INSERÇÕES PARENTÉTICAS NA FALA CULTA
DE SÃO PAULO E DO RIO DE JANEIRO

Paulo de Tarso Galembeck (UEL)

Castilho enumera três processos de construção da Língua Falada: a ativação (construção dos enunciados e desenvolvimento do tópico ou assunto); a reativação (volta ao que foi dito, por meio da repetição de palavras ou frases, ou da paráfrase: retomada do conteúdo, com alteração da forma); a desativação (truncamento de palavras ou frases; ruptura na seqüência tópica). Segundo o mesmo Autor, há duas formas principais de ruptura na seqüência tópica: as digressões (casos em que há realmente uma quebra na continuidade tópica, pois é inserido um outro assunto), e as inserções parentéticas (desvios breves e momentâneos, que não introduzem um novo tópico). Este trabalho tem por objetivo estudar o papel das inserções parentéticas em diálogos simétricos, com o objetivo de verificar o papel das mesmas na construção do texto falado e no estabelecimento e manutenção das relações interpessoais. Para tanto, as ocorrências são classificadas de acordo com os seguintes critérios: constituição formal dos parênteses (frase simples ou complexa; sintagma nominal; marcador conversacional); presença de marcadores conversacionais; marcas formais da unidade em que se insere o segmento parentético (fim de frase; frase truncada; alternância entre os interlocutores); elemento discursivo em foco (locutor; interlocutor; assunto; ato comunicativo); função discursiva (esclarecimento; explicitação; introdução e conclusão de tópicos). Os dados obtidos revelam o predomínio de segmentos parentéticos constituídos por frases simples ou complexas, não-assinalados por marcadores, inseridos no final da frase, com foco no assunto, tendo por função o esclarecimento.

ÍNDICE


...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos