Silvana Siqueira Eduardo (UFF)

O presente trabalho pretende desvendar a identidade/ o ethós do leitor(a) de revistas culinárias, por meio do levantamento das marcas textuais-discursivas presentes no texto. Nossa análise trabalha em dois circuitos, em relação de complementaridade : (a) o externo (títulos, subtítulos, ícones, diagramação, cores) e (b) o interno (vocabulário específico do campo semântico sob crivo, uso de modalizadores e formas verbais, presença de estruturas coordenadas/subordinadas e elos coesivos). Como corpora, avaliamos quatro publicações específicas da área, da mais popular à mais sofisticada (todas com venda em bancas de revista). Como referência teórica, utilizamos o contrato mediático, preconizado por Charaudeau (1996), e a noção de cena discursiva, proposta por Maingueneau (2002). Nossa hipótese central é de que se encontrarão índices maiores de impessoalidade, formalismo (tantos nos planos morfossintático quanto no lexical) e distanciamento do leitor no material de maior refinamento editorial - ratificando a imagem que o editor tem de seu público, de suas preferências, de seu poder aquisitivo - e, sobretudo, da tessitura textual com que gosta de se defrontar ao adquirir sua revista.