A LÍNGUA PORTUGUESA E AS CIÊNCIAS EXATAS
PARA ALÉM DE ÁTOMOS E SINTAXES

Marcos Lúcio de Sousa Góis (USP e UNESP)

Quando se pensa em refletir acerca do ensino de língua portuguesa nos cursos de ciências naturais, geralmente parte-se de dois princípios: o primeiro diz respeito ao fato de que a maioria dos estudos sobre o ensino de língua está centrada nas ciências humanas e em seus diversos campos de atuação, portanto, discutir ensino de língua nos cursos de exatas não seria pertinente; o segundo, decorrente do primeiro, é o de que ainda impera uma visão estereotipada do que seja ensino de língua materna entre as pessoas que se dedicam às ciências exatas, ou seja, a língua, tal qual um reagente qualquer, seria um mero instrumento de comunicação: necessária, mas não indispensável. Não poucas vezes acompanham essas “verdades” alguns saberes de senso comum, tais como: é difícil, é complicada, cheia de regras, é isso, é aquilo. Nesta comunicação, pretende-se, ancorado num olhar discursivo, abordar essa questão, tentando compreender de que maneira irromperam tais princípios e quais são as condições que possibilitam a sua existência, mesmo com todos os avanços das diversas ciências da linguagem. Procura-se então verificar de onde vêm esses dizeres e de que maneira, denegando tudo o que tem sido produzido pelas ciências da linguagem, eles se perenizam. Para tanto, inicialmente entrevistam-se docentes e discentes, das áreas de física, química, matemática e biologia, com o intuito de averiguar quais são seus posicionamentos sobre tal assunto e depois, em um segundo momento, contrapõem-se esses posicionamentos com os estudos lingüísticos.

ÍNDICE


...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos