AS
PRÁTICAS
DE
LEITURA
E DE
PRODUÇÃO
TEXTUAL
MEDIADAS
PELAS
NOVAS
LINGUAGENS
TECNOLÓGICAS
Marina
Coelho
Moreira Cezar
Marco Antonio
Paulini Lopes
Introdução
O
propósito deste
artigo é
repensar as
relações
entre o
ensino de
língua
portuguesa e as
novas
linguagens
tecnológicas mediadoras do
conhecimento,
analisando
como a
tecnologia
interage de
forma
sistemática e
significativa
nas
práticas de
escrita e
leitura no
dia-a-dia da
sala de
aula,
fomentando
um
trabalho de
qualidade,
ainda
que,
por
exigir uma reformulação
no
processo
ensino-aprendizagem, muitas
vezes haja
resistência às mudanças
trazidas
por esta
nova
realidade
educacional.
Para isso, serão abordados três aspectos: a
questão do surgimento de um novo meio de comunicação - o ciberespaço, onde o
usuário passa a ser também interagente do processo, operador, participante da
mensagem, podendo alterá-la, personificá-la, modificá-la à vontade -; a
necessidade de o professor estar preparado para formar leitores e produtores de
textos não meramente informativos nesse novo espaço e a web como valiosa
ferramenta na introdução de novas estratégias na compreensão e produção
textuais.
No
entender de
Bastos
(1997), a
realidade
educacional de
hoje tende a
ser
tecnológica, o
que vai
exigir de
todos,
principalmente,
do
professor o
entendimento e
a
interpretação
de
tecnologias.
Por
isso,
para
que
sua
práxis
não fique à
parte dessa
realidade, o
docente deve
assumir uma
atitude crítico-reflexiva
que qualifique
o
uso das
tecnologias de
informação
(TI) no
processo
ensino-aprendizagem.
Com os
novos
paradigmas
que se
articulam no
mundo de
hoje advindos
das inúmeras transformações no
mundo
moderno, o
professor tem de
assumir uma
nova
postura no
cotidiano da
escola,
instituição
que,
segundo
Lévy (2000:8), se baseia no
falar/ditar
do
mestre, há
cinco
mil
anos e
só
nos
últimos
quatrocentos
anos chegou ao
uso moderado
da
impressão.
Vive-se
um
momento de
crise
econômica, de
paradigmas,
crises de
identidade e
desregulação na
organização do
trabalho. O
sistema
educacional
enfrenta
dificuldades
para
gerenciar essas
transformações,
assim
como
adequar os
modelos de
formação a
esse
tempo de
constantes
mutações. As
inovações
tecnológicas invadem a
vida
cotidiana e
colocam os
profissionais
da
educação
frente a
desafios
incomuns. Levy
(2001) anuncia
que
nos
primeiros
decênios do
século XXI,
mais de 80%
dos
seres
humanos terão
acesso ao
mundo
virtual. O
ciberespaço
será o
epicentro do
mercado, o
lugar da
criação e
aquisição do
conhecimento,
o
principal
meio da
comunicação e
da
vida
social.
(Maciel,2001, p.48)
Num
país
em
que 15
milhões dos
brasileiros
com 10
anos de
idade
ou
mais
são
analfabetas, de
acordo
com
dados do
Censo de 2000,
e
que
só 25% de 15 a
62
anos têm
domínio
pleno da
leitura e
conseguem
localizar
informações
em
um
texto,
segundo
Pesquisa do
Ibope/Instituto
Paulo Montenegro e da ONG
Ação
Educativa (O
Globo:
9/9/2003, p.3), o
desafio enfrentado pelas
instituições
educacionais é
não
apenas
incorporar as
novas
tecnologias de
informação
como
mais
um
instrumento de
apoio ao
ensino de
português,
mas
também
reconhecer as
concepções
que o
aluno tem
sobre estas
tecnologias e
a
partir delas,
elaborar,
desenvolver e
avaliar
práticas
pedagógicas
que promovam o
desenvolvimento
de uma
reflexão
sobre os
conhecimentos
aprendidos e
assim
otimizar os
usos
pedagógicos
destes
novos
meios nas
aulas de
português.
O
professor deve
ficar
atento
para
não
incorrer no
discurso
pedagógico
que se
dissimula
sob a
capa de
transmissor de
informação,
ou de
cientificidade (apropriando-se da
linguagem
científica),
deixando
em
segundo
plano a
reflexão
sobre os
fatos,
esquecendo-se do
seu
papel de
mediador das
novas
tecnologias.
No ensino de Língua Portuguesa, que é o nosso
objeto de estudo, é necessário que se busque melhorar a eficácia das aulas de
leitura e de produção textual, levando os alunos a perceber que as ferramentas
das TI transformam radicalmente as formas de comunicar, assim como as de
trabalhar, de decidir, de pensar. (Perrenoud, p.125)
A
MODALIDADE
COMUNICACIONAL
EMERGENTE – O
CIBERESPAÇO
A interconexão mundial de
computadores (Internet)
faz
surgir
um
novo
espaço de
interação: o
ciberespaço,
onde a
mensagem pode
ser alterada,
transformada, à
vontade,
personalizada de
acordo
com a
intencionalidade do
usuário
que
passa,
portanto, a
ser
também
interagente,
operador,
participante da
mensagem.
O modelo emissão-mensagem-recepção não está mais
centrado, como no passado, na transmissão de informações fechadas, praticamente
imutáveis, mas sim na interatividade, que abre infinitas possibilidades de
modificações pelo receptor, o que vai redimensionar o papel de todos os agentes
envolvidos com os processos comunicativos, inclusive nos que ocorrem nas salas
de aula, como observa Cristal (2002) ao dizer que no futuro [a Internet] será a
principal maneira pela qual nos comunicaremos. Essa mudança do tipo de
comunicação que se dará daqui a alguns anos é igualmente defendida por Perrenoud
(p.128): no ritmo em que vão as coisas, a comunicação por correio eletrônico e a
consulta à Web (World Wide Web) irão tornar-se tão banais quanto o uso do
telefone. Há alguns dias, a televisão mostrou uma tribo indígena
brasileira dando seus primeiros passos na infovia.
A correspondência eletrônica, meio de comunicação
que vem se expandindo rapidamente, caracteriza-se pela instantaneidade, rapidez,
volatilidade e fluidez da mensagem. Quando se recebe uma carta, vinda pelos
Correios, após a sua leitura, ela é guardada em uma gaveta, um armário, etc., ou
pode-se relê-la em outros momentos (às vezes, já amarelecida pelo tempo). Depois
de ler um e-mail e de tomar conhecimento do seu conteúdo, o usual é
deletar, ou arquivar por algum tempo, ele só será impresso se se quiser lhe dar
um destino similar ao da correspondência tradicional.
Essa
rapidez e
fugacidade da
comunicação
mediada
pelo
computador
cria o
que vem sendo
chamado de
estilo Web (writingweb),
em
que se
misturam os
códigos
oral,
escrito e
icônico,
onde a
noção de
erro,
tão
cara aos
compêndios
didáticos,
passa a
ser relativizada e as
impropriedades
gramaticais,
os
problemas de
pontuação,
ortografia e
acentuação,
por
exemplo,
passam a
ser
vistos
sob
nova
ótica: a da
pressa, a do
imediatismo.
Neste
sentido
Cristal
assinala
que se
deixar de
fora a
pontuação
em
um
e-mail,
ninguém dirá
que
ele
não conhece ‘gramática’,
provavelmente dir-se-á
que
‘Crystal está
com
pressa’.
(2002)
Cabe
aqui
lembrar
que
para
isso,
possivelmente terá contribuído o
fato de
que,
nos
primórdios do
computador
pessoal (PC)
no Brasil, os
primeiros
teclados (dos
velhos XT)
eram importados e,
por
isso,
precisavam
ser adaptados.
Um
exemplo disso
era o ç,
letra do
alfabeto
português,
que
não havia nas
línguas de
origem (principalmente
o
inglês) dos
aparelhos
importados naquela
época.
Para produzi-lo, tinha-se
de
operar
alguns
comandos:
digitar o
sinal do
acento
agudo ´
e
depois o c,
o
que levava o
usuário, muitas
vezes
em
função da
rapidez, a
escrever
coracao
em
lugar de
coração.
Com as TI, surge, no dia-a-dia, uma grande
variedade de textos e de linguagens. Neologismos são criados, há uma presença
maciça de palavras estrangeiras (inglesas, primordialmente).
O aspecto gráfico passa a ter um papel
fundamental, modificando e multiplicando ainda mais todos os significados do
texto; a linguagem tem de ser simples, direta; os parágrafos e as frases
tornam-se mais curtas; os textos mais sintéticos - poupando o tempo do leitor.
Pesquisas apontam para o fato de que, no monitor, o internauta pára de
ler um texto quando chega à vigésima linha.
Novas
convenções
simbólicas surgem,
principalmente,
nas
salas de
bate-papo (chats)
comumente freqüentadas
por
jovens.
São usados:
a)
Emoticons
ou smileys:
elementos
gráficos
que auxiliam
na
comunicação
on-line
demonstrando o
forte
predomínio da
função
emotiva da
linguagem
nesse
tipo de
comunicação.
:-) - “Sorriso",
:-( - "Estou
triste",
`;-) - "Piscadela",
[] - "Abraço",
etc.
b)
Netiquetas:
regras
comportamentais utilizadas
on-line
por
usuários da
internet
que facilitam
a
comunicação
uma
vez
que
todos falam ao
mesmo
tempo.
Escrever
com
letras
maiúsculas,
por
exemplo,
significa
estar gritando
com o
interlocutor;
procurar
não
enviar
mensagens
abreviadas desnecessárias
para
grupos, o
que
aumenta o
tráfego na
internet e
congestiona as
caixas de
correio.
c)
Neologismos:
palavras
criadas
por
usuários
para
otimizar
ou
identificar
comunidades
lingüísticas:
gateen,
5entao, (assim mesmo, sem til)
broteen, e outros.
d)
Abreviaturas
que facilitam
a
comunicação
instantânea:
tc ( teclar),
blz (beleza),
rs (risos), etc.
Os
livros
didáticos
usados no
dia-a-dia da
sala de
aula
já começam a
registrar essas mudanças;
como se pode
ver no
texto
abaixo tirado
do
livro de
FARACO E TEZZA (2001:28-9). É a
transcrição de
um
fragmento de
uma
sala de
bate-papo:
(17:50:57) Leticia/14
fala
para Lake 0 Fire: c tem, é?
(17:51:19)
G@T@!!!
grita com
M@rcinho:
Vc esta comigo ou com “ESSA”...G@T@ manhosa????????
(17:51:28)
G@T@
manhosa grita com
M@RCINHO:
DE SAMPA, E VC DEVE SER O MAIOR GATINHO, TÔ TE ADORANDO, ADORO IR AOS
BARZINHOS!!!!!!!!!!!!!
(17:51:37) O Surfista grita com TODOS:
ALGUMA GAROTA AFIM DE TC?
(17:51:41) Leticia/14: Ninguém pode ir até a sala
1..... larguem mao de serem egoistas.......
(17:51:50)
G@T@
manhosa grita com RENATO/19/SP: VC TEM 19 ANOS?
(17:51:56) Sedutor grita com M@RCINHO:
prefira a gatinha manhosa ´já que o namorado dela é meio assim
(17:51:59) Leticia/14 fala para Lake 0
Firee: ce é fanzao, hein???????
(17:52:03) Graziela reservadamente fala para
TODOS: A´LGUEM QUER TC?
(17:52:31) TK fala para Mari: TO AFIN DE
TE CONHECER
(17:52:37) Leticia/14 fala para Lake o Fire:
eu acho q foi a tonta da Courtney q matou ele!
(17:53:34)
G@t@
manhosa grita com
G@T@!!!:
NATHÁLIA, EU VI AQUELE GATO MA-RA-VI-LHO-SO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(17:53:35)
Lobo+solit@ario
grita com TODOS: E aí, tem alguma gatinha afim de tc???
(17:54:16) Sedutor
grita com
G@T@!!!
bem e aí o que vc me diz de ter um magico ao seu lado beijando seus labios
úmido. Que tal?
(17:55:18) Xande MTX grita com TODOS: BOA
TARDE GALERA!!!!
A
FORMAÇÃO DE
LEITORES E
PRODUTORES DE
TEXTOS
A
leitura e a
produção
textual ocupam
espaço
importantíssimo na aprendizagem
porque têm
papel
decisivo e
fundamental na
capacidade de
reflexão,
expressão e
criação de
novas
informações e
conhecimentos.
O discurso passa a ser visto justamente como a
“instrumentação” do modo de se produzir linguagem, como efeito de sentidos entre
emissores e receptores, enquanto parte de um funcionamento social geral e não
mais como mera transmissão de informação. Os emissores, os receptores, a
situação, o contexto histórico-social, as condições de produção constituem o
sentido da seqüência verbal produzida.
É preciso ter consciência de que quando se diz
algo, alguém o diz de algum lugar da sociedade, com determinada
intencionalidade, para outro alguém que também está em algum lugar da sociedade
e isso faz parte da significação da enunciação. Neste sentido, faz parte da
estratégia discursiva prever, situar-se no lugar do receptor,
antecipando representações, a partir de seu próprio lugar de emissor.
Por isso, o aluno deve ser levado a fazer
correlações e estabelecer hipóteses, a desenvolver a compreensão, o raciocínio,
a refletir também sobre o seu uso lingüístico. Estas demandas exigem uma melhor
formação global do professor de língua portuguesa.
Formar
para as
novas
tecnologias é
formar
para o
julgamento, o
senso
crítico, o
pensamento
hipotético e
dedutivo, as
faculdades de
observação e
de
pesquisa, a
imaginação, a
capacidade de
memorizar e
classificar, a
leitura e a
análise de
textos e
imagens, a
representação
de
redes, de
procedimentos e de
estratégias de
comunicação. (Perrenoud,
p.128)
Os
recursos
tecnológicos
disponíveis
poderão
ser de
grande
valia no
aprimoramento
da
leitura e da
produção de
textos
desde
que o
aluno tenha a
orientação de
um
professor
que
saiba
conduzi-lo
para
um
uso
pertinente dos
softwares
e da
metodologia de
pesquisa na
internet.
Caso
isso
não ocorra, o
acesso ao
ciberespaço
não trará
praticamente
nenhum
benefício
ou
inovação à
leitura e à
construção
textual.
Valente (1999)
afirma
que o
docente
que queira
implantar
soluções
pedagógicas inovadoras deverá
conhecer,
sobretudo, o
lado
técnico-funcional dos
programas e da
Internet.
Logo, conhecer os programas utilizados no
computador é importantíssimo para o professor, pois levar o aluno a compreender
tais linguagens, recursos, mecanismos expressivos e comunicativos contribui não
só para o aperfeiçoamento de sua capacidade de expressão, mas também amplia suas
possibilidades de participação ativa na vida social como produtor e leitor
coerente de textos.
Dominar os recursos oferecidos pelas novas
tecnologias, como as ferramentas de corte, de realce; explorar recursos como
salvar um arquivo, apagar e reescrever um texto, quantas vezes isso for
necessário, levará o aluno a aprender a melhorar seu texto, construindo um
conhecimento novo, articulando-o com outros previamente elaborados e pensados.
compartilhados, reorganizados e renovados por tantos quantos forem os
interlocutores (navegadores) interessados ou, a quem ele seja oferecido.
Por conseguinte, é importante para o professor
conhecer os programas utilizados no computador e, principalmente, na Internet e
usá-los com proficiência, levando o aluno a compreender que tais linguagens,
recursos, mecanismos expressivos e comunicativos contribuem para a ampliação e
aperfeiçoamento do seu saber expressivo, da sua competência lingüística. (Coseriu,
1980).
A
CONTRIBUIÇÃO
DAS
NOVAS
TECNOLOGIAS
NA
SALA DE
AULA
A
informação
elaborada
em
um
mundo
fragmentário e
instantâneo,
como o
nosso,
revela-se
um
problema e uma
solução
para uma
melhor
aprendizagem. No
primeiro
caso, o
excesso de
informação
cria
um
sentimento de
vazio no
aluno,
pois
ele tem a
impressão de
que está
sempre
perseguindo alguma
coisa a
ser conquistada,
aprendida,
sem
nunca
conseguir alcançá-la; no
segundo, há
uma revalorização da
busca
incessante do
saber, uma
vez
que, a
cada
instante,
novas
informações
incrementam
esse
saber.
A profusão de
linguagens
simultâneas -
verbal e
não-verbal (modalizadores autonímicos,
imagens,
sons,
ilustrações
móveis) – das
novas
tecnologias
reflete
bem o
tempo
em
que vivemos.
Um
novo
tipo de
inteligência está surgindo
e a
escola
não pode
ignorá-la.
[...] A
leitura
desenvolve-se no
seu
tempo. É uma
operação
analítica,
duplamente
abstrata:
tem-se
que
fazer a
análise
gramatical e,
depois, a
análise
lógica.
Curiosamente
são as duas
primeiras
que se
realizam na
escola. O
homem
que
lê é
um
homem
dedutivo,
racional,
analítico,
rigoroso,
preciso.
Só se pode
contemplar uma imagem, ao contrário, “submergindo-se” nela. É uma operação
sintética que principalmente é realizada de forma global. A atual profusão de
imagens e sons está dando lugar ao nascimento de um novo tipo de inteligência –
ou segundo Pierre Levy a sua extensão( grifo nosso). ( Ferres, 1996: 93 - apud
Kawamura)
Ainda
que
alguns
estudiosos
como Babin &
Kouloumondjian (1989) critiquem o
uso exacerbado
de
imagens e de
sons, uma
vez
que,
segundo
eles,
muita
informação
desse
tipo
dificultaria o
espírito
crítico e a
capacidade de
raciocinar,
tal
tese tornou-se
irrelevante
com o
advento das
novas
tecnologias,
pois as
linguagens
interagem neste
ambiente e
fazem o
usuário
interagir
(interatividade).
O
aluno
utilizará as
imagens
como
um
suporte
para
modelar a
reflexão,
fomentar a
intertextualidade e o
hipertexto, e
não
como
um
mero
ícone da
informação
alienante.
No
ensino da
Língua
Portuguesa, a
real
importância
dessa
tecnologia é
introduzir
novas
estratégias e
habilidades na
compreensão e
na
produção
textual
com o
uso de
multimídias
em
pesquisa,
design
e
projetos.
As
novas
ferramentas de
suporte
digital
constituem, nesse
sentido,
um
enriquecimento
considerável
do
ambiente de
aprendizagem:
edição de
textos,
hipertextos,
correios
eletrônicos,
grupos de
discussão,
ferramentas de
composição e
de
criação
musical,
visual,
audiovisual,
ferramentas de
simulação e de
interação,
programação
robótica,
ferramentas de
visualização e
de
navegação,
etc.” (Lévy, 2001).
Em
termos de
linguagem, uma
das
ferramentas de
extrema
valia é o
hipertexto,
porque, na
sua
essência,
ele modifica a
interface da
escrita.
A
leitura
em
hipertexto
exige do
leitor,
sobretudo, uma
posição
ativa,
que tende a
neutralizar a
distinção
entre o
que Barthes
(1980) denominava
texto de
leitor e
texto de
escritor. O
início e o
fim da
leitura,
assim
como o
seu
trajeto, é
definido
pelo
leitor.
Em
cada lexia/página,
ele é
obrigado a
eleger,
entre os
links
disponíveis, o
rumo de
sua
leitura, (re)
criando, desse
modo
seu
texto
individual – o
texto
que
procura, as
informações de
que necessita.
É
ele
quem define o
que é ‘central’,
‘complementar’, ‘paralelo’,
etc. (Magalhãe e Castro, 1999)
O
hipertexto
caracteriza-se
por
ser:
a)
Não-linear: apresenta uma flexibilidade desenvolvida na forma de ligações
permitidas/sugeridas entre nós que constituem redes que permitem a elaboração de
vias navegáveis.
b)
Volátil: são passageiras todas os escolhas (links), sendo um fenômeno
essencialmente virtual.
c)
Topográfico: é um espaço de escritura e leitura sem limites definidos para se
desenvolver. O que dificulta a identificação dos limites textuais.
d)
Fragmentário: há uma constante ligação de partes em geral breves com possíveis
retornos e fugas.
e)
De
acessibilidade ilimitada: acessa todo tipo de fonte: dicionários, museus, obras
científicas, literárias, arquitetônicas, etc.
f)
Multissemiótico: caracteriza-se pela possibilidade de interconectar
simultaneamente a linguagem verbal com a não-verbal de forma integrativa.
g)
Interativo: possibilita a interconexão em uma comunidade lingüística entre
vários navegadores em tempo real.
O
professor
diante do
potencial
que as TI
disponibilizam e, de
certa
forma, se materializam
em uma
página da web,
pode
criar
um
link
ou
mesmo uma
palavra e o
aluno,
com
um
simples
toque do
mouse,
visualizará uma
imagem
que está sendo
descrita graficamente, ouvirá
um
som, uma
música;
ou pode
programar
esse
recurso de
tal
forma
que o
aluno ao
ler uma
determinada
parte do
texto terá
acesso a uma
foto, a
um
filme, a
um
flash,
a
um
outro
texto, etc.
