Recursos lingüísticos nas malhas discursivas
de Luís Fernando Veríssimo
Maria Lilia Simões de Oliveira (PUC/RJ)
Fatos do cotidiano... Simplicidade de linguagem... Alguns acontecimentos históricos... Tudo isso, somado à grande capacidade discursiva, faz da obra de Luís Fernando Veríssimo a revelação editorial do momento. Seus textos têm atingido uma grande parcela de leitores, pois o hábil cronista revela grande competência para trabalhar os recursos da língua. O resultado desse malabarismo morfo-sintático-semântico é percebido em textos primorosos, capazes de prender em suas malhas leitores em formação ou não. No livro Comédia para se ler na escola, pudemos encontrar alguns exemplos de um trabalho que ora se debruça sobre a gramática da língua ora se esgueira pelos labirintos do discurso. Através de jogos lingüísticos e da ironia do autor, a vida surge esplendorosa diante de um leitor que se identifica com as idéias do escritor e que aguarda ansioso a oportunidade de ler novas crônicas. Enveredando pelos caminhos da poesia, Veríssimo traz à cena as múltiplas linguagens, uma vez que em Poesia numa horas dessas, o cotidiano nos visita através de diferentes códigos. Nesta obra, o signo verbal e o signo não verbal alternam-se na tarefa de buscar a poesia do mundo, posto que, como nos ensina o cronista-poeta, “ Uma poesia/não é feita com palavras./ A poesia já existe./A gente só põe as palavras em volta para ela aparecer...” Nosso trabalho deseja tão-somente flagrar algumas estratégias lingüístico-discursivas utilizadas por LFV, e os efeitos de sentido alcançados com esse estratagema.
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