O
ensino
de morfossintaxe
nos
níveis
fundamental
e
médio
uma
perspectiva
textual
Maria Luci de
Mesquita
Prestes
(FAPA)
Eduardo
Rosa
de Almeida (Col.
Farroupilha)
Introdução
Depois de
um
momento
em
que houve
até
quem cogitasse
não
ensinar
gramática, o
que se
vê
hoje,
em
geral, é
que há
necessidade
sim de
ensiná-la, direcionando-se
atualmente a
discussão a
como fazê-lo.
Neste
artigo,
trazemos algumas
questões
que
procuraremos
desenvolver no minicurso
por
nós ministrado
no VII
Congresso
Nacional de
Lingüística e
Filologia
(UERJ, ago. 2003),
em
que, num
primeiro
momento,
buscaremos
discutir algumas
questões
relativas ao
ensino de
gramática
em
geral
para
depois
centrarmo-nos
em
questões
que envolvam
mais
especificamente o
ensino da
morfossintaxe
nos
ensinos
fundamental e
médio, levando
em
conta uma
perspectiva
textual.
Aqui,
como
amostra, as
questões
relativas à morfossintaxe
que
abordaremos referem-se ao
sujeito e ao
predicado.
O
ensino
de
gramática
Na
década de
1980,
com o
advento dos
estudos
lingüísticos
baseados no
texto e no
discurso no
Brasil,
com uma “febre”
de construtivismo,
muitos
professores
cogitaram
que
não se deveria
ensinar
mais
gramática;
que, de
certo
modo, bastaria
ler e
escrever
bastante
para
aprender a
ler e a
escrever adequadamente.
Ainda
nos
nossos
dias,
mais
ou
menos nesse
rumo,
embora
frisando
que uma
simples
exposição dos
alunos à
leitura e à
produção de
textos
não é
suficiente
para garantir-lhes o
domínio da
língua
padrão,
Rocha (2002)
diz, no
subtítulo de
seu
livro,
propor-se a
ensinar a
língua
padrão
sem
que se estude
a
gramática.
Contudo, o
próprio
autor,
mais
adiante,
menciona
que pretende “apresentar
um
método
funcional e
exeqüível
para o
aprendizado do
Português –
principalmente
da
língua
padrão –
sem
que se recorra
ao
estudo da
gramática
explícita.”
(ROCHA,
2002, p. 10,
grifo
nosso). Na
realidade, o
que se pode
perceber é
que o
que o
autor
chama de “MÉTODO
GNM (Gramática:
Nunca
Mais)”
nada
mais é do
que
não
ensinar
metalinguagem,
pois, analisando
exercícios
propostos
por
ele, vemos
que
trabalha
gramática
sim,
com
regras da
língua
padrão,
só
que procurando
não
empregar
metalinguagem.
Dizemos procurando,
pois,
conforme
podemos
constatar
por
alguns
enunciados de
exercícios
sugeridos
pelo
autor,
exemplificados a
seguir,
ele se utiliza
sim de alguma
metalinguagem:
Coloque nas
lacunas os
nomes
coletivos
que
melhor se
ajustam às
idéias das
frases: (p.
135)
Corrija as
frases
abaixo, se
necessário,
com
relação ao
emprego do
verbo
haver: (p. 172)
Passe as
frases
para o
plural,
de
acordo
com o
modelo: (p.175)
Como
saber se o
acento
da
crase é
empregado
diante de
nomes de
lugares?
Observe o
seguinte:
[...] (p.200)
Complete as
frases
com os
verbos
indicados
entre
parênteses:
(p. 219)
Algumas
palavras do
texto
são usadas
em
sentido
figurado.
Dê o
sentido
denotativo e o
sentido
conotativo de
cada uma
delas,
como no
modelo: (p. 246)
RECAPITULANDO:
Como sabemos,
o
emprego da
vírgula
e do
ponto está
relacionado
com a
questão da
pausa. A
vírgula
é
empregada
para
indicar uma
pausa
menor e o
ponto,
para
indicar uma
pausa
maior.
Teste a
sua
capacidade de
empregar
esses
sinais,
pontuando
devidamente
este
trecho [...] (p. 255)
(ROCHA,
2002,
grifo do
autor
em
itálico,
grifo
nosso
em
negrito).
Mas
hoje o
que podemos
perceber
mesmo é
que a
grande
maioria dos
estudos
sobre o
ensino de
gramática trazem muitas
críticas ao
modo
como se vem
ainda
empreendendo
tal
ensino,
sem
negar
que a
gramática deve
ter
sim
seu
espaço no
meio
escolar.
Possenti (1997) propõe
que se
trabalhem na
escola, na
ordem
que segue, a
gramática internalizada, a
gramática descritiva e a
gramática normativa.
Argumenta o
autor:
O
que o
aluno produz
reflete o
que
ele sabe (sua
gramática internalizada).
A comparação
sem
preconceito das
formas é uma
tarefa da
gramática descritiva.
Finalmente, a
explicação da
aceitação
ou rejeição
social de
tais
formas é uma
tarefa da
gramática normativa. As
três podem
evidentemente
conviver
na
escola.
Em
especial,
pode-se
ensinar o
padrão
sem
estigmatizar e
humilhar o
usuário de
formas
populares
como “nóis
vai”. (POSSENTI, 1997, p. 126,
grifo do
autor).
Quanto à
questão da
metalinguagem,
assim se
manifesta o
autor:
Eu sugeriria
que se falasse
normalmente
em
concordância,
em
verbo,
em
sujeito,
em
pronome,
em
plural etc,
sem
que o
domínio da
terminologia
fosse
objeto de
cobrança, de
forma
que,
eventualmente,
tal
terminologia
passasse a
ser dominada
como
decorrência de
seu
uso
ativo, e
não
através de
listas de
definições. (POSSENTI,
1997, p. 125).
Os
Parâmetros
Curriculares
Nacionais (PCN)
de
Língua
Portuguesa do
ensino
fundamental,
tanto os de
primeiro e
segundo
ciclos
como os do
terceiro e
quarto (BRASIL, 1997,
1998), salientam
que, sendo o
objetivo
principal do
trabalho de
análise e
reflexão
sobre a
língua o
imprimir
maior
qualidade ao
uso da
linguagem, as
situações
didáticas
devem centrar-se nas
atividades
epilingüísticas –
que se referem
à
reflexão
sobre a
língua
em
situações de
produção e
interpretação
–
como
caminho
para conscientizar-se e
aprimorar o
controle
sobre a
própria
produção
lingüística. Partindo-se
daí é
que se devem
introduzir
progressivamente
os
elementos
para uma
análise de
caráter
metalingüístico –
que está
voltada
para a
descrição,
através da
categorização e sistematização dos
elementos
lingüísticos.
Ainda
considerando o
ensino da
metalinguagem,
os PCN de
Língua
Portuguesa
para
terceiro e
quarto
ciclos do
ensino
fundamental
(BRASIL, 1998, p. 79) enfatizam
alguns
procedimentos metodológicos
fundamentais
para
que o
planejamento
de
atividades de
análise
lingüística propicie aos
alunos a
aprendizagem de
conteúdos, dos
quais
destacamos o
seguinte:
apresentação da
metalinguagem,
após diversas
experiências
de
manipulação e
exploração do
aspecto
selecionado, o
que,
além de
apresentar a possibilidade
de
tratamento
mais
econômico
para os
fatos da
língua, valida
socialmente o
conhecimento
produzido.
Para esta
passagem, o
professor
precisa
possibilitar ao
aluno o
acesso a
diversos
textos
que abordem os
conteúdos
estudados.
Bagno (2000, p.158)
também admite
haver
espaço
para
que se ensine
gramática
em
sala de
aula, fazendo
uma ressalva: “que
seja
um
ensino de
gramáticas,
sempre no
plural,
junto
com a
análise da
funcionalidade de
cada uma e da
apreciação
crítica dos
valores
sociais
atribuídos a
cada uma
delas”.
Conforme
Travaglia (2003, p. 18),
para
que o
ensino de
gramática seja
pertinente e
possa
influenciar na
qualidade de
vida dos
indivíduos,
ele
precisa
desenvolver a
competência
comunicativa
desses
usuários da
língua,
ou seja,
sua
capacidade de
usar os
diversos
recursos
que
ela
proporciona, de
maneira
adequada a
cada
situação
comunicativa
em
que estiverem
envolvidos.
Esse
ensino se deve
construir
sobre uma
gramática considerada
como
[...] o
próprio
estudo e
trabalho
com a
variedade dos
recursos
lingüísticos
colocados à
disposição do
produtor e
receptor de
textos
para a
construção dos
sentidos
em
textos.
Portanto, a
gramática
vista
como o
estudo das
condições
lingüísticas
da significação.
Quanto ao
questionamento
se a
gramática deve
ser ensinada
ou
não, o
autor diz
que
isso vai
depender
da
concepção de
gramática
que se
considerar.
Concebendo-se a
gramática
como o
próprio
mecanismo
lingüístico
que permite
aos
usuários
utilizarem a
língua, de
acordo
com Travaglia
(2003, 79-80), a
resposta é
afirmativa,
mesmo
que o
professor priorize a
formação de
usuários
competentes da
língua,
já
que
não se pode
usar uma
língua
sem
usar
sua
gramática,
sem
conhecer
seu
uso. O
autor adverte,
contudo,
que
esse
conhecimento
não é
explícito
teoricamente,
mas
implicitamente se estabelece na
mente dos
falantes.
Se a
gramática for concebida
como
conjunto de
regras
sociais
para
usar a
língua
-
sob
um
ponto de
vista
normativo,
portanto
-,
Travaglia (2003, p. 80)
também se
mostra
favorável a
seu
ensino,
considerando
que
isso
possibilita ao
aluno
adquirir
conhecimentos
e
habilidades
necessários
para
que
ele possa
ter uma
ação
lingüística de
acordo
com o
que a
sociedade convencionou e
exige das
pessoas.
Adverte,
contudo, o
autor
que
ensinar
gramática normativa
não é
ensinar
só a
norma
culta,
mas
ensinar as
normas
sociais
para o
uso da
língua
em
suas
diferentes
variedades.
Se for concebida a
gramática
como
teoria
descritivo-explicativa da
língua (teoria
lingüística,
teoria
gramatical),
observa o
autor (TRAVAGLIA,
2003, p. 80)
que
seu
ensino
dependerá do
objetivo do
professor.
Neves (2002,
p. 226) ressalta a
necessidade
de, na
escola,
promover-se
um
tratamento
funcional
gramática,
em
que se
trata da
língua
em
situações de
produção,
em
contextos
comunicativos.
Lembra a autora
que
[...]
saber expressar-se numa
língua
não é
simplesmente
dominar o
modo de
estruturação de
suas
frases,
mas é
saber
combinar essas
unidades
sintáticas
em
peças
comunicativas
eficientes, o
que envolve a
capacidade de
adequar os
enunciados às
situações, aos
objetivos da
comunicação e
às
condições de
interlocução.
E
tudo
isso se
integra na
gramática.
Levando
em
conta
tal
perspectiva,
de
trabalhar a
língua
em
uso,
para a autora (NEVES,
2000, p. 52),
ensinar a
língua é
ensinar a
gramática.
Assim,
ela adverte
que “[...] a
escola
não pode
criar no
aluno a
falsa e
estéril
noção de
que
falar e
ler
ou
escrever
não têm
nada
que
ver
com
gramática.”
Neves (2000,
p. 73)
bem sintetiza,
com
argumentos
plausíveis, o
que é
preciso
considerar no
tratamento da
gramática nas
aulas de
Português:
·
que
estudar
gramática é
refletir
sobre o
uso
lingüístico,
sobre o
exercício da
linguagem;
·
que o
lugar de
observação
desse
uso
são os
produtos
que temos
disponíveis –
falados e
escritos –
mas é,
também, a
própria
atividade
lingüística de
que
participamos,
isto é, a
produção e a
recepção,
afinal, a
interação;
·
que,
afinal, a
gramática rege a
produção de
sentido.
É seguindo
esse
ponto de
vista, de
um
ensino
funcional da
língua, e,
por
conseguinte,
também de
questões
relativas à
gramática,
que
pretendemos
propor possibilidades de
se
trabalhar algumas dessas
questões
em
especial,
concernentes à
morfossintaxe.
A
morfossintaxe
De
acordo
com
Lewandowski (1995, p. 235), a morfossintaxe é a
parte da
gramática
que
estuda os
morfemas
conforme a
sua
função
sintática.
Camara
Júnior (2000)
não utiliza
tal
expressão,
mas, ao
tratar dos
morfemas
relacionais –
que
estabelecem
relações
dentro da
enunciação –
diz
que, da
manipulação
desses
morfemas,
resulta a
parte da
gramática denominada
sintaxe.
Conforme o
Diccionario
Terminológico
de
Lingüística Larousse
(1998, p. 100,
tradução
nossa), a
morfossintaxe é o “ramo
da
lingüística
que
estuda as
regras
que regem a
estrutura
interna das
palavras e as
regras
combinatórias das
palavras e dos
sintagmas nas
orações.”
De
acordo
com Macambira
(1987, p. 17,
grifo do
autor), “As
palavras
existentes
em
qualquer
língua
distribuem-se
em várias
classes,
conforme as
formas
que assumem
ou as
funções
que
desempenham, e
para
alguns
autores
conforme o
sentido
que
expressam.”
Observa o
autor
[...]
que “as
formas e as
funções
são solidárias
e,
para
não
dizer
impossível,
seria
difícil
separá-las”.
Não se há
tampouco de
separar o
sentido,
pois,
consoante o
próprio SAUSSURE, “na
língua
não se pode
isolar o
som da
idéia,
nem a
idéia do
som”.
(MACAMBIRA, 1987, p. 17).
Em
sua
obra
A
estrutura
morfo-sintática do
português,
tanto ao
tratar de
classes de
palavras
quanto de
funções
sintáticas, Macambira (1987) vale-se de
três
tipos de
critério: o
mórfico, o
semântico e o
sintático.
Consideraremos, neste
trabalho, morfossintaxe
como o
estudo
simultâneo da
sintaxe e da
morfologia,
ou seja, o
estudo
em
que, ao se
analisarem
frases
-
sempre
sem
perder de
vista
seu
contexto, a
situação de
texto
em
que se
encontram; considerando-se,
portanto,
também
aspectos
semânticos e
pragmáticos
-,
serão levadas
em
conta
não
só as
funções
sintáticas exercidas
por
expressões
nessas
frases,
mas
também as
classes
gramaticais e
as
orações
que exercem
essas
funções, e,
quanto às
classes
gramaticais
em
especial,
seu
pertencimento a uma
classe
ou a
outra
dependendo das
relações
estabelecidas
dentro da
frase
em
que estão
sendo enunciadas.
Um
exemplo
de
atividades
com
texto
a
morfossintaxe do
sujeito
e a do
predicado
Trazemos
aqui uma
proposta de
atividade
com
textos
que é uma
possibilidade de
trabalhar a morfossintaxe
do
sujeito e a do
predicado na
qual se
procura
levar o
aluno a
construir
conceitos e a
perceber a funcionalidade
desses
conteúdos na
produção de
textos.
VivArte
Pelo
título de
nossa
unidade, de
que
você
espera
que
ela trate?
Vamos
ler
alguns
textos
então
para
ver se
sua
idéia se
confirma.
Texto 1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13 |
Seria
bom
Seria
bom se
fosse
artista
por
um
dia.
Poderia
seriamente
brincar de
arte. Faria de
um
violão
emprego,
ritmo e
prazer.
Seria
bom,
muito
bom, se
por
dois
dias
artista
fosse. Declamaria
secretos
poemas.
Teria
um
pandeiro
para
romper
silêncios
e
fronteiras.
Seria
bom,
extremamente
bom, se
fosse
artista
por
três
dias.
Teria
um
palco de
segunda
casa, de
prediletos
segundos.
Nas segundas, nas terças e nas
quartas.
Domingos
não
demorariam
tanto.
Seria
bom,
exageradamente
bom, se
por
quatro
dias
artista
fosse. Teria
oito
fantasias.
Quatro
para
usar,
quatro
para
realizar.
