O
Modernismo
no
Rio
de
Janeiro
Bandeira
e Mário
Matildes Demetrio
dos
Santos
(UFF)
Bandeira
e Mário nas
cartas
Mas
conversar
assim
como
nós
estamos fazendo
agora
é uma
delícia.
Mário de Andrade
(MORAIS,
2000: 212)
Mário de Andrade
entregava-se
prazerosamente
ao “estilo
epistolar”
na
convicção
de
que
a
carta,
mais
do
que
a
memória
autobiográfica,
seria a
oportunidade
de
documentar
sua
história
pessoal,
registrar
ações
e
situações,
surpreender
reflexões
sem
correr
o
risco
de
ser
considerado “um
boca
do
inferno,
danado,
deformador,
invejoso
e
mentiroso!”
(Cf. DUARTE, 1985: 332)
Para
ele,
o
memorialista
tinha
tempo
de
selecionar,
organizar
subjetivamente
os
fragmentos
de
sua
existência
e
esse
processo
seria uma
maneira
de
deturpar
a
verdade.
Ao
passo
que
o missivista,
ainda
que
afeito
à
seleção
e
ordenação
dos
fatos,
retém o
transitório
e está
sob
o
olhar
vigilante
do
destinatário,
leitor
escolhido e
testemunha.
Para
Mário, a
carta
era
um
método
que
lhe
facultava a
leitura
do
mundo
à
sua
volta;
um
processo
singular
que
abarcava
acontecimentos
em
tempo
e
espaço
determinados.
Mas
como
o
presente
da
escrita
torna-se
passado
no
ato
de
leitura,
essa
descontinuidade
de
tempo
e
espaço
permitia-lhe o
repensar
do
mesmo
assunto,
configurando
novas
significações.
Além
disso, a
carta
é uma
espécie
de
memória
apoiada na
amizade
e na
confiança,
Mário falava de
si
mesmo
com
sofreguidão.
Agia
como
alguém
que
sentia a
necessidade
de
indagar
do
outro,
de confessar-se, de
proclamar
impressões
e
sentimentos
com
franqueza
e
impaciência.
Para
Michel Foucault, Mário é o missivista
que
se
deixa
enxergar
de
dentro
e o
destinatário
é
elevado
à
categoria
de
um
deus,
com
passagem
livre
pelos
estados
mais
secretos
da
alma
que
tão
generosamente
se
deixa
“olhar”.
A
amizade
de Mário
por
Bandeira,
descobre-se na
correspondência,
nasceu de uma
completa
identidade
afetiva:
“Você
afinal
sou
eu
mesmo”.
(Cf.
MORAES, 2000: 290)
Antes
mesmo
de
conhecer
o
poeta
pernambucano,
ele
o admirava e o “procurava” na
leitura
de
seus
textos.
O
primeiro
encontro,
em
1921, na
casa
de Ronald de
Carvalho,
foi
fruto
de uma
vontade
consciente:
o
poeta
saiu de
São
Paulo, levando na
mala
um
volume
de Paulicéia
desvairada,
com
o
propósito
de se
fazer
conhecer.
Ao
relembrar
esse
encontro
na
carta
de 6 de
junho
de 1922, confessa: “Realizei
meu
desejo.
Voltei
contente”.
O
amigo
é reconhecido
como
o
ser
único,
aquele
que
corresponde
divinamente
ao
seu
conceito
de
amizade
pura
e
desinteressada.
Nos
momentos
de
solidão,
rendia-se
incontinente
à
dependência
do
outro,
dizendo
ser
o
homem
mais
feliz
do
mundo
por
ter
um
amigo
leal
e
tão
bondoso.
Havia, de
fato,
uma
articulação
perfeita
entre as duas
personalidades.
No
entanto,
Manuel
Bandeira,
mais
concentrado,
fazia
questão
de
lembrar
que
se tratava de uma
amizade
que
nascera e crescia
em
cartas.
Era
um
“face
a
face”
à
distância,
sem
as
asperezas
do
dia-a-dia.
E essa
fecundação
íntima,
rodeada de
silêncios
fazia a
sua
diferença.
Bandeira
observava
que
o
próprio
Mário, nas
cartas,
era
espontâneo,
pedia
explicações,
esculhambava, escancarava o
verbo
sem
nenhum
pudor.
Na
vida,
era
discreto,
reservado,
nebulosamente
“paulista”.
Ele,
por
sua
vez,
reagia no
calor
da
hora,
admirava a
natureza
múltipla
do
amigo
e se preocupava
demais
com
ele.
Na
carta
de 16 de
dezembro
de 1925, o
remetente
do
Rio
descreve as
sutilezas
que
distinguiam uma e
outra
personalidade:
Há uma
diferença
grande
entre
o
você
da
vida
e o
você
das
cartas.
Parece
que
os
dois
estão
trocados:
o das
cartas
é
que
é o da
vida
e o da
vida
é
que
é o das
cartas.
[...]
Você
esteve na
minha
casa
aqui
e
não
cometeu a
menor
indiscrição:
Não
olhou
pra
nada.
Eu
quando
fui à
sua,
escrafunchei
tudo.
Você
tem uma
natureza
retalhada de
mil
direções
afetivas e
certas
coisas
que
eu
não
saberia
dizer
agora
quais
são
me
aporrinham [...]
Mas
ainda
isso
eu
poderia
explicar
do
seguinte
modo:
eu
carrego uma
porção
de
coisas
que
eu
não
sei
exprimir;
você
sente essas
coisas
como
eu
por
exemplo
a
vida
brasileira;
quando
eu
vejo uma
coisa
dessas
expressa
por
você
sinto uma
doçura
indefinível
–
tão
doce
que
agora
fiquei
com
os
olhos
cheios
de
água
só
de
aludir
a
isso!
No
seio
dessas
diferenças,
o
leitor
dessas
cartas
surpreende a
trama
desenhada
por
esses
dois
homens:
Bandeira
acreditava
em
Mário
como
“cabeça
e
coração”.
Admirava
sua
inteligência
e
sua
firmeza
de
caráter.
Aos
seus
olhos,
o
jovem
modernista
era
um
intelectual
consciente
das
exigências
de
sua
arte
e
fortemente
empenhado na
tarefa
de
construir
uma
nova
mentalidade
artística
e cultural
para
o
país.
Era,
de
fato,
um
valor
inestimável
para
o Brasil naquele
momento
em
que
as
novas
idéias
sobre
a
brasilidade
ganhavam
peso
e
sentido
histórico.
Ele,
ao
contrário,
não
postulava
para
si
nenhuma
missão
revolucionária,
considerava-se fisicamente
um
inválido,
com
“lesões
teoricamente
incompatíveis
com
a
vida”,
repetindo as mesmas
palavras
do
médico
que
o auscutara no
sanatório
de Clavadel, na
Suíça,
em
1914.
Por
isso,
apesar
de se
sentir
estimulado
pelos
modernistas,
não
fora
a
São
Paulo
por
ocasião
da
Semana
de
Arte
Moderna;
porque
não
se sentia à
vontade
em
um
grupo
heterogêneo
que
buscava
um
modernismo
ostensivo,
pautado no nihilismo das
convenções
estéticas
tradicionais, repudiando o
soneto,
os
versos
metrificados e as
rimas.
Procurava manter-se
relativamente
distante
das
polêmicas
modernistas, preferindo o
diálogo
epistolar
com
um
interlocutor
que
considerava a
pessoa
certa
para
desempenhar
a
missão
de
implantar
e
disseminar
o
credo
modernista
A
carta
de 31 [de
maio
de 1923], é,
sem
dúvida,
um
documento,
um
depoimento
que
manifesta
as
razões
que
nortearam
Bandeira
na
sua
disposição
de
apoiar
e
contribuir
para
a
formação
de Mário de Andrade
como
o
protótipo
do
novo
intelectual
que,
através
de
suas
obras,
aliava
originalidade
e
reflexão
crítica.
Por
isso
afirma:
Tens aquela
profundidade
de
sentimento
que
faltou a
todos
os
nossos
poetas,
salvo
talvez
Cruz
e Sousa. É
entre
nós
o
único
temperamento
integralmente
e
harmoniosamente
moderno.
Todos
nós
outros
somos
mais
ou
menos
adesistas; assimilamos o
pensamento
e a
técnica
moderna,
e
artistas
que
sobretudo
somos,
demos
à
nossa
arte
mais
essa
maneira
de
ser.
Tu,
não.
O
verso
livre
moderno
é o
teu
único
instrumento
de
expressão
como
poeta.
Terias
certamente
falhado,
se tivesses nascido na
geração
de Bilac. Creio
firmemente
que
estás vivendo a
época
da tua
alma.
Eis
porque
deposito
tanta
fé
em
ti.
Este
fragmento,
simples
e
direto,
contém uma
exposição
de
idéias,
de
sentimentos
e de
convicções
estéticas
que
apontam, na
perspectiva
crítica
de
Bandeira,
a
figura
de Mário de Andrade
como
o
artista
que
personificava a modernidade:
ninguém
mais
do
que
ele sofria e vivia
sua
obra
e
seu
pensamento.
Por
essas
razões,
o
poeta
pernambucano
adotava, muitas
vezes,
a
postura
espontânea de
um
mestre
ocupado
em
fornecer
conselhos
e
opiniões
que
facilitassem o
trânsito
de Mário
entre
os
seus
contemporâneos.
De
fato,
Mário recorria aos
amigos
com
a
mesma
naturalidade
com
que
se fazia
íntimo.
Costumava
dizer
que
as
amizades
o ajudavam a
vencer
as
lutas
e
vicissitudes
da
vida.
