transparece o mesmo caráter subjetivo do texto que lemos anteriormente. Por que você acha que isso acontece? Será que tem algo a ver com o objetivo do texto? Comente.

2- Neste texto também aparece uma primeira pessoa, mas do plural (nós). O texto foi escrito por dois enunciadores. Mas será que essenós” se refere apenas aos dois ou tenta inserir também os receptores? Comente, valendo-se de elementos do texto. (Uma sugestão para ajudar você a argumentar sobre isso é verificar se, fosse o texto escrito por um enunciador , poderia, ainda assim, estar em primeira pessoa do plural.)

3- O texto inicia com uma pergunta. O que isso tem a ver com o objetivo dele? Na sua opinião, esse objetivo é alcançado? Comente.

4- Os enunciadores demonstram sempre convicção no que dizem com relação ao conceito de arte? Que expressões demonstram certeza e quais demonstram possibilidade, probabilidade?

5- Por que “é preciso separar bem duas nítidas definições de arte” (L. 18): arte utilitária e arte decorativa?

6- Pelo que se pode depreender do texto, que tipo de arte produziram Portinari, Beethoven e Monteiro Lobato? Você conhece algo sobre esses artistas? O quê? Se não conhece, procure pesquisar sobre eles, registrando seus apontamentos.

7- De acordo com o texto, “A arte de cada povo é o que lhe caráter diferente de outros povos. A arte demonstra a civilização de um povo, a sua vida.” (L. 47-48) Que tipo de arte você como mais representativa de sua região - considerada especificamente - e qual como mais representativa de nosso país?

8- Diz também o texto que “a História torna-se realidade através da arte.” Você experienciou isso em seu aprendizado de História? Comente.

9- Ainda conforme o texto, a arte traz benefícios individuais às pessoas. Por quê? E para você, que benefícios ela trouxe ou traz?

 

Observação: É interessante o professor montar projetos (ver sugestões de roteiros em PRESTES, 2003) em que os alunos se organizem em grupos, e cada grupo realize pesquisas (bibliográficas e de campo) sobre um tipo diferente de manifestação artística, podendo-se culminar as atividades com algo que mobilize não a turma e a escola, mas toda a comunidade, como um festival de arte, por exemplo.


 

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Banderas é o melhor da temporada

 

Antonio Banderas foi escolhido o melhor ator da temporada teatral deste ano, por sua atuação em “Nine”, que marcou sua estréia na Broadway. A informação partiu da revista Entertainment Weekly, que anualmente publica uma lista bastante acompanhada no mundo do espetáculo. Nesta edição, quem encabeça a lista no cinema é Hugh Jackman, o Wolverine de “X Men” e a cubana Eva Mendes, de “Velozes e Perigosos – Parte 2”.

“Deveriam ter me visto na estréia. queria fugir dali. Sair correndo, literalmente”, declarou o ator de 42 anos, sobre o trabalho que lhe deu a primeira candidatura ao prêmio Tony de teatro. No momento ele está voltado paraEra uma Vez no México”, a segunda parte de “A máscara do Zorro”, sobre a biografia de Pancho Villa e também um novo filme de Almodóvar.

(Correio do Povo, 23 jun. 2003. p. 20.)

 

1- Você sabe o que é a Broadway? Se não sabe, procure informar-se, registrando essa informação.

2- Por que você acha que o enunciador do texto faz questão de dizer qual é a fonte (“Entertainment Weekly”, ou Semanário de Entretenimento) da informação que veicula?

3- Antonio Banderas é conhecido como ator de cinema. Que relação se pode estabelecer entre esse fato e sua declaração (L.8-9)?

4- O título do filme para o qual Banderas está voltado exprime que tipo de idéia com relação ao tempo? Em que tipo de texto esse tipo de expressão temporal costuma ser usado? Por que você acha que se faz tal uso?