Seria
bom,
muito
bom,
extremamente
e exageradamente
bom se
meu
pai e
minha
mãe
me
compreendessem.
Eu,
compreendido e
artista,
seria
bom.
(PINTO,
César
Augusto
Nunes. Seria
bom
[mensagem
pessoal].
Mensagem
recebida de <inquilino25@aol.com>
por <malupre@terra.com.br>
em 15
nov. 2002.) |
1- No
texto aparece
explicitamente o “eu”
(primeira
pessoa)
apenas na
L.12. É
possível
dizer
que
ele aparece
já
desde a
primeira
linha,
só
que de
modo
implícito?
Que
elementos
comprovariam
isso?
2- O
texto tem
um
caráter
subjetivo:
demonstra
sentimentos do
enunciador. Se fosse
escrito
em
terceira
pessoa (ele),
será
que faria
surtir no
receptor o
mesmo
efeito
que
causa estando
em
primeira
pessoa? Comente.
3- No
texto há uma
expressão
que, ao
mesmo
tempo
que se repete,
se expande.
Que
efeito
isso
causa no
texto?
4- É
possível
perceber
que
tipo de
artista o
enunciador diz
que seria
bom
ser?
Que
tipo
você
acha
que é?
Que
elementos do
texto levam
você a
pensar
assim?
5- E
para
você, o
que é
ser
artista?
Que
outros
tipos de
artista
você conhece
ou
sobre os
quais
já ouviu
falar?
6-
Você gostaria de
ser
artista?
Que
tipo de
arte
você
gosta
ou gostaria de
fazer?
7- E
por
falar
em
arte, o
que
você
acha
que
ela é?
8- Utilizando o
mesmo
título e a
primeira
frase desse
texto, escreva
outro
texto
colocando as
suas
expectativas
com
relação ao
assunto.
Texto 2
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59 |
Arte
O
que
é
arte?
Certamente,
que é a
habilidade
de
fazer
coisas.
Por
isso, é
arte a
capacidade
do
antigo
homem
das
cavernas
de
fazer
um
machado,
uma
lança de
pedra.
Mas,
vamos
mais
longe, a
própria
capacidade
de
acender
fogo é
arte.
Acender
fogo?
Pergunta
você,
talvez
um
pouco
surpreso.
Sim
-
nós
respondemos
-
e explicamos: uma das
maiores
artes do
homem
foi
conseguir
acender o
fogo. E
ele
alcançou
isso
com
extrema
habilidade.
Foi
preciso
que
percebesse
que
um
pedaço de
pedra,
batendo
sobre
outro,
era
capaz de
produzir
faíscas.
Ou
que
um
cristal,
posto de
um
certo
jeito
diante
da
luz do
Sol,
produz
um
foco
que
esquenta, esquenta, esquenta
até
acender
um
montinho de
folhas
secas.
Por
isso,
sempre
que
alguém
estiver fazendo alguma
coisa – afinando
um
piano,
terminando
um
doce
numa
panela,
pintando
um
quadro
ou pondo
um
motor
para
funcionar no
ponto – estará
fazendo
arte.
Mas é
preciso
separar
bem duas nítidas
definições
de
arte,
dentro
desta
definição
geral
com
que
abrimos
nossa
conversa:
-
Arte
utilitária
é aquela
que
produz
objetos
ou
coisas (facas,
cadeiras,
comida,
roupas,
máquinas
de
escrever,
carros)
que
servem
para o
uso
diário
do
ser
humano.
-
Arte decorativa é
aquela
que
produz
objetos
bonitos,
cuja
única
razão de
ser é
sua
beleza.
Assim é
um
quadro,
pintado
apenas
para
que a
gente
sinta
diante
dele a
emoção
do
belo,
aquela
coisa
que
nos
toca e prende
nossos
olhos.
Assim,
uma
música,
que faz
a
gente se
esquecer de
tudo e
se
ligar no
ritmo e
na
melodia.
Assim,
um
livro,
onde a
história
é
tão
rica e
tão
emocionante,
que as
lágrimas
chegam a
nossos
olhos.
Há,
pois, uma
arte de
fazer
coisas
que
beneficiem
nosso
dia-a-dia,
e há uma
Arte de
arrancar
emoções
no
ser
humano,
através
de
coisas
feitas
por
outro
ser
humano.
Para
muitos,
todas as
artes
como
música,
literatura,
balé,
pintura,
que
só
buscam
nos
emocionar,
são
chamadas
de
Belas-artes.
Para
outros,
Belas-artes
incluem
apenas
pintura,
escultura,
etc. A
arte da
poesia,
do
romance
e do
conto
seria
Arte
Verbal.
A do
teatro
seria
Arte
Cênica.
Mas é
bom
que a
gente
sinta a
arte
não
utilitária
como
coisa
diferente
e
única.
É
quase
impossível
definir a
função
da
arte,
assim
como é
quase
impossível
definir o
significado
de
arte.
Talvez
seu
objetivo
principal seja
dar
prazer e,
por
isso
mesmo,
seja encarada
por
certas
pessoas
como
luxo
dispensável,
coisa
boba,
absolutamente
desnecessária.
Porém,
essas
pessoas
estão erradas.
Ninguém
morre
por
não
conhecer
um
quadro
de Portinari,
não
ouvir
um
concerto de
Beethoven
ou
não
ler Monteiro Lobato.
Mas
quem
não se
der
esses
prazeres
será
certamente
menos
rico,
menos
sensível,
menos
aberto
para as
belezas
do
Homem e
do
mundo.
A
arte de
cada
povo é o
que
lhe dá
caráter
diferente
de
outros
povos. A
arte demonstra a
civilização
de
um
povo, a
sua
vida. É
o
que
resta
quando
um
povo é
dizimado.
Um
povo
desaparece se
não tem
uma
arte
que seja
sua. Ao
mesmo
tempo, a
História
torna-se
realidade
através
da
arte.
Tudo o
que
sabemos de
vários
povos
desaparecidos está ligado à
sobrevivência
de
sua
arte.
Conhecemos
bastante
sobre os
assírios
por
causa de
sua
cerâmica,
restos
de
suas
construções,
adereços
pessoais
e outras
manifestações
artísticas.
Por
isso,
podemos
afirmar
com
bastante
convicção
que
arte é
indispensável.
Sem
contar os
benefícios
individuais
que
ela traz
às
pessoas.
Porque,
acima de
tudo, a
arte
nos
transporta
para
além da
dura
realidade
cotidiana,
tornando-nos
mais
humanos.
Sem a
arte, a
vida
seria
simplesmente
intolerável.
Já
imaginaram
jamais
ouvir uma
música?
Sem
arte
não
haveria
sustento
para
nossa
imaginação,
nem
prazer
para nossas
mentes.
O
que
temos de
fazer é
usufruir dela. É
tentar aproveitá-la
de
acordo
com
nossos
desejos
e nossas possibilidades.
(CARVALHO,
André; QUINTELLA, Ary.
Arte.
São
Paulo:
Lê,
1988.) |
1- Neste
texto os
enunciadores expõem
suas
idéias
sobre o
que seja
arte, trazendo-nos, ao
mesmo
tempo,
informações
para
sustentar
sua
exposição. Nele
não
transparece o
mesmo
caráter
subjetivo do
texto
que lemos
anteriormente.
Por
que
você
acha
que
isso acontece?
Será
que tem
algo a
ver
com o
objetivo do
texto?
Comente.
2- Neste
texto
também aparece
uma
primeira
pessoa,
mas do
plural (nós).
O
texto foi
escrito
por
dois enunciadores.
Mas será
que
esse “nós”
se refere
apenas aos
dois
ou
tenta
inserir
também os
receptores?
Comente, valendo-se de
elementos do
texto. (Uma
sugestão
para
ajudar
você a
argumentar
sobre
isso é
verificar se, fosse o
texto
escrito
por
um enunciador
só,
poderia,
ainda
assim,
estar
em
primeira
pessoa do
plural.)
3- O
texto inicia
com uma
pergunta. O
que
isso tem a
ver
com o
objetivo dele?
Na
sua
opinião,
esse
objetivo é
alcançado? Comente.
4- Os enunciadores demonstram
sempre
convicção no
que dizem
com
relação ao
conceito de
arte?
Que
expressões
demonstram
certeza e
quais
demonstram possibilidade,
probabilidade?
5-
Por
que “é
preciso
separar
bem duas nítidas
definições de
arte” (L. 18):
arte
utilitária e
arte decorativa?
6-
Pelo
que se pode
depreender do
texto,
que
tipo de
arte produziram Portinari,
Beethoven e Monteiro Lobato?
Você conhece
algo
sobre
esses
artistas? O
quê? Se
não conhece,
procure
pesquisar
sobre
eles,
registrando
seus
apontamentos.
7- De
acordo
com o
texto, “A
arte de
cada
povo é o
que
lhe dá
caráter
diferente de
outros
povos. A
arte demonstra a
civilização de
um
povo, a
sua
vida.” (L.
47-48)
Que
tipo de
arte
você
vê
como
mais
representativa de
sua
região
-
considerada especificamente
- e
qual
vê
como
mais
representativa de
nosso
país?
8- Diz
também o
texto
que “a
História
torna-se
realidade
através da
arte.”
Você
já
experienciou
isso
em
seu
aprendizado de
História?
Comente.
9-
Ainda
conforme o
texto, a
arte traz
benefícios
individuais às
pessoas.
Por
quê? E
para
você,
que
benefícios
ela trouxe
ou traz?
Observação:
É interessante o
professor
montar
projetos
(ver
sugestões
de
roteiros
em
PRESTES,
2003)
em
que os
alunos
se organizem
em
grupos,
e
cada
grupo
realize
pesquisas
(bibliográficas e de
campo)
sobre
um
tipo
diferente
de
manifestação
artística,
podendo-se
culminar as
atividades
com
algo
que
mobilize
não
só a
turma e a
escola,
mas
toda a
comunidade,
como
um
festival
de
arte,
por
exemplo. |
Texto 3
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12 |
Banderas é o
melhor
da
temporada
Antonio Banderas foi escolhido o
melhor
ator da
temporada
teatral
deste
ano,
por
sua
atuação
em
“Nine”,
que
marcou
sua
estréia
na Broadway. A
informação
partiu da
revista
Entertainment Weekly,
que
anualmente
publica uma
lista
bastante
acompanhada no
mundo do
espetáculo. Nesta
edição,
quem
encabeça a
lista no
cinema é
Hugh Jackman, o Wolverine de “X Men” e a cubana Eva Mendes, de “Velozes
e Perigosos –
Parte
2”.
“Deveriam
ter
me
visto na
estréia.
Só
queria
fugir dali.
Sair correndo,
literalmente”,
declarou o
ator de 42
anos,
sobre o
trabalho
que
lhe deu
a
primeira
candidatura
ao
prêmio Tony de
teatro.
No
momento
ele está
voltado
para “Era
uma
Vez no
México”, a
segunda
parte de
“A
máscara do Zorro”,
sobre a
biografia
de Pancho Villa e
também
um
novo
filme de
Almodóvar.
(Correio
do
Povo,
23 jun. 2003. p. 20.) |
1-
Você sabe o
que é a
Broadway? Se
não sabe,
procure informar-se, registrando essa
informação.
2-
Por
que
você
acha
que o
enunciador do
texto faz
questão de
dizer
qual é a
fonte (“Entertainment
Weekly”,
ou
Semanário de
Entretenimento) da
informação
que veicula?
3- Antonio Banderas é
conhecido
como
ator de
cinema.
Que
relação se
pode
estabelecer
entre
esse
fato e
sua
declaração
(L.8-9)?
4- O
título do
filme
para o
qual Banderas
está voltado exprime
que
tipo de
idéia
com
relação ao
tempo?
Em
que
tipo de
texto
esse
tipo de
expressão
temporal
costuma
ser usado?
Por
que
você
acha
que se faz
tal
uso?
Texto 4
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32 |
Cinema
perde
um de
seus
mitos
Katharine Hepburn, premiada
com
quatro
Oscars
em
sua
carreira,
morreu
ontem,
aos 96
anos
de
idade
A
atriz
Katharine Hepburn,
um dos
mitos de
Hollywood, morreu
ontem,
aos 96
anos de
idade,
cercada
de
familiares
e
amigos.
Katharine, premiada
quatro
vezes
com o
Oscar, vivia
em Old
Saybrook (Connecticut), EUA. Sofria de
vários
problemas
de
saúde
nos
últimos
anos, na
sua
maioria
ligados ao
mal de
Parkinson.
Nascida a 12 de
maio de
1907 e
dona de
um
rosto
marcante,
dizia
que
sua
vida
poderia
ser dividida
em duas
partes:
antes e
depois
de
conhecer o
ator e
inseparável
companheiro
Spencer Tracy,
com
quem
manteve
um
relacionamento
afetivo
desde
que se
conheceram,
em 1942,
durante
as filmagens de “A
Mulher
do
Dia” (“Woman
of the Year”),
até a
morte dele,
em 1967.
Com a
morte de Tracy,
logo
após as filmagens de
“Adivinhe
Quem Vem
para
Jantar”, a
atriz
entrou
em
depressão, o
que
agravou o
mal de
Parkinson, de
que
já
tinha
começado a
sofrer. Dizem
que a
atriz
nunca
assistiu a “Adivinhe
Quem Vem
para
Jantar”
por
ser
este o
último
filme de
Tracy. O
romance
durou 27
anos,
mas foi
mantido
em
discrição,
devido
ao
fato de
Tracy
ser
casado e
nunca
ter se divorciado.
Katharine trabalhou
até
1994,
quando
anunciou
sua
retirada do
cinema,
ao
qual
dedicou 60
anos de
sua
vida, e
depois
viveu reclusa e afastada de
atividades
públicas.
Entre os
seus
principais
trabalhos,
pode-se
destacar os
quatro
filmes
que
deram a
ela o
Oscar de
Atriz: “Manhã
de
Glória”
(1933), “Adivinhe
Quem Vem
para
Jantar” (1967), “Leão
no
Inverno”
(1968) e “Num
Lago
Dourado” (1981).
Contudo,
ao
todo
ela
recebeu 12
indicações
ao
prêmio na
categoria
de
atriz,
tendo sido superada
somente neste
ano,
quando
Meryl Streep atingiu a
marca de
13
indicações
com “Adaptação”.
O
Festival
de
Cinema
de Cannes
também
premiou-a
por “Longa
Jornada
Noite
Adentro”
(1962), e o
Festival
de Veneza escolheu-a
como a
melhor
por “As
Quatro
Irmãs” (1933).
Sua
recordação está marcada na
estrela
que
possui na
Calçada
da
Fama, localizada no
número
6288 de Hollywood Boulevard.
Em uma
pesquisa
realizada
pela
revista
Entertainment Weekly, chegou a
receber a
maior
votação
como a
melhor
atriz
clássica
do
século
XX.
Para os
fãs,
sua
imagem
será
eterna
nos
filmes
em
que
brilhou.
Correio
do
Povo,
30 jun. 2003. p. 20. |
1-
Qual é a
função da
frase
que aparece
como
subtítulo?
Tal
uso é
comum
em
textos
jornalísticos?
Por
que será?
2- A
revista
“Entertainment Weekly” (ou
Semanário de
Entretenimento) é
novamente
citada neste
texto (L.32).
O
que se pode
então
depreender da
importância
desse
periódico?
3-
Por
que se pode
dizer
que Katharine
Hepburn é “um
dos
mitos de
Hollywood”?
4-
Por
que
você
acha
que o
enunciador do
texto usou a
expressão
“Dizem
que”
(L.13-14)?
5- Katharine Hepburn dedicou-se ao
cinema
por 60
anos (L.19). O
cinema é
considerado “a
sétima
arte”. O
que será
que
isso
significa? Procure informar-se
sobre o
assunto e
registre as
informações
que obtiver.
6- Informe-se
sobre
questões
relativas a
qualquer
assunto
relacionado à
arte
que estejam
acontecendo no
momento e
escreva uma
notícia
sobre
isso.
Texto 5
PROCURA-SE UMA
NOIVA
– De Gary Sinyor (EUA/1999). Jimmie Shannon preza
sua
liberdade
mais
até do
que
sua
própria
vida.
Todos os
seus
amigos
já se
casaram,
mas
ele continua
seguindo o
mesmo
estilo,
sem
cogitar o
dia
em
que irá
até o
altar.
Porém,
quando
ele
menos
espera, apaixona-se à
primeira
vista
pela
adorável
Anne Arden.
Comédia
com Chris O’Donnell.
Canal 5, às
22h30min.
(Correio
do
Povo,
12 jun. 2003. p. 22.)
1-
Que
relação se
pode
estabelecer
entre o
conteúdo, o
tamanho e o
objetivo do
texto?
2- No
filme, a uma
certa
altura,
um
amigo de
Jimmie coloca
um
grande
anúncio num
jornal
para
ver se aparece uma
noiva
para
este.
Que
relação se
pode
estabelecer
entre o
modo
como se
apresenta
esse
tipo de
publicação e o
título
atribuído
em
português ao
filme?
Texto 6
1
2
3
4
5
6
7
8 |
Precisa-se de uma
bola de
cristal
que
mostre
um
futuro
grávido de
Paz:
Que a
paz
brilhe no
escuro
com
um
brilho
especial
que
algumas
palavras
possuem
mas
que seja
mais do
que
palavra,
mais do
que
promessa:
seja
como a
chuva
que
sacia a
sede da
Terra!
(MURRAY, Roseana.
Classificados
poéticos.
Disponível
em: <http://www.toquesecarinhos.hpg.ig.com.br/mensagens/refl.html>
Acesso
em: 26
jun. 2003.) |
1-
Em
que se
assemelham e
em
que se
diferenciam os
classificados
que
normalmente
encontramos
em
jornais,
por
exemplo, e os
classificados
poéticos? O
que tem a
arte a
ver
com
isso?
2- Escreva
também
um
classificado
poético.
Texto 7
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
|
Roda
Viva
Tem
dias
que a
gente se
sente
Como
quem
partiu
ou
morreu,
A
gente
estancou de
repente
Ou foi o
mundo
então
que
cresceu.
A
gente
quer
ter
voz
ativa
No
nosso
destino
mandar,
Mas
eis
que
chega a
roda
viva
E carrega o
destino
pra
lá.
Roda
mundo,
roda-gigante,
Roda
moinho,
roda
pião.
O
tempo
rodou num
instante
Nas
voltas
do
meu
coração.
A
gente
vai
contra a
corrente
Até
não
poder
resistir,
Na
volta do
barco é
que
sente
O
quanto
deixou de
cumprir.
Faz
tempo
que a
gente
cultiva
A
mais
linda
roseira
que há,
Mas
eis
que
chega a
roda
viva
E carrega a
roseira
pra
lá.
Roda
mundo,
roda-gigante,
Roda
moinho,
roda
pião.
O
tempo
rodou num
instante
Nas
voltas
do
meu
coração.
A
roda da
saia, a
mulata
Não
quer
mais
rodar,
não
senhor,
Não
posso
fazer
serenata,
A
roda de
samba
acabou.
A
gente
toma a
iniciativa
Viola na
rua, a
cantar,
Mas
eis
que
chega a
roda
viva
E carrega a
viola
pra
lá.
Roda
mundo,
roda-gigante,
Roda
moinho,
roda
pião.
O
tempo
rodou num
instante
Nas
voltas
do
meu
coração.
O
samba, a
viola, a
roseira
Um
dia a
fogueira
queimou,
Foi
tudo
ilusão
passageira
Que a
brisa
primeira
levou.
No
peito a
saudade
cativa
Faz
força
pro
tempo
parar,
Mas
eis
que
chega a
roda
viva
E carrega a
saudade
pra
lá.
Roda
mundo,
roda-gigante,
Roda
moinho,
roda
pião.
O
tempo
rodou num
instante
Nas
voltas
do
meu
coração.
(BUARQUE, Chico.
Roda
viva.
Disponível
em: <http://www.musicamaq.com.br/rodaviva.htm>.
Acesso
em: 26
jun. 2003.) |
1-
Pelo
que leu no
texto, o
que
você entende
por
roda
viva?
2-
Afora a
repetição do
substantivo “roda”
e do
verbo “rodar”,
há
outros
elementos do
texto
que dão essa
idéia de
rodar?
Quais?
3-
Que
importância
tem no
texto a
idéia de
tempo?
Que
expressões
marcam essa
idéia?
4-
Conforme
Ana Duarte (Disponível
em:
<http://www.mitoemagia.com.br/textos/tx_26.html/>
.
Acesso
em: 26 jun.
2003.):
Em 1967 havia
uma "Única
Unanimidade
Nacional": o
cantor e
compositor
Chico Buarque.
Sua
imagem de
bom
moço,
seus
olhos
verdes e as
belas
canções haviam
conquistado
esse
título. Nesse
mesmo
ano nascia a
música "Roda
Viva" e a
peça
teatral de
mesmo
nome. A
peça,
que retratava
a
vida de
um
jovem
artista
massacrado
pelo
sucesso e
que
busca
saída no
suicídio, chocou
metade de
seus
fãs.
Em
São Paulo,
quando
era
apresentada no
Teatro Ruth
Escobar, houve uma
invasão do CCC
(Comando
de
Caça aos
Comunistas)
que espancou
os
atores,
assustou o
público e
colocou Chico na
lista dos
militares. Foi
necessário
que
ele
respondesse a inúmeros interrogatórios, sendo perseguido de
tal
maneira
que
voluntariamente decidiu
sair do Brasil.
Que
relação se
pode
estabelecer
entre o
conteúdo da
letra de
música, o
assunto
tratado na
peça e a
situação
política
em
que esta foi
produzida e encenada? (Se
preciso,
pesquise
algo
mais
sobre
esse
período de
nossa
história. E
não se esqueça
de
deixar registrada
sua
pesquisa.)
Ao analisarmos os
textos,
não
nos
preocupamos
apenas
com
seus
conteúdos,
mas tratamos
também do
uso de
alguns
elementos
lingüísticos.
Agora vamos
tratar de
modo
mais
específico de
alguns desses
e de
outros
elementos.
Destacamos a
seguir, dos
textos,
algumas
frases
completas
ou
orações
isoladas.
1)
Seria
bom se fosse
artista
por
um
dia. (T.1,
L.1)
2)
Poderia
seriamente
brincar de
arte. (T.1, L.1-2)
3)
[se]
meu
pai e
minha
mãe
me
compreendessem (T.1, L.12)
4)
vamos
mais
longe (T.2,
L.4)
5)
Acender
fogo? (T.2,
L.6)
6)
[E]
ele
alcançou
isso
com
extrema
habilidade.
(T.2, L.8-9)
7)
afinando
um
piano (T.2,
L.15)
8)
estará fazendo
arte (T.2, L.16-17)
9)
Há[,
pois,] uma
arte de
fazer
coisas
que beneficiem
nosso
dia-a-dia
(T.2, L.30-31)
10)
[Mas]
é
bom
que a
gente sinta a
arte
não
utilitária
como
coisa
diferente e
única. (T.2,
L.37-38)
11)
É
quase
impossível
definir a
função da
arte (T.2, L.39)
12)
[Porém,]
essas
pessoas
estão erradas. (T.2, L.43)
13)
Ninguém
morre (T.2, L.43)
14)
[Mas]
quem
não se der
esses
prazeres
será
certamente
menos
rico,
menos
sensível,
menos
aberto
para as
belezas do
Homem e do
mundo. (T.2,
L.45-47)
15)
A
arte demonstra a
civilização de
um
povo, a
sua
vida. (T.2,
L.49)
16)
[se]
não tem
uma
arte
que seja
sua (T.2, L.
50-51)
17)
Ao
mesmo
tempo, a
História
torna-se
realidade
através da
arte. (T.2, L.51-52)
18)
Conhecemos
bastante
sobre os
assírios
por
causa de
sua
cerâmica,
restos de
suas
construções,
adereços
pessoais e
outras
manifestações
artísticas. (T.2, L. 54-56)
19)
arte
é
indispensável
(T.2, L.56)
20)
Antonio Banderas foi escolhido o
melhor
ator da
temporada
teatral deste
ano,
por
sua
atuação
em “Nine”,
que marcou
sua
estréia na
Broadway. (T.3, L.1-3)
21)
Só queria
fugir dali. (T.3,
L.8)
22)
Era uma
vez no México.
(T. 3, L.11)
23)
A
atriz
Katharine Hepburn,
um dos
mitos de
Hollywood, morreu
ontem, aos 96
anos de
idade,
cercada de
familiares e
amigos. (T.4,
L.1-2)
24)
[desde
que] se
conheceram,
em 1942,
durante as
filmagens de “A
Mulher do
Dia” (“Woman
of the Year”),
até a
morte dele,
em 1967. (T.4,
L.9-11)
25)
Adivinhe
quem vem
para
jantar. (T.4, L.12)
26)
Dizem
que a
atriz
nunca assistiu
a “Adivinhe
Quem Vem
para
Jantar”
por
ser
este o
último
filme de Tracy.
(T.4, L.13-15)
27)
depois
viveu reclusa e afastada das
atividades
públicas. (T.4, L.19-20)
28)
Procura-se
uma
noiva. (T.5)
29)
Precisa-se
de uma
bola de
cristal
que mostre
um
futuro grávido
de
Paz (T.6,
L.1-2)
30)
Tem
dias
que a
gente se sente
como
quem partiu
ou morreu.
(T.7, L.1-2)
31)
A
gente
estancou de
repente. (T.7,
L.3)
32)
O
tempo rodou
num
instante nas
voltas do
meu
coração. (T.7,
L.11-12)
33)
Faz
tempo
que a
gente cultiva
a
mais
linda
roseira
que há. (T.7,
17-18)
34)
Um
dia a
fogueira
queimou. (T.7, L.38)
1- Desconsiderando os
termos
entre
colchetes e
tendo
como
ponto de
partida os
verbos
ou
locuções
verbais
grifados, procure
transportar essas
frases e
orações
para o
quadro a
seguir, separando-as
em duas
partes,
que respondam
as
perguntas
feitas. Se
não
conseguir alguma
resposta,
não se
preocupe;
mais
adiante
você verá
por
quê.
|
|
De
quem
ou
de
que
se diz
algo? |
O
que
se diz? |
|
|
Este
quadro
é
só
ilustrativo.
Ele
deve
conter uma
linha
para
cada
frase
completa
ou
oração
destacada.
2- As
expressões
que estão na
primeira
coluna
são
chamadas de
sujeitos;
as
que estão na
segunda, de
predicados.
Complete
então o
quadro,
colocando, na
primeira
linha
esses
nomes.
3-
Agora,
com
base no
que
você pôde
perceber, conceitue
sujeito e
predicado.
4- Procure
em
gramáticas
conceitos de
sujeito e de
predicado e
transcreva-os, comparando
esses
conceitos e
comentando
sobre essa
comparação.
5-
Você deve
ter percebido
que o
sujeito
ora aparece
explícito,
ora
implícito.
5.1- Considerando as
situações
em
que
ele aparece
explícito,
atente
para aquelas
que
não tenham
verbo
em
seu
interior,
circulando a
palavra
que carrega o
significado
principal do
sujeito: o
seu
núcleo.
Pode
acontecer
que,
em alguma
situação,
apareçam duas
ou
mais
palavras
com a
mesma
carga
significativa.
5.2- A
que
classes
gramaticais
pertencem essas
palavras
que servem
como
núcleo do
sujeito?
Observações:
A-
Como
você pode
perceber, há
palavras de
diferentes
classes
gramaticais
que podem
exercer a
função
de
sujeito.
Elas estão
inseridas
em
expressões
que estão
exercendo uma
função
sintática,
ou seja, estão
estabelecendo
um
tipo
específico de
relação
dentro das
frases
em
que se
encontram. A
outra
função
sintática
de
que tratamos
ao
organizar o
quadro é a de
predicado,
à
qual vamos
dar uma
atenção
específica
mais
adiante.
B- Nas
situações
em
que o
sujeito tem
verbo
dentro dele,
procure
verificar aquelas
em
que o
verbo está
flexionado e aquelas
em
que está
em uma de
suas
formas
nominais, o
infinitivo.
Você deve
perceber
que,
quando o
verbo está
flexionado, o
sujeito é introduzido
por
um
pronome:
quem,
ou há
expressões
que
são
empregadas
para
ligar o
sujeito ao
predicado,
como
que e
se.
Uma
estrutura
encabeçada
por
um
verbo é uma
oração.
Então,
como podemos
ver, uma
oração
também pode
exercer a
função
sintática de
sujeito. Essa
oração é
chamada de
oração
subordinada
substantiva
subjetiva
(OSSS). É
oração,
reforçamos,
porque é uma
estrutura
encabeçada
por
um
verbo,
é
subordinada
porque exerce
uma
função
sintática,
é
substantiva
porque o
substantivo
é a
classe
que vai
exercer essa
função
com
mais
propriedade e
é
subjetiva
porque exerce
a
função
sintática de
sujeito.
As
orações
subjetivas
que têm
verbo
flexionado
são
chamadas de
desenvolvidas.
Mas
isso
não
precisa
ser enumerado ao
nomeá-las.
Nas
orações
desenvolvidas introduzidas
por se
ou
que,
essas duas
palavras,
que servem
para
ligar
orações
substantivas ao restante da
frase,
são
chamadas de
conjunções
integrantes.
As
orações
subjetivas
que têm
verbo
no
infinitivo
precisam
nomear
esse
fato.
Assim,
quando uma
oração possui
tal
característica, é
chamada de
oração
subordinada
substantiva
subjetiva
reduzida de
infinitivo
(OSSSRI).
A
oração à
qual
outra se
subordina é
chamada de
oração
principal (OP).
E
nos
casos
em
que a
oração
subordinada é
subjetiva, a
oração
principal vai
estar no
predicado,
muitas
vezes
coincidindo
completamente
com
ele. Ex.:
Seria
bom (Predicado/OP)
/ se fosse
artista
por
um
dia (Sujeito/OSSS).
// É
quase
impossível (Predicado/OP)
/
definir a
função de
arte (Sujeito/OSSSRI).
5.3- Elabore
um
esquema listando as
classes
gramaticais e
as
orações
que podem
exercer a
função de
sujeito. Exemplifique
cada
caso,
recorrendo às
frases
completas
ou
orações
que foram
destacadas do
texto.
5.4- Dando
atenção
ainda, nestas
frases
ou
orações
destacadas, às
situações
em
que o
sujeito aparece
explicitamente,
você deve
perceber
que naquelas
em
que há
estruturas
nominais (que
não
são
orações), há
situações
em
que existe
apenas uma
palavra
principal,
um
núcleo, e uma
situação
em
que há
dois
núcleos. Nas
situações
em
que o
sujeito é
oração,
só
constatamos,
nos
textos
trabalhados
aqui,
casos
em
que uma
única
oração exerce
essa
função
sintática.
Mas será
que essas
são as únicas
situações
possíveis?
Vamos
pensar: estas
situações a
seguir
são
aceitáveis,
não
são?
1)
Facas,
cadeiras,
comida,
roupas,
máquinas de
escrever e
carros servem
para o
uso
diário do
ser
humano.
2)
Um
quadro, uma
música e
um
livro
são
exemplos de
objetos de
arte decorativa.
3)
Definir a
função da
arte e
determinar o
significado de
arte é
quase
impossível.
4)
Em
sua
evolução, foi
preciso
que o
ser
humano
percebesse
coisas,
que fizesse
experiências e
que procurasse
sempre o
aperfeiçoamento.
Então vejamos:
Um
sujeito
explícito pode
ter
um
núcleo
ou
ser formado
por uma
oração
apenas. Nesse
caso, temos
um
sujeito
simples.
Exemplos
(Volte ao
início destes
estudos
lingüísticos e
copie, das
frases
destacadas do
texto, aquelas
correspondentes
aos
itens
representados
pelos
números a
seguir.
Destaque,
em
cada uma, o
núcleo do
sujeito
ou a
oração
subjetiva.):
1, 3, 6, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19, 20, 23, 28, 31, 32, 34.
Um
sujeito
explícito
também pode
ter
mais de
um
núcleo
ou
ser formado
por
mais de uma
oração. Nesse
caso, temos
um
sujeito
composto.
Exemplos
(Volte ao
início deste
item 5.4 e
copie os
exemplos
que nele
aparecem.
Destaque
em
cada
frase os
núcleos de
sujeito
ou as
orações
subjetivas.):
5.5- Vamos
atentar
agora
para as
frases
em
que o
sujeito aparece
implícito.
Volte
novamente ao
início destes
estudos
lingüísticos e
copie, das
frases
destacadas do
texto, aquelas
correspondentes
aos
itens
representados
pelos
números a
seguir: 2, 4, 7, 8, 16,
18, 21, 24, 25, 27. Ao
final das
frases,
entre
parênteses,
coloque o
que se
consegue
perceber implicitamente
como
sujeito.
O
sujeito,
em
cada
um desses
exemplos, é
implícito e
pode
ser recuperado
só
pela
flexão do
verbo
ou
por
algum
termo
existente no
texto.
Esse
tipo se
sujeito é chamado
subentendido,
elíptico
ou
oculto.
É
importante
observar
que,
quando o
sujeito
implícito é
recuperado
só
pela
flexão do
verbo, o
sujeito subentendido é o
pronome.
Mas
quando é
recuperado
por
algum
termo do
texto
que
não seja
um
pronome, é
esse
termo
que é o
sujeito subentendido, e
não o
pronome a
ele
correspondente.
Exemplificamos
isso retomando
os
exemplos a
seguir:
Em “Adivinhe
quem vem
para
jantar.” (T.4, L.12), o
sujeito subentendido é o
pronome
você,
que
não aparece
em nenhuma
situação do
texto, sendo
recuperado
apenas
pela
flexão
verbal.
Em “Conhecemos
bastante
sobre os
assírios
por
causa de
sua
cerâmica,
restos de
suas
construções,
adereços
pessoais e
outras
manifestações
artísticas.” (T.2, L. 54-56), o
sujeito subentendido é o
pronome
nós,
que,
além de
ser facilmente recuperável
pela
flexão
verbal,
aparece explicitamente
em
outra
situação, na
L. 7 (T.2).
Já
em “Um
povo
desaparece se
não tem uma
arte
que seja
sua.”
(L.50-51), o
sujeito subentendido da
segunda
oração: “se
não tem uma
arte”,
não é o
pronome
ele,
mas o
termo “um
povo”,
que aparece
explícito na
oração
anterior.
5.6- Vejamos
este
outro
exemplo,
também
retirado da
lista
que
destacamos: “Acender
fogo!” (T.2,
L.6)
Apesar de o
verbo
acender
precisar de
um
sujeito (diz-se
que é
um
verbo
pessoal),
você deve
ter tentado,
mas
não conseguido
recuperar o
sujeito
que está
implícito.
Nesse
caso, trata-se
de
um
sujeito
indeterminado.
Vamos
recuperar o
conceito
então:
sujeito
indeterminado
é
aquele
que está
relacionado a
um
predicado
com
verbo
pessoal (que
precisa de
um
sujeito),
mas
que
não se
consegue
recuperar
pela
flexão do
verbo
ou
por
algum
termo
existente no
texto.
Uma das
situações
em
que o
sujeito pode
ser
indeterminado
é essa
em
que o
verbo aparece
no
infinitivo.
Mas é
preciso
ressaltar
que o
sujeito
só será desse
tipo se
não se
conseguir recuperá-lo no
texto,
como acontece
no
exemplo
destacado a
seguir: “Sair
correndo,
literalmente”
(T.3, L.8-9),
em
que o
sujeito subentendido
é “Antonio Banderas”.
Já
em “Dizem
que a
atriz
nunca assistiu
a ‘Adivinhe
quem vem
para
jantar’
por
ser
este o
último
filme de Tracy.”
(T.4, L.13-15),
não é
possível
recuperar
um
sujeito no
texto
correspondente
ao
verbo
dizer. Temos
então
outro
caso
em
que o
sujeito é
indeterminado:
com o
verbo na
terceira
pessoa do
plural.
Mas é
preciso
ressaltar
aqui
também
que o
sujeito
só será desse
tipo se
não se
conseguir recuperá-lo na
situação
em
que se
encontra,
como,
por
exemplo,
em “se
conheceram,
em 1942,
durante as
filmagens de “A
Mulher do
Dia” (“Woman
of the Year”),
até a
morte dele,
em 1967.”
(T.4, L.9-11),
em
que o
sujeito
subentendido é Katharine Hepburn e Spencer Tracy.
Agora vamos
dar
atenção a duas
outras
frases:
“Procura-se uma
noiva.” (T.5,
L.1) e “Precisa-se de uma
bola de
cristal
que mostre
um
futuro grávido
de
Paz.” (T.6,
L.1-2).
Em ambas o
verbo está na
3a
pessoa do
singular,
seguido do
pronome se.
Se tentarmos
transformar
esses
verbos
em
locuções,
vamos
ter o
seguinte:
Uma
noiva
é procurada. e De uma
bola
de
cristal
é
preciso.
No
primeiro
caso, temos
uma
frase aceita
em
português,
cujo
sujeito é
Uma
noiva,
um
sujeito
simples,
portanto.
Já no
segundo,
além de
não
ser uma
frase aceita
em
nossa
língua, a
expressão
que
poderia
ser cogitada
como
sujeito:
De uma
bola
de
cristal,
é introduzida
por uma
preposição (de),
e
um
sujeito
nunca é
introduzido
por
esse
conector.
Esse
então é
mais
um
caso de
sujeito
indeterminado.
5.7- Transcreva, das
frases e
orações
destacadas no
início destes
estudos
lingüísticos,
aquelas
correspondentes
aos
números a
seguir: 9, 22, 30, 33.
No
primeiro
exemplo, o
verbo
haver é
empregado no
sentido de
existir.
Nos
outros, temos
os
verbos
ser,
ter e
fazer dando
idéia de
tempo. Nesses
casos, se diz
que os
verbos
são
impessoais,
não têm
necessidade de
um
sujeito. A
oração
em
que
um desses
casos de
verbo aparece
é denominada
oração
sem
sujeito.
É
bom
observar o
seguinte:
em “Tem
dias”, o
verbo
permanece no
singular,
embora a
palavra
que vem
depois dele
esteja no
plural. É
assim
mesmo, o
verbo
não pluraliza,
pois essa
expressão
que vem
depois dele
não é
sujeito.
Para
reforçar
isso, procure
exemplificar
mais,
reescrevendo as
frases 9 e 33
e substituindo uma
arte
por
várias
artes e
tempo
por
dias.
Mas nesses
casos há uma
exceção:
quando o
verbo
ser
indicar
tempo, se o
elemento
que vier
depois dele
estiver no
plural,
ele
também irá. Ex.:
Eram
tempos
difíceis [...].
6-
Agora vamos
atentar, nas mesmas
frases
ou
orações das
quais vimos
tratando,
para o
predicado.
6.1- Transcreva as
frases
ou
orações
correspondentes
aos
números a
seguir: 2, 4, 5, 8, 9, 13,
15, 16, 18, 21, 24, 25, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, circulando os
verbos
ou
locuções
destacados.
Nelas
esses
verbos
ou
locuções
que receberam
destaque
carregam a significação
maior
nos
predicados
em
que se
encontram –
são chamados
verbos
significativos
-,
funcionando
como
seus
núcleos –
para
testar
isso, tente
enunciar as
frases
sem
eles.
Então,
um
predicado
que tem
como
núcleo
um
verbo
significativo é
um
predicado
verbal.
6.2- Transcreva
agora as
frases e
orações
correspondentes
aos
números a
seguir: 1, 10, 11, 12, 14,
22, 27, conservando
destacados os
verbos.
Nesses
casos,
diferentemente
dos
exemplos
anteriores, os
verbos
destacados
não carregam a
significação
maior dos
predicados:
ela reside
em
nomes
que neles se
encontram,
que
serão
núcleos desses
predicados. Os
verbos, nesses
casos, servem
como
elementos de
ligação
entre os
sujeitos e os
núcleos de
predicado.
