A Sátira I, 8 de Horácio
José de Oliveira Magalhães (UERJ)
O narrador da sátira em questão não é um Eu lírico, subjetivo, mas um teatral e desbocado Priapo, que lembra a introdução de pantomima. A disposição das partes lembra a estrutura de uma narrativa com seus componentes de tempo, espaço e personagens, numa trama bem definida e conclusão de bem-humorada catarse.
Trata-se de um noturno de exorcismo às trevas de Roma, em alusão aos projetos civilizadores de mecenas e Augusto.
Pela obscuridade física do ambiente noturno associada ao obscurantismo de prática esotéricas de magia negra, temas não muito ao gosto do poeta; por uma rara miscelânea, ou fusão até, de características dos gêneros lírico, épico e dramático e ainda pela alusão, embora breve, ao seu patrono, com o elogio de um verso e meio às obras de Mecenas, elas mesmas como antítese à escuridão física e ao obscurantismo, amigo das sombras, a oitava sátira do Livro I parece apresentar características incomuns em relação às demais sátiras de Horácio.
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