 

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Cinema perde um de seus mitos

 

Katharine Hepburn, premiada com quatro Oscars em sua carreira, morreu ontem, aos 96 anos de idade

 

A atriz Katharine Hepburn, um dos mitos de Hollywood, morreu ontem, aos 96 anos de idade, cercada de familiares e amigos. Katharine, premiada quatro vezes com o Oscar, vivia em Old Saybrook (Connecticut), EUA. Sofria de vários problemas de saúde nos últimos anos, na sua maioria ligados ao mal de Parkinson. Nascida a 12 de maio de 1907 e dona de um rosto marcante, dizia que sua vida poderia ser dividida em duas partes: antes e depois de conhecer o ator e inseparável companheiro Spencer Tracy, com quem manteve um relacionamento afetivo desde que se conheceram, em 1942, durante as filmagens de “A Mulher do Dia” (“Woman of the Year”), até a morte dele, em 1967. Com a morte de Tracy, logo após as filmagens de “Adivinhe Quem Vem para Jantar”, a atriz entrou em depressão, o que agravou o mal de Parkinson, de que tinha começado a sofrer. Dizem que a atriz nunca assistiu a “Adivinhe Quem Vem para Jantar por ser este o último filme de Tracy. O romance durou 27 anos, mas foi mantido em discrição, devido ao fato de Tracy ser casado e nunca ter se divorciado.

Katharine trabalhou até 1994, quando anunciou sua retirada do cinema, ao qual dedicou 60 anos de sua vida, e depois viveu reclusa e afastada de atividades públicas. Entre os seus principais trabalhos, pode-se destacar os quatro filmes que deram a ela o Oscar de Atriz: “Manhã de Glória” (1933), “Adivinhe Quem Vem para Jantar” (1967), “Leão no Inverno” (1968) e “Num Lago Dourado” (1981). Contudo, ao todo ela recebeu 12 indicações ao prêmio na categoria de atriz, tendo sido superada somente neste ano, quando Meryl Streep atingiu a marca de 13 indicações comAdaptação”. O Festival de Cinema de Cannes também premiou-a porLonga Jornada Noite Adentro” (1962), e o Festival de Veneza escolheu-a como a melhor por “As Quatro Irmãs” (1933).

Sua recordação está marcada na estrela que possui na Calçada da Fama, localizada no número 6288 de Hollywood Boulevard. Em uma pesquisa realizada pela revista Entertainment Weekly, chegou a receber a maior votação como a melhor atriz clássica do século XX. Para os fãs, sua imagem será eterna nos filmes em que brilhou.

Correio do Povo, 30 jun. 2003. p. 20.

 

1- Qual é a função da frase que aparece como subtítulo? Tal uso é comum em textos jornalísticos? Por que será?

2- A revista “Entertainment Weekly” (ou Semanário de Entretenimento) é novamente citada neste texto (L.32). O que se pode então depreender da importância desse periódico?

3- Por que se pode dizer que Katharine Hepburn é “um dos mitos de Hollywood”?

4- Por que você acha que o enunciador do texto usou a expressão “Dizem que” (L.13-14)?

5- Katharine Hepburn dedicou-se ao cinema por 60 anos (L.19). O cinema é considerado “a sétima arte”. O que será que isso significa? Procure informar-se sobre o assunto e registre as informações que obtiver.

6- Informe-se sobre questões relativas a qualquer assunto relacionado à arte que estejam acontecendo no momento e escreva uma notícia sobre isso.

 

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PROCURA-SE UMA NOIVA – De Gary Sinyor (EUA/1999). Jimmie Shannon preza sua liberdade mais até do que sua própria vida. Todos os seus amigos se casaram, mas ele continua seguindo o mesmo estilo, sem cogitar o dia em que irá até o altar. Porém, quando ele menos espera, apaixona-se à primeira vista pela adorável Anne Arden. Comédia com Chris O’Donnell. Canal 5, às 22h30min.

(Correio do Povo, 12 jun. 2003. p. 22.)

 

1- Que relação se pode estabelecer entre o conteúdo, o tamanho e o objetivo do texto?

2- No filme, a uma certa altura, um amigo de Jimmie coloca um grande anúncio num jornal para ver se aparece uma noiva para este. Que relação se pode estabelecer entre o modo como se apresenta esse tipo de publicação e o título atribuído em português ao filme?

 

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Precisa-se de uma bola de cristal

que mostre um futuro grávido de Paz:

Que a paz brilhe no escuro

com um brilho especial

que algumas palavras possuem

mas que seja mais do que palavra,

mais do que promessa:

seja como a chuva que sacia a sede da Terra!

(MURRAY, Roseana. Classificados poéticos. Disponível em: <http://www.toquesecarinhos.hpg.ig.com.br/mensagens/refl.html> Acesso em: 26 jun. 2003.)

 

1- Em que se assemelham e em que se diferenciam os classificados que normalmente encontramos em jornais, por exemplo, e os classificados poéticos? O que tem a arte a ver com isso?

2- Escreva também um classificado poético.

 

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Roda Viva

 

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu,
A
gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu.
A
gente quer ter voz ativa
No
nosso destino mandar,
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o
destino pra .

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião.
O
tempo rodou num instante
Nas
voltas do meu coração.

A
gente vai contra a corrente
Até não poder resistir,
Na
volta do barco é que sente
O
quanto deixou de cumprir.
Faz
tempo que a gente cultiva
A
mais linda roseira que há,
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a
roseira pra .

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião.
O
tempo rodou num instante
Nas
voltas do meu coração.

A
roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor,
Não posso fazer serenata,
A
roda de samba acabou.
A
gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar,
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a
viola pra .

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião.
O
tempo rodou num instante
Nas
voltas do meu coração.

O
samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou,
Foi
tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou.
No
peito a saudade cativa
Faz
força pro tempo parar,
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a
saudade pra .

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião.
O
tempo rodou num instante
Nas
voltas do meu coração.

(BUARQUE, Chico. Roda viva. Disponível em: <http://www.musicamaq.com.br/rodaviva.htm>. Acesso em: 26 jun. 2003.)

 

1- Pelo que leu no texto, o que você entende por roda viva?

2- Afora a repetição do substantivoroda” e do verborodar”, há outros elementos do texto que dão essa idéia de rodar? Quais?

3- Que importância tem no texto a idéia de tempo? Que expressões marcam essa idéia?

4- Conforme Ana Duarte (Disponível em: <http://www.mitoemagia.com.br/textos/tx_26.html/> . Acesso em: 26 jun. 2003.):

Em 1967 havia uma "Única Unanimidade Nacional": o cantor e compositor Chico Buarque. Sua imagem de bom moço, seus olhos verdes e as belas canções haviam conquistado esse título. Nesse mesmo ano nascia a música "Roda Viva" e a peça teatral de mesmo nome. A peça, que retratava a vida de um jovem artista massacrado pelo sucesso e que busca saída no suicídio, chocou metade de seus fãs. Em São Paulo, quando era apresentada no Teatro Ruth Escobar, houve uma invasão do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) que espancou os atores, assustou o público e colocou Chico na lista dos militares. Foi necessário que ele respondesse a inúmeros interrogatórios, sendo perseguido de tal maneira que voluntariamente decidiu sair do Brasil.

Que relação se pode estabelecer entre o conteúdo da letra de música, o assunto tratado na peça e a situação política em que esta foi produzida e encenada? (Se preciso, pesquise algo mais sobre esse período de nossa história. E não se esqueça de deixar registrada sua pesquisa.)

Ao analisarmos os textos, não nos preocupamos apenas com seus conteúdos, mas tratamos também do uso de alguns elementos lingüísticos. Agora vamos tratar de modo mais específico de alguns desses e de outros elementos.

Destacamos a seguir, dos textos, algumas frases completas ou orações isoladas.

1)    Seria bom se fosse artista por um dia. (T.1, L.1)

2)    Poderia seriamente brincar de arte. (T.1, L.1-2)

3)    [se] meu pai e minha mãe me compreendessem (T.1, L.12)

4)    vamos mais longe (T.2, L.4)

5)    Acender fogo? (T.2, L.6)

6)    [E] ele alcançou isso com extrema habilidade. (T.2, L.8-9)

7)    afinando um piano (T.2, L.15)

8)    estará fazendo arte (T.2, L.16-17)

9)    [, pois,] uma arte de fazer coisas que beneficiem nosso dia-a-dia (T.2, L.30-31)

10) [Mas] é bom que a gente sinta a arte não utilitária como coisa diferente e única. (T.2, L.37-38)

11) É quase impossível definir a função da arte (T.2, L.39)

12) [Porém,] essas pessoas estão erradas. (T.2, L.43)

13) Ninguém morre (T.2, L.43)

14)  [Mas] quem não se der esses prazeres será certamente menos rico, menos sensível, menos aberto para as belezas do Homem e do mundo. (T.2, L.45-47)

15) A arte demonstra a civilização de um povo, a sua vida. (T.2, L.49)

16) [se] não tem uma arte que seja sua (T.2, L. 50-51)

17) Ao mesmo tempo, a História torna-se realidade através da arte. (T.2, L.51-52)

18) Conhecemos bastante sobre os assírios por causa de sua cerâmica, restos de suas construções, adereços pessoais e outras manifestações artísticas. (T.2, L. 54-56)

19) arte é indispensável (T.2, L.56)

20) Antonio Banderas foi escolhido o melhor ator da temporada teatral deste ano, por sua atuação em “Nine”, que marcou sua estréia na Broadway. (T.3, L.1-3)

21) queria fugir dali. (T.3, L.8)

22) Era uma vez no México. (T. 3, L.11)

23) A atriz Katharine Hepburn, um dos mitos de Hollywood, morreu ontem, aos 96 anos de idade, cercada de familiares e amigos. (T.4, L.1-2)

24) [desde que] se conheceram, em 1942, durante as filmagens de “A Mulher do Dia” (“Woman of the Year”), até a morte dele, em 1967. (T.4, L.9-11)

25) Adivinhe quem vem para jantar. (T.4, L.12)

26) Dizem que a atriz nunca assistiu a “Adivinhe Quem Vem para Jantar por ser este o último filme de Tracy. (T.4, L.13-15)

27) depois viveu reclusa e afastada das atividades públicas. (T.4, L.19-20)

28) Procura-se uma noiva. (T.5)

29) Precisa-se de uma bola de cristal que mostre um futuro grávido de Paz (T.6, L.1-2)

30) Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. (T.7, L.1-2)

31) A gente estancou de repente. (T.7, L.3)

32) O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração. (T.7, L.11-12)

33) Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há. (T.7, 17-18)

34) Um dia a fogueira queimou. (T.7, L.38)

1- Desconsiderando os termos entre colchetes e tendo como ponto de partida os verbos ou locuções verbais grifados, procure transportar essas frases e orações para o quadro a seguir, separando-as em duas partes, que respondam as perguntas feitas. Se não conseguir alguma resposta, não se preocupe; mais adiante você verá por quê.

 

 

 

De quem ou de que se diz algo?

O que se diz?

 

 

Este quadro é ilustrativo.

Ele deve conter uma linha para cada frase completa ou oração destacada.

2- As expressões que estão na primeira coluna são chamadas de sujeitos; as que estão na segunda, de predicados. Complete então o quadro, colocando, na primeira linha esses nomes.

3- Agora, com base no que você pôde perceber, conceitue sujeito e predicado.

4- Procure em gramáticas conceitos de sujeito e de predicado e transcreva-os, comparando esses conceitos e comentando sobre essa comparação.

5- Você deve ter percebido que o sujeito ora aparece explícito, ora implícito.

5.1- Considerando as situações em que ele aparece explícito, atente para aquelas que não tenham verbo em seu interior, circulando a palavra que carrega o significado principal do sujeito: o seu núcleo. Pode acontecer que, em alguma situação, apareçam duas ou mais palavras com a mesma carga significativa.

5.2- A que classes gramaticais pertencem essas palavras que servem como núcleo do sujeito?

 

Observações:

A- Como você pode perceber, há palavras de diferentes classes gramaticais que podem exercer a função de sujeito. Elas estão inseridas em expressões que estão exercendo uma função sintática, ou seja, estão estabelecendo um tipo específico de relação dentro das frases em que se encontram. A outra função sintática de que tratamos ao organizar o quadro é a de predicado, à qual vamos dar uma atenção específica mais adiante.

B- Nas situações em que o sujeito tem verbo dentro dele, procure verificar aquelas em que o verbo está flexionado e aquelas em que está em uma de suas formas nominais, o infinitivo.

Você deve perceber que, quando o verbo está flexionado, o sujeito é introduzido por um pronome: quem, ou expressões que são empregadas para ligar o sujeito ao predicado, como que e se.

