ASPECTOS DA
COESÃO TEXTUAL
EM
REDAÇÕES DE
VESTIBULAR
Esta
comunicação
resulta de algumas
reflexões
e
inferências
preliminares
sobre
a
produção
de
texto,
objeto
de
pesquisa
que
venho desenvolvendo no
Departamento
de
Letras
Clássicas e Vernáculas da
Universidade
Federal
Fluminense
– OS ARTICULADORES
TEXTUAIS
NO
ENSINO
/ APRENDIZAGEM DE
PORTUGUÊS
LÍNGUA
ESTRANGEIRA
–
que
tem
por
objetivo
central
identificar
e
comparar
o
uso
dos articuladores
textuais
na
língua
escrita
por
alunos
brasileiros
e
por
alunos
de
português
língua
estrangeira,
cuja
língua
materna
é o
espanhol.
Escolhemos,
como
corpus de
pesquisa
brasileiro,
redações de
vestibular (no
caso da UFF)
por tratar-se
de
alunos
em
fase
final do
ensino
médio de
cujos
textos se
espera
que possam
manter-se na
modalidade e
nos
limites
solicitados, mostrando
que o
candidato será
capaz de
inter-relacionar
idéias e
argumentar; expressar-se
com
vocabulário
apropriado e
em
estruturas
lingüísticas
adequadas e
bem articuladas,
realizando a
coesão
textual.
A
experiência,
no
entanto, tem
apontado sérias
dificuldades
que os
candidatos
apresentam na
realização de
seus
textos
referentes à
prova de
redação.
Esse
fato traz à
reflexão
algumas
questões
recorrentes no
ensino de
língua
portuguesa
que tem sido
tradicionalmente
desenvolvido
em
nosso
país,
enfatizando a
metalinguagem,
sob
enfoque
gramaticalista,
extremamente
insatisfatório
em
relação ao
uso adequado
da
língua nas
diversas
situações de
comunicação.
O
ensino
sistemático de
língua na
escola
média, privilegiando uma
perspectiva
descritiva e prescritiva, tem-se mostrado
inoperante,
já
que os
alunos
não apreendem
tal
ensino e
nem adquirem
proficiência no
nível
culto de
sua
própria
língua nas
habilidades
básicas:
falar,
ler,
compreender e
escrever.
As
queixas
em
relação à
deficiência do
ensino /
aprendizagem de
língua
portuguesa se avolumam e
cada
grau de
ensino
responsabiliza o precedente
pelo
fracasso dos
alunos
que
não conseguem
ordenar e
expor
claramente
suas
idéias.
Não conseguem,
em
conseqüência,
ler o
mundo,
porque
não podem
interpretá-lo,
não se
constituindo,
pois,
em
agentes da
própria
aprendizagem.
Esta
questão
já há
muito
levantada
por
alguns
pesquisadores
(como
Magda
SOARES, Samir
Curi MESERANI, Maria
Helena
SILVEIRA,
Mary KATO, Rodolfo ILARI,
Sírio POSSENTI, Ingedore
KOCH
entre
outros)
continua a
ser o
foco
central da
insatisfação
de
professores e
alunos na
consecução de
um dos
objetivos do
ensino de
língua
portuguesa:
tornar o
aluno
um
produtor e
um
leitor
eficiente de
textos. Os
textos
escritos de
nossos
alunos apontam
deficiências
na
articulação
dos
elementos de
conteúdo,
isto é,
em
situar a
idéia
que
desenvolvem no
espaço e/ou
no
tempo,
bem
como no
estabelecimento
das
relações
lógico-semânticas
que encaminham
a
coesão e a
coerência
textuais.
Diferente tem
sido a
prática no
ensino do
português
como
língua
estrangeira,
que vem
ganhando
densidade
com as
novas
políticas do
Ministério da
Educação e o
das
Relações
Exteriores no
que se refere
à
expansão do
ensino da
língua e da
cultura do
Brasil.
Já
começa a se
firmar
entre
nós (professores
brasileiros de
português
língua
estrangeira) a
sistemática de
desvincular o
ensino de uma
tradição
gramaticalista,
com
especial
enfoque
para os
aspectos
metalingüísticos. Procura-se
um
equilíbrio
entre a
necessária
reflexão
gramatical e
os procedimentos dos
métodos
comunicativos,
no
sentido de
garantir ao
aluno a
possibilidade de
interação
social na
fala e na
escrita.
Nosso
trabalho se insere,
pois, nesse
contexto,
para
pesquisar,
em
textos de
brasileiros
com a
escola
média
completa, o
uso
efetivo (ou
a
omissão) dos articuladores
textuais
ou
encadeadores do
discurso,
bem
como a
realização dos
mecanismos
lingüísticos
da
coesão frásica,
comparando a
mesma
situação
em
textos de
alunos
estrangeiros
de
português (com
nível de
escolaridade
semelhante),
cuja
língua
materna seja o
espanhol.
A
partir da
análise do
quadro
pesquisado, verificaremos o
nível de
aquisição desses
elementos
lingüísticos
indispensáveis
ao
domínio da
língua
escrita
em
seu
registro
escrito
culto,
tanto
pelos
brasileiros,
como
pelos
estrangeiros.
Ao
final da
pesquisa,
com o
resultado
desse
levantamento,
apresentaremos
um
quadro
real de
uso de
conectores
interfrásticos no
desenvolvimento
das
relações
lógico-semânticas do
texto,
bem
como de
outros
aspectos
lingüísticos
da textualidade.
Assim,
disporemos de
material
importante
para
direcionar,
metodologicamente, a
aquisição de
tais
articuladores discursivos e dos
elementos
lingüísticos
que ocorrem no
nível sintagmático
por
alunos de
português
língua
materna e
língua
estrangeira.
Então,
poderemos
elaborar
um
material
didático
capaz de
atender à
real
necessidade de
estudantes de
língua
portuguesa
com
vistas ao
desenvolvimento
de
competências e
habilidades
indispensáveis
à
produção de
língua
escrita.
Neste
sentido, esta
pesquisa
parte de uma
hipótese
básica
que se bifurca
em
dois
aspectos:
1º – de
que os
alunos
brasileiros e
estrangeiros
apresentarão
dificuldade no
uso
variado dos
articuladores
textuais,
limitando as possibilidades da
exposição de
suas
idéias de
forma adequada;
ou,
ainda, de
que prefiram
os
processos da
coordenação
como
estratégia de
esquiva à
subordinação ;
2º – de
que
através do
trabalho
com os
articuladores
textuais,
por
exemplo, os
articuladores de
relações
espácio-temporais; os
indicadores de
relações
lógico-semânticas e os articuladores meta-enunciativos, o
ensino da
língua
escrita pode
processar-se de
modo
produtivo
tanto
para
brasileiros
como
para
estrangeiros.
A
hipótese de
vincular os procedimentos
para o
ensino de
língua
materna e de
português
como
língua
estrangeira
fundamenta-se na
percepção de
que as
circunstâncias,
em
especial, dos
alunos da
escola
pública
brasileira
tornem o
processo de
aquisição / aprendizagem
do
português
culto
padrão
semelhante,
sob
certos
aspectos, ao
de uma
língua
estrangeira.
É
relevante,
pois,
estabelecer uma
taxionomia
funcional
básica,
referente ao
que se pode
chamar de
mecanismos de
coesão
textual e, a
partir desse
corte,
orientar o
ensino da
língua
portuguesa
para
brasileiros e
estrangeiros.
Para
tanto,
comecemos
por
conceituar
texto
como uma
unidade
construída
por uma
série de
frases
encadeadas
sintática e
semanticamente,
sob a
orientação de
um
tema,
cumprindo uma
finalidade
comunicativa.
Segundo
Koch & Travaglia (2002, p.8-9), o
texto
apresenta-se
como
uma
unidade
lingüística
concreta
(perceptível
pela
visão
ou
audição),
que
é
tomada
pelos
usuários
da
língua
(falante,
escritor,
ouvinte,
leitor),
em
uma
situação
de
interação
comunicativa
reconhecível e reconhecida,
independente
de
sua
extensão.
Parte-se do
princípio
de
que,
como
textos,
as
redações
de
vestibular,
para
produzirem os
sentidos
desejados, participam de
um
contexto
situacional e discursivo apresentando-se
como
objetos
coesos
internamente
e
coerentes
com
o
mundo
representado.
Dentre
os
mecanismos
de
coesão
gramatical
que
passaremos a
analisar,
destacar-se-ão a
coesão
frásica e a
coesão
interfrásica (Inês Duarte in:
Mira
Mateus,
2003). Entendemos a
coesão
como
todos
os
processos
de seqüencialização (anafórica
ou
catafórica)
que
estabelecem uma
ligação
significativa
entre
os
elementos
da
superfície
textual
e
que
permitem a
progressão
do
desenvolvimento
temático.
Tais
processos
são
assim
representados
em
“Aspectos
lingüísticos
da
organização
textual”
(Duarte in:
MATEUS,
2003, p.90):
Mecanismos
de
coesão
textual
↓ ↓
Coesão
gramatical
coesão
lexical
↓
Coesão frásica
Coesão
interfrásica
Coesão
temporal
Paralelismo
estrutural
Coesão
referencial
Na
situação
atual da
pesquisa
já possuímos
alguns
dados da
coesão
textual ,
em
relação aos
textos de
brasileiros,
que
nos permitem
discutir
alguns
aspectos
lingüísticos
da
organização
textual,
especificamente no
que se refere
à
realização do
mecanismo da
coesão
gramatical
em
redações de
vestibular de
2002 da UFF.
Os
dados
lingüísticos
do
corpus
já pesquisado
nos permitem
analisar a
coesão frásica
e a
coesão
interfrásica, apontando algumas
inferências
sobre a
modalidade
textual “redação”.
Entende-se
por
coesão frásica
(DUARTE, 2003) a ativação de
mecanismos
lingüísticos
no
nível sintagmático: a)
ordem das
palavras no
sintagma;
concordância
nominal
interna do
sintagma e
relação de
dependência
entre
núcleo e
seus
determinantes;
b)
uso de
formas
casuais dos
pronomes e de
preposições
que regem
relações
gramaticais;
c)
concordância
verbal (sujeito
e
verbo),
concordância
nominal (sujeito
e
predicativo do
sujeito,
objeto e
predicativo do
objeto) e
por
coesão
interfrástica , os
processos de
seqüencialização dos
tipos de
interdependência
semântica
através de
dois
processos: a
paratax
ou
coordenação (“colocar
ao
lado de”) e a
hipotax (“colocar
sob”)
ou
subordinação.
Passaremos,
então, a
registrar
exemplos de
problemas
nos
mecanismos de
coesão frásica
e interfrásica retirados de
redações de
vestibular da
UFF,
com
notas de
padrões
diferenciados (de 3,0 a 7,0).
Mecanismo da
coesão frásica:
a)
Emprego do
possessivo de
forma inadequada
...
como
exemplos o
Globo e o
jornal
Extra
que
são da
mesma
empresa,
mas
com
leituras
totalmente
diferentes
para
que
suas
classes
sociais
respectivas fiquem satisfeitas
com
seus
conteúdos.
...são
passados
para o
público
dosadamente e
bem elaborado
para
que as
classes
sociais fiquem
satisfeitas
com
suas
notícias de
uma
forma
bem
ética e
bem
coloquial.
b)
Não
realização de
concordância
nominal
Com
isso
concluímos
que todas as
informações e
notícias
desses
respectivos
meios
são
passados
para o
público
dosadamente e
bem elaborado
para
que as
classes
sociais fiquem
satisfeitas
com
suas
notícias de
uma
forma
bem
ética e
bem
coloquial.
Diariamente, o
telejornal e o
jornal
impresso,
atendendo às
suas
necessidades
de
audiência, provocam a
atenção do
público
através do
sensacionalismo
que, muitas
vezes,
são deturpados
da
realidade.
Procurando
ser
cada
vez
mais
íntimo do
leitor
ou
para
fins
ilegais
como
manipulação
política
ou ideológica
essas
empresas de
comunicação
podem
encaminhar o
pensamento do
leitor...
O
jeito
como é
passado uma
reportagem de
fundo
crítico e a
austeridade
com
que
lhe é
divulgada, pode
vir a
mudar o
viés de uma
pessoa...
Englobado
em
termos
atuais, o
jornalismo
impresso e
telejornal...
c)
Não
realização da
concordância
verbal (sujeito
/
predicado)
Englobado
em
termos
atuais, o
jornalismo
impresso e
telejornal,
promove
este
tipo de
atitude,
porque...
Assim é
importante
que a
linha
editorial
destas
empresas de
comunicação
não seja
restrita.
Elas
devem
apresentar
vários
tipos de
apresentação dos
fatos...
As
pessoas
mais
carentes,
sem
estudo,
não tem
tanto
interesse
em
ler, tem
preguiça de
ler
jornais de boa
qualidade...
O
jornal
impresso e o
telejornal
que
nos mostram as
curiosidades e
as
realidades de
um
povo,
mostra
também a
importância de
se
Ter
um
povo
com
educação...
O
jornal
impresso e o
telejornal
são
fundamentais,
mas é
preciso
Ter
senso
crítico e
filtrar as
informações,
para
que
não torne
nossa
mente
mecanizada
com uma
visão
apenas.
O
poder de
trazer
notícias
preciosas à várias
camadas
sociais, o
jornal e o
telejornal tem
também o
poder de
indução de
todo
um
povo...
d)
Problemas de
regência (verbal
e
nominal),
pontuação inadequada
com
separação no
sintagma
oracional e
uso
generalizado e
recorrente de
pronome
possessivo
sem
referência
precisa.
Os
jornais
em
geral,
são
uma
fonte de
informação
para a
população.
Os
meios de
informação
no
qual
vem sendo
mais usados
ultimamente
são os
jornais e a
televisão.
... é
que a
sociedade fica
ciente dos
acontecimentos,
tanto de uma
grande
metrópole
quanto à
aquela
pequena e
desconhecida
cidade.
Uma
pessoa de
mente
apta
do
real
problema
que
em
sua
maioria está
mascarado na
notícia,
quando a
lê ...
Enfim,
logram de
êxito
os
que buscam
analisar e
estudar
profundamente
assuntos
ecléticos ...
e)
Problemas
generalizados de
concordância
nominal,
relação
núcleo e
determinantes,
uso inadequado
de
referência
pronominal
Seu
público
alvo
começa na
criança de
um
ano de
idade e vai
até o
mais
idoso.
Juntas,
com
toda essa
capacidade de
manter
um
povo
informado,
não é
suficiente
para
um
povo
brasileiro
que na
maioria
não tem
acesso a
eles
ou
pela
falta de
escolarização.
f)
Uso inadequado
de “se”
partícula de
indeterminação
do
sujeito, criando
mudança
brusca de
focalização
Uma
notícia de
jornal é
como
que
um
retrato da
realidade e,
como
qualquer
retrato,
haverá de Ter-se uma
perspectiva....
Mas,
nem
sempre é
assim,
pois,
muitos
ainda
trabalham
com
ética,
tentando
informar
sem
que se
faça do
leitor uma
simples
marionete.
Esta brevíssima exemplificação ilustra as
dificuldades
que o
aluno,
já
com o
ensino
médio
completo, apresenta na
produção de
texto
escrito. Há várias
rupturas,
uso inadequado e
falta de
domínio do
mecanismo
que permite a
coesão
textual e
que assegura uma
ligação
significativa
entre os
elementos
lingüísticos no
nível sintagmático. Desse
modo, o
texto
não se apresenta
como uma
unidade dotada de
sentido,
para transformar-se num
acúmulo de
frases desorganizadas sintaticamente
em
que a
progressão do
tema
não se
efetiva.
Não se
trata de
simples
omissão de
pronome anafórico, de
um
emprego inadequado de
tempo
verbal,
ou de alguma
imperfeição de
pontuação,
mas de
visíveis
desarticulações na estruturação
textual.
Examinaremos,
agora,
exemplos de
realização da
coesão interfrásica. Duarte (2003, p.91) afirma
que a
coesão interfrásica “é assegurada
por
processos de seqüencialização
que exprimem
vários
tipo de
interdependência
semântica das
frases
que ocorrem na
superfície
textual”, implicando,
portanto,
dois
grandes
processos
sintáticos: a
coordenação e a
subordinação. O
uso adequado do
mecanismo da
coesão interfrásica é
fundamental na
especificação das
relações de
sentido
entre os
enunciados de
que se compõe a
superfície
textual,
isto é, garante a
unidade de
um
texto.
A
conexão se realiza
por
meio de
conectores (conjunções,
conectores adverbiais e preposicionais) e de
pausas. Convém
acrescentar os
enunciados reduzidos
que estabelecem
vários
tipos de
relação sintático-semântica,
embora
sem
conectivos
expressos.
No
estágio
atual da
pesquisa
que desenvolvemos, os
dados
são
ainda
insuficientes
para a
apresentação de
um
quadro
completo da
articulação
entre as
frases,
mas algumas
inferências
já merecem
registro:
a)
predominância da paratax (frases
“ao
lado de”),
em
seqüências no
parágrafo e
entre os
parágrafos , algumas
vezes, desconexas.
1– A
televisão é
um
forte
agente de
controle de
massa,
incentivando a
opinião
crítica,
mas
influenciando de
acordo
com os
seus
interesses.
O
telejornal
deve
Ter a
parte das
notícias, pode
Ter
um
comentário de
um
crítico,
porém
não deve
Ter
por
trás das
notícias a
opinião do
jornal.
2–
Jornal e
televisão os
principais
veículos de
informações.
Ambos
com o
objetivo de
instruir,
informar,
mas
que
muitos
não seguem
essa
risca deixando
as
pessoas
alienadas. Foram censurados ‘na
época da
Ditadura
Militar,
devido ao
Ato
Institucional
número
cinco (AI –5).
Cooperam
para
que o
cidadão
brasileiro possa
ser
capaz de
formular
idéias e
pensamentos
próprios,
esses
veículos
tentam ao
máximo
não
transparecer
suas próprias
idéias.
b)
uso generalizado do
gerúndio
1–
Por
trás dos
meios de
informação,
encontra-se a
imprensa,
fator
determinante
para a
obtenção e
distribuição
das
informações,
tendo
como
prioridade
agir
com
ética, criando
a
imparcialidade,
sem
que haja a
deturpação das
informações e
a
divulgação de
seu
viés.
2–
Portanto
cada
cidadão ao
assistir a
um
telejornal
ou
ler
um
jornal, deve
interpretar as
notícias
transmitidas e
não
somente aceitá-las.
Percebendo-se
que o
poder de
influência destas diminui
no
momento
em
que o
pensamento
crítico é
incentivado.
c)
falta de uma
estruturação “visível”
do
desenvolvimento
do
parágrafo –
exemplo:
por
contraste,
causa e
conseqüência,
exposição de
idéias,
afirmativa
justificada,
apresentação de
razões,
resposta à
pergunta
retórica,
temporalidade etc.
d)
presença de
conexões paratáticas
em
forma de “listagem”
1– O
jornal
impresso e o
telejornal,
tem
por
finalidade,
transmitir ao
seu
determinado
público,
notícias
sobre
fatos
ocorridos. Estas
notícias
deveriam
apenas
relatar o acontecido,
deixando
que
seus
leitores e
telespectadores
se utilizem de
seus
sensos
críticos e
formulem uma
opinião
própria
sobre o
assunto.
e)
preferência
pelo
uso de encadeadores do
discurso:
1– “porém,
mas”
para as
relações de
oposição
2– “portanto,
assim,
em
vista disso”
para a
área da
conclusão
3– “pois”
para a
justificativa
ou
explicação
4– “para
que”
para a
área da
mediação
ou
finalidade
f)
menor
freqüência de
ocorrência de
conectores do
tipo
lógico
que dão
conta das
relações
que o
locutor estabelece
entre o
conteúdo de duas
proposições.
Considerações
finais
Entendemos
que a
redação se
transformou,
em
nossa
prática
pedagógica,
em
um
modelo de
texto
com
características
próprias: trata-se de
texto de 20 a
25
linhas,
centrado
em
tema
sobre
conhecimento
do
mundo e/ou
conhecimento
partilhado,
em
que o
emissor deve
provar
sua
habilidade
discursiva
escrita.
Assim,
emissor e
receptor devem
ter
um
entendimento
do
mundo
com
certo
grau de
amplitude e de
semelhança. A
produção de
sentido de
um
texto depende
de
modo
expressivo do
conhecimento
de
mundo
que possa
ser
ativado e
compartilhado.
Nos
texto
examinados,
sob esta
perspectiva,
torna-se
muito
vulnerável a
fronteira
entre
recuperação da
memória
discursiva
social e o
clichê
que impede a
progressão
textual ,
enfatiza a
redundância,
reduzindo o
grau de
informatividade . O
conjunto
dessas
redações tem
tornado
evidente o
falho
desenvolvimento
da
expressão
escrita dos
alunos,
vinculado à
dificuldade de
formulação de
um
pensamento
autêntico
sobre o
conhecimento
de
mundo. Pode-se
perceber nessas
provas de
redação dos
candidatos uma
certa
preocupação
quanto às
partes de
um
texto:
introdução,
desenvolvimento
e
conclusão; no
entanto,
restringe-se ao
uso
formal de
alguns
conectivos e
de encadeadores de
discurso (assim,
além disso,
por
fim) na
superfície
textual,
sem
correspondência
verificável
com a
progressão
textual do
tema. A
menor
incidência de
conectores do
tipo
lógico
que encaminham
a
argumentação
do
texto pode
ser uma das
evidências da
falta de
centramento no
tema proposto
que, de
modo
geral, vem
sendo
tratado de
forma
apenas
tangencial,
sem o
relevo
necessário ao
seu
desenvolvimento.
Talvez
já possamos
começar a
sugerir procedimentos
pedagógicos
que visem a
superar os
problemas
detectados na
exposição
escrita das
idéias,
nos
textos de
redação.
Para
ampliar o
domínio da
língua
escrita e da
capacidade de
leitura e
interpretação,
podemos
relembrar
alguns
tipos de
exercícios
que,
embora
conhecidos,
talvez
não estejam
sendo realizados sistematicamente,
como
por
exemplo:
–
ler
em
silêncio e
depois
reproduzir
oralmente,
com
clareza o
que foi lido;
–
dividir
um
texto
em
seqüências
ou
partes, dando
um
título a
cada uma;
–
elaborar a
síntese das
idéias
principais de
um
texto;
–
expor a
linha argumentativa do
texto;
–
apresentar uma
contraposição às
idéias de
um
texto;
–
escrever
um
parágrafo (ou
um
texto
maior) enfatizando
relações de
contraste, de
causa e
conseqüência etc;
–
iniciar
ou
concluir uma
seqüência de
texto respeitando uma
idéia
núcleo;
–
substituir
em
textos
dados os
conectores
por
outros de
valor
semelhante;
–
arrolar os
conectivos e
expressões
que expressam a
causa e a
conseqüência ;
–
especificar as
relações
semânticas de
enunciados reduzidos e de
pausas.
Essa
pequena
lista,
apenas
ilustrativa, aponta o
imenso
trabalho
que os
professores de
língua portuguesa têm
pela
frente no
sentido de tornarem
seus
alunos
leitores e
produtores
competentes de
textos.
BIBLIOGRAFIA
KOCH, Ingedore;
Travaglia, Luiz Carlos.
Texto
e
coerência.
São
Paulo: Cortez, 2002.
DUARTE, Maria
Inês.
Aspectos
lingüísticos
da
organização
textual. In:
MIRA
MATEUS,
Maria
Helena
et al.
Gramática
da
língua
portuguesa. Lisboa:
Editorial
Caminho,
2003, p.86-123.
Tema da
redação [
após a
leitura de
texto
verbal e
de
textos
não-verbais] : “Até
que
ponto o
jornal
impresso e
o
telejornal
“engessam”
ou
incentivam o
pensamento
crítico do
público-alvo?”