Sobre
certa
“voz
passiva”
Ou
De
que
tradição
se
fala
quando
se
fala
em
tradição?
Helena
Feres Hawad (UERJ)
A
chamada “voz
passiva
sintética” (ou
“pronominal”)
tem sido
um dos
pontos
mais
problemáticos
no
ensino da
gramática da
língua
portuguesa no Brasil. O
problema
reside,
principalmente,
no
fato de
que a
abordagem da
estrutura
assim
denominada
como uma
forma da “voz
passiva”
não descreve
adequadamente
suas
propriedades
sintático-semânticas e, desse
modo, entra
em
conflito
com a
intuição
lingüística dos
alunos –
falantes
nativos do
português
brasileiro.
O
presente
trabalho discute essa
questão, procurando
demonstrar a
inadequação da
análise
baseada na
Nomenclatura
Gramatical
Brasileira (NGB).
A
discussão se desenvolve a
partir de uma
leitura
crítica de
diferentes
compêndios
gramaticais,
tanto
contemporâneos,
quanto
mais
antigos,
anteriores à
NGB.
A
voz
passiva
propriamente
dita,
denominada
correntemente
“analítica”,
caracteriza-se,
em
nível sintático-semântico,
por
ter o
paciente da
ação
verbal na
função de
sujeito e,
em
nível morfossintático,
por
construir-se
como uma
locução
verbal formada
pelo
particípio do
verbo
principal e, tipicamente,
pelo
verbo
auxiliar
ser. Faz
parte dessa
caracterização
a
implicação de
que
somente
verbos
transitivos
diretos (ou
seja,
que ocorrem,
na
voz
ativa,
com
um
complemento do
tipo
objeto
direto)
admitem a
forma
passiva.
Além disso,
fica
implícito
que a
reversibilidade ativa-passiva é
natural e
automática
para
qualquer
verbo desse
tipo.
Postula-se, ao
mesmo
tempo, uma
outra
“reversibilidade”:
entre as
chamadas “voz
passiva
analítica” e “voz
passiva
sintética”.
Esta
última
define-se
pela
ocorrência do
clítico se
junto a
verbos
transitivos
diretos
acompanhados de
um SN
com
valor
semântico de
paciente da
ação
verbal.
Tal SN é o
que seria
normalmente
considerado o
objeto
direto de
tais
verbos. No
entanto, a
ausência de
um SN
com
valor de
sujeito/agente
leva à
formulação
tradicional de
que se tem,
nesses
casos, uma
variedade de
voz
passiva,
com o
SN-paciente preenchendo a
função de
sujeito. Enfatiza-se,
então, a “equivalência”
entre
frases
como (1a) e
(1b),
abaixo, e
insiste-se na
necessidade da
concordância
verbal
com o
suposto
sujeito:
(1) a. Compraram-se
livros
novos
para a
biblioteca.
b.
Livros
novos
foram comprados
para a
biblioteca.
A
inconsistência de
tal
análise tem
sido apontada
por
estudiosos
(cf. Bagno, 2000).
Já de
início, é
necessário
reconhecer
que
ela obscurece,
por
um
lado, as
diferenças
sintático-semânticas
entre as duas
configurações
ditas “voz
passiva” e,
por
outro
lado, as
semelhanças
entre a “voz
passiva
sintética” e a
construção
em
que o clítico
se ocorre
com
verbos
transitivos
indiretos
ou
intransitivos
–
chamada “sujeito
indeterminado”.
Ou seja,
em
nome de uma
suposta
sinonímia,
que é,
quando
muito,
apenas
parcial,
aplica-se uma
mesma
análise
formal a duas
estruturas
diferentes
(procedimento
que é,
aliás,
muito
generalizado
em
nossa
tradição
gramatical).
Contraditoriamente,
são ignoradas
outras
sinonímias
inscritas no
sistema do
português,
que
favoreceriam outras possibilidades de
análise.
Como observa
Bagno (2000: 99),
Podemos
perguntar
por
que
Vende-se esta
casa é
“igual”
a Esta
casa
é vendida e
somente a
isso?
Por
que
não
dizer
que
também é
igual a
Estão vendendo esta
casa,
Alguém
está vendendo esta
casa
etc.?
Os
seguintes
traços
comuns
entre as
construções
com se
referidas
acima deixam
de
receber
tratamento
adequado:
a. O
espaço
sintático-semântico do
sujeito
não é
preenchido;
b. O
verbo é
flexionado na
terceira
pessoa e
acompanhado
de se;
c. A
interpretação
semântica,
em
termos
genéricos, é a
indeterminação
do
ser a
que se atribui
o
processo
verbal.