Uma estrutura encabeçada por um verbo é uma oração. Então, como podemos ver, uma oração também pode exercer a função sintática de sujeito. Essa oração é chamada de oração subordinada substantiva subjetiva (OSSS). É oração, reforçamos, porque é uma estrutura encabeçada por um verbo, é subordinada porque exerce uma função sintática, é substantiva porque o substantivo é a classe que vai exercer essa função com mais propriedade e é subjetiva porque exerce a função sintática de sujeito.

As orações subjetivas que têm verbo flexionado são chamadas de desenvolvidas. Mas isso não precisa ser enumerado ao nomeá-las.

Nas orações desenvolvidas introduzidas por se ou que, essas duas palavras, que servem para ligar orações substantivas ao restante da frase, são chamadas de conjunções integrantes.

As orações subjetivas que têm verbo no infinitivo precisam nomear esse fato. Assim, quando uma oração possui tal característica, é chamada de oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo (OSSSRI).

A oração à qual outra se subordina é chamada de oração principal (OP). E nos casos em que a oração subordinada é subjetiva, a oração principal vai estar no predicado, muitas vezes coincidindo completamente com ele. Ex.: Seria bom (Predicado/OP) / se fosse artista por um dia (Sujeito/OSSS). // É quase impossível (Predicado/OP) / definir a função de arte (Sujeito/OSSSRI).

5.3- Elabore um esquema listando as classes gramaticais e as orações que podem exercer a função de sujeito. Exemplifique cada caso, recorrendo às frases completas ou orações que foram destacadas do texto.

5.4- Dando atenção ainda, nestas frases ou orações destacadas, às situações em que o sujeito aparece explicitamente, você deve perceber que naquelas em que estruturas nominais (que não são orações), há situações em que existe apenas uma palavra principal, um núcleo, e uma situação em que dois núcleos. Nas situações em que o sujeito é oração, constatamos, nos textos trabalhados aqui, casos em que uma única oração exerce essa função sintática. Mas será que essas são as únicas situações possíveis? Vamos pensar: estas situações a seguir são aceitáveis, não são?

1)    Facas, cadeiras, comida, roupas, máquinas de escrever e carros servem para o uso diário do ser humano.

2)    Um quadro, uma música e um livro são exemplos de objetos de arte decorativa.

3)    Definir a função da arte e determinar o significado de arte é quase impossível.

4)    Em sua evolução, foi preciso que o ser humano percebesse coisas, que fizesse experiências e que procurasse sempre o aperfeiçoamento.

Então vejamos:

Um sujeito explícito pode ter um núcleo ou ser formado por uma oração apenas. Nesse caso, temos um sujeito simples.

Exemplos (Volte ao início destes estudos lingüísticos e copie, das frases destacadas do texto, aquelas correspondentes aos itens representados pelos números a seguir. Destaque, em cada uma, o núcleo do sujeito ou a oração subjetiva.): 1, 3, 6, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19, 20, 23, 28, 31, 32, 34.

Um sujeito explícito também pode ter mais de um núcleo ou ser formado por mais de uma oração. Nesse caso, temos um sujeito composto.

Exemplos (Volte ao início deste item 5.4 e copie os exemplos que nele aparecem. Destaque em cada frase os núcleos de sujeito ou as orações subjetivas.):

5.5- Vamos atentar agora para as frases em que o sujeito aparece implícito. Volte novamente ao início destes estudos lingüísticos e copie, das frases destacadas do texto, aquelas correspondentes aos itens representados pelos números a seguir: 2, 4, 7, 8, 16, 18, 21, 24, 25, 27. Ao final das frases, entre parênteses, coloque o que se consegue perceber implicitamente como sujeito.

O sujeito, em cada um desses exemplos, é implícito e pode ser recuperado pela flexão do verbo ou por algum termo existente no texto. Esse tipo se sujeito é chamado subentendido, elíptico ou oculto.

É importante observar que, quando o sujeito implícito é recuperado pela flexão do verbo, o sujeito subentendido é o pronome. Mas quando é recuperado por algum termo do texto que não seja um pronome, é esse termo que é o sujeito subentendido, e não o pronome a ele correspondente. Exemplificamos isso retomando os exemplos a seguir: Em “Adivinhe quem vem para jantar.” (T.4, L.12), o sujeito subentendido é o pronome você, que não aparece em nenhuma situação do texto, sendo recuperado apenas pela flexão verbal. Em “Conhecemos bastante sobre os assírios por causa de sua cerâmica, restos de suas construções, adereços pessoais e outras manifestações artísticas.” (T.2, L. 54-56), o sujeito subentendido é o pronome nós, que, além de ser facilmente recuperável pela flexão verbal, aparece explicitamente em outra situação, na L. 7 (T.2). emUm povo desaparece se não tem uma arte que seja sua.” (L.50-51), o sujeito subentendido da segunda oração: “se não tem uma arte”, não é o pronome ele, mas o termoum povo”, que aparece explícito na oração anterior.

5.6- Vejamos este outro exemplo, também retirado da lista que destacamos: “Acender fogo!” (T.2, L.6) Apesar de o verbo acender precisar de um sujeito (diz-se que é um verbo pessoal), você deve ter tentado, mas não conseguido recuperar o sujeito que está implícito. Nesse caso, trata-se de um sujeito indeterminado.

Vamos recuperar o conceito então: sujeito indeterminado é aquele que está relacionado a um predicado com verbo pessoal (que precisa de um sujeito), mas que não se consegue recuperar pela flexão do verbo ou por algum termo existente no texto.

Uma das situações em que o sujeito pode ser indeterminado é essa em que o verbo aparece no infinitivo. Mas é preciso ressaltar que o sujeito será desse tipo se não se conseguir recuperá-lo no texto, como acontece no exemplo destacado a seguir: “Sair correndo, literalmente” (T.3, L.8-9), em que o sujeito subentendido é “Antonio Banderas”.

em “Dizem que a atriz nunca assistiu a ‘Adivinhe quem vem para jantar por ser este o último filme de Tracy.” (T.4, L.13-15), não é possível recuperar um sujeito no texto correspondente ao verbo dizer. Temos então outro caso em que o sujeito é indeterminado: com o verbo na terceira pessoa do plural. Mas é preciso ressaltar aqui também que o sujeito será desse tipo se não se conseguir recuperá-lo na situação em que se encontra, como, por exemplo, em “se conheceram, em 1942, durante as filmagens de “A Mulher do Dia” (“Woman of the Year”), até a morte dele, em 1967.” (T.4, L.9-11), em que o sujeito subentendido é Katharine Hepburn e Spencer Tracy.

Agora vamos dar atenção a duas outras frases: “Procura-se uma noiva.” (T.5, L.1) e “Precisa-se de uma bola de cristal que mostre um futuro grávido de Paz.” (T.6, L.1-2). Em ambas o verbo está na 3a pessoa do singular, seguido do pronome se. Se tentarmos transformar esses verbos em locuções, vamos ter o seguinte: Uma noiva é procurada. e De uma bola de cristal é preciso. No primeiro caso, temos uma frase aceita em português, cujo sujeito é Uma noiva, um sujeito simples, portanto. no segundo, além de não ser uma frase aceita em nossa língua, a expressão que poderia ser cogitada como sujeito: De uma bola de cristal, é introduzida por uma preposição (de), e um sujeito nunca é introduzido por esse conector. Esse então é mais um caso de sujeito indeterminado.

5.7- Transcreva, das frases e orações destacadas no início destes estudos lingüísticos, aquelas correspondentes aos números a seguir: 9, 22, 30, 33.

No primeiro exemplo, o verbo haver é empregado no sentido de existir. Nos outros, temos os verbos ser, ter e fazer dando idéia de tempo. Nesses casos, se diz que os verbos são impessoais, não têm necessidade de um sujeito. A oração em que um desses casos de verbo aparece é denominada oração sem sujeito.

É bom observar o seguinte: em “Tem dias”, o verbo permanece no singular, embora a palavra que vem depois dele esteja no plural. É assim mesmo, o verbo não pluraliza, pois essa expressão que vem depois dele não é sujeito. Para reforçar isso, procure exemplificar mais, reescrevendo as frases 9 e 33 e substituindo uma arte por várias artes e tempo por dias.

Mas nesses casos há uma exceção: quando o verbo ser indicar tempo, se o elemento que vier depois dele estiver no plural, ele também irá. Ex.: Eram tempos difíceis [...].

6- Agora vamos atentar, nas mesmas frases ou orações das quais vimos tratando, para o predicado.

6.1- Transcreva as frases ou orações correspondentes aos números a seguir: 2, 4, 5, 8, 9, 13, 15, 16, 18, 21, 24, 25, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, circulando os verbos ou locuções destacados.

Nelas esses verbos ou locuções que receberam destaque carregam a significação maior nos predicados em que se encontram – são chamados verbos significativos -, funcionando como seus núcleos para testar isso, tente enunciar as frases sem eles.

Então, um predicado que tem como núcleo um verbo significativo é um predicado verbal.

6.2- Transcreva agora as frases e orações correspondentes aos números a seguir: 1, 10, 11, 12, 14, 22, 27, conservando destacados os verbos.

Nesses casos, diferentemente dos exemplos anteriores, os verbos destacados não carregam a significação maior dos predicados: ela reside em nomes que neles se encontram, que serão núcleos desses predicados. Os verbos, nesses casos, servem como elementos de ligação entre os sujeitos e os núcleos de predicado. Podemos comprovar isso, por exemplo, tentando suprimir esses verbos. Se o fizermos com “essas pessoas estão erradas” (T.2, L.43), temos essas pessoas erradas; comarte é indispensável” (T.2, L.56), temos arte indispensável, confirmando-se que os nomes (no caso, erradas e indispensável) carregam a significação maior nesses predicados.

Volte então a esses exemplos de 6.2 e circule os nomes que funcionam como núcleo de predicado.

Esse tipo de predicado, que tem um verbo de ligação e cujo núcleo é um nome (adjetivo, substantivo, pronome, advérbio) é denominado predicado nominal.

Observação: Os verbos de ligação são estes: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, andar (= estar), ficar. Também podem funcionar como sendo de ligação os verbos virar (= transformar-se) e viver (= estar continuamente, passar a vida).

6.3- Vamos prestar atenção agora a outros exemplos. Em “Antonio Banderas foi escolhido o melhor ator da temporada teatral deste ano , por sua atuação em ‘Nine’, que marcou sua estréia na Broadway.” (T.3, L.1-3), podemos dizer que implicitamente poderia haver um verbo de ligação no predicado: foi escolhido [como sendo] o melhor ator da temporada teatral deste ano [...] O mesmo acontece em “[Mas] é bom que a gente sinta a arte não utilitária como coisa diferente e única. (T.2, L.37-38): sinta a arte não utilitária como [sendo] coisa diferente e única. Nesses casos, temos dois núcleos nos predicados: um verbo significativo e um nome.

Então vejamos: um predicado que tem como núcleos um verbo significativo e um nome é um predicado verbo-nominal.

Observação: alguns autores dizem que em situações em que aparece o verbo tornar pronominalizado, como em “Ao mesmo tempo, a História torna-se realidade através da arte.” (T.2, L.50-51), trata-se de um predicado nominal, sendo considerado esse verbo como de ligação. Assim, para esses autores, o núcleo do predicado é realidade. Há outros autores que dizem tratar-se de predicado verbo-nominal. Eles consideram a seguinte possibilidade de leitura: Ao mesmo tempo, a História torna-se [= ela mesma] [como sendo] realidade através da arte. Desse modo, para esses autores, o predicado tem dois núcleos: tornar e realidade.

7- Retorne mais uma vez à listagem de frases e de orações constante no início destes estudos lingüísticos e procure ver como se comporta a pontuação entre os sujeitos explícitos e os verbos dos predicados correspondentes a esses sujeitos.

Você deve perceber que apenas em um exemplo: “A atriz Katharine Hepburn, um dos mitos de Hollywood, morreu ontem, aos 96 anos de idade, cercada de familiares e amigos.” (T.4, L.1-2) há vírgulas entre o sujeito e o verbo, e são vírgulas que encerram (fecham) um termo explicativo, que poderia até ser suprimido.

Diante dessas observações, o que se pode generalizar quanto à pontuação entre sujeito e predicado?

Na seqüência, propomos algumas possibilidades de exercícios que intentam trabalhar não a categorização pura e simples de classes de palavras ou das duas funções sintáticas abordadas neste artigo, mas seu uso como recursos para um melhor desempenho na produção de textos. daremos uma idéia dos tipos de exercícios possíveis, mostrando apenas os modelos e deixando de lado as seqüências que seriam trabalhadas pelos alunos, tendo em vista que extrapolamos nosso limite de páginas para esta publicação.