A
tal
ponto
seguia
esse
princípio
que
não
vacilava
em
procurar
os
amigos
até
quando
não
tinha
assunto
nenhum
a
tratar,
só
pela
vontade
de
conversar
e de
ter
alguém
palpitando ao
lado.
Porém,
essa
natureza
fraterna
que
sofria
horrores
quando
encontrava
resistências
às
suas
determinações,
não
suportava as
intrigas
e os
mal
entendidos
quando
estes
atingiam a
sua
individualidade.
Nesses
momentos,
a
atuação
de Bandeira é
exemplar
ao ocupar-se de questões que têm uma
ligação
direta
com
os
problemas
pessoais
do
amigo
que
perdia
um
tempo
precioso
sofrendo
com
os aborrecimentos causados pelo embate
entre
os
opositores
da
nova
mentalidade
artística.
Na
carta
de 13 de
outubro
de [1924], pode-se
ler:
Que
direi dos
teus
aborrecimentos? Devo passar-te o
meu
natural
pessimismo?
Das outras
vezes
que
me
escreveste
coisas
análogas, hesitei
muito
e contive-me. É
que
sinto
deveras
teres
necessidade
do
meio
amical
para
criares.
Mas
o
meio
amical
não
existe!
Tu
devias
aprender
a
passar
sem
amigos,
amigos
literatos.
Com
literatos
e
artistas
só
há duas
atitudes
possíveis:
1.ª
ser
intratável,
isto
é,
guardar
isenção
absoluta
de
ânimo;
2.ª
ser
irônico,
não levar
nada
a
sério,
dançar
de
ombros.
A 1.ª
atitude
é,
sem
dúvida
alguma, a
melhor,
a
mais
nobre.
Requer,
porém,
uma
força
de
coração
acima
das nossas possibilidades de
sentimentais.
Ou
então
ser
duro.
Nem
eu
nem
tu
somos
assim.
Bem
sei o
que
sucede: vivemos balotados (
que
galicismo
gostoso!
É
como
maquilhada)
entre
as duas
atitudes.
Põe de
lado
essa desconfiança
entre
Rio
e
São
Paulo. A
coisa
desagradável existiria
mesmo
que
ambos
formassem
um
São
Paulo
maior.
O
que
há é a
repugnante
ambiência
literária...
como
me
sinto
sempre
desajeitado
no
meio
dela!
Ao
escrever,
Manuel
Bandeira
pontua o “seu
natural
pessimismo”,
no
entanto,
a
longa
correspondência
registra
um
missivista
irônico,
inclinado ao
gracejo
e ao
trocadilho.
A
eficácia
do
seu
discurso
se revela na
superposição
de
dois
discursos
narrativos
que
podem
ser
decodificados
pelo
uso
de
palavras
de
duplo
sentido,
palavreado
vulgar
e
alusões
divertidas
que
fazem
pensar,
encobrindo o melancólico
que
se
valia
da
imaginação
como
consolo
para
as
dores
e desilusões da
experiência
que
eram a
saúde
precária,
a
falta
de
dinheiro,
a
dificuldade
em
arranjar
editor
para
seus
livros,
o
pouco
interesse
do
mercado
em
promover
a
arte
nacional.
O
humor
era
uma
forma
consciente
de
também
quebrar
a
seriedade
de Mário
que
vivia
doente,
endividado
mas
sempre
trabalhando e pesquisando
muito.
Através
do
riso,
Bandeira
pretendia desarmá-lo de
suas
preocupações,
oferecendo-lhe uma
válvula
de
escape
contra
as
tensões
do
cotidiano.
O
remetente
procurava
ser
divertido
até
quando comentava
episódios
desagradáveis,
como
o
que
ocorreu
com
dois
talentosos
artistas
brasileiros,
o
violinista
Leônidas Autori e João de Souza
Lima,
pianista
e
compositor
que
foram ignorados
pelo
público
do
Rio.
“Ouvi o Autori.
Violinista
extraordinário.
Sala
vazia!
Desistiu dos
dois
outros
concertos.
Souza
Lima
desistiu do 1.º ! ORAMERDA! É
preciso
esperar
cem
ânus!”
A
força
do
grito
em
caixa
alta
negra
e o
trocadilho
que
o
leva
a
empregar
“ânus”
em
vez
de “anos”
expressam a
revolta
do
poeta
contra
um
público
que
rejeita os
talentos
da
terra.
Por
outro
lado,
o
tom
despachado
do missivista,
sua
expressão
livre
e
autônoma
eram
estratégias
conscientes a
fim
de
fazer
com
que
o
outro
também
se redefinisse numa
isenção
de
ânimo.
Mário estava
sempre
disposto
a
demonstrar
sua
afetividade
e insistia na
tese
de
que
ambos
estavam ligados
por
afinidades
espirituais
que
tinham o
poder
de
excluir
do
campo
de
suas
relações
as
tensões
e
contrariedades.
Preso
a essa
certeza,
ele
afirma na
carta
de 11 de
julho
de 1928: “Você
está
convencido
que
me
compreende
bem
e classifica
bem
as
minhas
caraminholas e
eu
estou
convencido
de
que
entendo a
sensibilidade
que
você
bota
dentro
das
poesias
gênero
doença”.
Diferente
do
amigo,
Manuel
Bandeira
considerava a
amizade
um
sentimento
que
podia
ser
agitado
e transformado no entrecurso das
relações.
Ele
sentia
agudamente
que
nenhum
indivíduo poderia
viver
uma
existência
bem
resolvida
em
relação
a
outra
pessoa.
Aceitava a
idéia
de
que
havia uma
ética
profissional
e uma
interação
de
estímulos
entre
eles,
no
mais,
eram
independentes
e de
temperamentos
distintos.
Dizia
que
a
insistência
de Mário na
crença
das
afinidades
eletivas,
só
desnudava
sua
própria
fragilidade emocional.
Ele
explica
em
28 de
julho
de 1928:
Não
estou
convencido
absolutamente
de
compreender
você.
Nem
você
nem
ninguém.
Eu
vivo
perplexo
diante
de
toda
a
gente.
Se às
vezes
tomo
atitudes
de
compreensão
é a
fim
de
simplificar
e de
fazer
de
conta
para
poder
agir
[...]
Em
carta
quando
tem sucedido
isso,
eu
respondo
segundo
a
minha
reação
pessoal,
não
com
outro
fim
que
não
seja
contagiar
você
com
uma
maneira
de
sentir
que
reputo uma
coisa
saudável
( uma das poucas
coisas
saudáveis)
da
minha
natureza.
Sem
forçar
um
entrosamento
perfeito,
Bandeira
alertava o
amigo
sobre
as profundas
diferenças
existentes
entre
ambos.
O
importante,
no
seu
ponto
de
vista,
eram os
problemas
relacionados
com
a
obra
literária
sobretudo
naquele
momento
em
que
se tentava
romper
com
padrões
estéticos
mais
rígidos.
Sendo
assim,
a
correspondência
entre
Bandeira
e Mário tem uma
dimensão
humana
e contribui
para
compor
um
painel
múltiplo,
de
valor
documental
para
a
história
do
Modernismo
brasileiro.
O
modernismo
nas
cartas
Ninguém
sabe
definir
essa merda
que
todo
mundo
quer
ser.
Manuel
Bandeira
Dois
intelectuais
que
marcam de
forma
diversa
a
literatura
brasileira
no
início
do
século
XX. Mário de Andrade é o
inovador
estilístico da
poesia
e da
prosa,
imprimindo a
marca
da
brasilidade
em
seus
projetos.
Na
configuração
criadora de Manuel
Bandeira,
a
tradição
literária
e o
contexto
histórico-social se misturam a
elementos
autobiográficos.
Na
carta
de 27 de
julho
de 1923,
Bandeira
afirma
que
o
poeta
de
Cinza
das
horas,
1917,
era
“mansamente
e
muito
dolorosamente
tísico”.
Depois,
com
o
passar
do
tempo,
tornou-se, “ironicamente, sarcasticamente
tísico”.
Só
a
ironia
permitia-lhe
levar
a
vida
e a
arte
de
modo
independente
da
comunidade
social e
literária.
Não
enxergava nas
discórdias
entre
os modernistas uma estratégia de análise que procurasse
discutir
e
ampliar
a especificidade do
novo
produto
artístico,
por
isso
preferia
fugir
do
centro
das
discussões,
camuflando-se na
interlocução
silenciosa
das
cartas.
Quando
se
torna
leitor
crítico,
o
tom
é
franco,
às
vezes
com
expressões
impróprias e exageradas,
carregado
de
ironia
que,
segundo
seu
ponto
de
vista,
era
a
forma
“mais
despretensiosa de
ensinar,
mais
delicada
e
mais
heróica
porque
dá a
gente
a
aparência
de
mau
em
vez
de
superior
e
pedante”.
Nos
primeiros
anos
do
Modernismo,
o
tópico
das
viagens
pelo
Brasil desperta a
atenção
do leitor Os
dois
missivistas viajam
pelo
país,
olhos
voltados
para
a
arquitetura
antiga,
atentos
à
presença
do
povo,
à
língua
falada,
buscando
definir
a
identidade
nacional.
Em
1924, Mário de Andrade e
seu
grupo
visitam
Minas
Gerais.
A
paisagem
mineira
surge
como
novidade
e
originalidade,
fazendo
nascer
no
seio
daqueles modernistas o
discurso
da
tradição,
de valorização do
nacional
e do
primitivo.
