Ludmilla Lamoglia dos Santos (UFF)
Mariângela Rios de Oliveira (UFF)

Sob a luz de pressupostos teóricos funcionalistas, o presente trabalho, ainda em fase inicial, trata da análise interpretativa da ordenação de advérbios locativos, com o objetivo de caracterizar as posições mais típicas desses itens no português escrito atualmente.

Em especial, observamos o uso dos advérbios aí e lá, pois, como podemos constatar nos corpora em análise, trata-se de dois termos com funções distintas.

A falta de mobilidade posicional sugere que aí seja um locativo cuja função é mais polissêmica. Em contra partida, a função mais marcada de lá é a de advérbio locativo, mesmo que este faça menção a um lugar virtual. Isso implica investigar a natureza das extensões semânticas que delineiam a derivação de sentido desses elementos, a exemplo do “continuum” espaço físico > (espaço temporal) > espaço textual, e eventuais processos de gramaticalização envolvidos nessas derivações, como o que indica a trajetória da categoria adverbial para a conectiva. Tal mudança categorial é tida como conseqüente das extensões metafóricas e correlações metonímicas envolvidas na ordenação de aí, que passa de lugar concreto a lugar abstrato. Nessa última condição, pode articular, já como lugar textual, relações de seqüência, de conseqüência ou de conclusão, unindo orações, no papel de conjunção, ou mesmo períodos ou parágrafos, no papel de operador discursivo.