Adilson da Silva Corrêia
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A
Partindo
desse pressuposto, analisaremos Gabriela
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Relatos
O
Autoria e
Best seller e
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AVALIAÇÃO |
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2-
Contextualizando a
Iniciemos
2.1.
Historicamente, a
Todorov (1988)[1]
e León-Portilla (1987)[2]
registram
Estabelecia-se
O
2.2- Os
2.2.1-
A
a)
b)
c)
A
2.2.2-
Foi uma
a)
as
b)
a
c)
os
2.2.3-
Defende-se, neste
Ressaltam-se, nesse modelo, os seguintes pontos:
a) valorização da cultura de chegada em detrimento da cultura de partida, evidenciando-se um forte etnocentrismo;
b) linguagem fluente e cristalina, resultando no apagamento e redução de formas ditas não convenientes ao considerado padrão;
c) mudanças profundas dos eixos temáticos.
3- A Gabriela cravo e canela de Jorge Amado vira Gabriela clove and cinnamon
3.1- Breve biografia do criador de Gabriela
Jorge Amado nasceu em Ferradas, Bahia, no ano de 1912 e morreu em Salvador, no ano de 2001. Escreveu 28 obras, das quais algumas foram relidas pelo cinema e pela televisão, tais como: Tieta do Agreste; Gabriela cravo e canela, Tereza Batista cansada de guerra, Dona Flor e seus dois maridos, entre outras. Ativista do antigo PC (Partido Comunista) até 1958, Jorge é responsável pela elaboração de leis que tratam da intolerância religiosa, sendo um defensor da liberdade de cultos e crenças.
As obras de Jorge Amado são conhecidas em 50 línguas, graças ao processo de tradução, sendo que Gabriela cravo e canela foi a obra mais traduzida, para 29 línguas, seguida de __________________.
3.2. Algumas línguas em que Gabriela cravo e canela foi traduzida
3.3- Gabriela clove and cinnamon
Mignolo (1996) incentiva questionamentos básicos para que se chegue à razão de determinadas práticas, através da contínua busca do De quem?, Para quem?, De onde?, e devemos acrescentar, Quando?
Por esse viés, buscaremos entender a domesticação da Gabriela de Jorge Amado.
3.3.1- De quem?
Os responsáveis pela tradução de Gabriela cravo e canela para o inglês, em primeira mão, foram William Grossman e James L. Taylor, ambos consagrados pela crítica internacional por terem traduzido outras obras brasileiras.
Pedreira (2001) traz algumas informações valiosas acerca desses tradutores e do editor que podem, a priori e concernente a outros fatores, auxiliar na compreensão de certos reducionismos e apagamentos da linguagem empregada na obra original.
Grossman já havia traduzido Memórias Póstumas de Brás Cubas, em inglês Epitaph of a small winner, logrando comentários do crítico baiano Eugênio Gomes, de versão inglesa cheia da impregnação [da obra] da excentricidade britânica. [12] (inserção da autora)
Taylor nasceu no Brasil e aqui viveu por trinta anos. Foi co-tradutor de Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa, em inglês The Devil to pay in the backlands, mas foi com Gabriela que se firma enquanto tradutor. Além disso, foi autor do dicionário bilíngüe Webster's Portuguese-English Dictionary[13], lançado em 1958 e era responsável pelos estudos hispano-americanos e luso-brasileiros da universidade de Standford. Portanto, enquanto tradutor, tinha um repertório lingüístico-cultural brasileiro bastante amplo, não obstante o romance de partida apresentar um repertório fraseológico e de coloquialismo variado tipicamente da região nordeste.
Com relação ao editor de Gabriela clove and cinnamon, Alfred Knopf, segundo Pedreira (2001), ele foi o responsável, praticamente, pela introdução das obras amadianas no comércio americano, tendo por marco inicial Terras do sem fim, em inglês The Violent Land, em 1945. Isto elevou Jorge Amado a categoria de autor de língua portuguesa mais lido nos Estados Unidos.[14]
3.3.2- Para quem?
Gabriela foi traduzida para ser best seller nos Estados Unidos, e a tradução deveria ser realizada de forma a não chocar o público-alvo, sofrendo, portanto, um processo de plain style[15]. O plano dos tradutores para alcançarem a planificação da obra foi levado a cabo com a redução e apagamentos de muitas fraseologias, expressões populares e coloquialismos que permeiam toda a obra original.
3.3.3- Onde e Quando? Para entender os apagamentos e as reduções
Gabriela foi levada para os Estados Unidos na década de 60, precisamente no ano de 1962, quando havia o desejo estadunidense de conhecer os seus vizinhos latinos, plano esse de firmação hegemônica. Se analisarmos bem esse período de introdução do romance no domínio anglo-americano, chegaríamos a conclusão de que foi uma fase de alta efervescência cultural de vozeamento da minoria. A descolonização de alguns países africanos provocou uma onda de um crescente ideal de libertação, fazendo-se sentir, principalmente, nos negros e mulheres.
Jameson (1994) aponta duas forças dentro do território americano capazes de provocar movimentos de descolonização: a nova política dos negros-americanos e o movimento pelos direitos civis. Além disso, as trocas e as influências mútuas entre os movimentos negros norte-americanos e os da África e do Caribe foram contínuos e incalculáveis ao longo de todo o período.[16]
Segundo Jameson, os anos 60 significaram um período em que os "nativos" tornaram-se seres humanos, e isto tanto interna quanto externamente: aqueles internamente colonizados do Primeiro Mundo - "as minorias", os marginais e as mulheres - não menos que os súditos externos e os "nativos" oficiais desse mundo.[17]
Como se observa, o período da tradução e do lançamento de Gabriela clove and cinnamon estava inserido em um "caldeirão" efervescente, em que a maioria marginalizada pela razão imperialista anglo-americana tentava ganhar voz, através de conquistas de direitos adquiridos historicamente. Gabriela cravo e canela parece satisfazer todos os requisitos advindos com os anos 60. Nele, a mulher, o negro, o estrangeiro marginalizados ganham voz, sentido social e fornecem histórias (com h minúsculo) para o progresso humano.
Somados a esta carga ideológica de liberdade de expressão, do direito a voz, encontram-se a revolução cultural atrelada fortemente aos ideais maoístas provenientes da China. Sobre os ideais socialista de Mao e a relação desses com os esquerdistas norte-americanos, James (1991) comenta devem ter exalado um coletivo suspiro de alívio quando a virada política Chinesa relegou o próprio "maoísmo" à lata de lixo da história.[18]
[6] ANCHIETA, Ioseph de. Arte de gramatica de lingoa mais vsada na cofta do Brasil. 2 ed. fac-similada. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1981.
[8] ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução: a teoria na prática. São Paulo: Ática, 1986.
[9] AUBERT, Francis Henrik. As (in)fidelidades da tradução: servidões e autonomia do tradutor. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1994.
[10] PEDREIRA, Lícia Maria Borba. Gabriela e os filhos de Calvino: uma leitura da versão de Gabriela cravo e canela em língua inglesa. 2001. 90f. Dissertação (Mestrado em Letras). Programa de Pós-graduação de Letras e Lingüísticas da Universidade Federal da Bahia, Salvador.