A UNIVERSIDADE BRASILEIRA É MEDIEVAL?

Carmem Praxedes (UERJ)

A Universidade, conforme chegou aos nosso dias, surgiu na Idade Média, seguindo o modelo da mater universitas - Università degli Studi di Bologna. Enquanto instituição de cultura, ela surge sob os auspícios da Igreja e/ou do Estado que são, até hoje, os detentores do poder - o que implica dizer que sejam eles os responsáveis pela difusão do saber. VERGER (1990: 7) destaca: se nestes últimos oitocentos anos a igreja mudou muito - os monges já não são o que foram -, a Universidade nem tanto. A instituição universitária é indubitavelmente aquela que mais manteve as suas características no decorrer da História, podendo apenas ser superada pelas instituições eclesiástica e governamental, mantendo através do tempo o binômio dos poderes transcendental e temporal. Ela ingressa e participa desses poderes organizadamente, pelo menos, desde a Idade Média, atuando dialeticamente na sociedade. É também na Universidade que podemos ver eminentemente representada a dinâmica das relações humanas. A Idade Média, tradicionalmente, demarcada entre os Séculos V e XV e por muitos considerada a Idade das Trevas, tem esse conceito e tempo contestados por estudiosos como Le GOFF (2000) e VILLARI (2000). Eles expõem uma leitura voltada para a compreensão da Idade Média como età di mezzo , ou seja, momento de transição entre a Idade Antiga e a Moderna, como aquele que transita deixa e traz marcas, ainda estamos em conjunção com a Idade Média, apesar do discurso da disjunção, e a Universidade é um bom exemplo. Este estudo é uma proposta de análise da Universidade, considerando as suas características medievais, sob o aporte teórico da Semiótica revista por PAIS(1993:634 - 640).

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