A narrativa breve de José Cardoso Pires
uma leitura

Lúcia Moutinho

A narrativa cardosiana mescla várias práticas ficcionais: a de cunho neo-realista que não descarta a experimentação com o nouveau-roman, característica dos primeiros escritos (Jogos de azar, O anjo ancorado, O hóspede de Job, O delfim), a de caráter documental e histórico (Balada da praia dos cães e Alexandra Alpha), a autobiográfica (De produndis - valsa lenta) e a alegórica (O burro-em-pé e A república dos corvos), cujos sentidos convém descodificar. Não se esqueçam crônicas e ensaios, é claro.

A comunicação pretende examinar a coletânea A república dos corvos de 1989 e, mais especificamente, o conto Os passos perdidos. Alegórico, hermético e supra-real, este conto exige decifração. Nessa leitura, tenta-se desvendar, pois, a imagem do cego, pois cegos nele há em profusão. Cabe indagar por quê. Que representariam tantos cegos assim, já que todos os personagens nessa breve narrativa são cegos? Com exceção de dois deles - a senhora Selina Hackett e, supõe-se, o narrador-relator do texto em questão.

Além disso, far-se-á alusão a possíveis intertextualidades com que o livro opera, como entre o conto As baratas e Metamorfose de Franz Kafka, com A revolução dos bichos de George Orwell, Fazenda-modelo de Chico Buarque, Bichos de Miguel Torga, La Fontaine, Esopo.

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