PIGUARAS DA
CULTURA
MESTIÇA
Itana
Nogueira
Nunes (UNEB)
Recordando o
que
interessasse
ser recordado e deletando
da
memória
aquilo
que
não
contribuísse
para uma
história
gloriosa,
fomos, num
conhecido
jogo
dialético, tentando
construir
desde o
Romantismo o
esboço de uma
tradição
literária
que
assegurasse uma confiabilidade aos
intelectuais
brasileiros
dos
períodos
subseqüentes.
Estes
aspectos
fizeram
parte da
construção de
um
processo
histórico de
onde
emergiriam: o
sentimento
nacionalista e a
primeira
figura
representativa da
nossa
cultura,
sob
forma de
herói
nacional: o
índio.
Nessa
busca de
um
lugar
sob o
sol da
civilização
ocidental
que
era regida
pelas
nações
cultural e economicamente
independentes,
a
vida
literária
brasileira
teve, neste
período,
alguns
intelectuais
que tomaram
para
si o
propósito de
fundação desta
identidade,
entre os
quais
um de
maior
destaque se
fez
indelével na
nossa
história: José
de Alencar,
que buscou
criar
inicialmente o
modelo do
homem
brasileiro
como
resultante do
cruzamento do
europeu
com o
indígena.
Assim,
somente temos uma
inserção da
figura do
negro
como
herói e
representante de
nossa
cultura de
forma
mais
definida a
partir do
que se chamou
de “regionalismo
nordestino”,
mais
precisamente,
a
partir da
terceira
década do
século
passado. Nas
páginas dos
romances de
Jorge
Amado –
para
tomar
como
referência
um
regionalismo
geograficamente
mais
determinado –
o
negro pode
enfim
ser
visto
como
um
verdadeiro
modelo de
força,
virilidade e
sensualidade
traduzindo de uma
forma
quase
que encantada
os
traços do
homem
brasileiro.
Como Alencar,
também o
escritor
baiano,
em boa
parte da
sua
produção,
toma
para
si a
responsabilidade
de
fundador de uma
identidade
nacional
complementando o
que seria a
tríade
formadora da
nossa
identidade e
assegurando
definitivamente
um
espaço
para o
negro no
imaginário do
povo
brasileiro.
Desta
sorte,
ambos, Alencar
e
Amado,
cada
um a
seu
tempo,
séculos XIX e
XX, expressaram
com
imensa
propriedade a
vontade de “ser”
nação da
nossa
gente
brasileira.
Tomamos de
empréstimo
o
termo
Piguara (que
significa
em
indígena
senhor dos
caminhos,
guia) ao
título do
livro de
Elvya
Pereira,
Piguara, Alencar e a
Invenção
do Brasil.
ÍNDICE
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