8- Nestes exercícios, siga os modelos, testando possibilidades que lhes serão úteis nos momentos em você estiver envolvido em atividades de (re)escritura de textos, de pesquisar (lembre-se: uma pesquisa não é apenas uma cópia literal do que os outros escreveram).

8.1-

 

8.2-

 

8.3-

 

8.4-

 

 

 

8.5-

 

 

8.6-

 

 

 

 

8.7-

 

 

 

8.7-

 

 

 

 

 

8.9-

 

 

 

 

 

8.10-

 

8.11-

 

8.12-

 

 

8.13-

 

8.14-

 

 

8.15-

Seria bom se fosse artista por um dia.

Seria bom ser artista por um dia.

Seria bom se meu pai e minha mãe me compreendessem.

Seria bom se meus pais me compreendessem.

A própria capacidade de acender fogo é arte.

É arte a própria capacidade de acender fogo.

Há, pois, uma arte de fazer coisas que beneficiem nosso dia-a-dia, e há uma Arte de arrancar emoções no ser humano, através de coisas feitas por outro ser humano.

diversos tipos de arte.

É quase impossível definir a função da arte.

É quase impossível que se defina a função da arte.

É quase impossível uma definição para a função da arte.

Podemos afirmar com bastante convicção que a arte é indispensável. Sem contar os benefícios individuais que ela traz às pessoas.

Podemos afirmar convictamente que a arte é indispensável e benéfica às pessoas.

Antonio Banderas foi escolhido o melhor ator da temporada teatral deste ano.

Escolheu-se Antonio Banderas o melhor ator da temporada teatral deste ano.

A atriz Katharine Hepburn, um dos mitos de Hollywood, morreu ontem, aos 96 anos de idade, cercada de familiares e amigos.

A atriz Katharine Hepburn, um dos mitos de Hollywood, morreu ontem, aos 96 anos de idade. Ela estava cercada de familiares e amigos.

Em uma pesquisa realizada pela revista Entertainment Weekly, chegou a receber a maior votação como a melhor atriz clássica do século XX.

Em uma pesquisa que a revista Entertainment Weekly realizou, chegou a receber a maior votação como a melhor atriz clássica do século XX.

Procura-se uma noiva.

Uma noiva é procurada.

Precisa-se de uma bola de cristal.

Precisa-se de várias bolas de cristal.

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

Faz dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

A gente quer ter voz ativa.

Nós queremos ter voz ativa.

Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há. (anos, roseiras)

Faz anos que a gente cultiva as mais lindas roseiras que há.

A roda viva chega. Ela é implacável.

A roda viva chega implacável.

 

Conclusão

As atividades aqui propostas são apenas uma amostra do que, entre várias outras coisas, o professor pode fazer em sala de aula com relação ao ensino de morfossintaxe. Ressaltamos que não se trata de fórmulas prontas, mas de sugestões de possibilidades de realizar esse trabalho. A intenção é que o professor elabore atividades que busquem atender a necessidades específicas de grupos de alunos com características também específicas.

 

Referências BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa - 1º e 2º ciclos. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa - 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1998.

CAMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática: referente à língua portuguesa. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

DICCIONARIO terminológico de lingüística Larousse. Barcelona: Larousse, 1998.

LEWANDOWSKI, Theodor. Diccionario de lingüística. 4. ed. Madrid: Cátedra, 1995.

MACAMBIRA, José Rebouças. A estrutura morfo-sintática do português. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1987.

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática: conhecimento e ensino. In: AZEREDO, José Carlos de. (Org.). Língua portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 52-73.

––––––. A gramática: história, teoria, e análise, ensino. São Paulo: Ed. UNESP, 2002.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola? In: PEREIRA, Maria Tereza G. (Org.). Língua e linguagem em questão. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1997. p. 109-128.

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 2.ed. Catanduva: Rêspel, 2003.

ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Gramática: nunca mais: o ensino da língua padrão sem o estudo da gramática. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática: ensino plural. São Pulo; Cortez, 2003.

 

Anexo

 

 

 


 


 

[1] Ver cópia do original em anexo, atentando para tamanhos de letras, grifos e ilustração.