Said
Ali (1966a:
100) afirma
que o
paralelismo
entre as
construções
com se
é
tão
perfeito,
que
empregar
análises
diferentes,
conforme o
verbo seja
ou
não
transitivo
direto, seria
utilizar
dois
pesos e duas
medidas.
Os
próprios
compêndios de
orientação
tradicional refletem,
por
vezes,
incongruências
decorrentes da
distinção
entre “voz
passiva” e “indeterminação
do
sujeito”
para as
construções
com se.
Em
Leitão (1995: 150-151),
por
exemplo, a
frase (2a)
ilustra a
voz
passiva
sintética,
enquanto a
frase (2b)
ilustra a
indeterminação
do
sujeito:
(2) a. Amam-se poucas
pessoas
neste
mundo.
b. Ama-se a poucas
pessoas
neste
mundo.
Fica
claro, neste
exemplo,
que a
distinção
formal,
baseada na
transitividade do
verbo,
não tem
qualquer
contraparte
semântica, ao
contrário do
que parece
sugerir a
terminologia
tradicional, e se revela
incoerente na
medida
em
que o
verbo de (2b)
é tradicionalmente considerado
transitivo
direto (sendo
a
preposição
opcional,
empregada
por
razões
estilísticas,
formando o chamado “objeto
direto
preposicionado”) e,
portanto,
por
definição,
(2b) deveria
ser
um
exemplo de
voz
passiva
sintética – o
que acabaria
levando à
incoerência de
atribuir a
função de
sujeito a
um
termo regido
por
preposição.
Por
outro
lado, a “voz
passiva
sintética” tem
duas
diferenças
formais
em
relação à
voz
passiva
propriamente
dita,
que parecem
mais
relevantes e
fundamentais
que o
traço
formal
comum – a
transitividade
verbal –
que tem
justificado a
identificação
entre essas
duas
estruturas.
No
português
contemporâneo, a “voz
passiva
sintética”
não admite a
ocorrência do
agente da
passiva,
que ocorre
com a
voz
passiva
propriamente
dita.
Esse
fato,
que na
abordagem
tradicional parece
gratuito,
encontra
explicação ao
se
admitir,
conforme
propõe Pimenta-Bueno (1979),
que o clítico
se elimina
um dos
espaços
sintático-semânticos do
verbo,
impossibilitando
seu
preenchimento,
mas
conservando
implícito o
valor
semântico do
espaço
assim marcado,
exatamente
como ocorre no
caso do
sujeito
indeterminado.
Pimenta-Bueno (1979)
estuda o
emprego do
clítico se
como redução
do
número
potencial de
argumentos do
verbo, no
quadro da
Teoria
Padrão
Ampliada da
Gramática Gerativa, e
integra num
tratamento
unificado
não
só as
situações
aqui
examinadas,
como
também as
ocorrências
dos
tipos
reflexivo,
recíproco e
intrínseco. O
que a autora
denomina “se
impessoal”
abarca as
construções
tradicionalmente diferenciadas
como “passiva
sintética” e “indeterminação
do
sujeito”. Ambas
são descritas
como uma
mesma
estrutura
sintático-semântica,
ou seja,
são geradas
por uma
mesma
regra.
Na
voz
passiva
propriamente
dita,
por
outro
lado, o
preenchimento do
espaço
sintático “sujeito”
pelo
termo
com
valor de “paciente”
não elimina o
espaço
semântico “agente”
–
com
este
último “vazio”,
a
frase admite a
ocorrência de
agente da
passiva.
Ou seja, o
emprego do
clítico se reduz a “valência”
do
verbo,
subtraindo
efetivamente
um de
seus
argumentos, o
que
não ocorre na
voz
passiva
propriamente
dita.
Outra
diferença
entre as duas
estruturas
descritas
como
voz
passiva é
que a
posição
mais
natural,
ou
menos marcada,
do SN-paciente é, no
caso “sintético”,
após o
verbo e, no
caso “analítico”,
antes do
verbo – o
que
não é
um
dado
desprezível ao
se
pretender
atribuir a
função de
sujeito a
esse SN no
primeiro
caso.
Em
compêndios
contemporâneos
de
orientação
tradicional (Bechara 1999,
Cunha e Cintra
1985, Kury 1986,
Rocha
Lima 1980,
Leitão 1995,
Ribeiro 1993),
em todas as
frases
fornecidas
como
exemplos de “voz
passiva
sintética”, o
SN analisado
como
sujeito ocorre posposto ao
verbo. O
último dos
compêndios
citados
chega a
apresentar
esquematicamente a
ordem “verbo
transitivo
direto +
pronome
apassivador
se +
sujeito”
como
característica da “voz
passiva
pronominal” (Ribeiro
1993: 177).
