O se indeterminador/apassivador
em textos do século XVIII

Marco Aurélio de Souza Couto (UFRJ)

A idéia da variação se indeterminador/apassivador, causada pela presença/ausência de concordância, não é algo novo em nosso sistema lingüístico. No que diz respeito à língua falada, em situações de fala espontânea, a variante com se apassivador já se encontra em vias de extinção. Também é pouco freqüente a construção com se indeterminador, isto é, sem a concordância com o argumento interno de verbos transitivos diretos, nesse tipo de discurso, como mostram várias pesquisas da área. Na língua escrita padrão, por outro lado, em que se observa o predomínio do se passivo, já começa a ser incorporada, em certos conceitos gramaticais e em tipos de textos mais informais, a variante com se indeterminador, além de outras estratégias freqüentes na fala. Em sentenças não finitas, também na escrita formal, nota-se a implementação do uso de se indeterminador, passando, ocasionalmente, a se apassivador.

Resultados de análises com base em dados da imprensa brasileira do século XIX (Duarte 2002 e Duarte & Lopes 2002) indicam que essa variação era bastante produtiva. O presente trabalho recua ao século XVIII, analisando tais estruturas em um corpus formado por cartas comerciais escritas por portugueses que moravam no Brasil e documentos oficiais do Governo Colonial (Barbosa 1999). Os resultados apontam que a construção com se apassivador é uma regra bem estabelecida no português europeu.

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