Podemos
comprovar
isso,
por
exemplo,
tentando
suprimir
esses
verbos. Se o
fizermos
com “essas
pessoas estão
erradas” (T.2, L.43), temos essas
pessoas
erradas;
com “arte
é
indispensável”
(T.2, L.56), temos
arte
indispensável,
confirmando-se
que os
nomes (no
caso,
erradas e
indispensável)
carregam a significação
maior nesses
predicados.
Volte
então a
esses
exemplos de
6.2 e circule os
nomes
que funcionam
como
núcleo de
predicado.
Esse
tipo de
predicado,
que tem
um
verbo de
ligação e
cujo
núcleo é
um
nome (adjetivo,
substantivo,
pronome,
advérbio) é
denominado
predicado
nominal.
Observação:
Os
verbos de
ligação
são
estes:
ser,
estar,
parecer,
permanecer,
continuar,
andar
(=
estar),
ficar.
Também podem
funcionar
como sendo de
ligação os
verbos
virar (=
transformar-se) e
viver (=
estar continuamente,
passar a
vida).
6.3- Vamos
prestar
atenção
agora a
outros
exemplos.
Em “Antonio
Banderas foi escolhido o
melhor
ator da
temporada
teatral deste
ano ,
por
sua
atuação
em ‘Nine’,
que marcou
sua
estréia na
Broadway.” (T.3, L.1-3), podemos
dizer
que
implicitamente
poderia
haver
um
verbo de
ligação no
predicado:
foi escolhido [como
sendo] o
melhor
ator da
temporada
teatral
deste
ano
[...] O
mesmo acontece
em “[Mas]
é
bom
que a
gente sinta
a
arte
não
utilitária
como
coisa
diferente e
única. (T.2,
L.37-38): sinta a
arte
não
utilitária
como
[sendo]
coisa
diferente
e
única.
Nesses
casos, temos
dois
núcleos
nos
predicados:
um
verbo
significativo e
um
nome.
Então vejamos:
um
predicado
que tem
como
núcleos
um
verbo
significativo e
um
nome é
um
predicado
verbo-nominal.
Observação:
alguns
autores dizem
que
em
situações
em
que aparece o
verbo
tornar
pronominalizado,
como
em “Ao
mesmo
tempo, a
História
torna-se
realidade
através da
arte.” (T.2, L.50-51),
trata-se de
um
predicado
nominal, sendo
considerado
esse
verbo
como de
ligação.
Assim,
para
esses
autores, o
núcleo do
predicado é
realidade. Há
outros
autores
que dizem
tratar-se de
predicado
verbo-nominal.
Eles
consideram a
seguinte
possibilidade de
leitura:
Ao
mesmo
tempo,
a
História
torna-se [=
ela
mesma] [como
sendo]
realidade
através
da
arte. Desse
modo,
para
esses
autores, o
predicado tem
dois
núcleos:
tornar e
realidade.
7- Retorne
mais uma
vez à
listagem de
frases e de
orações
constante no
início destes
estudos
lingüísticos e
procure
ver
como se
comporta a
pontuação
entre os
sujeitos
explícitos e
os
verbos dos
predicados
correspondentes
a
esses
sujeitos.
Você deve
perceber
que
apenas
em
um
exemplo: “A
atriz
Katharine Hepburn,
um dos
mitos de
Hollywood, morreu
ontem, aos 96
anos de
idade,
cercada de
familiares e
amigos.” (T.4,
L.1-2) há
vírgulas
entre o
sujeito e o
verbo, e
são
vírgulas
que encerram
(fecham)
um
termo
explicativo,
que
poderia
até
ser
suprimido.
Diante dessas
observações, o
que se pode
generalizar
quanto à
pontuação
entre
sujeito e
predicado?
Na
seqüência,
propomos algumas possibilidades de
exercícios
que intentam
trabalhar
não a
categorização
pura e
simples de
classes de
palavras
ou das duas
funções
sintáticas abordadas neste
artigo,
mas
seu
uso
como
recursos
para
um
melhor
desempenho na
produção de
textos.
Só daremos uma
idéia dos
tipos de
exercícios
possíveis,
mostrando
apenas os
modelos e
deixando de
lado as
seqüências
que seriam
trabalhadas
pelos
alunos, tendo
em
vista
que
já
extrapolamos
nosso
limite de
páginas
para esta publicação.
8- Nestes
exercícios,
siga os
modelos,
testando possibilidades
que
lhes
serão úteis
nos
momentos
em
você estiver envolvido
em
atividades de
(re)escritura
de
textos, de
pesquisar (lembre-se: uma
pesquisa
não é
apenas uma
cópia
literal do
que os
outros
escreveram).
8.1-
8.2-
8.3-
8.4-
8.5-
8.6-
8.7-
8.7-
8.9-
8.10-
8.11-
8.12-
8.13-
8.14-
8.15- |
Seria
bom se
fosse
artista
por
um
dia.
Seria
bom
ser
artista
por
um
dia.
Seria
bom se
meu
pai e
minha
mãe
me
compreendessem.
Seria
bom se
meus
pais
me
compreendessem.
A
própria
capacidade
de
acender
fogo é
arte.
É
arte a
própria
capacidade
de
acender
fogo.
Há,
pois, uma
arte de
fazer
coisas
que
beneficiem
nosso
dia-a-dia,
e há uma
Arte de
arrancar
emoções
no
ser
humano,
através
de
coisas
feitas
por
outro
ser
humano.
Há
diversos
tipos de
arte.
É
quase
impossível
definir a
função
da
arte.
É
quase
impossível
que se
defina a
função
da
arte.
É
quase
impossível
uma
definição
para a
função
da
arte.
Podemos
afirmar
com
bastante
convicção
que a
arte é
indispensável.
Sem
contar os
benefícios
individuais
que
ela traz
às
pessoas.
Podemos
afirmar
convictamente
que a
arte é
indispensável
e
benéfica
às
pessoas.
Antonio Banderas foi escolhido o
melhor
ator da
temporada
teatral
deste
ano.
Escolheu-se Antonio Banderas o
melhor
ator da
temporada
teatral
deste
ano.
A
atriz
Katharine Hepburn,
um dos
mitos de
Hollywood, morreu
ontem,
aos 96
anos de
idade,
cercada
de
familiares
e
amigos.
A
atriz
Katharine Hepburn,
um dos
mitos de
Hollywood, morreu
ontem,
aos 96
anos de
idade.
Ela
estava
cercada
de
familiares
e
amigos.
Em uma
pesquisa
realizada
pela
revista
Entertainment Weekly, chegou a
receber a
maior
votação
como a
melhor
atriz
clássica
do
século
XX.
Em uma
pesquisa
que a
revista
Entertainment Weekly realizou, chegou a
receber a
maior
votação
como a
melhor
atriz
clássica
do
século
XX.
Procura-se uma
noiva.
Uma
noiva é
procurada.
Precisa-se de uma
bola de
cristal.
Precisa-se de várias
bolas de
cristal.
Tem
dias
que a
gente se
sente
como
quem
partiu
ou
morreu.
Faz
dias
que a
gente se
sente
como
quem
partiu
ou
morreu.
Há
dias
que a
gente se
sente
como
quem
partiu
ou
morreu.
A
gente
quer
ter
voz
ativa.
Nós
queremos
ter
voz
ativa.
Faz
tempo
que a
gente
cultiva a
mais
linda
roseira
que há.
(anos,
roseiras)
Faz
anos
que a
gente
cultiva as
mais
lindas
roseiras
que há.
A
roda
viva
chega.
Ela é
implacável.
A
roda
viva
chega
implacável. |
Conclusão
As
atividades
aqui
propostas
são
apenas uma
amostra do
que,
entre várias
outras
coisas, o
professor pode
fazer
em
sala de
aula
com
relação ao
ensino de
morfossintaxe. Ressaltamos
que
não se
trata de
fórmulas
prontas,
mas de
sugestões de
possibilidades de
realizar
esse
trabalho. A
intenção é
que o
professor elabore
atividades
que busquem
atender a
necessidades
específicas de
grupos de
alunos
com
características
também
específicas.
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TRAVAGLIA, Luiz Carlos.
Gramática:
ensino
plural.
São
Pulo; Cortez,
2003.
Anexo
Ver
cópia do
original
em
anexo,
atentando
para
tamanhos
de
letras,
grifos e
ilustração.