OS SUJEITOS DE REFERÊNCIA ESTENDIDA
E SUA FUNÇÃO NO DISCURSO
Amanda Beatriz Araujo de Oliveira (UFRJ)
Este trabalho apresenta resultados com base em um levantamento e análise variacionista dos chamados “sujeitos de referência estendida”, isto é, sujeitos que se referem a uma extensão maior de texto, e não a um ser, pessoa ou objeto específico. Nesse sentido, eles contribuem para a organização do texto, como elementos de natureza coesiva. Esse tipo de sujeito pode vir expresso de três formas: por um pronome demonstrativo neutro - isso -, por um substantivo abstrato ou por uma anáfora zero. Por ter a concorrência dessas três variantes, esses sujeitos podem passar por uma análise variacionista, seguindo a metodologia da sociolingüística laboviana.
O corpus utilizado faz parte do acervo de entrevistas para o Estudo de Painel do Projeto PEUL (Programa de Estudos sobre o Uso da Língua) da UFRJ. Estas amostras são constituídas por dezesseis falantes que foram gravados em dois momentos distintos: no início da década de 80 (Amostra Censo) e recontactados cerca de vinte anos depois (Amostra Recontato), com o objetivo de estudar a mudança em tempo real na fala carioca, permitindo discutir a questão da variação vs. mudança no uso das expressões estudadas.
Embora, não de forma muito marcante, nota-se um leve aumento no preenchimento desses sujeitos. Quanto aos fatores internos a essa variação observaram-se: tipo semântico do verbo, tipo de oração, número de orações compreendidas, assertividade do enunciado; e também a função desses na organização tópica do discurso. Ou seja, em que pontos do desenvolvimento de um tópico discursivo eles tendem mais a ocorrer (início, meio, fim).
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