A
partir
desse
ano,
Tarsila do Amaral viaja a Paris
para
aprender
a
restaurar
pinturas
antigas. Oswald de Andrade publica o
Manifesto
Pau
Brasil e Mário escreve o “Noturno
de
Belo
Horizonte”,
sem
a
subversão
dadaísta
presente
nos
versos
de Paulicéia
desvairada.
A
vez
de
Bandeira
“descobrir”
o Brasil acontece
três
anos
depois,
quando
ele
visita
a Bahia.
Seus
olhos
se encantam com os
azulejos
das
casas
fidalgas, admira as
portas
de
pedra
lavrada, os
batentes
de
madeira
de
lei
e se
deixa
impressionar pelos
pequenos
oratórios,
com
lamparina
de
azeite
queimado, encontrados
nos
becos
estreitos
das
ladeiras
de
Salvador.
Com
entusiasmo,
escreve ao
amigo
em
18 de
janeiro
[de1927]:
Mário estou
apaixonadíssimo
pela
Bahia! É uma
terra
estupenda
A
CIDADE
BRASILEIRA.
Centenas
centenas
centenas
de
baitas
sobradões de 4
andares
e sotéia. Se
eu
pudesse levava
um
pra
mim
e
outro
pra
você.
[...]
O
Largo
do
Pelourinho
é a
vista
urbana
que
um
brasileiro
pode
mostrar
a
um
francês
sem
ter
nenhuma
dor
de
corno
pela
perspectiva
dos
Campos
Elíseos
ou
da
Avenida
da
Ópera.
Quanta
casa
bonita!
Estes
oitões
imensos
dos
sobrados
de duas
águas.
A
gente
não
se
farta
de
olhar.
[...] Ah, Mário
você
não
pode
demorar
mais
a
sua
viagem
ao
Norte.
Você
precisa
urgentemente
ver
a Bahia.
É
visível
a
analogia
com
a
excursão
feita
pelo
grupo
de 24.
Até
a
suposta
presença
de
um
turista
francês
(
um
outro
Blaise Cendrars ?) seria
muito
bem-vinda.
No
final
da
carta,
porém,
Bandeira
não
retém a
sua
disposição
sarcástica
e
maliciosamente
esclarece: “Não
é
quadro
modernista é a Bahia
velha
perto
de
nós”.
De
relance,
ele
envolve a
questão
do
novo
e da
tradição
sob
um
outro
prisma:
não
há “choque”
na
descoberta
do
antigo
porque
o
passado
é, e
sempre
será uma
referência,
que não se aniquila no
presente.
A
Bandeira
incomodava a
presunção
dos modernistas de se considerarem
um
marco
zero
em
seus
feitos.
No
ano
seguinte,
1928,
ele
excursiona pelas
cidades
velhas: Sabará,
Ouro
Preto,
Mariana,
Congonhas,
São
João del
Rei.
Mário
espera
uma “carta
comprida”
contando o
que
viu e sentiu
em
Minas
Gerais.
A
resposta
vem na
carta
de 5 de
abril
quando,
seduzido pelas
obras
do
mestre
Aleijadinho, declara a
necessidade
da publicação urgente de Macunaíma
para
que
se fechasse o
ciclo
do
nacionalismo
com
uma
obra
de
peso,
enquanto
“os
bestalhões
que
andam fazendo
brasilidades
não
acabam de
desgastar
a
gente
do Brasil, do
modernismo,
da
literatura,
de
tudo!”
Nesse
momento
preciso,
Bandeira
proclama
seu
apego
à
tradição
e critica as
discussões
sobre
o
nacionalismo
estreito,
de
exaltação
pura
e
simples
da
pátria
e do
povo
brasileiros.
Macunaíma,
que
conhecia pelas
cartas,
seria a
abertura
para
que
se pudesse
discutir,
dentro
da
literatura,
o
novo
conceito
de
nacionalismo,
longe
do
otimismo
ou
do
pessimismo
em
excesso.
Logo
depois,
com
natural
displicência,
confessa
que
resolveu
escrever
um
poema
sobre
Ouro
Preto
mas
defende-se do
vanguardismo
nacionalista
quando
esclarece
sobre
a
feitura
de
seu
texto:
“Soneto
alexandrino,
com
enjambements e
chave
de
ouro
do Tripuí”.
Seguindo as
indicações
do
próprio
remetente
no
processo
de
construção
de “Ouro
Preto”,
publicado em a
Lira
dos cinqüent’anos,
percebe-se
como
Bandeira
constrói
seu
pensamento
em
relação
ao
movimento
em
gestação:
trata-se de
um
poeta
que
se afina
com
a
forma
parnasiana
mas
a
inspiração
se
inventa
em
resposta
a
um
impulso
do
ser
e da
cultura
que
o faz
pensar
na
situação
do Brasil
inteiro,
pátria
desrespeitosa,
que
não
prospera
nem
avança
pelo
descaso
com
que
trata
o
povo
e
sua
história.
Não
faz uma
paródia,
ridicularizando o
passado,
como
faria
um
modernista
mais
ferrenho
nem
se perde na
reverência,
cego
pelo
otimismo
mais
superficial;
ao
contrário,
no
seu
poema
coexiste o
velho
transformado
em
novo:
a
Ouro
Preto
de
antigamente
existe
como
exemplo
que
autentica, no
presente,
uma
descrença
na
linearidade
evolutiva
da
história
brasileira:
Que
resta
do
esplendor
de
outrora?
Quase
nada:
Pedras...
templos
que
são
fantasmas
ao sol-posto,
Esta
agência
postal
era
a
Casa
de
Entrada...
Este
escombro foi
um
solar...
Cinza
e
desgosto!
O
bandeirante
decaiu _ é
funcionário.
Último
sabedor
da
crônica
estupenda,
Chico Diogo
escarnece o
último
visionário.
Este
poema
reflete a maturação do
poeta
em
relação
aos
exageros
nacionalistas. Bandeira persiste na perenidade dos
valores
da
lírica
tradicional, posicionando-se
contra
a
crença
de
que
o
progresso
e a
vertiginosa
conquista
das
máquinas
promoveriam o
bem-estar
econômico
de uma
sociedade.
Não
há a
euforia
da
descoberta
nem
o
humor
debochado da
denúncia
mas
a
constatação
de uma
realidade
histórica
persistente
aos
movimentos
de
vanguarda.
Atento
aos
impulsos
de modernização fornecidos
pela
obra
dos modernistas,
Bandeira
demonstrava
um
espírito
armado às
novidades
que
faziam
tábula
rasa
dos
valores
conquistados
através
dos
séculos.
Na
primeira
carta,
em
25 de
maio
de 1922,
ele
inicia o
diálogo
epistolar
ao
enviar
de
presente
alguns
exemplares
do
seu
Carnaval
(1919), ao
mesmo
tempo,
em
que
cobra
a publicação
imediata
de Paulicéia,
porque
sentia “saudades
cruéis” do
oratório
profano
“As Infibraturas do Ipiranga”,
poema
em
que
Mário revoluciona
este
tipo
de
composição
dramática
ao
eleger
um
coro
leigo,
composto
por
burgueses endinheirados,
operários,
poetas
parnasianos,
modernistas e o
próprio
poeta,
personificado
como
“Minha
Loucura”.
O
texto
é
enfezado,
intercalado
pela
música
de
ritmos
diferenciados e
acompanhado
por
instrumentos
que
desafinam.
Vaias
e
palavras
violentas interrompem os
diálogos
marcando as
diferenças
ideológicas e
estéticas
dos
diferentes
interlocutores
A
esse
desvio
da
forma
original,
Bandeira
se revela excitado
mas
reticente.
Eis
o
que
diz no
trecho
da
primeira
carta
de 25 de
maio
de 1922,
escrita
em
plena
vigência
da
luta
modernista:
Mário de Andrade,
há
muito
tempo
estou
para
lhe
escrever,
exigindo a publicação
imediata
dos
seus
poemas:
tinha
saudades
cruéis do “Oratório”.
Mas
ignorava o
seu
endereço.
Um
dia
destes
encontro
o Sérgio Buarque de Holanda,
com
aquele
ar
metálico
e laminado,
aquele
ar
que
faz
compreender
de
chofre
a
pintura
moderna
(
pelo
menos
foi a
cara
do Sérgio e a de
um
motorneiro
de Petrópolis
que
m’a fizeram
compreender)
e soube
por
ele
notícias
suas,
recebi
por
ele
saudades
suas.
Tratei
logo
de
lhe
escrever,
Mas
para
ambientar-me comprei o [primeiro
número]
de KLAXON,
onde
li
coisas
suas
que
mataram e reavivaram,
mais
mordentes
as
lembranças
das
“Luzes
do
Cambuci!...
[da]
batata
assada
ao
forno”
(faça o
favor
de
cantar),
etc.
Aspectos
da
estética
nova
causavam
impressões
ambíguas no
emissor
desse
discurso:
à
violência
subversiva do
oratório
profano
reagia
com
“saudades
cruéis”, a
ironia
ferina recepcionava as
obras
que
considerava
impermeáveis
ao
primeiro
olhar,
mas
a
sonora
mímese das
cantigas
populares
desperta-lhe
suaves
afetividades. Estimulado
pelos
paradoxos,
rende-se à
leitura
“esclarecedora” de Klaxon e, ao
escolher
seu
destinatário
entre
os
mais
aguerridos
dos modernistas, inaugura o
gesto
que
marcará a
sua
passagem
do
ecletismo
do
final
do
século
XIX ao
Modernismo.
No
programa
epistolar
de Mário de Andrade,
Bandeira
era
um
dos “primeiros
amigos
do
Rio”,
a
demonstrar
alguma
simpatia
pela
atuação
intelectual
do
grupo
que
prometia
renovar
a
atmosfera
artística
do
país.
Nesse
sentido,
a
carta-resposta
de 6 de [junho]
de 1922 indicia as
características
de
um
articulador
hábil
que
não
se perde
em
evasivas
quando
se
trata
de
atingir
um
objetivo.
Assim
Carnaval
é recepcionado
como
um
“clarim
de
era
nova”.
Do
livro,
ele
estrategicamente seleciona “Os
Sapos”,
a
página
que
considera das “maiores
de
nossa
poesia”,
numa
especial
deferência
ao
poema
audacioso
e
divertido,
que
inclui a
paródia
e a agressividade. A
blague,
a
ironia,
a
paródia
, o
humor
de
laivos
dadaístas seriam uma das
vertentes
mais
exploradas
por
modernistas
como
Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e o
próprio
Mário.
O
verso
livre,
ditado
pelo
subconsciente,
que valoriza a
rapidez,
a
síntese,
o polifonismo
em
substituição
à
ordem
intelectual
que
exigia a
métrica
quantitativa
e as
rimas
ordenadas, será
também
um
dos
tópicos
que
ocupa a
atenção
de Mário,
pois
ele
também
se servia da
rima
indiferentemente,
fazendo
uso
da
simultaneidade
e do
sincronismo
da
música.
Dessa
forma,
ele
destaca os
poemas
em
que
Bandeira
abandonava o
verso
medido, preferindo a
melodia
infinita
da
música
à
moda
com
o
compositor
francês
Erik Satie:
Os
teus
trechos
de
verdadeiro
verso
livre
são
magníficos.
Gosto
menos
do “Debussy”.
Esplêndido
como
fatura,
não
há
dúvida.
Mas
a
fatura
pouco
me
interessa. Entendo Debussy duma
outra
maneira.
Não
tenho a
sensação
Debussy ao
ler
teus
versos
[...] Sabes
que
mais?
Lendo
ou
evocando o
teu
pequeno
poema,
lembro-me
imediatamente,
imagina de
quem?
... de Eric. O Satie do Minuete, da Aubade, dos Morceaux en
forme de poire.
Naquele
momento,
importava
realçar
os
princípios
da
nova
poética,
empalidecendo
outros
que
se aproximavam da
técnica
do
lirismo
primoroso, de
efeito
intimista e
preso
ao
prazer
da
composição
de
sons
poeticamente cadenciados.
Tal
observação
remete à
crítica
que
o
poeta
paulista
faz ao “Debussy”.
Para
Mário, a
sensação
Debussy estaria
presa
ao
impressionismo
e
ele
não
considerava
Bandeira
um
poeta
impressionista.
Tampouco
a
poesia
moderna
deveria
ser
um
exercício
musical, de
inspiração
fugaz
e
momentânea,
obediente
às
leis
do
sentido.
Na
carta
de [outubro
de 1922],
ele
explica
que
cultivava a
palavra,
conservando
sua
“clareza,
sonoridade
falada,
sentido
de
dicionário”,
sem
confundir
lirismo
e
poesia.
“Lirismo
é musicalidade.
Poesia
é uma
peça
de
arte
inteira,
fechada,
com
princípio,
meio
e
fim”.
As
discussões
teóricas vinham acompanhadas de
poemas
que
eram oferecidos
como
presentes
ou
enviados
para
leitura
e avaliação
crítica.
Bandeira
criticava o
emprego
de
estrangeirismos
ou
de
palavras
que
conferiam
um
tom
artificial
ou
grandiloqüente ao
discurso.
Também
se confessava chocado
com
“as
rimas
e
muitos
ecos
interiores”
na
poesia
de Mário.
Na
verdade,
Bandeira
estava
muito
preso à
sua
poética
da
concisão,
do
equilíbrio,
da
simplicidade
de
sentimentos
para
apreciar
sem
preconceitos
uma
obra
como
Paulicéia
desvairada
que
rompia
com
o
padrão
da
poesia
estruturada. Mário se defende: “Hoje
não
pratico
mais
muitos
desses
exageros.
Tenho
outros.
Mas
que
são
conscientes,
propositados.
E
que
portanto
só
aparentemente
são
exageros.”
As
relações
entre
remetente
e
destinatário
assemelhavam-se a de
um
discípulo
e
seu
mestre.
Mário elegeu Manuel
Bandeira
seu
guia
e
mentor.
No
entanto,
essa
distinção
não
é
seguida
à
risca
nem
mesmo
nas
passagens
em
que
a
opinião
do
mestre
era
requisitada
com
ansiedade
e veemência.
Quando
entrava
em
jogo
a
produção
artística,
predominava
sempre
o
potencial
e o
julgamento
do
artista
consciente
de
suas
intenções,
como
uma
entidade
livre
e
autônoma.
Na
carta
seguinte,
o
poeta
pernambucano
revelava
assim
a
satisfação
de
reconhecer
em
Mário o
artista
militante,
capaz
de
renovar
a
literatura
de
seu
tempo.
Tentando
sempre
orientar
e
corrigir
as “falhas”
do “aluno”,
de
acordo
com
os
seus
próprios
padrões,
sem
abrir
mão
de
sua
maneira
de
ser
nem
das
concepções
poéticas
adquiridas ao
longo
do
tempo.
Eis
o
que
afirma:
A tua
carta
“horrível”,
que
acabo de
receber,
está
deliciosa.
Deliciosa
no
sentido
de
completamente
inútil.
Tem
muita
graça
que
você
se defenda
diante
de
mim.
[...]
Teu
livro
é uma
bomba.
Senti-o.
Teu
livro
é
um
lago.
Também.
[...]
Mas
aquele
alexandrino
e aquelas
rimas
na Paulicéia e
talvez
no
lugar
onde
estão
me
desagradam. “Mas
a
emoção
pedia
assim!”
A tua
emoção
me
irrita. E
pronto:
sentimento
contra
sentimento.
Não
há
nada
a
fazer.
Apesar
da
insatisfação
pessoal
com
a
obra,
ele
sublinhava
sua
perspectiva
de
criação:
dinâmica,
original,
crítica,
buscando adequar-se a
seu
tempo.
Por
isso
conclui,
cheio
de sentimentalidades:
Mário,
meu
querido
Mário: somos
sinceros.
Nunca
me
passou
pela
cabeça
que
tenhas
querido
fazer
obra
extravagante,
que
tenhas procurado
criar
alexandrinos,
etc.
Tudo
o
que
fizeste, fizeste
com
espontaneidade.
Acredita
agora
também
que
as
minhas
observações
nasceram
não
de
preconceitos
modernistas,
mas
de
idiossincrasias
irremediáveis.
Nem
pretendo
ter
razão.
A
partir
de
então,
matizes
individuais
e
divergências
ideológicas
serão
sempre
tratados
com
sinceridade
e
igual
isenção
de
ânimo.
Logo
depois
da publicação de Paulicéia
desvairada,
Mário de Andrade desenvolve os
conceitos
de “literatura
de
circunstância”
que
para
ele
é aquela
que
não
está preocupada
com
a
idéia
de perenidade
mas
que
se inscreve criticamente no
presente
de
seu
país.
O
fato
de
estar
escrevendo uma “língua
brasileira”
era
uma
maneira
de
chamar
a
atenção
para
o
português
falado
pelo
povo
brasileiro.
Da
mesma
forma,
quando
foi ao
Norte
o
seu
objetivo
era
descobrir
e
analisar
os
traços
fundamentais
da
psicologia
dos
brasileiros
para
só
depois
exercer
as
críticas
sobre
as
realidades
detectadas.
Manuel
Bandeira
respeitava o
brasileirismo
perseguido
pelo
amigo
mas
em
relação
a uma “língua
do Brasil” declarava
que
ele
estava construindo uma
língua
artificial,
com
fortes
características
individuais
e criticava as
inserções
do
amigo
no
reino
da
gramática.
Entretanto,
concordava
com
a
idéia
de
que
a
ação
do
artista
é
intencional
e tem
um
alcance
social.
Assim,
a
correspondência
entre
Bandeira
e Mário mantém
acesa
a
chama
da
discussão
sobre
o
Modernismo
brasileiro.
A
rigor,
Manuel
Bandeira
não
superou o intimismo melancólico de
sua
formação
acadêmica,
mas
arriscou-se pelas
veredas
da modernidade, perdendo, desde Libertinagem, o
pudor
das
interdições
sagradas. Mário de Andrade, ao
contrário,
viveu
com
extrema
lucidez
os
problemas
de
seu
tempo,
elaborando
obras
que
são
a
marca
da contemporaneidade modernista do
século
XX.
Bibliografia:
BANDEIRA,
Manuel.
Itinerário
de Pasárgada.
Rio
de
Janeiro:
Edições
Jornal
de
Letras,
1954.
DUARTE, Paulo. Mário
de Andrade
por
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São
Paulo: Hucitec, 1985.
MORAES,
Antonio
Marcos.
Correspondência.
Mário de Andrade & Manuel
Bandeira.
São
Paulo: Edusp/IEB, 2000.
FOUCAULT, Michel.
“L’écriture de soi” . Corp écrit. Paris: PUF (5): 2-23, février/ 1983.
RODRIGUES, Leandro
Garcia. Uma
leitura
do
modernismo.
Cartas
de Mário de Andrade a Manuel
Bandeira.
Rio
de
Janeiro:
PUC, 2003. (Cópia
mimeografada)
WEINTRAUB, Fábio. “Sereias
da
vida
alheia”.
Cult.
Revista
Brasileira
de
Literatura
(33),
São
Paulo. Lemos
Editora
(33): 20-25,
abril/
2000.