A
apropriação desses
recursos
permite ao
professor
visualizar
caminhos
para
estabelecer a
sua
rede de
aprendizagem
com o
auxílio das
imagens, dos
sons,
direcionando
melhor o
aluno,
servindo
como
mediador do
conhecimento
diante do
discente
que é o
sujeito de
sua
própria
formação.
CONCLUSÃO
Não se pode
ficar à
margem das
inúmeras transformações
que estão
ocorrendo no
mundo e
que
são
irreversíveis,
pois,
quer queiramos
ou
não,
isso vem se
refletindo nas
formas de
ensino e
impactando-as. Os
recursos das
TI podem
melhorar o
processo
ensino-aprendizagem, contribuindo
para a
formação de
melhores
leitores e
produtores de
textos.
As TI estão alterando a maneira de ler,
interpretar e construir textos, criando
condições para maior interação entre as modalidades falada e escrita e segundo
Halliday (apud Marcuschi, 2000), fazendo emergir novas formas de discurso.
Em uma
escola
democrática,
plural,
preocupada
em
formar
cidadãos
conscientes e
profissionais
competentes, o
professor de
não pode
ficar
alheio às
inovações
tecnológicas,
nem
ignorar as
ferramentas
que permitem
formar uma
rede
virtual de
informações,
potencialmente
infinita
em
relação às
suas
fronteiras e
aos
seus
limites,
sob o
risco de
seu
discurso e
prática
pedagógicos
serem estéreis
ou
apresentarem-se
retrógrados,
não atingindo
o
aluno
que
já
vê, muitas
vezes,
com
naturalidade o
uso de
tais
recursos.
Para
que
isso
não ocorra, é
necessário o
docente
familiarizar-se
com as TI,
despindo-se de
possíveis
preconceitos,
aprendendo a mover-se nesse
novo
espaço –
cibernético -, no
mundo do
bate-papo
via
Internet, do
hipertexto,
das
mensagens do
correio
eletrônico (e-mails),
dos Blogs, das
listas de
discussão, de
textos
variados, compreendendo
que os
recursos
disponíveis
são
aliados do
projeto
pedagógico e
que a
reflexão e a
liberdade de
escolha
são as
chaves
que dão
acesso ao
conhecimento.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
BABIN, P & KOULOUMDJIAN,
M. F. Os
novos
modos de
compreender.
São Paulo:
Edições
Paulinas, 1989.
BASTOS, João
Augusto de
Souza
Leão de
Almeida.
Educação e
tecnologia.
Educação
&
tecnologia.
Revista
Técnico
Científica dos
Programas de
Pós-graduação
em
Tecnologias
dos CEFETs PR/MG/RJ, Curitiba,
ano I, abr.
1997, pp, 4-29.
COSERIU, Eugenio.
Lições de
lingüística
geral.
Rio de
Janeiro: Ao
Livro
Técnico S/A,
1980.
CRYSTAL, David. O
triunfo da
indisciplina
na
evolução da
linguagem web.
Rio de
Janeiro, 4
jan. 2002.
Disponível
em: http: //
www.
terra.
com. br/
informática.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão.
Prática de
ensino:
para
estudantes
universitários.
9 ed. Petrópolis,
Voz\es,
2001.
FERRÉS, J.
Vídeo e
educação.
Porto
Alegre:
Artes médicas,
1996.
LÉVY, Pierre.
As
tecnologias da
inteligência: o
futuro do
pensamento na
era da
informática.
Rio de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
2001.
MACIEL,
Ira Maria. EAD:
construindo
significados.
Revista
ADVIR,
Rio de
Janeiro, p.
47-55,
set. 2001.
MAGALHÃES, Maria Alice; CASTRO, Nivalde.
Bibliotecas
Virtuais:
Portais
para a
Comunidade
Científica. In
SBC 99.
Rio de
Janeiro, 19-23
jul. 1999.
PERRENOUD, Philippe. 10
competências
para
ensinar
convite à
viagem.
Porto
Alegre: Artmed, 200011.
CASTRO, Nivalde J. de, 6.
VALENTE, José
Armando.
Informática na
educação: uma
questão
técnica
ou
pedagógica.
Porto
Alegre: Artemed. In:
Revista
Pátio:
Tecnologias
Educacionais –
ano 3, no. 9
maio/julho,
1999.