Sobre certa “voz passiva”
ou: de que tradição se fala quando se fala em tradição?
Helena Feres Hawad (UERJ)
Não é difícil demonstrar, por um lado, que a chamada “voz passiva sintética”, em português, em nada difere do sujeito indeterminado com o clítico se, e, por outro lado, que não há equivalência entre as formas ditas “analítica” e “sintética” da voz passiva. Apesar disso, os compêndios gramaticais contemporâneos - e, conseqüentemente, professores e autores de livros didáticos - insistem nessa suposta equivalência. A “tradição” parece ser a justificativa para essa abordagem, que, no entanto, negligencia uma outra “tradição”, mais antiga: diversas obras anteriores à Nomenclatura Gramatical Brasileira rejeitam essa forma de abordar a construção pronominal. Reler e revalorizar essas obras permite recuperar informações e pontos de vista que contribuem para a formação de uma postura crítica no ensino da língua portuguesa, e oferecem elementos para uma revisão da abordagem adotada pela NGB.
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