OS DEUSES OLÍMPICOS
SUA ETIMOLOGIA E HERANÇA
Eliana da Cunha. Lopes (FGS)
Os doze deuses mais importantes da Grécia antiga, os olímpicos, formavam uma grande família, sempre pronta a brigar entre si.
Todos os olímpicos moravam em um imenso palácio, construído bem acima do nível das nuvens, no topo do monte Olimpo, a mais alta montanha da Grécia.
Utilizaremos em nosso trabalho a etimologia e a herança legada por alguns dos nomes destes deuses.
OLIMPO-i
Olympus, -ī m. Olimpo, montanha entre a Macedônia e a Tessália.
Os principais deuses gregos residiam no Monte Olimpo, em grego Ólympos, nome de etimologia obscura.
ZEUS / JÚPITER
é o mais importante deus do Panteão helênico.
É o supremo deus dos gregos, nome derivado da raiz “DIEU-", que já encontramos no substantivo lat. dies (dia) -> nominativo singular. O substantivo latino deus deriva da raiz DEIEU-, que exprime a idéia de “luzir”, o Luminoso”.
No início da época imperial, a forma divus ficou com um sentido especial, tornando-se o título honorífico de um Imperador “endeusado”. divus Augustus (=Augusto[proclamado] deus).
Os humanistas e os renascentistas recorriam ao mesmo termo para designar um “santo” divus Paulus (=São Paulo).
Zeus é, na opinião dos antigos indo-europeus, o dominador do céu. Seus atributos são o relâmpago e o trovão. Corresponde-lhe em latim arcaico DIES - piter (=Pai da Luz),cujo nome passaria ao latim Juppiter.
É nos Poemas Homéricos que é criada a personalidade de Zeus, rei dos homens e dos deuses Deus que reina nas alturas luminosas do Céu. Na maior parte do tempo, Zeus permanece no cimo do Monte Olimpo.
KRÓNOS / SATURNUS
KRÓNOS, segundo a mitologia grega, era pai de Zeus.
Krónos palavra de origem pré-helênica, talvez, semítica. Pertence à primeira geração divina, a geração dos Titãs.
Krónos é anterior a Zeus e aos Olímpicos. Krónos, esposo de Rheia, devorara sucessivamente seus filhos Posídon e Hades, bem como suas filhas Hera, Deméter e Héstia.
O substantivo grego Khrónos deriva da raiz GHER-/GHOR-, que exprime a idéia de “abranger, abarcar”.
POSÍDON / NEPTUNO
o deus que reina nos mares, é uma das divindades olímpicas, filho de Crono e de Rhéia.
Poseidón (em grego); o nome deste deus apresenta diversas variantes:
Potidás, Poseidán e Poseidáon.
Patidás o primeiro elemento provém da raiz Pot-, que significa “poder” conseqüentemente “quem detém o poder; o dono, o senhor”.
O segundo elemento DA- é provavelmente de origem pré-helênica, que ocorre no nome composto de DE-METER (=Terra-Mãe).
Posídon teria, portanto, o significado de Senhor da Terra, ou segundo outra versão, seria o “dono [=marido] da [deusa] Terra”.
Desde os tempos da Ilíada, Homero o via como deus do mar, representando-o com o tridente- uma espécie de arpão com que os pescadores da magna Grécia apanhavam atuns e delfins.
Na poesia grega é freqüente o emprego do substantivo grego “pósis” (=marido), que deriva de pot-is (=quem possui). Encontramos a palavra no nome próprio Poseidón.
Para os romanos Posídon representa o seu deus Neptunus (Neptuno), cujo nome deve significar o “senhor” do [elemento] líquido.
Neptunus < NEBH-, -Tunus = “quem toma conta de”.
Ex. “Portunus” (= o senhor do porto)
“Nebh”.> substantivo latino nebula, - ae de f. névoa.
DEMÉTER / CERES
Deusa grega da agricultura, era filha de Krónos (=Saturno) e de Réia (Cibele). Em Roma, foi identificada como Ceres.
Há autores que relacionam o nome de Deméter com o substantivo grego “demos”, cujo sentido primitivo é o de “terra comunal”.
Outros autores, com mais razão, vêem na primeira sílaba da palavra o nome da deusa pré-helênica DA (=TERRA).
O nome Deméter significa “TERRA MÃE”.
Na época clássica, Deméter era venerado principalmente como deusa da terra cultivada.
Em Elêusis, cidade perto de Atenas, anualmente era celebrada uma festa em sua homenagem.
A mitologia latina a denomina CERES, cujo nome está relacionado com a raiz do verbo latino CRESCERE (cresco, -crevi, cretum 3ª conjugação) = crescer, brotar. De Ceres originou-se o adjetivo latino cerealis, -e = relativo ao trigo, relativo a Ceres, consagrado a Ceres. Há na língua portuguesa o adjetivo e no substantivo “cereal”.
HERA / JUNO
irmã e esposa de Zeus.
Héra relaciona-se com o substantivo grego héros (=herói), em que se encontra a raiz SERU-/SORU-, que exprime a déia de “guardar, (com) servar”, ocorre no verbo latino observare (observar) e (com) servare (=conservar, guardar), conservo, -as, -are, av, -atum.
Ex. Conservare imperium populi romani (=reconhecer o império do povo romano).
O sentido primitivo do vocábulo servus deve ser o “guardador, vigilante [do gado]. Como este trabalho, geralmente, era função dos criados não livres, o vocábulo SERVUS -i (masc.), adquiriu paulatinamente o sentido de ”escravo”e sendo este o seu sentido no latim clássico
Ex. Português Servo de Jesus.
O vocábulo latim “SERVUS” (=escravo) está em oposição a líber, -era, -erum-adjetivo (=livre, que está em liberdade)
Ex. líber laborum (=livre de trabalho) 8520/
ARES / MARTE
O nome do deus ÁRES está relacionado com o substantivo grego aré (=dano). O deus da guerra é o “Danador” [dos inimigos] ou O Vingador do dano sofrido.
Áres era um dos amantes de Afrodite. Para os romanos era o Deus MARS que originou na língua portuguesa MARTE. De MARS derivam-se as palavras portuguesas “marcial (=belicoso) que provém de bellum, -i=guerra e marciano (suposto habilitante do planeta Marte).
DE BELLO GALICO de César (sobre a guerra da Gália).
APÓLLON / APOLLO
É o deus da justa medida, do comedimento, da moderação.
É também o grande protetor das artes plásticas e da poesia épica. De Apollo formou-se o adjetivo latino “apollineus” (=apolíneo) termo usado na história da civilização e na psicologia desde Friedrich Nietzsche, que o aplicou à tragédia clássica dos gregos.
Ao finalizarmos este esboço, não poderíamos deixa de registrar que os romanos, uma vez conquistados pela cultura grega, muito contribuíram para a divulgação da mitologia grega no mundo ocidental. Entre os poetas que divulgaram esta mitologia, destacaremos o poeta latino Públio Ovídio Nasão em sua obra As Metamorfoses.
Referências Bibliográficas
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro.
GRAVES, Robert. Deuses e heróis do Olimpo. Rio de Janeiro: Thex, 1992. 108 p.
OS DEUSES OLÍMPICOS
SUA ETIMOLOGIA E HERANÇA
Eliana da Cunha. Lopes (FGS)
Os doze deuses mais importantes da Grécia antiga, os olímpicos, formavam uma grande família, sempre pronta a brigar entre si.
Todos os olímpicos moravam em um imenso palácio, construído bem acima do nível das nuvens, no topo do monte Olimpo, a mais alta montanha da Grécia.
Utilizaremos em nosso trabalho a etimologia e a herança legada por alguns dos nomes destes deuses.
OLIMPO-i
Olympus, -ī m. Olimpo, montanha entre a Macedônia e a Tessália.
Os principais deuses gregos residiam no Monte Olimpo, em grego Ólympos, nome de etimologia obscura.
ZEUS / JÚPITER
é o mais importante deus do Panteão helênico.
É o supremo deus dos gregos, nome derivado da raiz “DIEU-", que já encontramos no substantivo lat. dies (dia) -> nominativo singular. O substantivo latino deus deriva da raiz DEIEU-, que exprime a idéia de “luzir”, o Luminoso”.
No início da época imperial, a forma divus ficou com um sentido especial, tornando-se o título honorífico de um Imperador “endeusado”. divus Augustus (=Augusto[proclamado] deus).
Os humanistas e os renascentistas recorriam ao mesmo termo para designar um “santo” divus Paulus (=São Paulo).
Zeus é, na opinião dos antigos indo-europeus, o dominador do céu. Seus atributos são o relâmpago e o trovão. Corresponde-lhe em latim arcaico DIES - piter (=Pai da Luz),cujo nome passaria ao latim Juppiter.
É nos Poemas Homéricos que é criada a personalidade de Zeus, rei dos homens e dos deuses Deus que reina nas alturas luminosas do Céu. Na maior parte do tempo, Zeus permanece no cimo do Monte Olimpo.
KRÓNOS / SATURNUS
KRÓNOS, segundo a mitologia grega, era pai de Zeus.
Krónos palavra de origem pré-helênica, talvez, semítica. Pertence à primeira geração divina, a geração dos Titãs.
Krónos é anterior a Zeus e aos Olímpicos. Krónos, esposo de Rheia, devorara sucessivamente seus filhos Posídon e Hades, bem como suas filhas Hera, Deméter e Héstia.
O substantivo grego Khrónos deriva da raiz GHER-/GHOR-, que exprime a idéia de “abranger, abarcar”.
