Um enfoque diacrônico dos verbos de inventário restrito
Raymundo José da Silva
O objetivo deste trabalho é enfocar os verbos de inventário restrito, que aparecem associados às formas nominais (Infinitivo, Gerúndio e Particípio), construções denominadas pela Gramática como conjugações perifrásticas ou tempos compostos ou ainda como locuções verbais. Para a realização deste trabalho, usaram-se como suporte teórico basicamente duas obras de Rosa Virgínia Mattos e Silva: O Português Arcaico, Morfologia e Sintaxe e Estruturas Trecentistas. O corpus do trabalho é constituído de cantigas de escárnio e maldizer (LAPA, 1970), contendo verbos que compõem as formações perifrásticas. Pode-se verificar que há construções que já se apresentavam semelhantes às do português moderno (podesse ter, non ousavan fazer), em que pese a ligeira diferença de grafia; outras, de feição e sintaxe arcaicas (pois-lo ouve soterrado), caíram em desuso. Entretanto, dentre as várias sutilezas contidas nesses tempos compostos, atrai especialmente a atenção do estudioso a forma participial, aqui abordada, que nos faz oscilar entre o verbo e o adjetivo (tiinha guardados). Trata-se, pois, de um aspecto instigante da língua portuguesa, que, embora tenha sido pesquisado por alguns estudiosos, continua merecendo atenção em virtude das dificuldades e questionamentos que suscita.
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