Ars sermocinandi
A permanência da retórica
nas Letras seiscentistas

Kellen Dias de Barros Violento (UERJ)

O objetivo central deste trabalho é examinar os traços marcantes deixados pela retórica nas Letras seiscentistas. Apesar de habitualmente se pressupor que a retórica possui um corpus homogêneo, um estudo aprofundado nos mostra que não se pode estabelecer uma unidade para a “arte do bem dizer”. Alguns autores atribuem a Córax e Tísias, do século V a.C., o marco inicial da retórica. No entanto, é possível perceber traços dessa arte em autores precedentes, tais como Homero. Essa techné moveu intensas discussões, Platão e Aristóteles fizeram alguns apontamentos acerca de suas formas e fundamentos, mas apenas em Cícero e Quintiliano é que a retórica se estabeleceu como disciplina escolar. Na Idade Média, a Igreja se apoderou dos mecanismos persuasivos desse modelo discursivo para disseminar os preceitos cristãos, sendo Santo Agostinho uma figura preponderante para o advento da retórica nos meios eclesiásticos. No século XVII, popularizaram-se os Sermões, que eram uma espécie de codificação das Escrituras para os ouvidos leigos, veículo de que os padres se utilizavam para alcançar a verdadeira conversão de seus fiéis. No Brasil, o jesuíta Antônio Vieira, profundo conhecedor da “arte do bem dizer”, declamava seus sermões visando a elucidação da permanente projeção de Deus na Terra. Tentarei, assim, decifrar os mecanismos retóricos presentes na obra do referido jesuíta.

ÍNDICE


...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos