Mára Rodrigues Vieira (UFRJ)

A disposição simétrica dos termos, segundo sua função sintática, é um dos recursos estilísticos de que se vale Plínio, o Jovem, nas Cartas - obra literária que o tornou imortal - escritas primorosamente a parentes e amigos, como ficção.

A regularidade formal, pelo paralelismo sintático, é modo de expressão que se reconhece nos diferentes temas tratados pelo epistológrafo, do tom familiar ao tom retórico.

Seja em membros paratáticos de pouca extensão, reduzidos, no fim da frase, a tão somente uma palavra, o verbo:

“Prohoemiatur apte, narrat aperte, pugnat acriter, colligit fortiter, ornat excelse, postremo docet, delectat, adficit” (II,3:2-3)

(Inicia bem, narra claramente, defende energicamente, colige rigorosamente, orna nobremente, enfim, instrui, encanta, comove)

Seja na organização da frase em subordinadas:

“et qui dicunt egisse malunt quam agere et qui audiunt, finire quam iudicare”

(os que falam preferem ter defendido a defender a causa, os que ouvem preferem pôr termo à sessão a fazer o julgamento)

Recurso que, com arte, Plínio amplamente utiliza, a simetria dos termos propicia ao leitor a identificação de sua função sintática na frase.