Também
em
Neves (2000),
obra de
orientação
funcional,
todos os
exemplos desse
tipo de
construção apresentam o “sujeito”
em posposição
ao
verbo. Veja-se
ainda o
fragmento de
Sousa da
Silveira
(1972) transcrito
adiante.
Isso permite
questionar a
atribuição da
função de
sujeito a
tal SN,
considerando-se
que a
anteposição ao
verbo é a
posição
não-marcada (ou
mais
básica)
para o
sujeito
em
português. A
questão da
ordem nessas
estruturas é
assim
comentada
por Said
Ali (1966a:
93):
(...) a posposição de
um
substantivo
sujeito,
obrigatória
ou
pelo
menos
usual,
em
oração
principal
que
não é
nem
interrogativa,
nem
exclamativa,
nem
imperativa,
nem
intercalada, é uma impossibilidade no
domínio das
línguas
românicas (...) E se
primitivamente
o
substantivo
foi de
fato o
sujeito,
como parece
ter sido
junto a
verbos
transitivos,
também nessa
época andava
necessariamente anteposto ao
predicado;
mas
desde o
dia
em
que a
sua
posição se
fixou
depois do
verbo,
fixou-se
também a
sua
função de
objeto.
Em
geral,
não é
possível, nas
construções
com se,
antepor o
suposto
sujeito ao
verbo
sem
alterar o
sentido da
oração.
Em (2),
por
exemplo, a
anteposição resultaria
em
interpretação
reflexiva
ou
recíproca:
(2)a. Amam-se poucas
pessoas
neste
mundo.
c. Poucas
pessoas
amam-se neste
mundo.
A
atribuição da
função de
sujeito ao SN
em
causa é
incompatível
com
tal
impossibilidade de anteposição.
Além disso,
não condiz
com a
freqüência
cada
vez
menor
com
que
falantes
brasileiros –
mesmo
cultos, e
mesmo
em
registros
mais
tensos e na
modalidade
escrita –
empregam a
concordância
verbal
conforme
tradicionalmente prescrita no
caso da “voz
passiva
sintética”.
Esse
fato,
constatado facilmente
por
observação
informal, pode
ser ilustrado pelas
seguintes
ocorrências:
(3) É
assim
que
se constrói
tanto
obras
como
cidadania.
(Folheto
educativo
do
Ministério
do
Trabalho
encartado no
jornal
O
Globo
em
12/05/98)
(4) (...) é
importante
a
estabilidade
para
que
as
coisas
realmente
funcionem,
para
que
se tenha
instituições
eficientes
no
mercado
de
capitais
e redução de spreads.
(Entrevista
concedida ao
Jornal
do Brasil
por
Emílio Carazzai,
presidente
da CEF, publicada
em
19/9/99)
(5) Considerou-se válidas as
provas
decorrentes de
escuta
telefônica.
(Documento
emitido
pelo
Poder
Judiciário,
referente
ao
caso
da
empresa Lunus,
de Jorge Murad, e exibido
pelo
Jornal
Nacional
em
15/3/02)
Muitos
trabalhos têm
reconhecido
esse
fato,
como Bagno
(2001),
que apresenta
várias
ocorrências
em
que
falantes
cultos
não efetuam a
concordância
conforme
tradicionalmente prescrita,
ou
ainda
Cavalcante (1999: 106-107),
que menciona
os
seguintes
exemplos
encontrados
em
crônicas de
Luís Fernando Verissimo:
(6) Veja-se os
discursos
de
posse.
(Jornal
do Brasil. 3/1/99)
(7)
Catita
só
sabe
que
não
se
mata
crianças,
nem
as dela
nem
as dos
outros,
por
nenhuma
razão.
(O
Globo.
26/2/99)
Seria
possível
supor (como
fazem Possenti e Ilari 1992: 14)
que a
ausência de
substantivo
antes do
verbo nesse
caso determina
a não-concordância. É essa a
interpretação
de Sousa da
Silveira
(1972: 219):
Ora,
entre as
construções
em
que o
sujeito vem posposto ao
predicado, as
mais
comuns
são as de
verbo na
voz
passiva
sob a
forma
reflexa: daí o
encontrarem-se
alguns
exemplos de
verbo no
singular e
sujeito no
plural,
quando a
voz
passiva está
feita
com o
pronome se.
Observa-se, no
entanto,
que a
flexão de
número do
verbo
haver
impessoal,
que
também
não se
constrói
com
um
substantivo à
esquerda,
ocorre
com
freqüência no
português do Brasil,
contrariando a
prescrição
tradicional (p.ex. houveram
problemas,
haverão
dificuldades).
Desse
modo, a
não-concordância
verbal no
caso da “voz
passiva
sintética”
provavelmente se deve
menos à
ausência de
um
substantivo à
esquerda, e
mais à
identificação
sintático-semântica
que os
falantes
brasileiros
fazem
entre essa
forma e a
indeterminação
do
sujeito, o
que acarreta
que o SN
posposto
não é, de
fato,
interpretado
por
eles
como
sujeito. Gomes (2000: 71)
relata
que
alunos do
Ensino
Médio de
um
colégio
particular do
Rio de
Janeiro
justificaram
sua
dificuldade
em
realizar a
concordância
culta no
caso da “voz
passiva
sintética”
alegando
identidade de
sentido
entre essa
forma e a
forma de “sujeito
indeterminado”.
Alguns
falantes
brasileiros
cultos,
em
contextos
muito
formais,
ainda observam
a
concordância
verbal no
emprego do
clítico se
com
verbos
transitivos
diretos,
por
força da
pressão normativa. Na
escrita
jornalística
contemporânea,
por
exemplo, é
raro
que a
concordância
com o
SN-paciente
plural
não seja
observada,
segundo
constatação de
Cavalcante (1999). A
gramática normativa
contemporânea
do
português
poderia
incluir essa
situação
entre os
diversos
casos
reconhecidos de
concordância
facultativa.
Tudo indica
que se
trata de uma
mudança
em
curso,
com a
convivência, no
momento
presente, de duas
formas
alternativas,
sendo
que a
ocorrência da
concordância
perde
terreno
dia a
dia. Said
Ali (1966a:
96) observa
que o
português
não realizou
“o
progresso das
línguas irmãs”
(francês,
espanhol e
italiano,
que
não aplicam a
concordância
verbal nas
construções
com o clítico
se), implicando,
assim,
que a
perda da
concordância,
nessas
línguas, foi
uma
mudança
histórica. É
interessante
acrescentar
que,
não
obstante essa
comparação
com outras
línguas
românicas, o
autor descarta
a “explicação”
corrente na
tradição
prescritiva,
segundo a
qual a
perda da
concordância
em
português se deveria à
influência francesa.
Seu
argumento é
irrefutável: a
concordância
ocorre
com
menor
freqüência
entre
falantes
não-instruídos (como
“pintores
de
tabuleta”),
que
não têm
qualquer
contato
com a
língua
francesa,
mas é efetuada
por
intelectuais e
literatos,
conhecedores
do
francês.
Enquanto
muitos
procuram
explicar a
falta da
concordância
nas
ocorrências
dessa
construção, Said
Ali considera
que é a
persistência
da
concordância
em
português
que
precisa
ser explicada, e a atribui
à
influência de
frases de
verbo
pronominal
com
sentido
manifestamente
reflexivo.
Hoje,
porém,
como
visto
acima,
tal
persistência,
que se deve à
pressão normativa,
encontra-se enfraquecida.
O
caráter
anti-intuitivo dessa
regra de
concordância é
atestado
por
ocorrências de
hipercorreção,
que demonstram
que o
falante
não reconhece
diferença
sintático-semântica
entre
verbos
transitivos
diretos, de
um
lado, e
intransitivos
ou
transitivos
indiretos, de
outro, nas
construções
com se,
como no
exemplo
abaixo:
(8)
Não
se tratam
apenas
de motivações
para
que
a
aula
fique interessante. (Jornal
do Brasil. 23/6/02. p.24)
Bagno (2001)
registra
algumas
ocorrências
desse
tipo.
Segundo
Cavalcante (1999: 107), Nunes (1990)
também
apresenta
exemplos de
hipercorreção e afirma
que a
sobrevivência
da
concordância
se deve à “renitência da
gramática normativa”.
Aliás,
não pode
passar
despercebido o
fato de
que a
insistência da
tradição
normativa (seja
nos
compêndios,
seja na
prática de
ensino)
sobre as “formas
corretas” é,
por
si
mesma,
forte
evidência de
que as “formas
erradas”
correspondentes
ocorrem
com
freqüência
significativa
e, do
ponto de
vista
normativo, ameaçadora à
estabilidade
da
língua
padrão.
No
domínio
semântico, a
justificativa
para a
análise
tradicional é a
pretensa
sinonímia
entre a
voz
passiva
propriamente
dita e a “voz
passiva
sintética”.
Tal
sinonímia
não se
verifica
em inúmeros
casos,
como se pode
constatar,
por
exemplo,
comparando-se a
frase (2a),
citada
acima,
com
sua
“equivalente”
em
forma “analítica”:
(2) a. Amam-se poucas
pessoas
neste
mundo.
d. Poucas
pessoas
são
amadas neste
mundo.
Naro (1976), citado
por Cavalcante
(1999: 18), observa
que a
sentença
(9)a. A
mesma
mulher
não
é
amada
duas
vezes
é
ambígua,
podendo
significar
que uma
determinada
pessoa
não
ama a
mesma
mulher
em duas
ocasiões
distintas,
ou
que, uma
vez
que uma
determinada
pessoa amou uma
mulher,
ninguém
mais vai
amar a
mesma
mulher numa
segunda
ocasião. A
equivalente
pronominal,
porém,
só apresenta o
primeiro desses
significados:
(9)b.
Não
se
ama
a
mesma
mulher
duas
vezes.
Nesses
casos, as
supostas equivalentes apresentam
sentidos
obviamente
diferentes. A
rigor,
porém, a
diferença de
sentido é
perceptível
mesmo
nos
exemplos
correntemente
empregados
para ilustar a alegada
sinonímia:
Tem-se dito que a nossa forma reflexiva se
identifica com a voz passiva. Apesar das restrições que todos concedem, que são
forçados a conceder, tenho a afirmação por leviana, a começar pelos exemplos
banais com que a esteiam. Aluga-se esta casa e esta casa é alugada
exprimem dois pensamentos, diferentes na forma e no sentido. Há um meio muito
simples de verificar isto. Coloque-se na frente de um prédio um escrito com a
primeira das frases, e na frente de outro ponha-se o escrito contendo os dizeres
esta casa é alugada. Os pretendentes sem dúvida encaminham-se unicamente
para uma das casas, convencidos de que a outra já está tomada. O anúncio desta
parecerá supérfluo, interessando apenas aos supostos moradores, que talvez
queiram significar não serem eles os proprietários. Se o dono do prédio
completar, no sentido hipergramatical, a sua tabuleta deste modo: esta casa é
alugada por alguém, não se perceberá a necessidade da declaração e os
transeuntes desconfiarão da sanidade mental de quem tal escrito expõe ao
público. (Said Ali 1966a: 98)
Há
casos,
ainda,
em
que a
conversão de
uma
forma na
outra resulta
em
frases
inaceitáveis.
É o
que ocorre
com o
exemplo
Não
se
dança
Beethoven, comentado
por Bagno
(2000: 100),
que
não é
reversível
para ?Beethoven
não
é dançado. O
mesmo se
passa
em
(10) – Posso
namorar o
papai
ou
meu
irmãozinho?
–
Não,
não
pode. O
papai
já é
o
namorado
da
mamãe,
e
irmão
não
se
namora.
(Revista
Meu
Nenê.
Ano
4. No 41.
Setembro
de 2001.
Editora
Símbolo.
p.40)
Em
resumo, o
tratamento
dado à “voz
passiva
pronominal”
com
base na
suposta
sinonímia
entre a
estrutura
frasal
assim
designada e a
voz
passiva
propriamente
dita
não dá
conta de
distinções
importantes
entre as duas
situações; ao
mesmo
tempo, a
afinidade
sintático-semântica
não é
levada
em
conta, tratando-se
como
fatos
distintos a “voz
passiva
sintética” e a
indeterminação
do
sujeito
com o clítico
se.
Não é
novidade,
aliás,
que a
distinção
pouco
nítida
entre os
níveis de
análise
formal e
semântico na
gramática tradicional tem
levado a
inúmeros
problemas
dessa
natureza. Ao
se
justificar a
aplicação de
determinada
análise a uma
forma
com
base na
sinonímia
entre essa
forma e
outra,
acaba-se chegando a
impasses
que, no
limite, inviabilizam a
tarefa
descritiva,
conforme
lembra Perini (1985),
bem
como Said
Ali (1966a:
100):
Guinda-se inquestionavelmente
um
nome
objeto à
altura de
nome
sujeito
com a
troca,
nem
sempre
hábil
ou
exata, de
um ama-se
(a
alguém
ou alguma
coisa)
pela
forma
é
amado,
assim
como
para o
mesmo
fim se
transmuta da
ativa
para a
passiva
qualquer
verbo
transitivo
acompanhado
de
seu
objeto
direto.
Mas
substituir
não é
analisar; e
ou se há de
fazer a
análise das
formas
tais
quais se
apresentam, deixando de
parte os
possíveis
equivalentes estilísticos,
ou a
gramática
não existe.
No
trabalho citado, Said
Ali faz uma
excelente
análise da
construção
com o clítico
se, articulando
argumentos
sincrônicos e
diacrônicos
para
demonstrar
que
não se tem
voz
passiva nesse
caso. Da
leitura desse
texto,
cuja
primeira
edição é de
1908, pode-se
inferir
que a
discussão é
antiga
em
nossa
tradição
gramatical, e
que a
principal motivação
para a
postulação
de uma “voz
passiva
sintética”
por
alguns
gramáticos
teria sido o
incômodo
causado
pela
inexistência
de
um
termo
que pudesse
assumir a
função de
sujeito nessa
estrutura. É o
que
também se
constata no
capítulo
referente aos
verbos
impessoais, no
mesmo
livro:
As
dificuldades
na
análise destes
casos [a) os
verbos
impessoais
que exprimem
fenômenos da
natureza; b)
as
orações
impessoais
em
que se
emprega o
verbo
haver; c) as
orações
em
que
para
não
mencionar o
agente
empregamos o
verbo
acompanhado
do
reflexivo
se] nascem
entre
nós
não
tanto dos
fatos
em
si; resultam
antes do
estarmos
sempre
propensos a
subordinar e
amoldar
todos os
fatos
gramaticais a
certas
doutrinas
tradicionais estabelecidas a priori.
Em
vez de
aceitarmos os
fenômenos
lingüísticos
tais
quais se
apresentam, andamos
geralmente a
procurar
fora da
linguagem
um
termo
reclamado
por
um
princípio
apriorístico. Fantasiamos possibilidades, socorremo-nos de
sujeitos
imaginários,
fingimos a
sua
existência,
ou
então,
sentindo-nos
incapazes de
analisar uma
frase
diretamente,
substituímo-la
por
outra,
lingüisticamente
diversa, e
analisamos a
segunda.
Em
suma,
não
analisamos: sofismamos a
análise. (Said
Ali 1966b: 80)
Esse “desconforto”
que a
inexistência
de
um
sujeito
causa à “análise
lógica”
tradicional,
muito calcada
em
critérios
históricos e
princípios
filosóficos, pode
ser constatado
em
compêndios
gramaticais
mais
antigos,
anteriores à
NGB,
conforme
ilustrado
pelos
seguintes
excertos:
O
pronome se
(...) serve
para
constituir:
(...)
3o A
passividade
pronominal:
[Seguem-se
quatro
casos,
com
especificações
de
estruturas
sintático-semânticas.]
4o
Sujeito
indeterminado:
A)
Sempre
que,
exprimindo
indeterminação,
não haja na
phrase
palavra
adaptada à
função de
sujeito [Exemplos]
B)
Sempre
que,
exprimindo
indeterminação,
o
verbo seja de
predicação
completa e tenha objecto
indirecto [Exemplos]
[Nota:]
Ao publicarmos as
edições
anteriores,
já tinhamos
sentido
necessidade de
admitir o se
como
sujeito,
pois, tendo a lingua a
sua
individualidade
syntactica,
não importa
que o se
provenha de sui, sibi, se
que
não possue
nominativo,
adaptado á funcção de
sujeito.
(...)
Não o
admittindo
como
sujeito, seremos
obrigados a
recorrer a subterfugios
para explicarmos muitas
phrases, taes
como:
vive-se, vae-se, precisa-se de, trata-se de, etc.
Alguns
professores,
sem minimo
fundamento,
reputam erroneas taes construcções,
como
si a
grammatica
não fosse o
registro dos factos da
lingua.
Além disso,
todas as linguas têm
um
pronome
monosylabico, de funcção subjectiva
para
exprimir o
sujeito
indeterminado.
Assim é
que no Francez
existe o
pronome on,
no Inglez one, no
Alemão man.”
(Maciel 1916: 302-304 – 2a ed. 1894)
Esta
explicação [o
pronome se
como
sujeito]
não é
destituida de
senso,
embora
contraria á historia da lingua
até ao
latim,
onde o se,
caso obliquo,
não
poderia
ser
sujeito do
verbo
finito.
(...)
Não é
pequena a
difficuldade de analyse da
passiva
com se.
É
demasiada
subtileza
dizer
que na phrase
‘Louva-se a
Deus’ a
palavra
Deus
não é
complemento
objectivo, e affirmar
que
a
Deus é
sujeito (com
preposição!).
Além disso, ‘Louva-se
a
Deus’
não significa
que ‘Deus
é louvado’, e
apenas
que ‘Deus
é
para
ser louvado, é
digno de
louvor’, da
mesma fórma ‘Vende-se
casas’,
não significa
‘casas
são vendidas’,
mas ‘casas
são
para
vender
ou vendaveis’.
Do
mesmo
modo
analysem-se fórmas
como ‘Aqui
bebe-se
vinho
puro.’ – ‘Em
Roma vive-se
com
pouco.’ – ‘A
que
horas se
come?’.” (Ribeiro
1911: 220 – 16a ed.)
A NGB acabou
por
fixar a classificação de “voz
passiva”
para os
verbos
transitivos
diretos
construídos
com o clítico
se, o
que, no
entanto,
não parece
ter-se
dado
sem
polêmica,
levando-se
em
conta Jucá
Filho (1958).
Nesse
trabalho, o
autor, tendo
deixado a
comissão
encarregada da
elaboração do
anteprojeto da
NGB, apresenta 132
restrições ao
mesmo. Na
restrição de
número 112,
intitulada ‘SE’ INDETERMINADOR, lê-se:
Eis
aqui está uma
palavrinha
que escapou de
sumir-se no abismoso
bornal das
Partículas &
Locuções.
Por
um
triz...
É a
partícula
‘se’,
tratada
como
indeterminadora de
sujeito.
Mas
não podemos
limitar-lhe a possibilidade
sintática.
Porque a
verdade é
que
mais a usamos
como
indeterminadora de
complemento da
passiva.
O
pronome ‘se’,
deixando de
ser
reflexivo
ou
recíproco,
adquiriu no
Português a possibilidade
de
indeterminar uma das
integrações do
verbo.
Se o
verbo tem
três
integrações,
tocado
pelo
condão da
partícula
‘se’,
passa a
ter duas:
Fulano deu
conselhos aos
meninos;
Deram-se
conselhos aos
meninos.
Se tem duas
integrações,
contenta-se
com uma:
Fulano aluga
casas;
Alugam-se
casas.
Se tem uma
integração,
fica
sem nenhuma:
Fulano dorme
melhor
aqui;
Dorme-se
melhor
aqui.
Fulano
precisa
de
auxiliares;
Precisa-se de
auxiliares.
Fulano é
pai
desde
ontem;
É-se
pai
desde
ontem.
Nos
dois
primeiros
casos, a
partícula
não
indetermina
sujeito: indetermina
complemento da
passiva.
Nos
outros é
que
indetermina
sujeito.
(...)
Se compararmos a
construção portuguesa
com a
castelhana:
Alugam-se
casas;
Se alquilan
casas
por mí,
patenteia-se-nos o
valor
indeterminativo daquela
que
praticamos.
Aliás,
ainda no
século XVI
era
possível
dizer:
Alugam-se
casas
por
mim.
Mas o
que
não podemos
hoje
expressar
em
tais
frases é o
complemento da
passiva.”
(pp.112-113)
Nesse
fragmento, a
descrição
inicial do
valor do se
como
indeterminador de uma das “integrações”
do
verbo é
adequada, coadunando-se
com a
análise de
Pimenta-Bueno (1979), citada
acima.
Porém, a
fundamentação
apresentada
para
interpretar o
se
como
“indeterminador de
complemento da
passiva”,
baseada
em
argumento de
natureza
histórico-comparativa,
não pode
servir,
naturalmente,
para
justificar a
adequação de
tal
análise ao
português
contemporâneo. O
autor
não apresenta
justificativa
plausível
para a
diferença de
análise
entre os
dois
primeiros
casos
exemplificados (com
os
verbos
dar e
alugar), de
um
lado, e os
demais (com
dormir,
precisar e
ser), de
outro. A
afirmação
final – “o
que
não podemos
hoje
expressar
em
tais
frases é o
complemento da
passiva” –
seria
igualmente
aplicável ao
sujeito.
Além disso, o
próprio
argumento
histórico é
incoerente.
Afinal, se no
exemplo
ilustrativo do
uso do
século XVI o
clítico se coocorre
com o “complemento
da
passiva”, é
porque
não é essa a “integração”
do
verbo
que está sendo
indeterminada.
Conclui-se,
portanto,
que a
atual
distinção
feita
nos
compêndios
gramaticais do
português
entre “voz
passiva
pronominal” e
“sujeito
indeterminado”
é
fruto de uma
conjunção de
fatores:
em
primeiro
lugar, a
exigência de
que todas as
frases tenham
sujeito,
em
conformidade
com os
príncípios da “análise
lógica”;
em
segundo
lugar, a
primazia
conferida a
argumentos
históricos –
já
que, de
fato, a
construção
com se
foi, no
passado, uma
realização da
voz
passiva – e,
finalmente, a
confusão, generalizada
em
nossa
tradição
gramatical,
entre os
níveis
formal e
semântico de
análise.
Aponta-se
freqüentemente
o “sentido
(ou
valor)
passivo” das
construções
com se
e
verbo
transitivo
direto
como
justificativa
para a referida
distinção,
mesmo
em
obras
que propõem
uma
abordagem
diferente da
tradicional (p.ex.
Neves 2000:
465). No
entanto, o
que se entende
por “sentido
passivo”
nunca é
explicitado – encontra-se,
sim, nessas
obras, uma
descrição
formal da “voz
passiva”.
Em
última
análise,
tem-se uma
tautologia:
alugam-se
casas é
“voz
passiva”
porque o “sujeito”
é
paciente; e
casas é
“sujeito”
porque a
frase tem “sentido
passivo”.
Considerando-se o
significado
como
um
contínuo, de
modo
que
formas
distintas podem assemelhar-se
ou
diferenciar-se,
conforme o
traço
semântico
tomado
como
referência, os
sentidos “passivo”
e “indeterminado”
apresentam,
pelo
menos,
um
traço
comum.
Assim, pode-se
atribuir a
construções
passivas propriamente ditas,
em muitas de
suas
ocorrências
concretas, o
mesmo
valor
semântico-pragmático atribuído
pela
gramática tradicional ao “sujeito
indeterminado”:
Algumas
vezes o
verbo
não se refere
a uma
pessoa
determinada,
ou
por se
desconhecer
quem executa a
ação,
ou
por
não
haver
interesse no
seu
conhecimento.
Dizemos,
então,
que o
sujeito é
indeterminado.
(Cunha
e Cintra 1985: 125)
Quando o
falante
“desconhece
quem executa a
ação”
ou
quando “não
há
interesse no
seu
conhecimento”,
diversas
alternativas
formais estão
disponíveis
em
português, nas
diferentes
variedades:
(11) a. Estão exigindo a
apresentação da
carteirinha de
estudante
no bandejão.
b.
Alguém
está exigindo a
apresentação da
carteirinha de
estudante
no bandejão.
c. Está-se exigindo a
apresentação da
carteirinha de
estudante
no bandejão.
d. A
apresentação da
carteirinha de
estudante
está sendo exigida no bandejão.
e. Tem
gente
exigindo a
apresentação da
carteirinha de
estudante
no bandejão.
f. Neguinho tá exigindo a
apresentação da
carteirinha de
estudante
no bandejão.
Ou seja, o “desconhecimento
ou
desinteresse
sobre a
identidade de
quem executa a
ação” é
um
significado,
não uma
forma. A
tal
significado
correspondem
diferentes
alternativas
de
realização
léxico-gramatical,
entre as
quais a
voz
passiva e o
emprego do
verbo na
terceira
pessoa do
singular
com o clítico
se. O
que se alega
como “sentido
passivo”
nos
casos
em
que o
verbo é
transitivo
direto
não é
mais
que
um dos
traços
semânticos da
voz
passiva,
comum às
construções de
se
com
outros
tipos de
verbos.
É interessante
registrar, a
propósito,
que Said
Ali (s/
data.
pp.173-174) inclui
sob a
designação “sujeito
indefinido”
tanto a
construção
com o clítico
se,
como a
construção
com
verbo na
terceira
pessoa do
plural e o
sujeito representado
por
pronome
indefinido, exemplificando
com as
seguintes
frases:
assassinaram o
ministro;
estão batendo à
porta;
morre-se de
frio;
alugam-se
cadeiras;
desistiu-se da
empresa;
alguém
está batendo.
Não há
qualquer
razão
objetiva
para
sustentar
que o
significado “sujeito
indeterminado”,
definido no
fragmento
supracitado de
Cunha e
Cintra,
não ocorre
também
com
verbos
transitivos
diretos. A
descrição
hoje
corrente resulta numa
situação de
distribuição
complementar,
já
que
um dos
significados
postulados
para as
construções
com o clítico
se – “indeterminação”
ou “passividade”
–
só ocorre
nos
contextos
em
que o
outro
não ocorre.
Esse
fato,
por
si,
já seria
suficiente
para
colocar
em
dúvida a
adequação de
tal
distinção.
Em
síntese, o
pressuposto de
que a
voz
passiva
propriamente
dita e a
construção
com o clítico
se
são sinônimas
é
em
parte
justificado,
pois as duas
construções
efetivamente
partilham uma
propriedade
semântica. No
entanto,
tal
pressuposto e,
principalmente,
a
análise
formal dele
decorrente obscurecem as
diferenças
entre
elas
com
relação a
outras
propriedades
importantes,
não-partilhadas.
Em
termos
mais
gerais,
constata-se
que o
que se
denomina,
hoje
em
dia, “gramática
tradicional do
português”
abarca,
muitas
vezes,
somente uma
parcela da
tradição
gramatical
brasileira: a
mais
recente,
posterior à uniformização
estabelecida
pela NGB. O
contato
com
nossa
tradição
em
sentido
amplo,
incluindo as
obras
mais antigas,
leva a
perceber
que
não há
nada de
natural,
óbvio
ou consensual
na
análise da
impropriamente denominada “voz
passiva
sintética”,
tal
como se
apresenta
amplamente
difundida.
Esse
talvez seja
um
bom
ponto de
partida
para
reavaliar o
lugar
concedido à “tradição”
no
ensino
atual da
língua
portuguesa.
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