Iídiche e ladino: os dialetos judaicos como marca de incorporação da alteridade

Leopoldo O. C. de Oliveira (UERJ)

Com a queda do Segundo Templo em 70 d. C., os judeus espalharam-se por todo o mundo então conhecido. Nesse movimento diaspórico, instalaram-se em toda a bacia do Mediterrâneo, Oriente Médio, Península Ibérica e Europa Central. Cedo houve a necessidade de maior intercâmbio desses imigrantes com as populações nativas, devido ao comercio e às diversas atividades profissionais. Para isso, os judeus deveriam aprender as línguas locais, garantindo maior eficácia nos seus contatos com os autóctones. Entretanto, a desconfiança mútua entre “hóspedes” e “anfitriões”, o apego judaico às escrituras sagradas e para que os gentios não entendessem conversações que diziam respeito apenas à comunidade foram fatores que levaram à inserção nas línguas recém-adquiridas de vocábulos e padrões morfológicos hebraicos e aramaicos. Nasciam os 16 dialetos judaicos conhecidos. Dois são os mais importantes: o iídiche, língua dos judeus da Europa Centro-Oriental, e o ladino, língua dos judeus da Península Ibérica e de comunidades nos Bálcãs e na Turquia. Os estudiosos geralmente centralizam suas pesquisas no estudo, identificação e delimitação da influência de elementos semíticos nas línguas das quais tais dialetos derivaram. Neste trabalho, sigo caminho contrário, analisando de que forma a incorporação e a transformação do alto-médio alemão e do espanhol antigo influenciaram na europeização não só dos elementos semíticos agregados a essas línguas como também na identidade cultural dessas comunidades transplantadas do Oriente Médio para o Ocidente cristão.

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