POSÍDON / NEPTUNO
o deus que reina nos mares, é uma das divindades olímpicas, filho de Crono e de Rhéia.
Poseidón (em grego); o nome deste deus apresenta diversas variantes:
Potidás, Poseidán e Poseidáon.
Patidás o primeiro elemento provém da raiz Pot-, que significa “poder” conseqüentemente “quem detém o poder; o dono, o senhor”.
O segundo elemento DA- é provavelmente de origem pré-helênica, que ocorre no nome composto de DE-METER (=Terra-Mãe).
Posídon teria, portanto, o significado de Senhor da Terra, ou segundo outra versão, seria o “dono [=marido] da [deusa] Terra”.
Desde os tempos da Ilíada, Homero o via como deus do mar, representando-o com o tridente- uma espécie de arpão com que os pescadores da magna Grécia apanhavam atuns e delfins.
Na poesia grega é freqüente o emprego do substantivo grego “pósis” (=marido), que deriva de pot-is (=quem possui). Encontramos a palavra no nome próprio Poseidón.
Para os romanos Posídon representa o seu deus Neptunus (Neptuno), cujo nome deve significar o “senhor” do [elemento] líquido.
Neptunus < NEBH-, -Tunus = “quem toma conta de”.
Ex. “Portunus” (= o senhor do porto)
“Nebh”.> substantivo latino nebula, - ae de f. névoa.
DEMÉTER / CERES
Deusa grega da agricultura, era filha de Krónos (=Saturno) e de Réia (Cibele). Em Roma, foi identificada como Ceres.
Há autores que relacionam o nome de Deméter com o substantivo grego “demos”, cujo sentido primitivo é o de “terra comunal”.
Outros autores, com mais razão, vêem na primeira sílaba da palavra o nome da deusa pré-helênica DA (=TERRA).
O nome Deméter significa “TERRA MÃE”.
Na época clássica, Deméter era venerado principalmente como deusa da terra cultivada.
Em Elêusis, cidade perto de Atenas, anualmente era celebrada uma festa em sua homenagem.
A mitologia latina a denomina CERES, cujo nome está relacionado com a raiz do verbo latino CRESCERE (cresco, -crevi, cretum 3ª conjugação) = crescer, brotar. De Ceres originou-se o adjetivo latino cerealis, -e = relativo ao trigo, relativo a Ceres, consagrado a Ceres. Há na língua portuguesa o adjetivo e no substantivo “cereal”.
HERA / JUNO
irmã e esposa de Zeus.
Héra relaciona-se com o substantivo grego héros (=herói), em que se encontra a raiz SERU-/SORU-, que exprime a déia de “guardar, (com) servar”, ocorre no verbo latino observare (observar) e (com) servare (=conservar, guardar), conservo, -as, -are, av, -atum.
Ex. Conservare imperium populi romani (=reconhecer o império do povo romano).
O sentido primitivo do vocábulo servus deve ser o “guardador, vigilante [do gado]. Como este trabalho, geralmente, era função dos criados não livres, o vocábulo SERVUS -i (masc.), adquiriu paulatinamente o sentido de ”escravo”e sendo este o seu sentido no latim clássico
Ex. Português Servo de Jesus.
O vocábulo latim “SERVUS” (=escravo) está em oposição a líber, -era, -erum-adjetivo (=livre, que está em liberdade)
Ex. líber laborum (=livre de trabalho) 8520/
ARES / MARTE
O nome do deus ÁRES está relacionado com o substantivo grego aré (=dano). O deus da guerra é o “Danador” [dos inimigos] ou O Vingador do dano sofrido.
Áres era um dos amantes de Afrodite. Para os romanos era o Deus MARS que originou na língua portuguesa MARTE. De MARS derivam-se as palavras portuguesas “marcial (=belicoso) que provém de bellum, -i=guerra e marciano (suposto habilitante do planeta Marte).
DE BELLO GALICO de César (sobre a guerra da Gália).
APÓLLON / APOLLO
É o deus da justa medida, do comedimento, da moderação.
É também o grande protetor das artes plásticas e da poesia épica. De Apollo formou-se o adjetivo latino “apollineus” (=apolíneo) termo usado na história da civilização e na psicologia desde Friedrich Nietzsche, que o aplicou à tragédia clássica dos gregos.
Ao finalizarmos este esboço, não poderíamos deixa de registrar que os romanos, uma vez conquistados pela cultura grega, muito contribuíram para a divulgação da mitologia grega no mundo ocidental. Entre os poetas que divulgaram esta mitologia, destacaremos o poeta latino Públio Ovídio Nasão em sua obra As Metamorfoses.
Referências Bibliográficas
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro.
GRAVES, Robert. Deuses e heróis do Olimpo. Rio de Janeiro: Thex, 1992. 108 p.