A SOCIOLINGÜÍSTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA MATERNA
Rosangela Villa da Silva (UFMS)
As crianças já vêm para a escola dominando a maior parte dos mecanismos do português falado, contudo, há muitos estágios na aprendizagem do português falado que não podem ser alcançados senão muito mais tarde na vida. E, há certas habilidades no modo de falar que a criança em idade escolar desconhece. E, que os jovens que são expostos ao português padrão, através de seus professores, por dez ou doze anos, não conseguem, ainda assim, usar esta forma de falar. A maioria dos fatores que influenciam o desempenho da fala encontra-se bem abaixo do nível da percepção consciente. É necessário usar a prova da variação da fala no comportamento para influir os processos subjacentes, mais profundos, que precisam ser compreendidos se quisermos solucionar os problemas mais urgentes das escolas urbanas. E, é através da sociolingüística que conseguiremos detectar quais as variações que contribuem para esse comportamento, não nos esquecendo de que as classes sociais são heterogêneas. Assim sendo, é necessária a pesquisa sociolingüística para tentar solucionar certos problemas do ensino de língua materna. Considerando a importância desses estudos e sua contribuição para o ensino do idioma, fato inquestionável e cada vez mais reconhecido por lingüistas, professores de língua portuguesa e estudantes de línguas, este minicurso tem como objetivo levantar as seguintes discussões: as supostas causas do fracasso escolar de crianças marginalizadas, especialmente em relação ao desempenho lingüístico; por que nem todo hábito lingüístico da classe média é funcional e desejável na situação escolar, levando em conta a afirmação “é óbvio e consensual que a variedade culta deve servir de modelo às crianças desfavorecidas no processo de aprendizagem”; as conseqüências da afirmação de Labov, utilizada pelo sistema educacional para encobrir falhas, como: a criança num ambiente pobre recebe pouco estímulo verbal, pois escutam pouco a linguagem bem formada, razão por que articulam e se expressam mal; em que sentido as mudanças na composição da clientela escolar apontam para a necessidade de mudar também a rotina escolar?; os problemas encontrados na tentativa de alternar a fala familiar com a norma culta; quais as soluções propostas para o ensino da língua materna. Pretende, ainda, rever noções de método de pesquisa de campo em sociolingüística, coleta, transcrição, sistematização e análise de dados por meio de um trabalho prático.
........................................................................................................................................................... |
Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos |