Gabriela na malha da tradução domesticadora dos anos 60
Adilson da Silva Corrêia (UNEB)
Estudos no campo da tradução têm demonstrado a forma violenta com que as obras traduzidas passam. Apagamentos, reduções e inserções lingüísticas têm sido observadas como estratégias utilizadas pelos tradutores para a colonização definitiva das obras que lhes são estrangeiras. Essas organizações lingüísticas compõem um estrato maior, de ordem econômica, que favorece a colonização (domesticação) dessas obras. Para compreender a ideologia cristalina e fluente da linguagem que permearam a colonização de Gabriela cravo e canela nos anos 60, nos Estados Unidos, é mister incluir o projeto histórico que se firmava na época. O plano de inserção de Gabriela, agora, clove and cinnamon, no cenário anglo-americano, surgiu em momentos de grande efervescência cultural de descolonização, instalada pela vontade de vozeamento de uma maioria marginalizada de negros e mulheres, opondo-se ao ideais imperialistas vigentes. Dentro dessas mudanças no cenário mundial, atreladas aos ideais hegemônicos americanos, surge a Gabriela, de Taylor e Grossman.
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