Memorial Borrado
as lembranças do porvir carnavalesco

Maria de Lourdes de Melo Pinto

No Carnaval, precisamos do coletivo, mas não podemos obliterar o individual. Como pode se inserir nessa grande festa do povo, que tem alicerce bastante sólido, o intelectual? Enfocando a imagem embaçada desse personagem felliniano, que se embate com as questões da sociedade há tempos, de forma cronístico-memorialista, nesse trabalho proporemos uma narrativa que nos mostra a desdita de uma narradora que se quer na Academia, mas precisa estar nas ruas também. De caso pensado, o Carnaval está em foco constantemente, através das referências historiográficas, do timbre adotado ou da alegorização do discurso. Na construção dessa viagem em busca do intelectual perdido, possibilitando então uma panorâmica desse tema ao longo do século XX, questiona-se a união entre intelectualidade e cultura popular, ao serem apontadas dúvidas a respeito das credenciais requeridas para estar inserida numa e noutra malta. Apontando a transformação kafkiana do intelectual em educador como uma proposta para o alicerce da Utopia, esclareceremos o seu papel como elemento de transformação, aproximando-o de diversas práticas e reconhecendo-o no pensador do barracão. Através de um personagem-interlocutor, estrangeiro das terras distantes, cria-se uma imagem afastada para valorizar o deslocamento, onde é vislumbrada a disputa pelo conceito de carnaval, que é travada entre o “ser das ruas” e o “acadêmico”.

ÍNDICE


...........................................................................................................................................................

Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos