Relatividade Lingüística
espectro cromático
na Língua indígena akwe-xerente
Jayme Célio Furtado dos Santos (UERJ)
Este trabalho desenvolve, com base na perspectiva sócio-cognitiva, uma análise dos termos que denominam cores na comunidade indígena akwe-xerente.
Bastaria um olhar atento sobre a descrição das cores em xerente para constatarmos a presença de premissas que constituem a perspectiva de estudos sobre a linguagem adotada neste trabalho - de cunho cognitivista - onde se tem, a priori, que a satisfatória compreensão da natureza das construções lingüísticas passa, necessariamente, pelo reconhecimento de que tais construções estão indiscutivelmente vinculadas aos processos cognitivos mais gerais e à interação social.
O vocabulário das cores em xerente é um indicador dos critérios que o xerente usa para categorizar o seu mundo. São, efetivamente, indicadores da cultura e um auxílio na análise dela, da mesma forma que o manual de funcionamento de um eletrodoméstico sinaliza o que podemos esperar do mesmo.
Lyons (1987:276) observa que a hipótese Sapir-Whorf combina determinismo (“A linguagem determina o pensamento”) e relatividade lingüística (“Não há limites para a diversidade estrutural das línguas”). Contudo, Lyons destaca o fato de não se poder afirmar que Sapir-Whorf tenha concordado com a totalidade de princípios que compõem a hipótese em sua versão mais extrema, princípios estes veementemente criticados pelos que não concordaram com a premissa de que, em função da língua, as categorias mais profundas do pensamento sejam diferentes nas diversas culturas. Falantes de Xerente por exemplo veriam o mundo diferentemente do que veriam se falassem outra língua qualquer porque as categorias semânticas (o sentido) que você tem enquanto fala xerente te levam a ver o mundo diferentemente do que você veria se falasse outra língua distinta.
Tal concepção se aceita como verdadeira, implica na idéia de que há um isomorfismo entre a língua e a cultura nas diferentes comunidades, sendo a língua de um povo organizadora de sua experiência do mundo. Utilizando dados pesquisados na língua xerente, pretendemos discutir as dificuldades inerentes a tal concepção.
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